Eu sou Clara Belmont, uma detetive com sangue de mafiosa. Depois da morte de Léo, minha primeira paixão, me tornei um pouco fria. Sempre fui conhecida pela minha habilidade em desvendar casos complicados. Não tinha medo de me infiltrar em ambientes perigosos e estava disposta a fazer qualquer coisa para entregar bons resultados ao delegado.
Mas, além da lei, tenho algo dentro de mim, algo que gosta do lado mais intenso da vida. Se eu tiver que matar em vez de prender, eu prefiro. Fazer a lei com as minhas próprias mãos, esse é o meu ponto forte.
Foi assim que eu fiz com Hugo, marido da Andressa. Não era para ele ter sido preso, assim foi complicado tirá-lo da penitenciária, e só não perdi o meu distintivo porque o Júnior, delegado de Roma, é o meu irmão.
Se me perguntarem se me arrependo, eu digo que não e faria tudo de novo. O meu único arrependimento foi ter deixado Léo entrar no quarto da Cecília sozinho, isso sim acabou comigo.
Por dias, fiquei presa ao meu mundo solitário depois que o médico disse que ele faleceu. Não conseguia ver mais ninguém na minha frente, e até no seu enterro, fiquei de longe. Só depois de todos terem ido embora, eu me aproximei do caixão e me desmanchei em seu túmulo.
Queria pegar o Riccardo e matá-lo. Estava doida para sujar minha carreira de investigadora com o sangue dele, mas a Cecília não o deixou ser preso, e pelo que descobri, ela mesma o matou. Não pude ver a minha vingança, mas me conformo pelo desgraçado estar morto e não preso.
Não levo jeito para dizer que o infeliz está preso, prefiro mil vezes puxar o gatilho e falar que foi em legítima defesa. Pois é, eu sou assim, e isso só muda quando o Júnior me perturba falando para que eu não mate, aí tenho que controlar meu instinto assassino.
Saí da minha toca com um caso, onde o Júnior me mandou investigar um mafioso, que tem a ver com algum caso do Riccardo. Depois de aceitar o caso, peguei a pasta para descobrir sobre Klaus Carrillo Monserrat, e vi que é um mafioso bem-sucedido. Além da máfia, a família dele tem uma empresa, igual ao meu tio Luan, onde esconde os podres por meio dela.
Pesquisei nas redes sociais sobre ele. O cara tem fotos de todos os jeitos, até só de sunga, mostrando o quanto é forte e poderoso. Tem um jeito sedutor, e com homens assim, é muito fácil jogar. Uma coisa boa, é que eu puxei a minha vó Liara, tenho a memória fotográfica, não digo isso a quase ninguém, pois não quero ser a investigadora que mais trabalha, então, uso isso somente para o meu favor, e guardo todas as informações desse mafioso na minha mente.
Se tiver as mulheres aos seus pés, só vai inflar mais o seu ego, por isso eu tenho as minhas táticas, e não caio na lábia do sedutor. Vi ele com uma mulher, onde na legenda fala ser sua irmã. Kiara, vou me aproximar dele usando ela. Pela sua aparência, não é aquela pessoa fresca. O sorriso estampado na foto representa que ela tem um bom coração.
Vamos ver se é verdade quando eu chegar lá. Pelo tipo de homem que Klaus é, tenho que separar minhas roupas conforme o seu gosto. Peguei minha mochila e fui direto para o aeroporto, com destino à Espanha.
No avião, fui revisando mais sobre a vida de Kiara. Como eu disse, ela será a ponte para chegar ao mafioso, e quando eu quero, faço um bom papel de melhor amiga. Horas depois, cheguei na Espanha e fui direto para o hotel que havia reservado.
Klaus tem um cassino aqui, e é para lá que vou ver ele pela primeira vez. Tomo um banho bem relaxante e escolho uma das minhas melhores roupas, um vestido preto com uma fenda na perna. Tem um decote entre os seios e uma abertura atrás. Coloco uma sinta na perna, e coloco a minha arma nela. Esse vestido revela até a minha alma, mas esse é um dia especial.
Depois de trocada, olho no relógio. Normalmente ele chega às 20:00 no cassino, quando ele vai, e espero que hoje seja o dia que ele vá. Ainda são 19:45, mas até eu chegar lá, vai dar o tempo certo. Chamo um táxi e, assim que ele chega, dou o endereço para ele e seguimos para o cassino de Klaus.
Ao chegar, coloco uma postura de mulher empoderada. Cada passo que eu dou é como se eu estivesse em um desfile de modas. Assim que entro no cassino, olho para cada canto e percebo um vidro preto no alto. Com certeza, é ali que ele fica de olho no salão.
Escolho uma mesa de onde ele possa me ver quando estiver ali, troco meu dinheiro por fichas e vou para a mesa de pôquer. Sou profissional nesse jogo. Me sento na cadeira, peço as cartas e começo a jogar. E, como se fosse uma onda de sorte, eu ganho uma atrás da outra. Porém, não é sorte, é macete, que só eu conheço.
Continuo a jogar, levando os outros jogadores à falência. Me acabo de rir por dentro, por ganhar dinheiro desses bestas. Quem sabe assim, eles não aprendem a não apostar mais. Quando jogo a minha carta, olho para o meu adversário e vejo ele olhando para trás de mim.
Me viro delicadamente, com sensualidade, pois tenho certeza de que é ele que está atrás de mim.
— Boa noite, senhorita. Que sorte você tem, não é?
— Mais do que o senhor imagina. Quer jogar comigo para perder também? — Ele sorri, se aproxima de mim e fala bem em meu ouvido.
— Está roubando na casa errada. Se eu fosse você, pegava o dinheiro que você ganhou e ia embora agora mesmo...
— Ou o quê? — Dou um sorriso bem próximo do seu rosto. — Se acha mesmo que eu estou roubando, por que não se senta aqui e joga comigo? Aposto que vou levar até as suas cuecas para minha casa hoje.
— Para levar ela, terá que me levar junto, senhorita.
— Acho que só a cueca já me basta. O que tem embaixo dela não me interessa...
Klaus Carrillo Monserrat...
Clara,
Ele sorri, mas consigo perceber que minhas palavras feriram seu ego. Esse cara se acha o gostosão, o melhor de todos. É verdade que ele é bonito, não posso negar, estaria até mentindo se o fizesse, mas não é tudo isso também. Meu Leuzinho era muito mais lindo que ele.
Ele se ajeita na cadeira e, com um gesto de mão, ordena que meu adversário se levante, afirmando que será uma partida de gigantes. Coitado, ele realmente acredita que vou perder para ele. Em seguida, ele instrui o cara a embaralhar as cartas com vigor, como se estivesse tentando intimidar. Eu, como uma boa moça, lhe dou um sorriso de desafio, e ele percebe, me devolvendo o mesmo sorriso.
A adrenalina começa a pulsar em meu corpo enquanto observo a cena se desenrolar. Meu coração bate mais rápido, ansiosa para mostrar a esse metido quem realmente manda. A confiança se acende dentro de mim, alimentada pela determinação de provar que sou superior a ele.
— Poderia levantar as mangas da sua camisa? — Sei que dono de cassino tem suas manhã para fazer os apostadores perderem, mas comigo aqui não vai rolar, sou muito atenta a tudo.
— Quer ver se o meu braço é grosso, princesa?
— Não, apenas me assegurando de que você não vai me roubar, escondendo cartas dentro delas. Sabe, pura precaução.
Ele solta um sorriso sem graça e eu não consigo evitar devolver o sorriso, carregado de ironia. Ele levanta as mangas da camisa, como se estivesse fazendo charme para mim, e eu conto mentalmente até dez para não rir na cara dele. Suas tentativas de me impressionar são tão... bestas.
Com um sorriso provocante, lhe dou um olhar desafiador, deixando claro que não vou me deixar intimidar, enquanto me preparo para a partida. O cassino parece pequeno para nós dois, pois tudo ao nosso redor parece estar carregado de tensão, mas eu mantenho a calma. Afinal, eu sou uma profissional nesse jogo. Anos de prática e experiência me tornaram uma adversária da altura desse idiota.
Observo atentamente cada movimento dele enquanto o mesário embaralha as cartas. Meus olhos captam cada gesto, cada detalhe, em busca de qualquer sinal que possa me dar uma vantagem. Minhas mãos estão firmes, prontas para lidar com qualquer roubo dele.
A sala parece silenciosa, como se o mundo inteiro estivesse esperando para ver quem sairá vitorioso dessa batalha. Eu respiro fundo, focada. Não há espaço para erros. A partida está prestes a começar, e eu estou pronta para fazer ele beijar os meus pés, ou chorar depois de perder.
As cartas são distribuídas e o jogo começa. Klaus e eu nos encaramos, cada um tentando ler o outro, mas nossos rostos são máscaras de indiferença. Meus olhos se fixam nos dele, um azul profundo e intenso. Ele é atraente, admito, mas não vou deixar isso me distrair.
A cada rodada, a aposta aumenta e a tensão cresce. Eu mantenho a minha postura confiante, mesmo quando as cartas não estão a meu favor. Klaus parece igualmente indiferente, sem expressão nenhuma, o que só torna o jogo mais excitante.
Em um movimento audacioso, Klaus aumenta a aposta, colocando uma quantidade considerável de fichas no centro da mesa. Ele me olha me desafiando a igualar a aposta. Eu olho para as minhas cartas, uma mão decente, mas nada garantido. No entanto, decido arriscar.
Igualo a aposta, colocando o mesmo número de fichas no centro da mesa. O olhar de Klaus se intensifica, mas ele não diz nada. O silêncio é quase ensurdecedor enquanto esperamos o dealer revelar as próximas cartas.
Quando as cartas são reveladas, eu mal consigo conter um sorriso. A sorte estava do meu lado, e eu tinha a melhor mão. Olho para Klaus, que parece surpreso, mas aceita a derrota com graça.
— Parece que você ganhou, senhorita — ele diz, com um sorriso irônico.
— Parece que sim, senhor, como eu disse, sou boa nisso, não é sorte, é jogo, e hoje parece que a banca não venceu o jogador. — Respondo, recolhendo as fichas. A vitória é doce, mas a noite ainda é jove. — Ainda acha que eu estou roubando o seu cassino?
— Não, acredito que seja o seu dia de sorte. Posso saber o nome da dama que ganhou de mim no pôquer? — Ele pergunta, com um sorriso confiante nos lábios e um olhar cheio de curiosidade, com um brilho de desafio em seus olhos.
Eu retribuo o sorriso, saboreando a sensação de ter despertado sua curiosidade, já que era isso mesmo que eu queria. Então, continuo com o Mei joguinho.
— Eu tenho vários nomes pelo mundo afora, pode escolher um apelido que acha que combina comigo — Respondo, mantendo um tom sensual.
Seu sorriso se desvanece ligeiramente, revelando uma ponta de frustração. Ele claramente não gostou da minha resposta, afinal, não me identifiquei. É claro que, ao sair de casa, trouxe comigo meus documentos falsos, criando um perfil fictício nas redes sociais. Mas até ele descobrir essa farsa, já estarei de volta a Roma, com todas as provas necessárias para prende-lo por muito tempo na prisão.
— Deixa eu ver... A dama misteriosa da noite. — Ele murmura, tentando encontrar um apelido adequado para mim.
— Se esforce mais, querido. Esse apelido já me acompanha em Nova York — respondo, com um sorriso provocador nos lábios.
Ele solta um suspiro, misturando-se com um sorriso no final. Antes que ele possa dizer mais alguma coisa, seus olhos se desviam para trás de mim. Curiosa, viro-me para ver o que chamou sua atenção, ao ponto de deixar nosso momento para lá.
Olho de volta para ele, vendo sua expressão séria, mas quando seus olhos encontram os meus, um sorriso brinca em seus lábios. Ele pede licença e se levanta, deixando-me sozinha naquela mesa de pôquer.
Droga, logo agora que eu estava me divertindo, ele resolve sair. Mas não posso deixar ele escapar, tenho que ser astuta mais precisa, eu tenho que dá um jeito de encontrar logo tudo, e voltar pra mima casa. Vamos lá Klaus Carrillo Monserrat, colabora comigo para ficarmos um longe do outro o mais rápido possível.
Clara,
O que será que tá acontecendo? O que ele vai fazer? A incerteza paira no ar, e eu preciso descobrir o que está acontecendo e a seguir em frente com meu plano, afinal, quero terminar logo isso e volta para meu apartamento em Roma. Apesar de gostar dessa adrenalina, nada melhor do que está em casa.
Acompanho com os olhos enquanto ele caminha em direção a uma porta, que tenho certeza de que leva ao andar de cima, onde fica o vidro preto. Um lugar reservado e exclusivo. Levanto-me da cadeira, sentindo a urgência de descobrir o que está acontecendo. Decido perguntar onde fica o toalete para um dos seguranças, na esperança de que seja próximo ao local onde ele entrou. O homem me indica o caminho e eu sigo em frente.
Mas a merdä do toalete está localizado no extremo oposto do quartinho onde ele provavelmente está. É frustrante, pois eu adoraria dar uma espiada lá dentro, mas esse cassino parece ter mais seguranças do que o presidente da República. Parece impossível chegar até lá sem ser notada. Pensa Clara, você é esperta, pensa como vai ir até lá...
Até que tenho uma ideia, minha persistência fala mais alto. Decido arriscar e fazer algo clichê, mas que pode funcionar. Passo por um dos seguranças e finjo que estou passando mal. Sinto suas mãos firmes me segurando no momento em que quase caio, como se estivesse prestes a desmaiar. Coloco a mão na testa e tudo, uma verdadeira atriz dramática.
— Senhora, você está bem?
— Estou um pouco tonta, mas é por causa dos medicamentos que estou tomando. Será que teria algum lugar para eu me deitar, só até a sensação passar?
— A senhora quer que eu chame um táxi?
— Eu não queria ir embora agora, tenho muitas fichas para gastar. Isso logo passa, é só por causa do efeito do remédio.
Ele coloca a mão no ouvido e pergunta se pode me levar para um dos quartinho do chefe. Seu olhar se encontra com o meu e um sorriso se forma em seus lábios enquanto ele me pega em seu colo com facilidade. Juntos, atravessamos a mesma porta pela qual Klaus havia desaparecido. Bingo. Estou exatamente onde eu queria estar, onde tenho certeza que ele esconde todos os seus pobres. Te pequei Klaus Carrillo.
Ele abre uma porta e me coloca suavemente em uma cama grande. Agradeço com um sorriso, fingindo estar fraca e debilitada. Assim que ele sai do quarto, espero alguns segundos para me certificar de que estou sozinha. Com cuidado, coloco meus pés no chão, pronta para me levantar e explorar o local.
No entanto, antes mesmo que eu possa dar mais um passo, a porta se abre novamente, fazendo-me levar a mão ao rosto, disfarçando minha surpresa e frustração. Meu coração acelera por quase ser pega na mentira.
— Ganhou tanto dinheiro que ficou emocionada, senhorita? — ele pergunta, com um tom provocador.
— Deve ter sido. — respondo, forçando um sorriso fraco. Faço uma tentativa de me levantar, mas finjo fraqueza e ele prontamente me ampara, evitando que eu caia no chão.
Nossos olhares se encontram, e uma tensão palpável se instala entre nós. É como se o tempo parasse por um instante, deixando apenas a eletricidade no ar. Percebo que ele se aproxima do meu rosto, inclinando-se para me beijar, mas rapidamente viro o rosto de lado, evitando o contato. Sinto sua risada suave em minha bochecha, revelando que ele percebeu minha esquiva. Para não perder o ritmo, ele disfarça com um beijo na minha bochecha.
A clima ao nosso redor se torna ainda mais carregada, repleta de uma tensão misturada com um jogo de sedução. Não sei ao certo o que fazer, mas estou pronta para manter o controle da situação. Afinal, estou aqui para cumprir meu objetivo e não me deixarei distrair por joguinhos, ainda estou namorando com o Léo, mesmo sem ele está aqui, ainda sou a sua namorada.
— Fique deitada até você se recuperar. Não quero que você saia por aí tropeçando ou precise ser carregada pelos meus seguranças. — Ele me coloca delicadamente de volta na cama, lançando-me um sorriso antes de sair do quarto.
Droga, eu preciso encontrar uma maneira de chegar até onde ele está. As informações que preciso estão ao meu alcance. Aguardo pacientemente por cerca de cinco minutos e, finalmente, decido levantar. Abro a porta com cautela, lançando olhares rápidos para os lados. O corredor está vazio, então começo a me mover na direção oposta, em busca de uma porta que se destaque das demais.
Após alguns passos, meus olhos se fixam em uma porta inteiramente preta, adornada com enfeites vermelhos. Intrigada, me aproximo lentamente e coloco meu ouvido na porta, na esperança de captar qualquer som revelador. No entanto, tudo o que encontro é um silêncio impenetrável. Ou não há ninguém do outro lado, ou essa porta é realmente feita de madeira maciça.
Sem ter outra escolha, coloco minha mão na maçaneta e a giro lentamente. A porta se abre, revelando uma cena perturbadora: ele está lá dentro, torturando um homem com uma caixa cheia de ratos. É uma visão macabra, mas ao mesmo tempo fascinante. Uma pena que eu precise fingir preocupação, ao invés de fingir excitação, pois gosto disso, isso me deixa tão bem, ainda mais se o cara for um filho da putä, aí a sensação sobre de tamanho.
— O que você está fazendo aqui? — Sua voz ecoa com uma mistura de fúria e desconfiança. Instintivamente, olho para trás, com a intenção de fugir, mas antes que eu possa sequer dar um passo, seu braço forte se fecha ao redor do meu, me impedindo de escapar. — Me responda, o que você está fazendo aqui?
Uma sensação de desespero toma conta de mim. Eu me sinto encurralada e sem saída. Merdä, não era para ele te me visto, e agora o que eu vou fazer? Fico com tanto remorso por ter sido descoberta, que as palavras fogem da minha boca antes que eu possa controlá-las.
— Fødeu...
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