Apertando suavemente a alça de sua mala contra a palma de sua mão, Zhacary andava sorridente até a plataforma de trem disponibilidade ao longe de suas terras ao norte do Império. O platinado que possuía seus cabelos amarrados em um rabo de cavalo, obviamente poderia optar por um transporte mais rápido e menos incômodo através de um portal de teletransporte.
Mas Zhacary não só queria aproveitar de uma verdadeira viagem, como ele também não desejava gastar energia com tal coisa — assim como a maioria das pessoas daquele mundo que ainda prefeririam viver "a moda antiga", ignorando em grande parte o quanto a magia poderia facilitar em suas vidas.
Era até engraçado se pensássemos por isso, Zhacary se sentia novamente uma criança deslumbrada pelas coisas que existiam na cidade que não havia no campo.
Um homem ao longe gritou, sinalizando que o trem logo partiria, e quase que saltitando, o herdeiro dos Philipp logo tratou de adentra-lo, sentando-se próximo à uma das janelas para ser capaz de observar com mais cuidado à paisagem que se estenderia através dela ao seu lado.
Era tudo tão estranho quanto agradável para ele naquele momento. Fazia anos desde a última vez que Zhacary não só havia colocado seus pés dentro do marquesado Philipp, como também havia visitado o homem que o criara como um pai.
O platinado suspira mediante as lembranças de seu relacionamento conturbado.
Sua mãe, Lady Nala, havia traído seu marido ainda na juventude com o escolta designado para ela, e o qual certamente, era o homem pelo qual ela havia lhe concebido. Seu esposo, o Marquês, certamente desconfiava da traição antes mesmo dele nascer, mas depois que Zhacary finalmente veio ao mundo, o homem que o criou foi incapaz de abandona-lo ou deixa-lo desprotegido.
Era mais que óbvio que Zhacary não era seu filho de sangue, não quando o mesmo não possuía a marca de nascença da família, mas ainda assim seu pai, Marco, foi capaz de toma-lo herdeiro do seu marquesado a medida que o amava como um filho.
O mais velho havia se aproveitado do fato de que o menino era idêntico à sua mãe para não levantar suspeitas sobre sua origem bastarda, principalmente entre os mais velhos da família. E por incrível que pareça ele conseguiu o que queria: ter Zhacary como seu herdeiro, e seu filho.
Todos do marquesado pareciam saber — mesmo que não comentassem — sobre sua ilegitimidade e bastardisse. O que significava que para eles não foi chocante quando tudo verdadeiramente veio a tona quando a verdade por trás da traição da marquesa, e do nascimento do primogênito, ele, foi revelada.
Mas para Zhacary que nunca soube da verdade até tal dia, foi como se o seu mundo houvesse despencado sobre sua cabeça, com um caos se instalando contra seu peito de criança e sua mente pouco desenvolvida para compreender todos os fatos.
Ele era uma criança perdida em meio a sentimentos e sensações que nem sequer sabia que existiam. Uma criança que foi arrastada para o meio de uma confusão que pareceria que nunca cessaria. E então, quando menos esperava, foi levado embora, afastado das terras que conhecia, e do único verdadeiro pai que tinha.
Sua mãe que foi embora e contra a vontade do Marquês, levou Zhacary consigo. Ou ele permitia que ela sumisse com seu filho, ou ela mesma faria questão de acabar com a reputação de herdeiro legítimo do menino para toda a sociedade antes que ele debutasse perante a mesma ou, pior que isso, o mataria.
Marco não teve escolha, necessitou ver ambos partirem. E quando ele pensava que nunca mais veria o menino novamente, um tempo depois de todo o caos que ocorrera nos corredores de sua casa, lá estava Zhacary novamente, adentrando as portas de seu escritório como se fossem dele como sempre acostumou fazer.
O platinado ainda era jovem quando foi obrigado à morar em distantes terras e longe da capital, mas ainda assim descobriu uma maneira rápida que ir para o marquesado de seu pai, através do trem que, naquele exato momento, ele ousava voltar a pegar.
E, quando mais novo, Zhacary esperava pacientemente que os finais de semana chegassem para o povo do campo, já que esses eram os momentos que sua mãe usava para se "divertir" na cidade mais próxima deixando-o sozinho, enquanto ele fazia questão de aproveitar isso e viajar novamente para a capital onde o Marquês morava.
Agora sendo adulto, Zhacary compreendia que uma criança viajar tamanha distância sozinha era absurdamente perigoso, mas naquela época de juventude, ele apenas se divertia com isso. Se sentia independente. E ele até mesmo gostava de usar o trem por várias horas, tanto nas idas quanto nas voltas.
Obviamente depois de algumas visitas inesperadas do garoto, seu pai logo tratou de designar alguém para que o acompanhasse, mas isto não durou muito, já que logo depois de alguns anos Zhacary deixou de viajar até o marquesado.
Quando ele e sua mãe partiram, ele tinha apenas nove anos, mas quando ele fez treze, seu pai que havia se encantado por um jovem e belo rapaz, voltou a se casar, e então, Zhacary deixou de vistita-lo com mais freqüência.
O platinado começou a se sentir um intruso naquela casa, ele não era mais da família porque aos poucos seu pai constituía outra a medida que sua mãe simplesmente lhe esquecia. E então, quando ele soube que seu padrasto logo daria a luz à uma criança, ele nunca mais voltou ao marquesado.
Havia sido demais para ele saber que seu pai, agora, verdadeiramente teria um filho dele, já que Zhacary não era. E como uma criança, ele ficou absurdamente aterrorizado de ser expulso do lugar ou repudiado pelo o homem que amava. Então em um dia, ele simplesmente deixou de visita-los.
Naquela época, tanto seu pai quanto seu marido Stéfano, trataram de se comunicar com ele através das cartas que até hoje ele possuía, ambos não compreenderam o porque do seu desaparecimento repentino, mas ainda assim respeitaram a sua vontade.
E quase como coincidência, após o nascimento do primeiro filho de seu pai, sua mãe começou a adoecer. Talvez por conta dos litros de bebida alcoólica que ela bebia diariamente, ou pelas refeições que sempre pulava ou pelos incontáveis cigarros que fumava, mas não demorou muito para que ela viesse a falecer em meio a dor insuportável.
Talvez fosse a expiação dos seus pecados aquela doença e enfraquecimento súbito, Zhacary pensou diversas vezes, até certo ponto, começar a acreditar fielmente nisso.
Após a morte da mulher que um dia havia sido a Marquesa Philipp, Zhacary foi imediatamente chamado para que outra vez, morasse no marquesado junto ao seu pai e padrasto. Mas para infelicidade do mais velho, ele se negou.
Naquela época Zhacary havia dito que precisava cuidar e organizar as terras que agora lhe pertenciam, que necessitava achar alguém responsável pra cuida-las e administra-las enquanto ele estivesse ausente. Mas depois de tudo, era um ano regado das mais simples e suaves desculpas.
Respirando fundo conforme se organizava devidamente no banco em que estava sentado, Zhacary começava a sentir e observar o trem se mover em direção à capital do Império.
Era até engraçado a maneira que depois de tantos anos, ele finalmente havia tomado coragem para outra vez visitar seu pai e seu esposo, da mesma maneira em que finalmente iria conhecer os irmãos que ambos haviam lhe dado.
Seria como férias, claro, Zhacary iria voltar para "casa" apenas para comemorar o aniversário do Marquês, conhecer seus irmãos que vezes ou outra lhe enviavam cartas, e participar do baile de debutante do filho mais novo do Duque de Frankford, pai do prometido de Vossa Majestade, o Príncipe Herdeiro do Império.
E como as férias sempre tinham um fim, dentro de algumas semanas Zhacary estaria de volta aquelas terras que lhe foram dadas.
Seria apenas uma curta e rápida viagem para matar a saudade. Nada além disso.
Um sorriso então abrange os lábios do platinado quando a imagem de seu pai lhe vem a mente. ¿O homem ainda teria os cabelos escuros, ou já estariam brancos como a neve?
A imaginação do platinado viajava tão rápido quanto aquele trem que ele usava. Mas para todos os fins, logo ele saberia se os anos haviam feito bem para o homem que ele infinitamente, amava como se fosse verdadeiramente seu pai
Ele estava voltando.
Um sorriso escapa dos lábios de Zhacary quando outra vez depois de tanto tempo, seus olhos avistam a entrada do marquesado Philipp, a casa de seu pai.
Depois do platinado ter descido na plataforma de trem as margens da capital do Império após algumas horas de viagem, um antigo cocheiro da casa do Marquês se aproximou o reconhecendo. E o mesmo, assim como alguns anos atrás em que o levava e o trazia na carruagem, novamente estava ali para guia-lo de volta para casa. Zhacary não mentiria, ele praticamente transbordou de felicidade ao ver o rosto do antigo conhecido.
A viagem que ele tomou até sua antiga morada já era conhecida, a estrada de terra, as árvores e até mesmo as curvas que pegava. Era estranho e nostálgico para o herdeiro aquelas sensações e lembranças da infância que tinha, elas eram tão distantes e distintas de quem ele era agora, que de certa forma isto lhe incomodava.
Fazia anos que ele não via seu pai ou seu padrasto, principalmente depois que ambos tinham formado uma nova família. Levando isso em consideração, Zhacary não seria apenas mais um invasor no novo marquesado?
O platinado suspira espantando tais pensamentos, ele já estava próximo demais de sua antiga casa para pensar em dar meia volta e pegar novamente o trem. Principalmente agora que na porta da entrada da finca, aguardando ansiosamente sua chegada, os cabelos castanhos de seu pai já poderia ser facilmente distinguindo.
Um sorriso suave abrange os lábios finos do platinado. De fato, não havia como ele dar meia volta agora.
Ao longe e esperando pacientemente ao lado de seu esposo Stéfano junto com alguns servos da casa, Marco observava ansioso a aproximação da carruagem de sua família. O mais velho estava nervoso, e sabendo do estado do marido ao seu lado, o segundo Marquês da casa apenas sorri suavemente, tocando o braço do mais velho enquanto o fazia olhar para si.
— Alcalme-se homem, você não é mais um jovem que pode ficar nervoso desta maneira! — Stéfano diz divertindo-se da expressão de seu esposo enquanto portava um grande sorriso nos lábios, fazendo Marco sorrir em resposta antes de afastar seus cabelos ruivos de sua testa, e deixar um selar suave sobre ela. E então, sem mais tempo para perder, a carruagem para na frente do casal, revelando a imagem do filho que a tanto tempo o Marquês não via.
Marco faltou gargalhar a medida que se soltava do aperto de seu esposo e caminhava à passos largos em direção ao menino que agora, já se tornara um homem. A emoção e a alegria invadindo seu peito era demais para o mais velho suportar, e Zhacary, percebendo as lágrimas que se formavam nos olhos do castanho, apenas solta uma risada gostosa antes de abraça-lo a medida que sorria alegremente.
E Stéfano, à margem do reencontro familiar, se segurava junto com o mordomo ao seu lado para não acabar chorando. O ruivo, observando o abraço amável dos dois homens em sua frente enquanto um largo sorriso teimava em deixar seus lábios, apenas aguardava pacientemente a sua vez de se aproximar e cumprimentar o platinado que assim como seu marido, fazia anos que não via.
— Eu não acredito que o senhor não envelheceu nenhum pouco! — a voz juvenil de Zhacary soa, arrancando algumas risadas do mais velho que agora, se afastava para observa-lo melhor.
Marco então desceu seus olhos dos cabelos brancos de seu filho para os seus belos olhos cinzentos, antes de sorrir outra vez e segurando seus braços, se orgulhar do quão forte e alto ele havia se tornado. Zhacary estava belíssimo e saudável, com a mesma presença séria e sorriso de menino que ele se lembrava.
— Eu que o diga! O que diabos você comeu para crescer assim? Antes mal chegava em meu peito e olha só agora! — outra vez o castanho analisava a sua estrutura. — Está tão forte quanto um cavalo! — diante de suas palavras, foi a vez de Stéfano explodir em uma gargalhada.
— Isto era pra ser um elogio, querido? — o ruivo pergunta entre risos, fazendo que os outros dois homens o acompanhassem no mesmo. Ali estava a euforia, a intensa alegria e a sensação de êxtase que abrangiam os três familiares. Era quase impossível que naquele momento, ambos abandonassem aquele sorriso persistente que banhava seus lábios.
Depois de tanto tempo, Zhacary finalmente se esqueceu da sensação de vazia que diversas vezes durante o tempo, lhe acompanhava com afinco.
— Muito provavelmente não! — abrindo os braços levemente em direção ao padrasto, o platinado disse com alegria a medida que observou Stéfano não tardar em caminhar em sua direção na intenção de abraça-lo. Apertando-o fortemente em seus braços quando o fez. — Mas eu acredito que deva elogiar o senhor, já que com grande coragem decidiu se casar com este idoso ao meu lado. – a repreensão suave de Marco ao seu lado foi o suficiente para fazer com que tanto Zhacary quanto Stéfano, rissem em divertimento outra vez.
— Bom, já diziam os sábios que o amor é cego! — o ruivo diz com divertimento, ignorando o olhar do marido antes de assim como ele, deslizar as mãos pelos braços do platinado enquanto olhava em seua olhos. — Bem-vindo de volta Zhacary, estávamos ansiosos por sua chegada. — Stéfano diz com delicadeza e cuidado, deixando seu olhar transbordar carinho e assim como seu pai, saudade.
Zhacary, diante daquela recepção calorosa que não esperava, pôde apenas sorrir, recebendo um outro abraço de lado de seu pai enquanto outra vez, era guiado para dentro da casa da família a medida que ria e conversava com ambos os marqueses da finca, contando resumidamente e de maneira parcial, a sua simples vidas nas terras ao norte do Império.
E seria até engraçado se não fosse estranho o fato de que diante dos olhos de Zhacary, nada havia mudado naquele local desde quando havia ido embora. As cortinas, assim como o carpete do chão eram do mesmo tom que se lembrava. O ambiente de certa forma estava mais iluminado, as janelas um pouco maiores, mas do resto, era não só a mesma palheta de cores, como também o mesmo design.
Zhacary sorri outra vez, deixando-se ser invadido pela nostalgia e pelo sentimento de amor e carinho que obteve naquele local.
Seus dedos pálidos e ásperos devido ao trabalho braçal que também fazia deslizam com cuidado pelas paredes de leve tom cinzento, ao seu lado, de braços dados com o esposo, seu pai conversava alegremente, fazendo-o rir uma vez ou outra com alguns acontecimentos que havia vivenciado ou uma lembrança que o havia abordado.
E Stéfano, também envolvido por aquele sentimento de alegria e nostalgia que emanava dos dois homens ao seu lado, também ria e se divertia com as histórias que eram contadas por seu marido e afilhado enquanto observava com carinho e atenção, o platinado admirar com extremo cuidado cada canto daquela casa que também lhe pertencia.
E de certa forma aquela sensação de felicidade compartilhada era estranha para o ruivo.
Zhacary nem sequer era seu filho, mais lá estava ele, não só ansioso para apresentar os irmãos dele para ele, como também transbordava-se de alegria pelo mesmo depois de tanto tempo, estar novamente de volta ao lar.
Aquele definitivamente era um dia de comemoração, ¡um dia de festa! Obviamente não só para Zhacary, seu pai ou seu padrasto, mas também para cada um daqueles que uma acompanharam o desenvolvimento do mesmo desde jovem.
O herdeiro finalmente havia voltado para casa.
Foi de fato surpreendente, tanto para Zhacary quanto para seu pai e padrasto a forma em que os jovens herdeiros do marquesado Philipp se apegaram a ele. Talvez as cartas que trocaram durante o tempo distante tenham ajudado os meio-irmãos um pouco, mas ainda assim, não deixava de ser uma surpresa.
Fazia quase uma semana que Zhacary havia voltado para o marquesado, e desde que o platinado passou a morar na sua antiga finca novamente, não houve só um dia em que seus irmãos não o fizessem companhia.
Ivan era o mais velho, na flor da juventude aos seus 16 anos, e em breve teria sua festa de debute na alta sociedade. Já Lucinda, a mais nova, possuía o perfeito sorriso e olhar inocente de uma menina de 12 anos. E a qual naquele momento, o segurava pela mão enquanto caminhavam pelas calçadas no centro da capital.
Lucinda era jovem, energética, gostava tanto de passeios quanto de compras, e Zhacary ao seu lado que naquele dia a acompanhava, apenas se divertia com a menina, indo e voltando das lojas que ela entrava apenas pra ver o que nelas tinham.
A jovem de cabelos vermelhos e olhos verdes como de Stéfano puxa suavemente sua mão, sorrindo amplamente a medida que apontava em direção à um estabelecimento com uma fachada fofa, aparentemente era uma doceria.
— Podemos ir, irmão? — sua voz doce e jovial arranca um sorriso do mais velho, e concordando, rapidamente Zhacary passa a caminhar em direção ao local em questão.
O platinado sorria enquanto caminhava, cumprimentado os jovens que vezes ou outra acabava cruzando seus olhares. A maior parte das pessoas que andavam pelo centro naquele momento eram os cidadãos do Império. As ruas estavam movimentadas e cheias por conta do festival que logo se aproximava.
O festival da lua, o qual ocorreria ao fim daquela mesma semana. E como esperado, tanto Ivan quanto Lucinda estavam mais do que animados para o arrastarem até o "coração" do festival. Animação a qual tanto seu pai Marcus quanto seu esposo Stéfano, ficaram mais do que felizes em compartilhar já que ambos não precisariam acompamhar os dois jovens por algumas noites inteiras, porque Zhacary faria este papel durante os dias da festa.
Se aproximando animada da doceria, Lucinda sorri amigavelmente para uma jovem senhorita que estava do lado de fora do estabelecimento guiando os clientes para dentro. A moça sorri enquanto atendia sua irmã enquanto vezes ou outra o olhava com receio. Zhacary não compreendeu o porque disso, mas tampouco se importou.
Mas acabou entendendo o porque do olhar da moça quando adentrou o ambiente com Lucinda: era uma doceria feita exclusivamente para as mulheres, e ele não era nada mais que um invasor naquele lugar.
Zhacary respirou fundo a medida que apenas sentia cada olhar daquele lugar se afundar contra a sua pele conforme ele adentrava mais o ambiente. Provavelmente só permitiram sua entrada naquele lugar, por que seu pai, Marquês Philipp, era um famoso e influente conhecido vendedor de jóias da região, sem mencionar, claro, o título elevado que portava.
Ao contrário de Lucinda que animada o puxava pela mão enquanto seguia uma das trabalhadoras do local à uma das mesas, Zhacary sentia sobre si casa olhar que as damas no ambiente lhe lançavam, irritadas pela interrupção nenhum pouco prévia ou esperada de um homem.
Aquele ambiente definitivamente o repudiava de todas as formas. Principalmente se ele levasse em consideração o fato de que toda a decoração e a energia da doceria emanava a delicadeza e a suavidade de uma mulher. Desde as cores rosadas e claras dos utensílios, tecidos e cortinas que ali portavam, quanto dos perfumes que sutilmente pairavam no ambiente.
Seria problemático para elas se repentinamente alguns outros jovens da sociedade também quisessem frequentar o lugar usando de sua presença alí naquele dia casual como argumento. Deste modo, as senhoritas seriam obrigadas a se retirarem daquele ambiente que era destinado especificamente à elas, e muito provavelmente era por isso que todas elas o olhavam com receio e raiva.
E Zhacary internamente pedia perdão pelo inoportuno, desejando fielmente que quem tivesse o visto adentrando o local o confundissem com uma mulher de calças por conta de seus longos cabelos.
Após momentos de silêncio em todo o ambiente, Zhacary e Lucinda finalmente se sentam em uma das mesas, e então, praticamente quebrando todo o clima do ligar, a voz da mais nova junto com seu riso, ecoa a medida que ela fazia seus pedidos.
Pelo menos agora Zhacary compreendia o porque sua irmã parecia tão confiante com o lugar, ela com certeza já havia frequentado o mesmo diversas vezes antes já que aparentemente, tinha intimidade com uma segunda moça que agora, havia se aproximado para atênde-los.
O platinado sorri para a jovem senhorita quando o olhar castanho da mesma se encontra com o seu. Tímida pelo olhar e sorriso que Zhacary lançou para sí, ela logo trata de desviar sua atenção novamente para Lucinda, que praticamente ditava em ordem perfeita o que queria.
E quando a moça saiu para pegar o pedido de sua irmã, Zhacary sentiu um alívio instantâneo inundar seu corpo quando não só uma porção de chá chegou em sua mesa, como também quando as senhoras e senhoritas dispersas em sua volta voltaram a conversar com cautela. Permitindo que suas vozes percorressem o ambiente juntamente com seus sorrisos e risos.
E Zhacary, sentindo-se finalmente relaxado, encosta suas costas na branca cadeira acolchoada em que estava, degustando do chá doce que haviam lhe trago a medida que conversava animado com Lucinda, estava completamente alheio aos olhares de algumas moças.
Mas não era de se admirar, claro, Zhacary era belíssimo.
Sua pele era pálida como a de seu progenitor, seus longos cabelos brancos e seus olhos cinzas afiados eram como os de sua mãe, Lady Nala. Seu nariz era reto, seus lábios levemente carnudos e naturalmente rosados, deixando seu rosto com um aspecto saudável e obviamente, dando destaque a sua mandíbula marcada, a seus ombros largos e sua altura proeminente.
Zhacary era um homem alto, desenvolvido. E a atenção de algumas jovens que ouvindo que ele era irmão da senhorita Philipp — já que assim ela o chamava —, não tardaram em se concentrar unicamente no mesmo.
Se ele era o mais velho dos filhos do Marquês, pois Ivan tinha apenas 16 anos, significava que o platinado não era nada mais e nada menos que o filho da anterior esposa já falecida do homem, e obviamente, o herdeiro de seu título.
As mais jovens do local que conversavam baixo entre si a medida que lançavam um lançar ou outro ao platinado sentado um pouco ao longe, começam a especular cada vez mais a medida que uma senhora mais velha e conhecida na alta sociedade, simplesmente se levantou de onde estava com delicadeza, andando com confiança até a mesa em que estavam os jovens Philipp.
E Zhacary, alheio a movimentação atrás de si, só percebe a aproximação de uma velha senhora quando ao fim, um toque é deixado sobre seus ombros fazendo-o se virar em direção ao mesmo.
— Jovem Zhacary? — a voz feminina e mais velha soa, fazendo a atenção de todos no ambiente outra vez, se voltarem em direção ao "invasor".
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