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A Lei Do Retorno

A vida cobra e com juros!

Alguma vez você já se perguntou porque está sofrendo tanto na sua vida?

Eu sim! Me questionei várias vezes a causa de sentir tanta dor, de ver meu coração ser despedaçado sem que ninguém estendesse o braço para me ajudar.

Devem estar se perguntando de quem é a culpa por tudo isso?

Única e exclusivamente minha!

Cometi muitos erros no passado e agora estou pagando o preço.

1

Ano de 2022

_ Gilda _ ouço minha mãe gritando. _ Desça filha!

_ Já vou _ retoco minha maquiagem, analiso como estou. _ Linda _ me elogio. Sou de estatura média, tenho cabelos longos pretos, olhos castanhos, meu rosto não é fino, mas é muito bonito. Também não sou magra, estou acima do peso, no entanto, isso não me impede de ser feliz. Observo o vestido que estou usando, ele é justo, rosa claro, curto, coloquei nos meus pés uma sandália de couro cru, de salto baixo e confortável.

Me chamo Gilda Pereira, moro no bairro Belvedere em Belo Horizonte, minha vida é uma correria só, faço cursinho para passar no vestibular para administração. Eu me formo no final do ano, os meus pais estão cheios de expectativas quanto ao meu futuro, eu nem ligo, a única coisa que me importa é casar com o Bernardo, o meu primo de 22 anos, ele tem a mesma idade que o meu irmão, o Vitor.

Minha família não é muito grande, porém somos bem unidos, todos os finais de semana nos reunimos para o famoso almoço de domingo, ninguém abre mão disso.

Eu e os meus primos crescemos praticamente juntos, o meu pai é irmão do pai do Bernardo, então acho normal nutrir esta grande paixão por ele.

Foi com ele que eu perdi minha virgindade no dia do meu aniversário de dezoito anos, nunca mais vou esquecer dessa data.

A minha festa foi no Mallard Recepções, aproveitei muito bem o evento, tomei o meu primeiro porre de bebida. Isso porque os meus pais ficaram cansados, decidiram ir embora, consegui convencê-los a me deixar com a Vitória que é irmã do Bernardo. Nós duas sempre nos demos bem, ela sabe o que sinto por seu irmão, não temos segredos uma com a outra.

Depois que os meus pais foram para casa, insisti para Vitória me ajudar a embebedar o Bernardo, Vitor até tentou me impedir, não conseguiu, a verdade é que ninguém sabe falar não para mim.

Sou a princesinha da família, tudo o que quero, eu consigo, de uma forma ou de outra, resumindo, nos dois ficamos bêbados. Foi fácil pedir um carro por aplicativo e levar ele para o motel, ainda bem que não esquecemos de usar preservativo ou eu estaria grávida agora.

Não me recordo direito de tudo o que aconteceu, tenho alguns flashs daquela noite, lembro que senti muita dor e nenhum prazer. Só sei da felicidade que me invadiu quando abri os meus olhos na manhã do dia seguinte e o Bernardo estava dormindo ao meu lado, parecíamos um casal de verdade.

Sorrio feliz, hoje é domingo, minha mãe colocou a família toda na cozinha, estão fazendo sei lá o quê. Passei a manhã inteira me arrumando para me encontrar com o Bernardo, desde que transamos há mais de um mês atrás, ele se afastou de mim, não quis mais nenhuma aproximação.

Mesmo sem me lembrar direito, disse a ele que o que tivemos foi mágico, não adiantou, ele só sabe falar que fez sexo comigo porque achou que eu não era mais virgem. Afirma que se soubesse disso nunca teria me tocado, para o inferno com o arrependimento dele.

Eu deveria ter ficado com ele sem proteção, queria ver ele se livrar de mim se eu estivesse esperando um filho seu.

Odeio essa atitude dele, porém, já tenho muitos planos para fazê-lo voltar atrás e continuar o nosso romance.

Satisfeita com a minha aparência, desço para me enturmar com a família, moramos na cobertura de um belo apartamento, com piscina, sauna e cinema. Cresci cheia de mimos, não posso me queixar, meu irmão sempre diz que nossos pais nunca me deram limites. Acho que tem é inveja por eu ter tudo o que quero enquanto que ele tem que correr atrás, meu pai o obrigou a fazer faculdade de administração mesmo sabendo que o Vitor gosta de teatro.

Hoje ele sai todos os dias com o meu pai, vão para a empresa, anda mais rabugento por fazer o trabalho que tanto odeia. Sua sorte é que vou fazer a mesma faculdade e ocupar o meu lugar dentro do escritório.

Minha mãe insiste em me perguntar se eu quero isso mesmo, respondo que sim, o Bernardo formou nessa ária e está sendo destaque dentro da empresa, quero estar ao seu lado por todo o tempo.

Vamos nos casar e viver juntos em casa e no trabalho, esse é o meu sonho.

_ Que demora foi essa Gilda? _ Minha mãe já começa a reclamar quando me vê entrando na cozinhar. _ Não sei pra quê se arrumar tanto, é só um almoço de família menina, não um casamento.

_ Deixa a menina amor _ meu pai me socorre, lhe presenteio com o meu melhor sorriso.

_ Está linda Gilda _ tia Eva, a mãe do Bernardo me elogia.

_ Obrigada tia _ a abraço depois cumprimento o meu tio Paulo e a Vitória.

_ Cadê o Bernardo? _ Minha mãe fecha a expressão para mim, ela já me pediu inúmeras vezes para deixar o meu primo em paz, sem sucesso.

_ Foi comprar algumas bebida junto com o Vitor _ Vitória responde, faço um beicinho, estou louca para ver ele.

_ Vem aqui ajudar a fazer essa salada _ minha mãe manda.

_ Fiz minhas unhas ontem mãe _ reclamo.

_ Não importa _ ela retruca, tudo isso porque perguntei sobre o meu primo.

_ Pai _ peço ajuda.

_ Deixa ela amor _ ele abraça a minha mãe pelas costas, faz um gesto com o braço para eu sair dali, não espero nem mais um segundo. Corro rápido para a sala, na pressa esbarro em alguém.

_ Ah _ grito de surpresa, levanto a cabeça ao sentir mãos fortes me segurando.

_ Desculpa Gilda _ a voz grave do Mathias invade os meus ouvidos.

_ Tudo bem _ respondo me afastando dele, o seu toque sempre me incomoda bastante. Eu o encaro, ele é o irmão mais velho do Bernado. Na verdade, quando a Eva, mãe dele, se casou com o meu tio Paulo, Mathias estava com mais de um ano de idade. O seu verdadeiro pai se chamava Miguel, faleceu alguns meses depois que o filho nasceu.

_ Você está linda _ ele me elogia, sorrio sem graça, não entendo o porque, mas não consigo me sentir a vontade ao seu lado.

_ Obrigado _ agradeço baixo.

_ Você .....

_ Oi Bernardo _ cumprimento o meu primo que acaba de chegar.

2

Feliz da vida corro para cumprimentar mais intimamente o Bernardo, com grande vontade envolvo o seu corpo másculo entre os meus braços. Fecho os meus olhos para aproveitar mais o seu calor e perfume que sempre me deixa de pernas fora de órbita.

_ Oi prima _ isso é o que escuto dele, percebo nem mesmo corresponde ao meu abraço, segura firme as sacolas cheias de latas de cerveja.

_ Não começa Gilda _ Vitor corta o meu momento, me afasta dele, a contra gosto deixo que o meu sonho de consumo escape. _ Aprenda a se comportar garota _ o meu irmão continua a me repreender.

_ Para de dizer asneira Vitor _ xingo.

_ Há muito tempo é que perdeu a noção das coisa Gilda _ zomba da minha cara, me aproximo o suficiente para que somente ele me escute.

_ Continue a falar merda e vou te mostrar do que eu sou capaz seu idiota _ ameaço no pé do seu ouvido.

_ Sua pirralha insolente _ reclama em alto e bom som.

_ Babaca _ acompanho no mesmo tom.

_ Parem vocês dois _ minha mãe aparece para trazer a paz ao recinto.

_ A culpa é do Vitor que não me deixa em paz _ reclamo.

_ Gilda, voce não é nenhuma santa _ ela ralha.

Continuamos discutindo sem motivo aparente por mais alguns minutos, depois acompanho o Bernardo até a cozinha. Ele fica por conta de servir as bebida, faço o possível para estar ao seu lado o tempo todo. Com o passar do tempo não consigo mais ficar grudada nele, o meu tio Paulo começa uma conversa com ele sobre assuntos de trabalho, sou deixada de lado.

Sem outra alternativa ajudo a minha mãe a servir os pratos, faço tudo sem reclamar, o que eu mais queria está bem ali na minha frente.

O almoço transcorre como em todos os domingos, minha mãe não dá folga, toda vez que quero aproximar do Bernardo ela está por perto, chega a me dar um beliscão.

Aff, que vida ingrata!

Chateada não espero a refeição terminar, deixo todos se divertindo a mesa, vou para a área da piscina. Enquanto observo a água penso em como encontrar uma maneira de ficar sozinha com o Bernardo. Quero dizer mais uma vez que sinto por ele, explicar como fomos feitos um para o outro.

Sinto que posso fazê-lo me amar da maneira que eu quero, não vou ignorar a noite que tivemos juntos.

_ Você está bem? _ A voz do Mathias me traz de volta a realidade.

_ Estou ótima _ afirmo ríspida, minha mente trabalha imaginando várias possibilidades.

_ Mesmo? Não parece, está com o maior beiço que já vi na vida _ ironiza, fecho a cara para ele.

_ Você não tem nada com isso _ mostro o meu lado rabugento.

_ Verdade, só que não gosto de te ver desse jeito _ argumenta, tenho uma ideia que parece absurda, mas, situações extremas pede medidas iguais.

_ Quer me ver feliz? _ Indago o olhando nos olhos.

_ Muito _ ele me sorri com sinceridade.

_ Ótimo! Preciso ficar sozinha com o Bernardo, você me ajuda? _ Ele desvia os olhos.

_ Gilda, porque você tem essa fixação no meu irmão? _ Seu tom é gelado.

_ Ele não é seu irmão _ devolvo fazendo birra, acho que só eu na família tenho o prazer de jogar na sua cara que ele não tem o nosso sangue. Ficamos algum tempo em silêncio, ele me olha com insistência, não sei o que se passa na sua cabeça.

_ Tudo bem, vou levar ele para a sala de cinema para se encontrar com você _ lhe dou um sorriso alegre. _ Mas, em troca quero uma coisa.

_ Pode pedir que concordo com o que quiser _ me adianto. _ Preciso falar a sós com o Bernardo, só isso que me importa.

_ Quero que me prometa que se depois dessa conversa ele não quiser nada com você, vai parar de correr atrás dele _ o encaro, nunca vou desistir do Bernardo, ele é o meu futuro marido. Porém, posso muito bem mentir para o Mathias, quem se importa se eu prometer isso e não cumprir, nem da família ele é.

_ Aceito _ respondo rápido. _ Vou para a sala primeiro, por favor não demore em levar ele para lá.

_ Antes Gilda, você precisa saber de uma coisa _ ele fala sério.

_ O quê? _ Não entendo onde ele quer chegar.

_ Não aceito que ninguém quebre uma promessa feita a mim _ joga na minha cara, de repente ele parece mais sério do que o normal. _ Não vou perdoar nem mesmo você se fizer isso.

_ Ok Mathias, já entendi, vamos parar de conversa fiada, quero conversar com o Bernardo quanto mais perder meu tempo com você mais tarde eu realizo o meu desejo. Entende? _ Meu coração está eufórico pela possibilidade de ficar pertinho do amor da minha vida.

_ Acho que não entendeu muito bem o que eu disse _ insiste, quase perco a paciência, respiro fundo para manter a compostura.

_ Olha aqui Mathias, só leve o Bernardo para me encontrar na sala de cinema, espero que tranque a porta pelo lado de fora. Depois disso, faço o que quiser _ reafirmo.

_ Porque tem essa fascinação por ele? _ Tenho vontade de mandar ele catar coquinho, não posso já que vai me entregar o Bernardo no lugar que quero. Paro séria na sua frente, seu olhar intenso me atravessa de um lado para o outro.

_ A verdade é que eu o amo _ confesso o que eu acho que toda a família está cansada de saber.

_ Não acredito em você! _ Afirma. _ É nova demais para saber ou entender o que sente pelo meu irmão.

_ Mathias, não sei onde quer chegar, olha só, desde que me entendo por gente amo o Bernardo. Ele está presente em todos os meus sonhos, minha meta de vida é nós casarmos, deixo isso bem claro para quem quiser ver _ decido soltar o verbo.

_ Isso não é amor Gilda!

_ O que é então?

_ Uma forte obsessão, nua e crua.

_ Não importa, contanto que ele seja meu _ retruco irritada. _ Estou indo para a sala de cinema, vê se faz a sua parte _ aviso, vou saindo.

_ Espera..... _ não escuto mais nada quando entro em casa.

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