O ano acabou, passamos de ano, chegou o novo ano escolar e alguns dos meus colegas mudaram de escola ou não ficaram na mesma turma, indo para outras salas. Vini ficou na mesma sala que boa parte dos meus colegas.

Para minha surpresa, fui mudada de turma. Fiquei triste pelas amizades que fiz com as meninas e com alguns dos meninos, pois não estaríamos mais na mesma sala, mas fiquei com raiva da professora! Aquele ano já foi um bocado chato de se passar com tudo que me aconteceu e ainda tinha de tolerar mais essa!

            Ela disse que manteria todos juntos no ano seguinte sendo possível ser a mesma professora da turma e a promessa não foi cumprida. A megera ainda continuou lá por mais um tempo dando aula em outras turmas, só que depois mudou de escola. Quanto a mim, teria que começar tudo de novo!

O bom era que encontrava meus colegas no recreio, mas depois percebi que não era mais da mesma forma. Cada um deles formou novos grupinhos e não me encaixava em nenhum deles. Estava sozinha de novo.

             Até consegui fazer novas amizades e conheci a Daniele. Ela era mais baixinha que eu, gostava de desenhar, também amava os gibis da Turma da Mônica e assim como eu, já gostava de alguém. Fiquei aliviada por não ser só eu que pensava nessas coisas. Ela gostava de um garoto chamado Diogo e assim começou nossa amizade.

            Dani, como a chamava, sabia que eu gostava do Vini. Trocávamos nossas lamúrias sobre os garotos. A sorte dela é que o Diogo estudava na mesma sala que nós duas, já o Vini não mais.

            Diogo dava pinta que queria namorar minha amiga, mas não fazia nada para que isso acontecesse. Eles também brigavam muito por coisas idiotas como um irritar o outro ou não dar um pouco de espaço porque ambos tinham ciúmes, mas nenhum dos dois cediam para tentar ficar juntos.

Às vezes, era engraçado ver que os dois se gostavam, mas não davam o braço a torcer e também era preocupante porque talvez nunca ficariam juntos e se ficassem, não daria muito certo pelo comportamento deles. Eu os aconselhava, mas parece que não adiantava muito. Eram muito cabeças-duras! Ambos também tentavam me ajudar.      

            Apesar de conseguir ficar mais à vontade conversando com o Vini, ainda era tímida e não queria admitir que gostava dele. O Di e a Dani tentaram me ajudar várias vezes fazendo com que nos aproximassemos e eu dissesse alguma coisa ou que ele também admitisse. 

Uma vez, o Diogo perguntou para o Vini na minha frente e da Dani se ele gostava de mim. Queria matar o Diogo por ter feito isso, mas ao mesmo tempo, estava louca para saber se ele também gostava de mim, embora soubesse que era possível o cara não confessar comigo ali. No que simplesmente respondeu:

                        — Nah, para com isso! Ela é só minha amiga!

                        — Mas você gosta dela! Você vive correndo atrás dela no Pega Pega antes que todo mundo e vocês se separam da gente só para ficar de briguinha... — Diogo provoca.

             Isso era verdade. Toda as vezes, ele corria primeiro atrás de mim para me infernizar,  ao mesmo tempo, eu gostava. É, acho que todo mundo já tinha notado, só Vinícius que não se dava conta.

             Diogo continua com voz chorosa.

                        — É toda vez: "Ah, me solta." "Não, te peguei." "Ah, você é minha." "Ah, você é chato." "Não, você que é chata." Caraca! Vocês se gostam, heim!

            Eu, a Dani e o Vini ríamos da imitação dele sobre a gente enquanto dizia:

                        — Você que é chato fazendo essa imitação tosca da gente. Deixa ele!

            O Diogo fez cara de Ué. Pisquei para ele esperando que me entendesse que era para não deixar na cara que era combinado. O Vini não respondeu nada e saiu.

            E assim se passavam os dias. Eu, mais tímida do que nunca e o senhor Vinícius sem se pronunciar se queria algo comigo. Numa das vezes, Dani me perguntou:

                        — Por que você não manda um bilhetinho apaixonado?

                        — É uma boa ideia. Já pensei nisso, mas acho que não vá funcionar. Ele só me quer como amiga. A gente já nem conversa muito como antes. Acho que ele não quer nada mesmo. — resmunguei.

                        — Não custa nada tentar! — me aconselhou.

            Nesse incentivo, criei coragem e escrevi um bilhete dizendo que gostava muito dele e pedi a ela para entregá-lo. Lógico que ele sabia que era meu. Pelo menos eu achava que sim! No dia seguinte, vi que minha amiga falava com ele e logo veio em minha direção dizendo:

                        — Ele me chamou e me pediu para te entregar isso. — e me entregou uma cartinha. — Abre logo que tô curiosa para saber o que ele respondeu. — me ordenou.

            Meu coração batia acelerado. Será que realmente a ideia da Dani tinha funcionado? Queria muito abrir a carta, mas ao mesmo tempo tinha medo de ler o que estava escrito. Vai que ele estava me dando um fora? Meu primeiro fora. Já não sabia fazer essas coisas direito e ainda ter que tomar um fora! Era demais para mim e talvez, esse não seria o único da minha vida.

Abri a carta. O conteúdo era um coração e um papel dobrado. Tremi um pouco de nervoso. Comecei a ler. Meu coração quase sai pela boca. Pelo menos fiquei mais aliviada. Minha amiga disse:

                        — Não falei! Lê logo!

            Quando terminei de ler, não conseguia acreditar no que estava escrito. Vini me escreveu:

            Emy, também gosto muito de você. Quer namorar comigo?

            Dani não aguentou a curiosidade e leu por cima do meu ombro porque percebeu que não conseguia dizer uma palavra. No que ela terminou de ler, nos entreolhamos e foi em uníssono.

               AAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHH!!!!!!!!

            Estava tão feliz! Ele me queria como namorada! Vinícius gostava de mim também! Respondi a carta com outra bem fofinha e apaixonada dizendo que aceitava ser sua namorada e pedi a Dani entregar a ele de volta. Pronto, a partir daquele dia eu era sua namorada. 

*Finalmente! Eeeeeee*!!