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O CEO Cego E Os Olhos Da Cuidadora

Capitulo 1 - Destinos Entrelaçados

Caro leitor(a),

Gostaria de compartilhar um breve insight sobre esta obra. Desde já, asseguro que ela possui um intrigante começo, meio e fim. Contudo, permita-me esclarecer que o romance do casal central se desenvolve de maneira única. Não se trata de um jogo de enrolação entre eles, mas sim de uma narrativa que se desdobra em dois mundos distintos, revelando camadas fundamentais da história antes de unir Alexander e Safira.

No primeiro capítulo, você mergulhará em um momento presente, testemunhando o encontro inicial entre Alexander e Safira. Entretanto, a trama retrocede para uma semana antes no capítulo 2, intercalando entre os mundos dos protagonistas. A partir do capítulo 19, a história retorna ao presente, proporcionando o tão aguardado convívio e trabalho conjunto dos personagens na mansão Fontana. Juntos, eles enfrentam desafios pessoais, desmascaram conspiradores e lutam pelos interesses da Spectratech Solutions.

Não espere um romance apressado; o primeiro beijo acontece no capítulo 34. Embora a química entre Alexander e Safira seja palpável, quero ressaltar que a trama não se desdobrará em cenas explícitas. Esta obra não busca focar em momentos "hots".

Com estes esclarecimentos, convido-o(a) a adentrar neste universo envolvente. Se procura uma narrativa que vai além das expectativas convencionais, este é o lugar certo. Sua curiosidade será recompensada com uma leitura única e surpreendente.

Seja bem-vindo(a) e tenha uma ótima jornada literária.

Um forte abraço,

A autora.

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"Na dança Frenética entre mentiras e desespero, Safira se via presa em um labirinto onde cada reviravolta traz uma nova revelação, e a noite, agora cúmplice silenciosamente, guardava segredos que ameaçavam desvendar a trama frágil de sua fuga."

A noite encobria Safira como um manto sombrio, enquanto ela corria pelas ruas estreitas da cidade futurística.

Seu coração batia freneticamente, cada pulsação era um eco do medo que a consumia. As luzes fracas dos postes piscavam intermitentemente, projetando sombras que parecia persegui-la como espectros implacáveis.

As solas dos seus sapatos batiam no asfalto, criando um ritmo desesperado que ecoava o pavor que a envolvia. O vento cortante da noite bagunçava seus cabelos, enquanto ela corria sem olhar para trás. Ofegante, seus pulmões imploravam por ar, mas o medo a impelia a seguir em frente, sem pausas.

Safira podia sentir o suor escorrendo por sua testa, uma mistura de exaustão e ansiedade. Cada esquina que virava era um labirinto de incerteza, mas ela continuava, impulsionada por uma força interior que a mantinha em movimento. Seus olhos estavam arregalados, mas fixos em algum ponto indistinto à sua frente, como se enxergasse além das barreiras físicas.

O som distante das sirenes ecoava pela cidade, intensificando ainda mais sua agonia. Safira não sabia se estava sendo perseguida, mas sua mente ecoava com a possibilidade de ser capturada novamente. Cada som, cada sombra, alimentava seu medo.

A rua deserta à sua frente parecia se estender infinitamente, e a angústia a acompanhava como uma sombra persistente. Ela não se permitia parar, mesmo quando suas pernas gritavam por descanso. Uma urgência de escapar, de deixar para trás o horror que a aprisionava, mantinha-a correndo como se o próprio destino dependesse disso.

A respiração de Safira tornou-se irregular, suas pernas tremiam, e a visão embaçava. Uma corrida desenfreada pela liberdade começou a cobrar seu preço. Com a tontura se intensificando, ela se deparou com a figura imponente de Alexander Fontana prestes a entrar em seu carro, acompanhado por sua comitiva.

Ofegante e trêmula, ela, implorou por socorro em todos os dialetos possíveis, enquanto seus olhos refletiram o desespero que ela mal conseguiu conter. Uma idéia rápida cruzou sua mente: ela precisava de ajuda, mas a verdade crua não poderia surtir o efeito desejado. Com medo de ser ignorada ou até mesmo entregue, Safira ocultou a realidade do seu passado recente.

_ Por favor, me ajude! Estou em perigo, fujo do meu namorado agressor. Ele quer me matar!" Disse Safira em meio às súplicas, sua voz pesava de angústia e desespero.

Alexander, mesmo cego, captou a urgência em suas palavras. Seu coração se encheu de compaixão, e ele, guiado pela empatia, decidiu intervir. Sua irmã, porém, alertou para o perigo, instruindo-o a não se envolver na situação. Sua voz impiedosa clamava para Safira sair de perto, enquanto os seguranças de Alexander se aproximavam para tentar afastá-la.

A escuridão ao redor de Alexander se intensificava a gravidade do momento. Sem enxergar nada, ele estendeu a mão em um gesto firme, interrompendo as objeções de sua comitiva." Basta! Eu não vou deixá-la neste estado", proclamou com uma voz autoritária, ecoando por entre as sombras.

O gesto firme de Alexander calou momentaneamente seus seguranças, permitindo que Safira se aproximasse do carro. Ele sentiu a tensão no ar, uma atmosfera carregada de desconfiança e perigo iminente. Sua mente cega se concentrava em decifrar as emoções através das vibrações no ar, e o desespero de Safira era quase palpável.

O magnata se compadeceu de Safira, sua presença imponente contrastando com a vulnerabilidade dela. "Entre no carro!" Disse Alexander, sua voz ecoando com autoridade, ignorando as advertências sussurradas por seus acompanhantes. Os relutantes, afastaram-se temporariamente, permitindo que Safira adentrasse o veículo. Ela, ofegante e com lágrimas nos olhos, agradeceu com uma expressão de ruptura misturada com temor.

O luxo interior do carro proporcionou um rompimento momentâneo. Safira se acomodou no banco de couro, ainda incapaz de acreditar na reviravolta improvável que a vida lhe proporcionara. Alexander, mesmo cego, sentou-se ao seu lado com a ajuda de sua irmã, determinado a ajudar.

Os seguranças, desconfortáveis com a situação, lançaram olhares desconfiados, mas a autoridade de Alexander prevaleceu, eles se afastaram e entraram no veículo de trás.

Enquanto o carro se afastava, Safira se recostou no assento, tentando controlar a respiração acelerada. Alexander, conseguia sentir a tensão no corpo dela.

O carro deslizava pelas ruas, um casulo de metal cortando o silêncio da noite. Safira, ainda trêmula, sentiu a segurança relativa ao veículo, mas as lágrimas incessantes traíam a tempestade emocional que a consumia. Alexander, apesar de sua cegueira, emanava uma serenidade reconfortante, como se sua presença fosse um antídoto para o medo que a assolava.

_"Você está a salvo agora", assegurou Alexander sua voz tranquila transmitindo calma." Posso perguntar seu nome?"

_"Natasha, Natasha Phillips” Safira respondeu, hesitante, criando uma história improvisada em sua mente para esconder a verdade sombria." Obrigado por me ajudar. Eu estava tão assustada... Ele era obcecado, e eu não sabia mais o que fazer."

"Não precisa agradecer. Ninguém merece passar por isso", afirmou Alexander, genuinamente preocupado." Vou levá-la para um lugar seguro. Você pode confiar em mim."

O carro avançava pelas ruas da cidade, deixando para trás uma escuridão opressiva. Enquanto isso, a mente de Safira trabalhava freneticamente para manter as aparências. Ela se perguntava se conseguiria sustentar a farsa por muito tempo, sabendo que a verdade eventualmente emergiria. Contudo, a alternativa era inimaginável.

A irmã de Alexander, no banco da frente, ao lado do motorista particular, impulsionada pela curiosidade ou talvez pela desconfiança, questionou Safira: "Se você estava em perigo, por que não chamou a polícia?". O olhar inquisitivo da mulher buscava respostas, mas Safira, entre soluções, lutava para encontrar palavras coerentes.

Antes que Safira pudesse articular uma resposta, ciente sobre o quando poderia ser difícil para uma mulher denunciar seu agressor, Alexander interveio com uma autoridade que ecoou no interior do veículo."Deixe-a em paz, Isadora, sem perguntas!", declarou, sua voz firme, encerrando qualquer tentativa de interrogatório.

“Não se preocupe, vamos garantir que você esteja segura. Tem algum lugar para onde podemos levá-la? alguém de confiança que pode ajudá-la?”, perguntou ele.

O olhar de Safira vagou pela paisagem da cidade desconhecida que se desenrolava diante dela. Edifícios altos e modernos se destacavam, e as luzes noturnas lançavam um brilho surreal sobre as ruas. A realidade de estar em um lugar completamente diferente do seu, a atingiu como um soco. Ela nunca imaginou que um dia seu destino cruel a levaria para um cenário tão distante de casa.

Ao perceber que Alexander aguardava uma resposta, Safira engoliu em seco e respondeu hesitante: "Não tenho ninguém aqui. Não conheço ninguém nessa cidade. Se puderem me deixar em qualquer lugar seguro, ficarei grata."

O diálogo foi interrompido pela pisada do motorista no freio do carro, que instantâneamente girou no asfalto. Safira, apreensiva, olhou para frente, tentando entender o que havia acontecido. A tensão no ar cresceu quando todos no veículo sentiram um impacto.

Alexander Franziu A testa, incapaz de ver a situação, e perguntou: "O que aconteceu Rodrigo?"

Todos estavam apreensivos, Safira sentiu um calafrio percorrendo sua espinha. A noite parecia conspirar contra ela, adicionando mais elementos imprevisíveis ao seu destino incerto.

Capitulo 2 - Engrenagens da Desconfiança

"Em um mundo onde a escuridão cega um líder, e a fuga desesperada tece o destino de uma fugitiva, as linhas do destino se entrelaçam em um encontro inevitável, onde a união de dois mundos distintos dará luz a um caminho singular."

Uma semana antes...

As luzes vibrantes de Singapura, dançavam no horizonte, revelando uma cidade onde o futuro se tornara presente. Os arranha-céus futuristas se estendiam até o céu, revestidos com materiais inteligentes que respondiam às mudanças climáticas e brilhavam com a luz do sol. As ruas eram percorridas por veículos autônomos que se moviam em perfeita sincronia, guiados por uma rede de inteligência artificial.

No epicentro dessa metrópole inovadora está a sede global da SpectraTech Solutions, um arranha-céu imponente e futurista. A fachada de vidro inteligente ajustava sua opacidade conforme a intensidade da luz solar, enquanto drones autônomos monitoravam a segurança externa. Ao adentrar o prédio, os funcionários eram recebidos por um saguão futurista, com esculturas de luzes holográficas e uma cascata de água interativa.

Dentro dos escritórios da SpectraTech, as salas de reuniões eram equipadas com mesas interativas e projeções holográficas que permitiam uma colaboração imersiva. Os funcionários moviam-se entre seus postos de trabalho com tecnologia de realidade aumentada, enquanto robôs autônomos transportavam documentos e mantinham os ambientes limpos.

No coração do arranha-céu imponente, o escritório do grande CEO Alexander Fontana, um santuário tecnológico. As paredes eram revestidas por superfícies inteligentes que exibiam análises de dados em tempo real. Uma mesa de vidro interativo ocupava o centro da sala, onde Alexander realizava videoconferências com sua equipe global. Uma vista panorâmica da cidade futurista era projetada nas janelas inteligentes, criando uma atmosfera de liderança moderna e inspiradora.

Dentro desse cenário, Alexander Fontana, 37 anos.

Líder visionário, carismático, decidido e astuto. Sua personalidade é marcada por uma mistura de determinação empresarial e charme cativante. Responsável por guiar a empresa para a vanguarda da inovação e tecnologia avançada, mantendo o legado da família Fontana. Sua visão a longo prazo e determinação incansável inspiram a equipe da SpectraTech a alcançar novos patamares.

Alexander estava sentado atrás de sua mesa, rodeado por telas holográficas exibindo dados complexos quando seu melhor amigo e funcionário de confiança, Lucas Russo, especialista em segurança cibernética e proteção de dados, adentrou ao escritório.

Lucas: "Alexander, tenho notado atividades suspeitas na nossa rede de dados. Parece que alguém está tentando acessar informações confidenciais."

Alexander, inclinando-se para frente com uma expressão séria: "Novamente? Já fortalecemos os protocolos de segurança."

Lucas, com uma expressão preocupada: "Sim, mas esta é uma ameaça sofisticada. Alguém de dentro parece estar colaborando com os invasores."

Alexander franze a testa: "Traição interna? Isso é inaceitável. Precisamos descobrir quem está por trás disso antes que nossa segurança seja comprometida."

Isadora adentra o escritório de Alexander com uma expressão séria, sua presença carregada de urgência. As portas automáticas deslizam silenciosamente atrás dela, cortando o ambiente com um suave sibilar.

Isadora: "Alexander, temos um problema sério. Nossa última inovação tecnológica, o Projeto Ícarus, foi infiltrado. Alguém está vazando informações cruciais para a Quantum Dynamics Solutions."

Alexander, franzindo a testa, indica para sua irmã continuar.

Isadora, apressadamente: "E não é apenas isso. Aparentemente, alguém da nossa equipe de P&D está envolvida. Eu nunca imaginei que isso pudesse acontecer dentro de casa, mas está claro que temos traidores entre nós."

Alexander, firmando as mãos sob a mesa com uma expressão preocupada: "Isadora, precisamos descobrir quem está por trás disso e nos livrarmos desses vermes o quanto antes. Lucas já identificou tentativas de invasão na nossa segurança cibernética. Provavelmente tudo está interligado."

Isadora acena com a cabeça, compartilhando sua preocupação. "Tem outra coisa, nossos concorrentes estão prestes a lançar um produto semelhante ao Projeto Ícarus. É como se soubessem todos os nossos movimentos, isso está indo além da concorrência leal."

Alexander, franzindo a testa em pensamento: "Há algo maior em jogo aqui, algo que vai além dos negócios. Mas, precisamos descobrir quem são esses canalhas traidores antes que a SpectraTech seja comprometida."

Os irmãos Fontana compartilham um olhar determinado, conscientes de que o futuro da SpectraTech está suspenso no fio da desconfiança.

Enquanto o trio começa a discutir a crescente trama de traição, uma sensação de obscurecimento envolveu

os olhos do CEO. Ele piscou, tentando clarear a visão, mas as sombras persistiram.

Enquanto isso...

Isabella, ansiosa: "Alexander, temos um grande problema. A imagem da SpectraTech está sendo comprometida nas redes sociais. Há vazamentos de informações negativas sobre nosso projeto mais recente. Alguém está tentando manchar nossa reputação." Disse ao entrar eufórica na sala.

Alexander, agora lutando contra a dor e a escuridão que se insistiam em seus olhos, tentou focar na notícia urgente de Isabella: "Precisamos agir rápido. Identifique a origem dessas informações e faça uma declaração pública. Não podemos permitir que nossa integridade seja prejudicada."

Enquanto Isabella está prestes a responder, Alexander é interrompido por uma onda de escuridão que o envolve. Ele tenta disfarçar a agonia que toma conta de seus olhos, mas as irmãs e Lucas percebem a mudança súbita em sua expressão.

Isadora, preocupada: "Alexander, você está bem?"

Alexander, forçando um sorriso: "Estou bem, talvez tenha esquecido de tomar meus remédios hoje. Isadora, por favor, poderia pegar meus comprimidos? Estão em uma gaveta à direita da minha mesa."

Enquanto Isadora sai apressadamente para buscar os medicamentos, Alexander sente sua visão se deteriorar rapidamente. A sala se torna um borrão indistinto de sombras e luzes indefinidas. Ele percebe que algo está muito errado, mas hesita em preocupar ainda mais suas irmãs e Lucas.

Isadora retorna com os comprimidos, mas antes que Alexander possa tomá-los, a escuridão o envolve completamente. Ele tenta manter a compostura, mas suas pernas fraquejam. Isabella e Lucas, agora extremamente preocupados, se aproximam.

Isadora, alarmada: "Alexander, você está pálido. Chamem uma ambulância!"

Alexander, sussurrando: "Não... não é necessário. Acho que só preciso de um momento."

As irmãs e Lucas, apreensivos, decidem conduzir Alexander ao oftalmologista imediatamente. Isadora pega o telefone e liga para a diretoria de operações. Enquanto Isabella e Lucas ajudam Alexander, Isadora avisa a Mauricio seu irmão gêmeo, que eles estão a caminho do médico com Alexander.

No lado de fora da SpectraTech, o grupo se reúne ao redor de um carro autônomo. Isadora entra no veículo enquanto Isabella e Lucas ajudam Alexander a entrar no carro.

Enquanto o veículo se afasta da sede da SpectraTech, Alexander, envolto pela escuridão, sente um misto de medo e determinação. As sombras da incerteza pairam sobre ele, mas a busca por respostas e a esperança de reverter sua condição mantêm a chama da determinação acesa em seu coração.

Capitulo 3 - Entre dois mundos

"Em um mundo onde as sombras da desigualdade e corrupção lançam sua cruel dança, contrastando com o brilho futurista de Singapura, o destino de Safira Reis se entrelaça com a tragédia de Alexander Fontana."

Enquanto Alexander enfrentava as sombras de uma conspiração nas entranhas futuristas de Singapura, Safira Reis lutava para sobreviver nas sinuosas vielas da Rocinha, a maior favela do Brasil.

No centro da Rocinha, entre vielas apertadas e labirintos de barracos improvisados, erguia-se o humilde lar de Safira. Seu barraco de madeira, com paredes finas e um telhado improvisado, contrastava com os arranha-céus reluzentes que dominavam o cenário da vida de Alexander. Ali, o ar era denso, permeado por desafios diários e a perseverança incansável daqueles que buscavam um futuro melhor.

Safira, uma estrangeira em sua própria terra, nunca teve opção a não ser encontrar na Rocinha um refúgio improvável. Os sons da comunidade ecoavam pelas ruelas estreitas, desde as risadas animadas das crianças até os acordes de músicas que permeavam o ar. Mas, por trás da aparente harmonia, escondiam-se histórias de resistência e resiliência.

Seu barraco, modesto e acolhedor, representava um abrigo contra as tormentas constantes que assolavam a favela. As paredes desgastadas testemunhavam as lutas diárias de Safira, uma batalha que ela travava não apenas por sua sobrevivência, mas pela reconquista de sua identidade.

No interior do barraco, a pouca mobília revelava a simplicidade da vida de Safira. No quarto apertado, uma cama modesta, uma pequena mesa de madeira e algumas fotografias desbotadas de sua falecida mãe era tudo o que ela possuía. No entanto, a faísca de determinação em seus olhos e a pilha de livros surrados no canto atestavam sua busca incessante por conhecimento e superação.

Enquanto Alexander experimentava o zênite da tecnologia e inovação, Safira navegava pelas adversidades cotidianas da Rocinha, onde as oportunidades eram escassas e a esperança era um luxo raro. Os mundos deles, tão distantes geograficamente, convergiam no palco universal da luta pela sobrevivência e pela busca de algo mais.

Enquanto as sombras de uma conspiração envolviam Alexander, Safira enfrentava os desafios da Rocinha com coragem e tenacidade. O destino, entrelaçando suas histórias de maneiras inesperadas, estava prestes a revelar os fios que conectavam essas realidades aparentemente opostas.

Favela da rocinha...

Dentro do modesto barraco de Safira, o sol tímido da tarde invadia através de frestas na estrutura improvisada. O ambiente acolhedor estava preenchido com risos leves e o som de unhas arranhando o chão. Safira Reis, 28 anos, sentada no chão, brincava animadamente com seu fiel companheiro de quatro patas, Magrelo.

O pequeno cachorro, de pelagem rajada, saltitava com alegria enquanto Safira segurava uma bola improvisada, feita com pedaços de pano amarrados. Os risos dela eram contagiados pela energia vibrante de Magrelo, e por um momento, as preocupações do mundo exterior pareciam dissipar-se.

Safira, sorrindo, lançava a bola improvisada para o ar, e Magrelo, com destreza surpreendente, saltava para pegá-la. A interação entre os dois era uma dança harmoniosa, uma pausa necessária na luta

diária pela sobrevivência.

"Boa, Magrelo! Você é o melhor cachorro do mundo!", exclamou Safira, acariciando carinhosamente o companheiro leal que abanava o rabo com entusiasmo.

Enquanto brincavam, Safira pensava nos desafios que enfrentara na Rocinha desde que nascera. A vida ali não era fácil, mas Magrelo era uma fonte constante de alegria e consolo. Em meio à adversidade, o vínculo entre Safira e seu cachorro tornava-se um refúgio seguro, um espaço onde a esperança florescia mesmo nos momentos mais sombrios.

O barraco, além de suas limitações, estava impregnado com a essência da saudade. Fotos desbotadas ao lado de sua mãe nas paredes capturavam memórias de anos atrás, onde o tempo não era muito diferente porém, seus sorrisos eram genuínos. Livros empilhados no canto eram testemunhas silenciosas do desejo implacável de Safira por conhecimento e superação.

A brincadeira continuava, com Magrelo trazendo a bola de volta, ansioso por mais momentos de diversão. Safira, imersa naquele instante de alegria, tentava se desconectar das preocupações externas. No entanto, em sua mente, as imagens de um passado difícil, a ciência de um presente em lutas e as sombras de um futuro incerto continuavam a rondar.

Enquanto Safira jogava a bola, ela olhava para além das paredes do barraco, para o horizonte distante da Rocinha. As vielas sinuosas da favela eram como capítulos de uma história coletiva, escrita por aqueles que persistiam contra todas as probabilidades.

A brisa suave da tarde entrava pelo vão das janelas improvisadas, trazendo consigo os sons pulsantes da vida na Rocinha. A realidade de Safira era uma tapeçaria intricada de desafios e esperanças, onde cada riso compartilhado com Magrelo era um fio de resistência contra as adversidades.

Enquanto o sol começava a se despedir no horizonte, Safira e Magrelo permaneciam unidos em seu pequeno reino, onde a alegria simples da brincadeira representava uma vitória sobre as sombras que se estendiam além das fronteiras de sua casa improvisada. A vida continuava, pulsante e resiliente, mesmo nas circunstâncias mais difíceis.

Minutos depois, a água do chuveiro caía suavemente, levando consigo as impurezas da jornada diária. O banho, embora simples, era um ritual sagrado de renovação. Safira esfregava a pele, sentindo a limpeza como uma bênção fugaz em meio à realidade áspera da Rocinha.

Magrelo, com olhos curiosos, observava o espetáculo aquático com sua lealdade inabalável. Safira, sorrindo para o cachorro, conversava com ele sob a água, transformando o ato rotineiro em um momento de descontração.

Após o banho, envolvida em uma toalha desgastada, Safira entrou no quarto apertado. Magrelo, ainda animado, abanava o rabo, pressentindo que algo especial estava por vir. Safira, olhando nos olhos de seu fiel amigo, compartilhou seus planos.

"Hoje, vamos visitar a Dona Lucy, Magrelo. Você ama os bolos dela, não é? Eu tenho uma coisa para confessar para você, eu também. Ah, aqueles abraços acolhedores que ela tem, nada se compara a eles. Por quê está com essa cara? Tudo bem, eles perdem para os seus."

Magrelo, como se entendesse cada palavra, abanou o rabo com mais entusiasmo. Safira se vestiu com roupas simples, mas cuidadosamente escolhidas, e Magrelo seguiu-a, saltitante, em direção à porta.

Enquanto caminhavam pelos becos da Rocinha, encontraram Leandra, a melhor amiga de Safira. Leandra, com seu sorriso caloroso, cumprimentou Safira e Magrelo.

Leandra: "E aí, amiga? Pra onde você está indo?"

Safira, com um brilho nos olhos: "Vamos visitar a Dona Lucy. Ela disse que faria bolo de cenoura hoje, e Magrelo vai adorar."

Leandra riu, acenando para Magrelo: "Aproveitem! E não se esqueça, mais tarde temos estudo, estarei lá, hein?"

Safira assentiu, agradecendo à amiga. Continuaram o caminho, deixando Leandra para trás. Enquanto percorriam as ruas, a mente de Safira vagueou para o passado, um capítulo de sua vida que ainda doía.

Safira nunca conhecera seu pai, e sua mãe, Joana, sucumbira às drogas quando ela tinha apenas 17 anos. A morte da mãe deixara Safira órfã e desamparada, mas duas figuras haviam iluminado seu caminho na escuridão. Dona Lucy, com sua gentileza maternal, e Leandra, a amiga de confiança que permaneceu ao seu lado nos momentos mais difíceis.

Magrelo, ao lado de Safira, era mais do que um animal de estimação. Ele representava a esperança e a capacidade de confiar novamente. Safira encontrara o vira-latas quando ele ainda era um filhote abandonado, uma metáfora viva de sua própria busca por pertencimento.

Enquanto se aproximavam da casa de Dona Lucy, Safira sentia seu coração se aquecer. A amizade entre elas era como um porto seguro em meio à tempestade. A senhora idosa era um farol de carinho em um mundo muitas vezes implacável.

Ao se aproximar da casa humilde, Safira bateu na porta com seu entusiasmo habitual. A senhora idosa sempre estava ansiosa para receber a jovem amiga e compartilhar histórias alegres e fatias generosas de bolo. No entanto, ao abrir a porta, Safira percebeu algo incomum no ar.

"Dona Lucy? Está em casa?", chamou Safira, espreitando para dentro da sala.

Não houve resposta imediata, apenas um silêncio que contrastava com a animação usual da casa. Safira, apreensiva, chamou mais uma vez, mas a senhora idosa não apareceu.

Decidindo entrar para verificar, Safira notou algo estranho. Ao se aproximar do quarto onde Dona Lucy costumava passar a maior parte do tempo em suas costuras, ela se deparou com a figura de um homem saindo do cômodo. A expressão surpresa de Safira foi rapidamente substituída pela preocupação.

"Onde está Dona Lucy?", perguntou Safira, sua voz carregada de apreensão.

O homem, olhando Safira de cima a baixo com um olhar indiscreto, respondeu com uma indiferença desconcertante: "Deu uma saidinha. Não sei quando volta."

Safira sentiu um calafrio lhe percorrer a espinha. A resposta do homem não transmitiu a tranquilidade que ela esperava. Ela chamou o nome de Dona Lucy algumas vezes, mas o silêncio persistiu.

"Preciso ir embora, então. Diga a ela que passei", disse Safira, virando-se para sair da casa.

No entanto, o homem, de maneira intrusiva, atravessou na frente dela, bloqueando a saída. O semblante de Safira mudou, e a atmosfera antes acolhedora transformou-se em algo mais sombrio.

"Calma, gracinha. Se é amiga da Dona Lucy, também pode ser minha", disse o homem com um sorriso sugestivo, olhando-a de uma maneira que a fez se sentir desconfortável.

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