Me chamo Ully, sou brasileira e tenho 19 anos. Moro faz pouco tempo em Nova Iork, sou barista, garçonete, animadora de festas infantis, ou seja, sou de tudo um pouco.
No Brasil, eu era a filha de Rebeca e Arthur Villa, magnatas da indústria da moda. Era tratada como se fosse mais que todo mundo, só por ter um cartão de crédito, isso sempre me incomodou.
Aqui, sou só Ully, nada mais do que isso. Por exemplo, agora pela manhã trabalhei em uma lanchonete perto de casa e estava indo para o meu segundo emprego até que uma garotinha me agarrou e subiu no meu colo.
Peiton: oi, sou Peiton, quem é você? - ela mexe no meu cabelo - você é bonita
Ully: eu sou a Ully toco na pontinha do nariz dela com meu dedo e ela sorri - o que você tá fazendo no meu colo? - ela revira os olhos
Peiton: estou fugindo da Alex, ela é muito chata, me salva dela? - a mulher ofegante chega até a gente
Alex: P.Peiton, vem, seu pai vai me matar, a gente tá atrasada já - ela segura a barriga procurando ar
Peiton: não, eu só vou se a Ully vir junto - ela agarra mais forte meu pescoço - quero ficar com ela
Alex: desculpa, a Peiton é bem difícil, é raro ela gostar de alguém - ela sorri - você se importa de levar ela pro pai dela?
Ully: sem problemas, eu tenho um tempinho ainda - sorrio
Alex: obrigada, obrigada, talvez o senhor Carter não me mate - eu rio e ela sorri pra mim - a propósito, sou Alex - ela estende a mão e eu aperto
Ully: sou Ully - sorrio e aperto a mão dela
A****lex: bem diferente, você não é daqui, é? - o olhar dela é gentil, gosto disso
Enquanto a gente caminha, a Peiton dorme no meu colo, então conversamos.
Ully: eu sou do Brasil, mas vim dar um tempo aqui, achei que seria bom ter novas experiências em um lugar novo - sorrio
Alex: sempre quis conhecer o Brasil, mas não gosto de avião, as vezes o senhor Carter me faz viajar com ele, eu quase morro de medo - ela faz uma careta - o que aquele homem tem de bonito tem de malvado - ela chega mais perto e cochicha - a gente chama ele de Big Boss pelas costas, sacou? - eu rio
Ully: mas pra ser pai de uma garotinha linda dessas, ele tem que ter um lado bom, não tem? - ela faz uma careta
Alex: se tem, ninguém viu ainda, quer dizer, só a Peiton - ela dá de ombros
Ully: e a mãe dela? - fico curiosa
Alex: nem a Peiton conheceu, quem dera eu - ela sorri
Entramos na empresa e parece que tô vendo a minha vida no Brasil, todo o lugar cheira a dinheiro e poder, não gosto disso, nunca gostei.
Quando chegamos ao escritório dele, ela entra na sala e eu fico esperando na recepção, ouço gritos e ela sai assustada logo depois.
Alex: boa sorte Ully, pode entrar - ela diz assustada
Ully: obrigada - sorrio gentil, mas esse homem já tá me irritando
Quando entro na sala, ele estava olhando a paisagem da janela, mas se vira pra mim, é um homem bonito, é verdade. Mas só o que vejo nele é frieza, não me interessa em nada.
Noah: você trouxe a minha filha - ele a pega ainda dormindo do meu colo - quanto te devo? - ele a segura em um dos braços e na mesa pega um talão de cheques
Ully: nem vou te dizer onde você pode enfiar esse cheque - olho nos olhos dele - tudo que eu queria era um obrigada
Saio do escritório e encontro a Alex.
Alex: como foi? Eu não ouvi gritos - ela cochicha
Ully: ele que ouse gritar comigo - coloco a língua em direção a porta e a Alex ri - agora eu tenho que trabalhar tá? A vida em Nova Iorque é muito cara - reviro os olhos - pega aqui meu whatsapp e a gente se fala - escrevo meu número em um pedacinho de papel na mesa dela, me despeço e vou embora
Conheci a minha vida inteira homens como esse senhor Carter, gente que acha que dinheiro compra tudo e esquecem que existe gentileza, humanidade.
Foi disso que fugi, sendo só a Ully, tenho como conhecer as pessoas de verdade, sem esse mundo de intrigas e poder. Diferente dos meus pais, eu gosto do simples, não gosto do luxo.
Pra mim um JK pequeno é bem mais aconchegante do que a mansão que eu nasci, que na verdade não lembro se algum dia conheci inteira.
O real está nos detalhes, nas coisas simples, no olhar calmo e no sorriso gentil. Não dentro da carteira de um empoderado. Isso me irrita muito.
Quando chego no meu trabalho deixo esses pensamentos de lado. Preciso ganhar a vida aqui, então é isso que vou fazer.
Sou Noah Carter, tenho 27 anos e muitos dizem que não tenho coração. Talvez estejam certos.
Há sete anos casei com a mãe da Peiton, eu era feliz, muito feliz, dois anos depois tivemos a Peiton, então do nada, minha mulher sumiu. Últimas notícias que tive dela foram os papéis do divórcio.
Desde então, posso dizer que sou insuportável, nunca mais sorri. Acho que só quem consegue me trazer um pouco de alegria na vida é minha filha. Mas me sinto culpado por não conseguir ser o pai que ela merecia.
Eu endureci, não sinto mais nada, tento de tudo pra fazê-la ser uma criança feliz. Mas a Peiton não é, provavelmente é porque falta uma mãe na vida dela, só que Peiton, isso vai continuar faltando, sinto muito.
Hoje mandei a Alex pegar ela na escola, só que a demora me irritou, muito tempo pra dois quarteirões, então a Alex entra na minha sala e diz que a Peiton se recusa a sair do colo de uma estranha.
Mais uma mulher interesseira, mando aos gritos deixar ela entrar e a Alex sai correndo, o desespero dela me diverte.
Então chega uma garota, mais nova que eu, procuro nela algo que me diga seu real interesse por ela estar aqui, mas não existe nenhum. Ela me entrega a Peiton e ofereço um cheque.
Ela só não me mandou enfiar naquele lugar, porque deve ser muito educada, sai furiosa da minha sala.
Quem diria, chamou minha atenção.
Peiton: papai? - ela fala baixinho no meu peito - onde tá a Ully? - ela procura pela sala - o que você fez com a Ully papai? - ela se irrita e sai do meu colo
Noah: eu não fiz nada filha, ela foi embora - é Peiton, eu fiz
Peiton: você é um mentiroso, trás ela de volta ou eu nunca mais falo com você, você é chato - ela grita comigo
Noah: de onde você conhece ela Peiton? - o que essa garota tem?
Peiton: eu gostei dela, eu gosto dela, eu quero ela aqui, trás ela de volta - ela faz um beicinho e sai batendo pé da minha sala
É, impressionante, a Peiton geralmente não deixa nenhuma mulher chegar perto de mim. Essa Ully conseguiu despertar minha curiosidade. Chamo a Alex na minha sala.
Alex: em que posso ajudar senhor Carter? - ela baixa a cabeça, nunca olha nos meus olhos
Noah: onde a Peiton conheceu essa garota? - sou direto
Alex: ela só pulou no colo da Ully e ficou dizendo que gostava dela, se recusou a vir sozinha comigo pra cá, então a Ully a trouxe - ela fala nervosa
Noah: o que ela queria ganhar com isso? - cruzo os braços
Alex: um obrigada? - ela de repente viu o que fez, tenho vontade de rir mas fico sério, ela fica nervosa
Noah: você já a conhecia? - ela olha pra todos os lados menos pra mim
Alex: não, mas conversamos um pouco vindo pra cá, ela trabalha em uma cafeteria aqui perto agora a tarde - ela sorri - mais alguma coisa que posso ajudar?
Noah: tem o contato dela? - ela me olha espantada
Alex: claro, já passo pro senhor - concordo e ela sai correndo, em poucos minutos chega o contato no meu celular
Ligo para o número e em poucos segundos ela atende.
Ully: Olá bebê, em que posso ajudar? - ela ri dela mesma - brincadeira, quem fala?
Noah: Sou Noah Carter, você sempre atende suas ligações assim? - começo a achar que ela é maluca
Ully: não é da sua conta - sorrio
Noah: me desculpe pela maneira que agi com você, geralmente as pessoas tem esse propósito quando chegam perto de mim, estou acostumado - estou sendo sincero, quem diria
Ully: por que eu iria querer algo de você? Nem conheço você, mais alguma coisa? - ela parece ficar irritada
Noah: a Peiton disse que não vai mais falar comigo se eu não trouxer você de volta - ela ri, eu gosto da risada dela
Ully: garotinha decidida, gostei - alguém fala ao fundo - olha só, vou ter que ir, meu chefe tá pegando no meu pé - e ela desliga
Peço a Alex mais informações sobre onde é essa cafeteria, chamo a Peiton pra vir comigo, no começo ela não aceita, mas quando digo que é pra ir buscar a Ully, ela já sai apertando o botão do elevador.
Noah: o que ela tem de tão especial Peiton? - ela me olha e faz biquinho pensando
Peiton: ela parece a fada sininho, gostei dela - eu rio, essa garota não tem mais jeito - ela é minha fadinha pai, não tira ela de mim
Noah: e se ela não quiser ficar com a gente? - ela fica séria e faz biquinho pensando de novo
Peiton: você é bonito papai, vai convencer ela - ela me atira um beijo
A Peiton não tem mais jeito, tudo pra ela é contos de fadas, se ela soubesse que o mundo dos adultos é tão cruel. Mas tudo bem, vou ver o que posso fazer em relação a Ully.
Chegamos na cafeteria e logo vejo ela. Quando ela vê a minha filha, ela sorri, quando me vê ela revira os olhos, simpática, gostei.
O meu dia tá bem esquisito na verdade, mas tô aqui, firme e forte trabalhando. E quando o sininho da porta de entrada da cafeteria toca, eu olho e vejo aquela linda menininha.
E ao lado dela o Noah Carter, não sei o que esse homem tem, mas desperta o meu lado malvado.
Peiton: oi Ully, a gente veio te buscar - ela vem dando pulinhos até mim
Ully: é? E pra onde a gente vai? - eu sorrio
Peiton: você vai cuidar de mim, teremos um contrato - ela diz decidida e eu rio
Noah: ela tá trabalhando agora Peiton, não vamos atrapalhar ela - ele pega a mão da Peiton e senta com ela em uma mesa - por favor, você poderia trazer um petit gateou pra ela e um café preto sem açucar pra mim?
Ully: olha, ele sabe ser educado - sorrio e vou preparar o pedido, quando eu volto os olhinhos dela estão brilhando pra mim, ele me encara e eu encaro de volta
Peiton: você não tem medo do papai - ela bota a mão na boquinha
Ully: e por que eu teria medo dele Peito? - sorrio pra ela
Peiton: todo mundo tem - ela da de ombros e começa a comer
Entrego o café dele e vou terminar meu trabalho, os dois são persistentes, ficam aqui até meu turno acabar. Então eu me sento ao lado dela.
Ully: pode falar chefinha, quais são os termos do contrato? - ela sorri
Peiton: seu salário será de um milhão de dólares, não é papai? - eu rio e ele sorri
Ully: nossa que salário maravilhoso? O que mais? - mordo meus lábios segurando uma risada com ela pensando
Peiton: você pode morar comigo também, meu pai mora lá, mas ele quase não aparece, então não vai nos incomodar - sorrio, mas vejo tristeza no olhar dela
Ully: gostei da parte do seu pai não incomodar, ele tem cara de chato - faço uma careta e ela ri
Noah: ei, eu tô ouvindo tudo tá bom? - ele bebe o café dele olhando pra gente - Peiton você pode ir pedir pro homem ali do caixa te dar um bolinho pro papai comer? - ela sai correndo da mesa e ele se ajeita na cadeira - quem é você? Por que não tem medo de mim? - ele procura alguma coisa nos meus olhos
Ully: tá vendo isso aqui? - seguro a mão dele, mostro minha mão e a mão dele juntas - isso é pele, carne e osso, o que temos de tão diferente pra eu me sentir intimidada por você? - dou de ombros e solto a mão dele, percebo um leve sorriso
Noah: você não tem filtro não é? Fala o que pensa - sorrio
Ully: só não acho que por você ter dinheiro seja melhor ou pior do que eu, é apenas uma pessoa, quem pensa diferente é que tá errado - a Peiton volta e entrega o bolinho pra ele, ele então entrega pra mim
Noah: come, você deve estar com fome depois de trabalhar tanto hoje - ele olha pra Peiton - você se interessaria em largar isso aqui e qualquer outro emprego e ser babá da Peiton? Te darei todo o dinheiro que precisar - eu reviro os olhos e levanto
Peiton: sininho, volta - ela diz chorosa, garotinha agora tu me quebrou
Ully: do que você me chamou? - sorrio pra ela
Peiton: você é igual a sininho, é a minha fadinha - eu rio e olho pra ele
Ully: tudo bem, eu aceito, mas só quero o salário que junte meus dois empregos, tenho minhas despesas, se não, não precisaria - olho pra ele - e para de achar que dinheiro compra tudo - sorrio pra ela - acho que a gente vai ter que ensinar bons modos ao seu pai pequena
Peiton: eu também acho, ele é um chato - ela cochicha e ele ri
Noah: posso conversar com você na empresa amanhã? Prometo que tentarei ser menos chato - ele revira os olhos e a Peiton sorri
Ully: expressões humanas, então você não é um robô? Gostei - ele faz uma carranca e eu sorrio - vou nessa baixinha, tenho que estudar bastante ainda
Me despeço dela e dou um aceno pra ele, corro pra casa, a aula online já vai começar. Faço curso de Advocacia, hoje a aula é online. Sempre me interessei por assuntos burocráticos. Acho que puxei meu pai nesse aspecto, minha mãe é a moledo, meu pai é o homem dos negócios.
As pessoas me perguntam, e a vida amorosa Ully? Aí respondo, tá muito bem lá no Brasil, deixei guardada com meus pais, não preciso dela aqui. Não, eu nunca namorei, claro que eu dei alguns beijinhos, mas homens me cansam, ainda mais os que sabem quem eu sou.
Oi Ully, sou o filho de tal pessoa, sua família conhece a minha, gostaria de sair pra jantar? Qual é, é um negócio ou uma coisa que deveria ser espontânea, lá vou eu querer saber de quem é filho, viu, já tô irritada só de pensar nisso.
Volta Ully, volta prós estudos...
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