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A Dama Escolhida

Tão sonhada liberdade.

_Bom diaaaa!

A sua voz estridente foi ouvida pela casa inteira enquanto ela pulava como uma criança da cama, os seus passos rápidos faziam o piso de madeira ranger com o movimento. Pegando um pedaço de pão Clara o mordiscou avidamente enquanto enchia o seu copo com café e leite, os seus dedos batiam freneticamente na ponta da mesa como um relógio fazendo TIC-tac.

_Querida, coma com calma._ A sua mãe riu enquanto colocava o queijo sobre a mesa.

_ Não posso atrasar-me, mãe. As minhas malas já estão prontas a dias.

Era impossível não notar a sua ansiedade e euforia estampadas em seu rosto, seria a primeira vez em que Clara estaria a morar sozinha longe da família e isso é tão novo e diferente, agora ela poderia trabalhar com o que mais gostava, suas pinturas.

Com lágrimas nos olhos, a sua mãe então a abraçou forte beijando o topo da sua cabeça afetuosamente, a sua pequena estava tão adulta agora que ela não aguentava conter as lágrimas.

Descendo com as malas ela chamou o táxi até a rodoviária e seu irmão pequeno correu e a abraçou a chorar.

_ Mana, por favor não vá embora! Eu cuido de você!_ Nicolas segurou firme com os seus bracinhos curtos.

_ Vou ficar famosa com os meus quadros e voltarei para buscar vocês, eu prometo.

Se despedindo da sua família, ela entrou no táxi e seguiu para a rodoviária. Lágrimas brotaram nos seus olhos, mas ela rapidamente as enxugou.

Tão rápido quanto chegou ela saiu com o ônibus para Arestia, a paisagem do campo sumindo aos poucos dando lugar a casas grandes e prédios enormes rumo à liberdade.

Após três horas de viagem ela estava em Arestia, o céu nublado deixava as ruas acinzentadas. Descendo do transporte ela seguiu até um carro próximo e perguntou se estava disponível, passando o endereço da pensão, ela então entrou e seguiu para sua nova casa.

_ Este aqui é o seu apartamento, os móveis são inclusos. Todo o dia 10 recebemos o aluguel e a luz, portanto sem atrasos.

Acenando em confirmação, ela então fechou a porta respirando aliviada, guardou as suas coisas e tomou um banho quente para relaxar. Com um vestido florido e o seu material de pintura, ela saiu e foi para o parque estadual que fica no centro da cidade.

Tudo era tão colorido naquela parte da cidade que ela não sabia por onde começar, se sentou perto de um lago e observou um pouco. Logo alguns patinhos saíram da água e então ela resolveu pintá-los. Depois pintou os prédios ao redor como se fossem enormes montanhas cinzas, no alto de um prédio ela viu então uma mulher, vestida com roupas de balé fazendo passos e mais passos graciosos até quase à beira do mesmo, como uma dança sensual para a morte. Cativada pela misteriosa bailarina, ela pintou-a no seu quadro, como que inclinada para o vazio fatal, como se quisesse com a sua dança sedutora sentir o abraço da morte.

Terminada a sua obra, ela se levantou a analisar todo o conteúdo exposto, era uma mistura de lugares, mas que traziam um equilíbrio uma à outra complementando-se. Algumas pessoas pararam para olhar o seu quadro curiosas e depois seguiram o seu caminho, Clara então guardou o seu material e voltou a olhar as lojas. Entrando no shopping ela deparou-se com uma galeria de arte e os seus olhos logo brilharam quando ela observou a placa "estamos contratando", entrando no local as paredes em tom preto davam um ar misterioso ao lugar, com quadros chamativos, pinturas cubistas e até mesmo renascentistas, todas devidamente posicionadas.

_ Gosta de arte?

_ Sim, mas é meio difícil achar trabalho._ exclamou ela passando a mão no cabelo cacheado._ A propósito, ainda está precisando de alguém para trabalhar?

O homem usava uma máscara azul com bordados dourados, era alto e pela roupa justa parecia forte, com olhos azuis cristalinos ele sorriu e respondeu:

_ Sim, de fato precisamos, posso entrevistá-la?

Com um aceno da garota ele então começou as perguntas e satisfeito com as suas respostas, separou o uniforme e uma máscara igual a dele.

_Deve se apresentar diariamente às 8 da manhã, terá uma hora de almoço e sairá às 18 horas em ponto. Pode começar amanhã?_ ele perguntou.

_Sim senhor, até amanhã!_ ela fez continência e saiu a saltitar pelos corredores.

A sua alegria era tanta que só faltava gritar a todos que estava empregada, pegando o seu celular, ela então mandou mensagem para sua mãe informando a novidade. Quando o seu celular tocou, ela pegou-o constatando o nome da sua mãe na tela, mas acabou esbarrando numa moça antes de pegá-lo.

_Ei, olha por onde anda!_ exclamou a mulher que congelou no mesmo instante._ Você... Espera!

_Sinto muito!_ e saiu apressada atendendo rapidamente enquanto descia a escada rolante.

_ Parabéns meu amor, você é realmente o meu orgulho filha!_ Estela, sua mãe, enquanto botava no viva voz para que o filho também ouvisse a voz da irmã.

_Obrigada mamãe, estou tão feliz!_ ela deu um pulinho logo que estava do lado de fora.

_ Nós estamos também querida, agora se cuida e não fale com estranhos.

_ Tudo bem mãe, te amo!_ ela desligou e foi para o seu apartamento.

Aproveitando o caminho ela passou no mercado e comprou coisas fáceis de fazer para alguns dias enquanto não recebia seu salário, guardou seu material de trabalho, tomou um banho e fez uma salada e bife de boi. Olhando as páginas de fofoca ela viu algo curioso, um casamento entre duas famílias ricas, mas ninguém sabia a aparência da noiva e do noivo. Parecia até novela aquela notícia, mas estava em vários sites de fofoca e diversos comentários de curiosos de plantão. Deixando de lado e terminou de comer e deixou separada a roupa para o trabalho, a sorte estava a seu favor e ela já estava empregada no primeiro dia da sua estadia na cidade. Dormindo rapidamente ela sonhou com uma galeria imensa repleta com quadros seus, todos queriam comprar enquanto outros elogiavam o seu trabalho a todos, era impossível esconder a alegria que a invadia quando ouvia os comentários positivos até que o barulho do relógio a despertou.

_ Tudo bem, eu vou chegar lá! Agora, preciso trabalhar._ ela se levantou e seguiu para sua nova vida.

Como um reflexo

A vista do prédio trazia para Ellen um sentimento angustiante, numa semana ela era a jovem Srta. Arruda e na próxima semana se tornaria a Sra. Soares. Enquanto ela pensava nisso, os seus passos se intensificaram e a sua dança era sedutora e melancólica. A única vista que a confortava era o parque estadual, o verde da natureza, o som dos animais, o ar puro, tudo a fazia se sentir melhor. Se não fosse pela dívida do seu pai, ela jamais aceitaria se casar com o herdeiro da família Soares, Marcos.

_ Srta. Ellen, o almoço será servido agora.

_ Obrigado, estou a descer.

O seu pai já se encontrava à mesa quando a jovem sentou-se, ele apenas a olhou sério e começou a comer.

_ Ellen, já fez a prova do vestido?_ o seu tom era casual.

_ Sim, meu pai._ ela respondeu-o.

Ele então assentiu satisfeito e assim que terminou seguiu direto para o escritório, o olhar cansado deixava claro que haviam noites sem dormir. Ellen, no entanto, ainda não queria aceitar esse fato e estava tentando montar um plano de fuga. Depois que assinassem o contrato de casamento, ela só teria a sua liberdade após um ano, esse era o acordo com a família Soares em troca de quitar as dívidas do seu pai e tirá-lo da falência.

Saindo com as suas amigas ela tentou se distrair um pouco e focar no que a fazia bem, enquanto ela tentava esquecer o assunto, a mídia fazia questão de manter todos a par.

_ Quem será a sortuda que vai casar com aquele aleijado da família Soares?_ Rebeca olhou-lhe com pena.

_ Então é mesmo verdade El?_ Amanda arregalou os olhos em surpresa._ Mas há tantos homens ricos e lindos, o que viu nele?

Ellen sabia que a sua situação financeira dependia disso, mas era a única informação que a imprensa não sabia, nem mesmo a sua identidade.

_ Ele é muito mais rico!_ ela falou a rir._ Meu pai quer me casar com ele, mas depois de um ano posso pedir divórcio. Terei direito a tudo que é dele e assim ficarei mais rica.

Ambas ficaram fascinadas com a ambição de Ellen, mas, no fundo, ela queria ter o direito de escolher, de fazer o que quer sem sacrificar a sua vida pelos outros.

Saindo com algumas compras ela avisou o seu motorista que estava a ir embora, mas assim que desligou alguém esbarrou nela.

_Ei, olha por onde anda!_ ela reclamou, mas paralisou assim que observou a garota _ Você... espera!

_ Sinto muito!_ e ela saiu a correr sumindo no meio da multidão.

Ellen não sabia o que dizer, ela era muito parecida com ela, quase idêntica. O vestido florido era meio brega, mas sua aparência era a mesma, com alguns traços diferentes, seria possível?

Chegando tarde em casa, ela deu de cara com o seu pai sentado na poltrona tomando um copo de uísque enquanto lia um jornal, os seus olhos vagavam lentamente cada linha até nota-la parada encarando-o.

_ Sabe que eu não queria que fosse dessa forma, meu bem. Infelizmente dei tudo de mim e sem dinheiro não tive outra opção, espero que me perdoe um dia.

Elias falara francamente sem rodeios, ele não era um homem de mentir e não sentia orgulho nenhum do que estava a fazer.

_ Eu sei, por isso vou te resolver do meu jeito.

Determinada a sair dessa situação, Ellen sabia exatamente o que seria perfeito, uma substituta para casar-se no seu lugar. Mas onde ela conseguiria alguém que aceitasse se passar por ela? Deitada, ela lembrou-se da garota que a esbarrou mais cedo, ela precisava encontrá-la de novo.

Na manhã seguinte, ela saiu cedo indo ao mesmo lugar do dia anterior, mas não havia sinal algum da sua cópia. Então ela foi ao setor de segurança e pediu para olhar as câmeras, inventou haver perdido algo e precisava verificar onde teria perdido. Olhando as câmaras ela vislumbrou a garota saindo da galeria de arte que abrira recentemente no local.

_Te peguei!_ ela sussurrou vitoriosa.

Agradecendo pela autorização, ela seguiu calmamente pelos corredores até o lugar, dando de cara com um rapaz trancando a porta da galeria.

_ Olá, precisa de algo?_ o rapaz olhou a cara de espanto e raiva misturadas da jovem.

_Si-sim._ ela gaguejou após ver o papel de "já volto" pendurado na porta _ Preciso saber se conhece essa pessoa aqui?

Ela mostrou o rosto que aparecia nas câmeras, ele olhou por alguns minutos e a encarou.

_ Não seria a senhorita?_ ele apontou na sua direção.

Respirando fundo ela ajeitou o cabelo e pediu que ele olhasse novamente, de cara fechada ele olhou para a imagem de novo tentando entender o que ela queria de fato.

_Se não é você, então seria sua irmã gêmea perdida. São idênticas, pelo menos para mim, mas ela é um pouco mais baixa e o estilo de roupa diferente do seu_ o seu rosto iluminou-se um pouco ao ouvi-lo falar_, Mas mesmo que eu soubesse a identidade dela, não poderia falar, pois, existe ética entre funcionário e cliente.

Suspirando alto, ela saiu e foi para o estúdio de balé, o único lugar que a relaxava. Quando estava indo para casa, ela avistou o mesmo vestido do dia anterior e então pediu ao seu motorista para segui-la. O seu rosto estava virado para o outro lado, dificultando saber se era a mesma pessoa.

Ellen estava nervosa, mas tinha esperança de descobrir se a sua sósia era mesmo essa pessoa, parando no sinal a garota finalmente virou seu rosto enquanto ajeitava um material de pintura. Olhando pasma, Ellen não tinha palavras para explicar o quão parecida elas eram. Entre tantas pessoas no mundo, ela achara alguém tão parecida com ela e mais, na mesma cidade. Um pouco mais baixa e olhos grandes, ela era como uma irmã mais nova perdida, ela juntou as mãos agradecendo a Deus por esse milagre. Atravessando a rua, ela andava apressada enquanto falava ao telefone parecendo muito feliz com algo. Ellen abriu a janela enquanto passava em frente a garota e como se ela tivesse percebido, seus olhos se cruzaram.

O encontro

Clara passou o dia todo limpando, organizando e aprendendo técnicas de venda com o seu superior que se apresentou como Victor, a galeria era um local que atraia curiosos, mas também poucos compradores.

_ Porque tantas pessoas não se interessam por arte? É um mundo tão vasto, podemos viajar pelas infinitas formas criadas na pintura!_ ela rodou com a sua vassoura.

_ Acho que nem todos entendem a mensagem por trás da obra._ ele disse calmamente._ Bem, o seu horário já terminou, para um primeiro dia você foi muito bem, te vejo amanhã.

Agradecendo pelo elogio, Clara então se trocou e seguiu para casa levando o seu material de pintura, o cabelo solto com um arco no topo. Ainda lhe era estranha toda a agitação da cidade, mas para quem cresceu no campo isso era como uma festa.

Quando o sinal fechou ela ajeitou os materiais e atravessou rapidamente enquanto o seu celular começava a tocar.

_Oi!

_ Esqueci de dizer a você, hoje mais cedo uma moça veio a sua procura, pensei que fosse sua irmã._ Victor respondeu.

_ Seria coincidência demais ter alguém que se parecesse comigo por aqui, preciso desligar._ guardando o celular na bolsa ela olhou para o trânsito e como que sentindo que alguém a encarava e ela olhou para olhos afiados antes do carro sumir com os outros. O seu coração acelerou quando ela percebeu que quem a olhava era parecida com ela, quase um clone.

Seria a mesma pessoa a quem Victor lhe falara a pouco? Balançando a cabeça ela foi para casa, tomou um banho quente e preparou uma comida rápida. Pondo o seu pijama, ela olhou pela janela e só viu prédios iluminados à distância, aquela mulher poderia facilmente ser sua irmã mais velha. Recebendo uma mensagem da sua mãe, ela tranquilizou-a sobre o trabalho, contando como havia sido seu primeiro dia.

Na manhã seguinte, Clara arrumou-se e saiu mais cedo um pouco passando pelo parque por alguns minutos. Chegando na galeria, ela vestiu-se e botou a sua máscara começando o trabalho.

_ Hoje o dono virá para ver como estão as coisas, esse mês foi um pouco mais baixo as vendas.

Victor a informou e seguiu a organizar os quadros no estoque, Clara então fez a limpeza do estabelecimento e limpou as vidraças da frente da loja quando um homem a abordou.

_Bom dia, senhorita, trabalha por aqui.

_Sim senhor, bem-vindo à galeria._ Clara o cumprimentou a abrir a porta para ele passar.

O homem que deveria ter por volta de 25 anos empurrou a sua cadeira de rodas para dentro e olhou os quadros próximos à recepção, ele tinha o porte atlético apesar da condição, cabelos penteados de forma alinhada e olhos verdes que destacavam o seu rosto comprido.

_ O senhor precisa de algo? Posso mostrá-lo as peças novas que chegaram ontem a tarde.

Olhando-lhe, ele seguiu-a e observou os quadros coloridos e gritantes a sua frente, a jovem explicou sobre eles e também indicou outros mais simples com uma pegada mais reflexiva em traços finos e delicados.

_ A quanto tempo trabalha nesta loja, senhorita?

_ Hoje é meu segundo dia, senhor. Desculpe se eu lhe disser algo errado._ ela baixou os seus olhos.

_ Está fazendo um bom trabalho, vejo que gosta de arte também, penso que escolheu o emprego certo._ ele sorriu gentilmente.

Clara então sorriu contente com o comentário dele, no seu coração ela sempre soube que arte era o seu dom, o ar que ela respirava. Ajudando-o a ir até o balcão, Victor apareceu e assim que o viu a sua postura ficou rígida e ele curvou-se diante do homem na cadeia de rodas.

_ Bem-vindo senhor, é uma honra tê-lo no nosso estabelecimento.

_ Não há necessidade de formalidades meu amigo, podemos?

_ Sim, pode ir almoçar senhorita, a vejo numa hora.

Saindo para a cantina, Clara tirou a sua máscara e comprou a sua refeição, o homem que ela atendera havia sido tão educado que ela mal notou que ele era dono do lugar. Pelo menos ela mostrou ser competente, Clara sorriu ao pensar no elogio dele. Um homem educado e justo com certeza era um homem que as mulheres valorizavam de verdade, infelizmente homens assim já estavam destinados a alguém. Pensativa, ela não percebera que alguém a vigiava pelos corredores do ‘shopping’, ela retornou ao trabalho normalmente e como esperado, o seu chefe confirmou que aquele homem era dono do lugar, não só daquela galeria como de quase todas na cidade toda.

_ Ele me parece tão novo..._ ela divagou enquanto acompanhava Victor na separação de peças para entrega.

_ Marcos tem a minha idade e está para casar._ ele fez um sinal de uma aliança caindo no anelar.

_ Isso é legal, estamos convidados?_ ela perguntou curiosamente.

_ Ah não, é somente a família mesmo, uma pena de verdade._ ele deu de ombros.

Terminando de separar os quadros ele liberou-a para ir. Indo até o banheiro, ela então se trocou e guardou a máscara. Enquanto algumas meninas fofocavam indo embora, ela saiu para lavar as mãos.

_ Finalmente nos encontramos.

Clara ouviu a voz aguda de uma mulher e levantou os seus olhos para o espelho, vendo a si mesma encara-la de volta. Se virando assustada, ela paralisou ao reconhecer os mesmos olhos afiados do dia anterior.

_ Quem é você?_ ela quase gritou.

_ Eu sou você, uma versão melhor, é claro._ Ela sorriu_ Já nos conhecemos há uns dias, não se lembra?

Clara não sentiu nenhum perigo vindo dela, mas também não sentiu segurança alguma na sua postura. Ela era como um gato, silenciosa e perigosa, e para alguém que era de fora, ela não iria abusar da sorte.

_ Eu não sei quem você é, mas se tentar algo eu vou chamar a polícia!

_ Sério isso?_ ela revirou os olhos e foi se aproximando dela_ Se eu quisesse acabar com você não precisaria sujar as minhas mãos.

Ela olhou para as unhas longas enquanto olhava para a jovem mais de perto, se passaria facilmente por ela numa versão mais delicada, estendendo as mãos ela chamou-a.

_ Venha, precisamos conversar.

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