APRESENTAÇÃO DOS PERSONAGENS PRINCIPAIS:
Cristian Miller 27 anos. ⬇️
Júlia Smith 19 anos.⬇️
NOTA DA AUTORA:
Esse livro contém gatilhos sobre depressão. Um pouco de Dark e clichê. Se é acostumado a ler livros completos indico esperar a conclusão, ou quando tiver uma quantidade considerável de capítulos. Espero que curtam a leitura. Compartilhe com alguém, comente, curta, dê presentinhos. Tudo isso ajuda para que o livro tenha mais visibilidade. Agradeço a todos que me acompanham e continuam me acompanhando. Vamos para mais uma história juntos. 😉
Capítulo 1
— Onde ele está? — pergunto olhando aquele par de olhos cansados. Era a minha mãe.
— Ele não voltou ainda. Deve está bebendo por aí. — fala demostrando sua irritação. — Queria suportar um pouco mais por você, mas a realidade é que não aguento mais.
As lágrimas acumulam em seus olhos, escorrendo em seguida. Sento- me perto dela enxugando suas lágrimas e, as minhas que nem percebi quando molharam minha bochecha. Seguro em suas mãos a incentivando a levantar.
— Vamos embora juntas!! — afirmei determinada a sair daquele inferno. Eu não aguentava mais ver minha mãe sofrendo daquele jeito, e o pior, nas mãos do meu próprio pai. Ela sempre o esperava chegar preocupada, para no fim ele chegar bêbado e a agredir. Por muitas vezes acordei com as discussões e ele me batia também quando tentava separar.
Depois de não aguentar mais por está bêbado, ele caia em qualquer lugar da casa, eu amparava minha mãe e cuidava dos ferimentos. No outro dia, já sóbrio, ele agia como se nada tivesse acontecido. Pedia desculpas e tentava nos agradar. Isso se repetiu várias vezes, mas, assim como minha mãe eu também não aguentava mais.
Estava decidida a sair dali. Minha mãe dependia dele financeiramente, devido a alguns problemas psicológicos e depressão não pode trabalhar.
Bem, e eu? Trabalho em uma cafeteria, a única que quis contratar uma garota de dezenove anos, que concluiu o ensino médio, porém nunca tinha trabalhado antes.
— Não temos para onde ir filha, se tivesse dinheiro suficiente não estaríamos passando por isso, mas... — a interrompi.
— Mãe, eu vou dá um jeito. Se o papai não quer mudar, ele que fique sozinho. Ele continuará sendo meu pai e o respeitarei, mas não vamos viver nessa situação.
— O dinheiro que você recebe, não dá para nós duas. Eu não tenho condições de trabalhar, preciso me tratar primeiro e ficar bem. Eu mal tenho vontade de viver.
Aperto os lábios e a olho por alguns instantes, observando suas roupas largas e de mangas, escondendo machucados causados por meu pai e por ela mesmo. Sim, isso mesmo, minha mãe já deu algumas crises e já tentou se matar algumas vezes.
Consegui impedir todas, mas confesso que estou esgotada. Ainda tenho lembranças de quando ela não tinha esses problemas, sempre ativa e sorridente.
Nossa vida mudou drasticamente quando meu pai começou a beber e dever pessoas. Ele também não era assim. Sinto saudade de quando éramos apenas uma família normal.
— Vá dormir, amanhã tem que trabalhar.
Minha mãe se levanta e toca minha mão trazendo- me a realidade, vejo que ela ainda não parou de chorar.
— Eu juro que vou dá um jeito mãe, amanhã vejo se consigo um empréstimo ou algo assim. Mas vou conseguir dinheiro o suficiente para sairmos daqui.
— Esqueça isso filha. — ela anda em direção ao quarto.
— Espero a senhora dormir... — confesso que tenho medo dela tentar se matar novamente.
— Eu não vou fazer nada, prometo. — ela sorri fraco e me olha entendendo o que eu estava pensando.
— Tem certeza?
— Pode ir dormir tranquila, boa noite.
Fui para meu quarto, até parece que iria dormir tranquila. O medo me deixava com insônia. Medo da minha mãe tentar algo contra sua própria vida. Medo do meu pai a agredir novamente. Medo e tristeza, era isso que minha vida se resumia nos últimos tempos. Tentei dormir, embora fosse quase impossível.
Quando acordei, fiz minhas rotinas matinais e fui preparar o café da manhã. Olhei pela porta entre aberta e vi que meu pai não estava. Dormiu fora de casa mais uma vez para variar.
Preparei uma bandeja de café e levei para minha mãe, me despedir com ela ainda sonolenta. Sempre deixava tudo pronto e a casa limpa antes de sair.
Minha mãe não levantava da cama nem para o banho devido a tudo. Me sinto fraca por não conseguir ajudar ela da forma que precisa, não tenho condições para pagar um tratamento. Paro de pensar, pois preciso vestir o meu melhor sorriso para atender os clientes. Enfim ajeito minha bolsa e saio.
— Vai secar todas as lágrimas do corpo desse jeito. — Eva, minha amiga de infância e vizinha fala quando me ver saindo, ela é um pouco mais nova do que eu, tem dezessete anos, mas somos melhores amigas.
— Não consigo evitar Mari. — falo enxugando as lágrimas que acabei deixando escorrer e fechando a portão de casa.
— Desculpa pela piada sem graça, só queria te fazer sorri, faz tempo que não te vejo alegre. — ela sorri.
— Tudo bem, tenho que ir agora. Passa o olho na minha mãe e lembra ela de tomar banho, por favor.
— Pode deixar.
Me despeço de Eva e vou em direção a estação. Assim que chego não demora para vir o trem, pego indo para o trabalho. Observo a mesma movimentação de sempre, pessoas conversando e sorrindo mesmo sendo cedo ainda, enquanto me sinto a pessoa mais rabugenta de todas sem dá um sorriso se quer.
Desço no ponto e caminho até a cafeteria. Chegando lá, vejo uma movimentação estranha. Avisto dois caras de terno preto e óculos escuros na frente da cafeteria com caras emburradas, creio que sejam seguranças de alguém, pessoas ricas tem essas frescuras, dou bom dia e eles quase nem piscam. Eu em!
Vou para a lateral onde tem a entrada dos fundos, depois de entrar, guardo minha bolsa e visto meu uniforme, me preparo para trabalhar, mas antes a dona da cafeteria chama as atendentes, eu e mais duas.
— Vocês sabem que aqui não é uma cafeteria tão renomada, é raro vir gente importante. Mas hoje estamos recebendo um dos cara mais ricos dos EUA, ele é dono da campainha Milles. Cristian Milles. — ela fala empolgada como se ele fosse mesmo uma celebridade, eu nunca ouvi esse nome antes. — Ele quer escolher a atendente para atendê-lo, então se adiantem e sejam gentis. Esse atendimento e a presença dele, pode trazer vários benefícios para a minha cafeteria.
— Sim senhora! — falamos todas de uma vez.
Julia:
Ótimo!
Parece que eu estava adivinhando que seria a atendente escolhida. Por algum motivo, aquele homem olhou diretamente para mim. Não consegui encara-lo. Pessoas ricas costumam ser esnobes e arrogantes, tinha medo de fazer algo errado. Já tinha entregado o cardápio a ele, então me posicionei ao seu lado. Era impossível não notar a conexão intensa que pairou no ar quando ele me olhou com aqueles olhos escuros. Aquele homem era a pura sedução em pessoa.
— Com licença, conseguiu escolher o que vai querer senhor? — pergunto, mas meus olhos curiosos continuam o analisando sutilmente, eu diria que ele tem menos de trinta, não é nada demais isso. O que eu estou pensando? Se concentra Julia.
O tal Cristian me encara, sua feição é indecifrável, contudo, parece me analisar de alguma forma.
— Apenas um café. — ele enfim responde.
— Temos várias opções de refeições leves e deliciosas para o café, garanto que não vai se arrepender se experimentar senhor. — tentei ser simpática, mas fiquei nervosa quando ele franziu as sobrancelhas, mas logo suavizou e se ajeitou na cadeira.
— Fico apenas no café por hoje. — ele fala disfarçado seu olhar e desviando para o cardápio.
— Como quiser.
Anoto seu pedido e me retiro apressadamente, faço o café expresso do jeito que ele pediu e levo para a mesa. Como ele não iria querer nada, deixo a conta apenas do café e como de costume desenho um peixinho e escrevo volte sempre.
Quase cair dura no chão quando ele sorriu um pouco de lado sem mostrar os dentes quando olhou para o papel, foi quase imperceptível, mas eu vi. Eu apenas sorri gentilmente e ele foi embora depois de pagar a conta, foi o que consegui fazer de melhor.
— Parece que ele estava interessado em você. — uma das atendentes daqui passa por mim falando isso no meu ouvido e sai rindo.
Não dou importância e volto ao trabalho, só não contava que antes do dia acabar se tornaria horrível, quando fui chamada para ser demitida. A Sheila me chamou na sala dela e eu não imaginava que isso aconteceria.
— Senhora Sheila, por favor, eu preciso muito desse emprego. Eu nunca fiz nada de errado, sempre fiz tudo certinho, eu imploro me deixe ficar.
— Sinto muito Júlia, mas não posso, espero que entenda. Coloquei um abono junto a suas contas, é só o que posso fazer. Aqui está.
Ela me entrega um envelope com o pagamento e alguns papéis para eu assinar. Me despeço dos poucos funcionários e saio de lá desolada.
Não é possível que eu tenha vindo ao mundo só para sofrer. Até quando vai durar todo esse sofrimento?
Antes de voltar para casa decido ir a uma confeitaria que sempre quis ir, mas nunca sobrava dinheiro. Mesmo desempregada agora, não tem mal algum eu tirar um pouco do pagamento que recebi para satisfazer esse pequeno luxo.
Ao chegar lá, pedi três fatias das melhores tortas disponíveis. Sim, eu iria comer tudo sozinha.
Sentei na primeira mesa que achei e comecei a me deliciar com aquelas maravilhas, pareciam que tinha sido feitas por anjos cantando coral. O recheio deles pareciam nuvens que os próprios anjos tinham pisado de tão aveludado.
— Com licença senhorita!
Lambi os beiços e levantei o rosto para olhar o homem que se aproximou da mesa onde eu estava. Ele era calvo e usava óculos de grau, uma barba rala e aparentava ter quase uns quarenta anos.
— Sim. — sorri e tentei ser simpática.
— Você é muito bonita... — fiquei sem jeito e incomodada, de princípio achei que ele estava tentando algo comigo. Mas ele percebe meu incomodo e completa.
— Oh céus, desculpe se pareceu que eu...Ah não, eu não gosto de mulheres... Quero oferecer uma oportunidade de emprego para você, por isso o elogio...
Bom, eu não estava entendendo o que uma coisa tinha haver com a outra.
— Agradeço o elogio, um emprego era tudo que eu estava procurando.
— Ótimo! Posso me sentar?
Apenas respondo com um gesto para que se sente, limpando os cantos da boca com um guardanapo.
— Então querida, escute tudo antes de dá sua resposta... — ele se senta e olha em volta parecia querer certificar-se de que ninguém ouviria nossa conversa, então me entrega um cartão de visita. — Eu sou dono de uma agência de modelos e contração de acompanhantes de luxo, gostei do seu perfil e queria que trabalhasse conosco, o que acha?
Espera? Acompanhante de luxo, não é o mesmo que...
— Você não precisa dormi com os clientes, apenas se quiser é claro. — ele sorri adivinhando o que acabei de pensar.
— Não obrigada! — as palavras quase foram cuspidas da minha boca.
— Olha... — ele se aproxima um pouco e diminui o tom de voz. — Os clientes são homens ricos e pagam bem, você assina um contrato de restrição, nenhum homem vai tocar em você se não quiser, as multas são altíssimas se eles fizerem algo que a garota não queira, além do fato que podem ser presos, nenhum deles se arriscam a ter seus nomes na mídia envolvidos em encrenca. Então pode ficar tranquila, acompanhante de luxo não é o mesmo que garota de programa, claro que tem aquelas que aceitam um pouco mais para juntar o útil ao agradável, mas vai de cada uma, você não é obrigada a fazer nada, é só um trabalho comum, os bilionários hoje em dia pagam uma fortuna para terem mulheres bonitas o acompanhando em eventos e reuniões até familiares, não a nada demais nisso não acha?
Em nenhuma das hipóteses eu pensaria em trabalhar com isso.
— Desculpa, minha resposta continua sendo não.
— Aí que mulher difícil. Fique com o cartão. Me chamo José , aí tem o endereço da agência, não ligue, apenas compareça e peça para falar comigo eu vou reconhecer você.
Ele deixa o cartão e sai sem me dá oportunidade para negar de novo. Pego o cartãozinho e rasgo. Eu não vou trabalhar com isso.
Volto a me deliciar com a maravilha que estava a minha frente. Após comer pago tudo e vou embora.
Cristian:
Péssimo dia para o carro resolver dá pane. Estava atrasado para uma reunião, resolvi entrar em uma cafeteria qualquer, tinha apenas dois homens comigo, não poderia correr o risco de ficar exposto.
A dona do lugar me reconheceu e começou logo a me paparicar, eu inventei que queria escolher a atendente, só para ganhar tempo do outro carro chegar. Não iria pedir nada, até ver uma formosura de mulher que se destacava entre todas, até a dona que era uma mulher bonita e bem vestida, perdia para a beleza natural daquele ser. Corpo esbelto, cabelos longos e escuros, pele clarinha e boca rosada.
Confesso que pagaria um bom preço para ter ela por algumas noites. Ela me atendeu tímida, no entanto sempre sorridente. Eu mantive minha postura e olhar sério, não deixando de admirar -la. No fim, ela me entregou a conta com o desenho de um peixinho.
Quase cair na gargalhada, mas me contive e apenas um pequeno sorriso se formou em meus lábios, aquele desenho parecia algo bem infantil, o que não me importou, ela aparentava ter uns vinte anos no máximo.
Paguei a conta e levei o papel comigo. Dei uma quantia a mais para a dona, ela estava esperando algo assim, embora não faço caridade se a pessoa realmente não precisar.
— Peixinho...que Ilário. — sorri imaginando aquela garota desenhando uma peixe na conta dos clientes.
— O que disse senhor? — me dei conta que meu motorista esperava alguma ordem para seguir caminho.Tive que esperar trazerem um dos meus carros, e o outro iria ser guinchado para o concerto.
— Nada, apenas dirija para a empresa.
Ele prontamente obedece minhas ordens e não demora para estarmos na empresa. Um prédio com uma arquitetura sofisticada no grande centro da cidade.
Agência Miller, o nome se destacava de longe na parede moderna. Era uma das maiores empresas aéreas, eu era o herdeiro de todo esse reinado que meu pai deixou, era uma empresa real, mas servia para mascarar a máfia e ilegalidade por trás. Meu pai deu início ao tráfico de armas, juntamente ao meu tio, a empresa foi herança do meu avô para os dois. Com isso eu cresci assim e isso se tornou normal, um mafioso, um corrupto por trás do cargo de ceo. Meu tio hoje em dia também tem sua empresa e coisas ilegais, ele preferiu pegar sua parte e seguir sozinho.
Meu pai faleceu a dois anos. Eramos quatro, meu pai, minha mãe, eu e minha irmãzinha que tem dez anos hoje em dia. Decidir morar sozinho para ter privacidade e elas moram no mesmo condomínio.
Caminhei até o elevador e apertei para o andar da sala da previdência, por onde eu passava cumprimentava os funcionários apenas com um gesto de cabeça. Chego na sala encontrando David, meu primo, melhor amigo e assessor pessoal.
— Os italianos não gostaram nada do seu atraso e se mandaram. — David fala olhando para seu iPad sem olhar para mim.
— Dane- se, dois milhões não vai fazer tanta falta na minha conta.
Ele balança a cabeça em negação, enquanto eu coloco a mala no sofá e me sento folgando a gravata.
— Estou fechando a agenda do mês, tem aquele evento importante, os russos querem fechar negócio na empresa aérea, e querem comprar armas conosco. Eles são mafiosos e querem armas importadas, por esse motivo ficaram sabendo de você.
— Investigue tudo antes de confirmar. O evento será uma ótima oportunidade para fechar negócio.
— Já fiz isso. — David fala enquanto ainda mexe no iPad.
— Ótimo!
Me levanto e pego uma bebida gelada no frigobar. A rotina é cansativa só de administrar uma empresa, se torna ainda mais por ter negócios ilegais por trás. Quase não consigo curti a vida, mas eu assumir os benefícios e maléficos de herdar tudo do meu pai, fazer o que.
Eu sou um homem reservado e gosto de restrição, as mulheres que saio às vezes é só por curtição e são proibidas de falar um dia sobre mim ou que já estiveram comigo, evito ter meu nome na mídia associado a relacionamento. Não quero ninguém envolvido na minha vida, sabendo das minhas coisas.
Já ouvi burburinhos no corredor de que meus funcionários me chamam de pedra de gelo, o homem intocável. Uma ou outra que trabalha aqui já tentou flerte comigo, embora fossem bonitas, dispensei todas. Sou o tipo que prefere ir atrás da sua presa e ter a aceitação da tal apenas quando eu tiver interessado e não elas.
Com certeza essas mulheres só querem meu dinheiro, tudo interesseira. Por isso sou restrito e todas que já estive, foi por que eu quis primeiro e não elas.
— Acho que meu expediente acabou por enquanto, volto às duas. — David se levanta enfim deixando o iPad de lado. Me sento deixando a embalagem de metal na mesa.
— Como está o tio?
— Está melhorando, só não garanto que vai continuar vivo depois de descobrir que meu irmão tá acabando com a empresa dele.
— Como ele pode ser tão irresponsável, nem parece que é mais velho que nós dois.
— Ele acha que é dono de tudo, só se esquece que eu tenho o mesmo direito que ele. — David abre o frigobar e pega uma bebida também.
— Se deixar ele vai acabar até com a sua parte.
— Já tô tomando medidas para que minha parte esteja segura, porém o mais importante é a saúde do papai, mas não vou deixar ele acabar com tudo assim.
— Fez certo.
— Agora vou almoçar, pelo que conheço de você vai almoçar mais uma vez aqui na sua solidão. — ele fala e toma o último gole de sua bebida. Apenas aceno com a cabeça quando ele sai.
Ele está certo, quase não tenho tempo para sair e quando tenho prefiro desfrutar da minha própria presença ou descansar.
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