Eu tenho um segredo, ao qual, nunca contei a ninguém. Esse segredo que levo comigo, não é algo errado ao meu ver, mas posso ser julgada moralmente por isso, mais do que já sou atualmente.
Quando era criança, eu tinha um avô, que eu amava muito. Esse avô, tinha um hobbie, que era construir linhas de trem em miniatura.
Isso era algo que ele se dedicava muito, o trenzinho era motorizado e ele construía todo o cenário, com montanhas, túneis, colocava árvores, animais e construções. Ele construía as estações que o trem passava e o trenzinho até parava nas estações.
Ninguém ligava para esse hobbie dele, só eu que amava quando ele ligava o trenzinho e ele passava por todo o trajeto e até buzinava.
Um dia, meu avô me confidenciou que o que ele construiu era uma réplica de uma linha de trem que existia de verdade. Essa linha existia na Suiça e era exclusiva para passeios turísticos, o trem passava por paisagens maravilhosas daquele lugar e a viagem durava o dia todo, pois o trem sempre fazia paradas para as pessoas tirarem fotos e admirarem as paisagens.
Esse meu avô, faleceu quando eu ainda era criança, foi algo muito triste para mim, pois nunca mais vi o trenzinho e nem ouvi suas histórias. Como ninguém ligava para o hobbie dele, meus pais desmontaram tudo o que ele construiu e transformaram o quartinho, que ele usava para seu hobbie, em um depósito de cacarecos.
Eu cresci e fui perdendo aquela inocência de criança, mas nunca esqueci as histórias que meu avô me contava.
Quando fiz dezoito, meus pais me perguntaram o que eu queria ganhar de presente e eu pedi uma viagem para a Suíça, para conhecer a tal linha de trem que meu avô sempre me contava histórias na infância.
Ganhei o presente, mas não fui sozinha, eu viajei com o meu namoradinho da escola.
Gary, meu namoradinho, era o filho do delegado lá da minha cidade, ele era o garoto mais popular da escola, mas não era do tipo que frequentava festas, ele era do tipo garoto de família conservadora, daqueles que vivem dando lição de moral nos outros e os julgando.
Cara, eu nem sei como eu acabei namorando esse garoto, mas acabei…
A minha família também era muito conservadora e frequentávamos a mesma igreja da família do Gary.
Apesar de ter crescido assim, cercada por preceitos religiosos, eu estava doida para me libertar daquilo e com dezoito anos, com os meus hormônios aflorados, eu estava doida pra perder a minha virgindade. O que eu queria era dar muito, dar que nem fruta no pé.
E quem eu escolhi para perder a virgindade? O Gary.
Quando chegamos no hotel da Suíça, eu já fui logo atacando ele. Não queria esperar nem mais um segundo.
Porém, ganhei uma rejeição daquelas, ele logo veio dizendo pra mim, “Vá orar, mulher! Você está possuída pelo espírito de prostituição! Deus tenha misericórdia de você!”
Levei um balde de água fria daqueles, mas não foi o suficiente para apagar meu fogo. Aaaah, mas eu não ia esperar até o casamento para perder a virgindade mesmo!
Bem, a noite chegou e eu estava planejando uma forma de convencer o Gary a se perder comigo. Nesse momento ele estava no banho e o danado até trancou a porta.
Enquanto eu estava fazendo meus planos, algo chamou a minha atenção, o celular do Gary começou a apitar. Apitou tantas vezes que eu fiquei curiosa pra ver.
Adivinhei rapidamente a senha do celular, só podia ser um versículo que ele quase sempre fica repetindo.
Quando abri as mensagens, eu tomei o maior susto da minha vida. Eu descobri que o safado era o maior falso do mundo. Ele estava trocando mensagens quentes com Aline, que era a garota mais rodada da escola que estudamos.
O histórico da mensagem era uma putaria só, com foto de paul, bct, cool… Sem contar que por algumas mensagens, dava a entender que eles estavam transando.
Eu fiquei puta de raiva na hora e comecei a bater na porta do banheiro, gritando, xingando, eu estava com muita raiva, sabe?
Ele saiu do banheiro e eu dei chute bem no meio das pernas dele, enquanto ele se contorcia de dor no chão, disse que enviei todos os prints da conversa para a família dele e para minha também. Não queria que ninguém duvidasse de mim, pois estava terminando com ele naquele momento.
Ele tentou se explicar e só piorou tudo. Disse que Aline não era mulher pra casar, que ele estava só fazendo teste drive nela, pra saber como satisfazer a esposa, que no caso seria eu, quando nos casássemos.
Eu mandei ele ir se ferrar e saí do hotel para dar tempo de ele sumir da minha frente.
Eu caminhei muito, chorei muito, falei sozinha brigando com Gary, mas tarde da noite acabei voltando para o hotel. Gary já não estava mais lá, os pais dele rapidamente mandaram as passagens dele para ele voltar para casa e os meus pais mandaram minhas passagens para eu voltar no dia seguinte.
Quando estava no aeroporto, prestes a pegar o avião eu pensei que não deveria desistir dessa viagem por culpa do traste do meu ex namorado, até porque, os planos daquela viagem eram meus e ele era o intrometido daqui.
Com esse pensamento, eu desisti de embarcar e peguei um táxi correndo para a estação de trem.
Esbaforida, consegui pegar o trem com o maquinista já apitando para sair.
Meu coração batia tão forte que quase saia pela minha boca, mas eu estava muito feliz por ter conseguido entrar.
Rapidamente me dirigi para minha cabine privativa, mas quando abri a porta, não estava vazio, haviam dois homens lá.
Logo o funcionário apareceu, me explicando que tinha acontecido um mal entendido, eles venderam passagens a mais e como o ocupante daquela cabine, no caso eu, não havia aparecido, eles acomodaram os passageiros ali.
O funcionário já veio me oferecendo devolver meu dinheiro e pedindo para que eu fosse para a área comum, viajar com os outros passageiros.
Eu não admiti, isso era um absurdo! Eu tinha comprado essas passagens com meses de antecedência, quem tinha que sair eram aqueles homens.
Bem, ficamos em um impasse, o funcionário não queria de jeito nenhum tirar aqueles homens de lá, parecia que estava até com medo deles.
Foi aí que com a falta de resolução, eu mesma resolvi.
“Eu não vou sair e nem eles vão, correto? Então eles vão ter que me aturar aqui, porque eu não vou sair da cabine.”
Já fui entrando e empurrando eles, em seguida, me sentei no meio deles e cruzei meus braços. Queria ver quem iria me tirar dali!
Ficou tudo silencioso, de repente. Eu acho que o funcionário da linha de trem não esperava que eu fizesse isso e nem os rapazes.
Algum tempo depois, o funcionário engoliu em seco e disse, “Sr Falcon, me desculpe por isso…”
“Por que não traz as nossas refeições?”, um dos homens finalmente fala, a voz dele era forte e grave, dei quase um pulo quando o ouvi.
“Traga a refeição da nossa convidada também.”, o outro diz e eu me viro para ele, com raiva.
“Convidada?! Eu não sou convidada, são vocês que entraram na minha cabine.”
“Chegamos primeiro, docinho!”, ele ri de um jeito cafajeste, o que me dá uma raiva…
“Eu cheguei primeiro, porque eu comprei as passagens com meses de antecedência!”
“Vamos fazer silêncio? Deixamos você ficar! Por favor, diga logo o que quer comer!”
O sério falou e parecia bravo comigo. Tremi de medo e comecei a me perguntar se deveria mesmo continuar naquela cabine, ele me dava medo.
“Não quero nada…”, digo abaixando a voz.
Ele bufa, se vira para o funcionário e diz, “Trás o mesmo que eu pedi para mim para ela também.”
O funcionário nos deixou e ficou um clima bem estranho… aquela cabine era pequena, para no máximo duas pessoas e eu estava me sentindo apertada, entre aqueles dois homens.
“Adam Jones.”, o que estava me provocando, disse.
“Quem?”
“Eu sou o Adam Jones.”
Agora, olhei bem para o tal Adam, eu estava com tanta raiva antes que nem olhei para o rosto dele. Ele era lindo, os cabelos negros penteados para o lado, o corpo estilo jogador de futebol americano. Tinha um sorriso debochado no rosto, igual aqueles vilões que a gente vê nos filmes e se apaixona por eles.
Respirei fundo e desviei o olhar, para não ficar na cara, que eu achei que ele era muito atraente.
“Mas, você não é o Sr Falcon?!”, digo com ironia e tentando disfarçar que fiquei afetada.
“Eu sou o Falcon, Luke Falcon.”, mais uma vez eu me assusto com a voz grave do outro cara. Instintivamente olho para ele. Nós encaramos por alguns segundos e ele me deixa intimidada.
Ele tinha uma cara de homem, tipo poderoso, sabe? Os cabelos escuros, penteados para trás, uma barba bem aparada e estava bem vestido. Ele tinha uma ar de superioridade, o que era irritante e atraente ao mesmo tempo.
Eu me encolhi e abaixei a cabeça, tentando disfarçar que eu fiquei interessada.
“Não se assuste com o Luke, ele é um pouco chato. Falta você? Vai viajar com a gente e nem vai se apresentar?”
“Meu nome é Helena Miller.”
“Certo, e qual a sua idade?”, Adam pergunta novamente.
“Eu sou maior de idade, se essa é sua dúvida.”
“É… eu tinha essa dúvida. Algumas adolescentes são muito precoces hoje em dia.”
Revirei meus olhos e respondi, “Eu sei, eu tenho um rosto mais jovem, mas meu corpo não mente a minha idade.”
Adam me olhou com um olhar penetrante nesse momento, ele deu um sorriso de lado o que era extremamente atraente, acabei dando um sorriso leve, mas disfarcei imediatamente.
Com dezoito, eu tinha um corpo bem desenvolvido e chamava bastante a atenção. Minha pele morena, meus cabelos cacheados e minhas curvas definidas, sempre eram elogiadas. Por isso não entendia porque o Gary resistia a mim… bem, eu descobri o porquê, não é?
“Você tem certeza que essa geringonça não vai quebrar no meio do caminho, Adam?”, o engomadinho disse e eu não me aguentei e respondi.
“Isso aqui não é uma geringonça não, viu? Esse modelo é antigo mas é uma peça única, o motor dele é um…”, comecei a explicar tudo que sabia sobre aquele trem.
“Como uma garota bonita como você, sabe tudo de trens?”, Luke pergunta, com as sobrancelhas unidas.
“Você é do tipo de cara que acha que garotas bonitas são burras? Olha, eu sei tudo sobre esse trem, essa viagem aqui era um sonho que eu queria realizar antes de ir para a faculdade, um sonho que vocês estão me tirando.”
O clima pesa, depois do que eu disse.
“Olha, eu não sabia que era tão importante para você. Nós só estamos curtindo uma viagem pela Europa. Vamos te recompensar, tá?”, Adam diz.
“Não vai rolar, viu? Se eu ficar mais um dia aqui, meus pais aparecerão aqui para me buscar.”
“É uma filhinha dos papais?”, Adam me provoca.
“Não, são eles que ainda não perceberam. Quando eu for para a faculdade, vou curtir tudo que posso e me libertar do controle deles!”
“E não quer começar agora? Acabamos de nos formar?” Adam pergunta e eu fico pasma, ele está flertando comigo? Esse homem lindo acabou de me jogar uma cantada?
“Adam, pare de perturbar a garota.”, Luke diz e eu quase bati nele, deixa ele me perturbar.
Nesse momento nossas refeições chegaram, eles tinham pedido um fundi, com carnes e vinho acompanhando.
E foi assim, que tudo desandou, eu comecei a beber, eles também. Fiquei alegrinha, a gente começou a conversar e o clima estava bem leve.
Foi aí, que aconteceu o primeiro beijo, foi o Adam, de surpresa ele me beijou, após ele pediu, para beijar o Luke também.
Eu pensei que ele iria recusar, mas ele aceitou e me beijou também. Ele tinha um beijo ríspido e mordeu o meu lábio no final. Foi bom, foi muito bom.
Depois eu beijei o Adam novamente, ele tinha um beijo sedutor, lento e carinhoso.
A cabine era pequena, e estava começando a ficar quente, Luke retirou o paletó e abriu um pouco os botões da camisa. Dava para ver que por entre os botões, que ele tinha um corpo extremamente atraente.
Luke que pareceu o mais sério, naquele momento era o mais empolgado, ele me beijou novamente e eu me entreguei, abraçando ele e deixando ele descer, dando beijos quentes pelo meu pescoço.
Nesse momento nos encaramos e o olhar dele estava me deixando louca.
“Posso?”, ele pergunta, encostando o polegar no primeiro botão da minha camisa, olhei para trás, para o Adam e ele mordeu o lábio inferior e sorriu, nos olhando.
Penso por alguns segundos, e digo, “Pode mas… tem que saber que eu sou virgem.”
“Tudo bem para mim se estiver para você.”
“Se está bem para mim? Para mim está ótimo! Eu sempre sonhei em ter uma primeira vez inesquecível. Eu tenho certeza que eu nunca vou me esquecer disso!”
Digo e ele abre a minha blusa imediatamente. Nesse momento, tudo desandou mais, eu senti sensações que nunca imaginei que sentiria na vida.
Fui tocada e beijada de várias formas, por dois exemplares atraentes. Experimentei o prazer na sua forma mais intensa, com boca penetração e mãos.
Conheci como era ter örgasmo, de várias formas possíveis e se eu tinha alguma inocência, não restou mais nada.
A viagem durou o dia todo e quando acordei, estava sozinha, deitada na cabine. O trem estava parado na estação e um aviso apitava constantemente para os passageiros desembarcarem.
Eu toquei em meu rosto, me sentindo diferente, não me sentia mais garota, me sentia mulher.
Peguei minhas roupas, vesti e quando coloquei a mão no bolso do meu casaco, encontrei um bilhete.
Estava escrito: “Daqui há um ano, no mesmo dia e no mesmo lugar.”
Sorri com malícia, pensando no nosso segredo, algo que pensei que seria delicioso repetir.
Esse meu segredo, teve consequências. Eu voltei para casa e levei uma bronca, não por eu ter ficado mais um dia na Suiça e sim por ter exposto Gary para todo mundo na cidade.
Parece que o que ele fez para mim, não importava e sim, que eu tinha perdido um bom partido.
Eu suportei calada, pois estava esperando ansiosamente o início das aulas na faculdade, porém, tudo deu errado, quando as consequências do meu segredo, apareceram.
Começaram com enjôos frequentes e quando minha mãe me levou ao médico, ela quase teve um ataque do coração, quando descobriu que eu estava grávida.
Meu pai foi tirar satisfações com Gary, decidido a obriga-lo a casar comigo.
Então Gary, negou a paternidade, mas disse que não importava quem era o pai, porque esse bebê não iria nascer, pois ele iria me matar.
Foi aí que apanhei do meu pai pela primeira vez, ele me deu um tapa na cara e disse que não me reconhecia como filha mais. Me disse que estava me mandando para casa da minha tia, não porque ele tinha alguma pena de mim, e sim porque não queria que um homem direito como o Gary, se sujasse por uma vagabunda como eu.
E foi assim que eu fui parar em Los Angeles, a cidade onde os ricos e famosos vivem. A cidade que muitos migram para buscar uma oportunidade de ser famoso e eu só vim para cá, para não morrer.
Minha tia não tinha boas condições de vida, meu país me mandou para morar com ela, exatamente por ela ter sido a ovelha negra da família, assim como eu.
Ela tinha uma lojinha de produtos exotéricos e sabia ler a mão.
Assim que cheguei, ela leu a minha e disse: “Você terá somente uma oportunidade de ser feliz na vida, só faça a escolha certa.”
Bem, eu sabia qual era a escolha, deveria voltar a suíça no próximo ano, porém, eu não consegui. Como iria viajar sem dinheiro e com um bebê recém-nascido no colo?
Me conformei que eu nunca veria mais os pais do meu filho e que me esforçaria para ser uma boa mãe.
Luan, meu bebê. O menino mais inteligente desse mundo e foi no dia de seu nascimento que eu descobri, que naquele dia, nasceu também uma nova mulher.
Coloquei o nome de Luan, porque ele nasceu com um lindo sinal na mão, em forma de lua minguante e quando vi, percebi que nada iria mais me abalar, pois estava ali no meu colo, a luz que iluminaria minhas noites escuras.
Nunca contei a ninguém a identidade do pai do meu filho e por isso, sempre recebi maus olhares e ouvi fofocas sobre mim.
Mas nunca me abalei, viu? Agora eu era mãe e era capaz de lutar uma guerra para garantir que o meu filho estivesse bem vestido, alimentado e feliz.
O tempo passou e eu me virei, minha tia me ajudou, mas não foi fácil. Cheguei até a fazer faxina, para conseguir pagar minha faculdade e o leite do meu filho.
Cinco anos se passaram e eu me formei em arquitetura. Como tinha que cuidar sozinha de um filho pequeno, nunca neguei trabalho e logo meu nome já estava sendo comentado.
Graças a Deus, tenho conseguido crescer na minha profissão.
E hoje estou indo para encontrar um cliente rico e importante, que irá se casar e quer um projeto para decoração da casa que eles irão se mudar.
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