Oi! Se você chegou de paraquedas aqui eu quero dizer que é muito bem vindo(a), mas que não é uma historia autônoma. A historia de Paolo e Pietra surgiu no meio pro final da historia de Ítalo e Ambra em Conexões de Máfia (É importante que saiba que se ler esse primeiro vai tomar um spoiler da primeira história) . Eu vou contextualizar porque personagens de lá aparecem aqui e talvez você não queira saber da vida do irmão e da cunhada de Pietra porque aquilo lá foi um rolê insano.
Paolo é um filho da Máfia também, e que aparece graças a sede de vingança de Ítalo, mas ele não é um mafioso e leva uma vida totalmente diferente. É um homem inteligente, e que vai se ver envolto em uma história totalmente fora do seu controle, onde assim como Ambra descobre que sua vida inteira é uma grande mentira depois de ter sido jogado em um colégio interno com apenas três anos de idade.
Já Pietra é uma garota tímida e ingênua de dezenove anos que caiu no conto do vigário e entregou o que tinha de mais precioso nos arranjos sociais que possui. Ítalo cobrou com sangue a honra da sua Coccinella, mas ela ainda se sente culpada. Ela só não podia contar que encontraria com alguém que não liga nem um pouco com isso.
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🔞ATENÇÃO ESTE CAPÍTULO CONTÉM CENAS QUE NÃO SÃO APROPRIADAS PARA TODOS OS PÚBLICOS 🔞
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- Não resiste, você vai gostar.
A respiração dele e a voz rouca invadem meus sentidos por trás, do lado esquerdo. Leoni tem o hálito forte, fedendo a tabaco misturado com álcool, e enquanto ele força meus shorts de dormir pra baixo, me mantém de pé na cama pra que eu fique na sua altura. Assim que meu p*u aparece ele pega com a mão esquerda e começa a me m*sturbar.
Eu tenho nove anos de idade, e há pouco eu entrei na tal puberdade de maneira precoce, foi isso que o fez se interessar por mim, ele me disse na primeira vez em que me trouxe a esse quarto. Meu corpo obedece ao toque dele, por mais que a minha mente saiba que é um toque sujo. Ele usa isso pra tentar me convencer de que é bom e eu gosto.
Minha garganta queima e as lágrimas deixam meus olhos turvos.
- Eu não quero!
Ele não liga.
- Quer sim! Shhhhiu se não alguém pode ouvir.
Sinto a mão direita dele passando pela minha b*nda, pra abrir caminho, e logo depois ele se posiciona. Leoni invade meu corpo e a dor é aguda enquanto eu só posso chorar...
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Acordo sentindo falta de ar, tudo está escuro ainda e o relógio marca quatro e trinta e cinco da manhã.
Odeio essas noites em que aquele d*sgraçado aparece no meu sono.
Me sento na cama e alongo meu pescoço enquanto aperto o controle da persiana revelando a vista para o rio Cam.
💭Coragem, Paolo, coragem!💭
Troco de roupa e desço pra correr depois de me alongar no quarto mesmo, o dia está começando e eu gosto de observar o bairro ainda calmo e silencioso enquanto me exercito. Corro até sentir meus pulmões queimando e o meu corpo cansado.
Quando volto pra casa eu tomo um banho e me arrumo pra mais um dia de aula.
- Bom dia, Paolo.
Elizabeth me serve uma xícara de café bem forte.
- Bom dia, Elizabeth. Muito obrigado.
Ela se retira e eu decido dar uma olhada nos meus e-mails pra já me inteirar do dia de trabalho.
Tem um de Sabine.
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Bom dia, Carcamano!
Parabéns, senhor Mancini, acertou de novo! A tendência para as próximas temporadas são de fato os tons terrosos e escuros. Couro, lã e metais com brilhos discretos.
E então, você vem para a Big Apple ou eu vou pra Terra do Chá?
Sabine Lobianco
Ceo e Manager Glamour Magazine and Models.
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Dou uma risada da mensagem dela.
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Bom dia, senhorita Traça!
Eu sempre acerto e sempre tenho razão, Madame!
Quanto ao seu questionamento, não sei ainda, tenho que arranjar um espaço na minha agenda. Depois te digo.
Paolo Mancini
Ceo P&M investimentos.
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Me levanto da cadeira depois de terminar o café da manhã.
- Não precisa se preocupar com o almoço, eu não venho pra casa depois das aulas.
Elizabeth confirma com a cabeça e eu saio pelo bairro para ir até o trabalho. Eu não moro longe da universidade, não é sempre que eu uso o carro pra me deslocar.
Leciono há três anos em Cambridge e sou bastante realizado com essa parte da minha vida. Gosto da fachada de professor que eu tenho, me possibilita uma vida tranquila e são pouquíssimas pessoas que sabem quem eu sou e o que eu faço no mercado financeiro.
Dinheiro é muito bom, traz segurança, mas também atrai muita gente chata. Então quem conhece meu lado de poder é só quem realmente tem poder, uma garantia que eu tenho de que não vou ficar rodeado de gente puxa saco.
Leciono História e tenho uma predileção por Antropologia, sempre me intrigou porque as pessoas se comportam de tal maneira e porque são o que são.
- Bom dia, senhoras e senhores!
Ouço uma voz manhosa.
- Senhoritas...
É uma garota chamada Alice. Bem jovem, tem dezenove se não me engano, loira, como a maioria das garotas daqui e baixinha. Não se encaixa no restante do perfil de alunas desse curso e eu não sei o que essa garota faz cursando algo desse tipo. Tem uma prótese de silicone daquelas que parecem duas bolas pregadas de qualquer jeito na caixa torácica, usa cílios postiços que a qualquer momento vão fazer ela pegar vôo quando piscar, unhas feito garras e voltou das férias de primavera com um upgrade nos lábios.
Minhas turmas são jovens no geral e vez ou outra eu tenho uma aluna cismando comigo. É um dos ônus de ser professor.
Alice vive apontado os peitos falsos dela na minha direção, achando que vai me atrair com esse jeito espalhafatoso que tem. Francamente falando? Ela olha pra mim e vê um garoto cheio de hormônios, ou então um cara de meia idade que fantasia com uma novinha.
E eu não sou nem um, nem outro. Felizmente!
Fora ela têm algumas em outras turmas, todas sonhando com o professor tímido e educado de faculdade.
Decido ignorar o comentário dela.
Ajeito meus óculos no rosto e arregaço as mangas da minha camisa social listrada de branco e azul claro.
- Vou puxar uma sardinha para o meu lado e vamos falar de Analise Sociológica hoje. Quero que vocês analisem comigo o comportamento de Napoleão Bonaparte e a empreitada dele como conquistador no novo mundo...
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Chego no restaurante no horário marcado.
Louis se levanta pra me cumprimentar com um sorriso no rosto.
- Boa tarde, Paolo. Está tudo bem?
Me sento deixando minha bolsa transversal de lado.
- Está sim, tudo ótimo. O que tem pra mim hoje?
Louis é meu advogado, meu testa de ferro.
É ele quem as pessoas que interessam alguma coisa procuram pra entrar em contato com o Ceo da P&M.
É um homem inteligente, correto e honesto. Tem uma história de superação incrível, a mãe dele teve complicações no parto e Louis nasceu sem uma parte da perna direita. Cresceu na periferia, na pobreza, com os pais lutando dia após dia pra sobreviver a falta de dinheiro e ao preconceito de cor. Ele sabia que tinha que estudar e correr atrás, e foi assim que mudou de vida.
- Bom, temos algumas propostas no ramo hoteleiro e no ramo alimentício. Mas preciso dizer que as que mais são vantajosas são as do ramo de petróleo e gás. Vai por mim, Mancini, vale a pena conhecer os Árabes.
Louis me entrega alguns papéis e eu corro os olhos vendo a soma exorbitante no final da proposta.
- Hum, me dê o telefone desse tal de Shakir. Ele vai ter a honra de receber uma ligação minha.
Deixo os papéis de lado e olho pra meu advogado.
- Mais alguma coisa?
Ele me olha apoiando os cotovelos em cima da mesa.
- Recebi o contato de um tal de Lupo Guarnieri, morador de Roma...
Essa cidade...
-... ele tem um afilhado, filho de criação, sei lá o que é, e ligou representando esse fulano.
Interessante.
As pessoas que procuram Louis na tentativa de chegar até mim o procuram de cara limpa. Sabem que se não passarem pelo crivo do meu advogado não me dou nem ao trabalho de conhecer.
- Se quem de fato quer falar comigo não te procurou, por que está me falando dele?
Louis mexe na pasta de lado. Ele estende os papéis pra mim e sorri de canto.
- Acontece que o tal fulano é nada mais, nada menos, que Ítalo Rizzo, o Ceo da Rizzo Companhia de Telecomunicações.
Hum, é um cara importante mesmo. A internet e os telefones da minha casa são da companhia dele.
Dou uma olhada na ficha de Rizzo. Nela consta as coisas da vida pessoal dele, e enquanto eu leio atentamente, ouço Louis falando:
- Ele é um cara correto. Tem uma empresa idônea e tudo o mais, ajuda causas beneficentes de maneira midiática porque é bom a gente sabe, mas tem uma que ele faz questão de não expor que esteja ligado. É justamente sobre ela que ele quer investimento. Orfanotrofio D'amore o nome. Parece que Rizzo quer expandir para demais localidades no mundo. É uma causa passional pra ele...
Enquanto Louis fala eu me atento aos papéis.
Ítalo era uma criança de oito anos de idade quando ficou órfão, a irmã um bebê de seis meses. Os pais foram ass*ssinados dentro de casa.
É de fato algo pessoal para ele crianças sem pais.
Continuo lendo até entrar na parte mais pessoal da sua vida. Ítalo tem a minha idade, mas vejo que se casou com uma moça ainda com dezoito anos, ela é muito jovem. Meus olhos se arregalam quando vejo o nome e sobrenome de solteira da garota.
Ambra Mezemga Romano.
Louis não sabe dessa parte da minha vida, se soubesse teria me ligado imediatamente quando Lupo entrou em contato. Ambra é sobrinha do marido da mulher que me cuspiu no mundo, e me colocou naquele colégio quando eu ainda era praticamente um bebê.
💭O que será que esse homem quer comigo?💭
Assim que eu tive autonomia de decisão, e comecei a fazer minha vida nesse mundo, procurei saber mais sobre Fausta e sobre meu pai. Então eu vi que ela tinha se casado poucos meses depois de ficar viúva, com um tal de Bruno Romano que não vale o chão que pisa. A questão toda é que meu pai não era um cidadão modelo, vamos dizer assim, ele era um criminoso, um bandido ass*ssino e de sangue frio. Tinha um café pra disfarçar, mas a fortuna dele vinha da máfia e ele foi morto em uma emboscada, certamente por algum inimigo que fez nesse mundo.
É doído admitir, mas o sangue que corre nas minhas veias é um sangue que não tem a qualidade que eu mais prezo na vida: honestidade.
Depois que o senhor Mancini morreu, Fausta me eeliminou da vida dela, se limitou apenas a pagar o colégio caro no qual me trancafiou. Nunca me visitou, eu nunca fiz questão dela também, e seguimos assim, mas agora alguém próximo a ela está me rondando. Isso não é coincidência.
- Paolo... oi, psiu, está me ouvindo?
Pisco voltando minha atenção pra Louis.
- Me desculpa, eu me distrai, pode falar.
Meu advogado se recosta na cadeira.
- Estou falando que parece que falta alguma coisa na ficha de Rizzo. Uma lacuna, não sei, tentei procurar mas ele tem um time de T.I muito bom, que só deixa vazar poucas coisas, as que ele quer que vazem. Não sei, Mancini, por mais que seja uma boa causa, o senhor Rizzo não me inspira confiança.
Solto uma risada e deixo Louis sem saber o porquê.
Levando em consideração com quem ele é casado, e quem era o meu pai, eu já sei o que Ítalo Rizzo esconde.
💭Mafioso por trás da fachada de bom moço💭
Pois bem, senhor Rizzo, tem a minha atenção.
Deixo os papéis em cima da mesa e olho pra Louis.
- Eu vou entrar nesse negócio.
...****************...
Tenho me sentido tão suja ultimamente.
Lio aparecer aqui só me deixou mais triste, muito embora ele tenha me dito que não me puniria pelo que fiz. Mas eu acho que já é punição o suficiente ter que dormir e acordar pensado que fui uma burra de mão cheia e me entreguei pro primeiro idiota que apareceu.
Me encaro no espelho.
- É, parece que a inteligência ficou toda para o grande Diavolo e não sobrou nada para a ingênua Coccinella.
Pelo menos Enrico morreu. Não vai dar com a língua nos dentes por aí.
Agora eu preciso sacudir a poeira e deixar as coisas pra trás, talvez algum dia eu encontre alguém que me ame de verdade e que não se importe com um himem rompido antes das alianças.
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Coloquei um vestido soltinho pra receber minha melhor amiga, Ambra. Ela se casou com meu irmão e eu juro por Deus que eu não sei o que se passou na cabeça dele por obrigar ela a esse casamento, mas estou feliz por ver que Ítalo tem sido um bom marido agora.
Ela vem me ver, bem vestida como sempre depois que se casou e que também foi obrigada a abandonar os jeans e tênis.
Já estamos na hora do almoço.
- Você sumiu ontem.
Ela se vira e se apressa em me dar um abraço bem apertado enquanto eu contenho as lágrimas.
Fez um rabo de cavalo pra conter a cabeleira negra e grossa, e uma maquiagem leve destacando os olhos verdes feito pedras preciosas. É linda, e o casamento só aumentou isso.
Ambra estala a língua e depois diz:
- Seu irmão me deixou presa e incomunicável em casa.
Isso me pega de surpresa. Lio deixa Ambra tão livre, tanto que ela deu a louca antes de se tornarem marido e mulher de verdade e foi na boate dele do lado Norte.
Não me agrada pensar que possam ter brigado por minha causa.
- Eu fiz uma grande merda, né?
Nós duas nos sentamos no sofá em formato de "U" da minha sala, e minha amiga segura as minhas mãos me olhando.
- Não pensa assim. Me diz, o que seu irmão te disse?
Olho para o tapete por uns instantes e depois digo:
- Acordei e ele estava sentado na poltrona do meu quarto me esperando. Não brigou comigo, mas disse que estava bem chateado com nós duas, depois ainda me contou que havia resolvido o problema e que vamos manter em segredo.
Quando vi Ítalo sentado naquela poltrona eu realmente achei que ganharia uns dois tapas na cara pelo menos, mas ele cresceu tendo meu padrinho como referencial. Nunca vi na vida Lupo agir com agressividade dentro de casa com nossa madrinha e ele ensinou bem a Ítalo como tratar uma mulher.
Ambra me esclarece um pouco mais as coisas.
- Ele me deu uma prensa pra saber o que estava acontecendo depois que esqueci meu celular perto dele e você ligou várias vezes.
Mais uma vez eu fazendo cagada. Coço meus olhos irritada comigo mesma.
- Eu tinha tido uma idéia, sabe, vender as minha jóias e pagar pela operação a vista. Estava animada pra te contar.
No auge do meu desespero pra tentar esconder de Ítalo que não era mais virgem eu pesquisei como voltar a ter o que eu nao tinha mais, e a internet me deu a himenoplastia. O problema seria como pagar por ela, já que meu irmão controla nossas finanças e sabe exatamente com o quê gastamos cada centavo, muito embora ele não ligue pra gastos exorbitantes era bem capaz de chegar no hospital e me arrancar da sedação pra saber porque eu queria reconstruir meu himem.
Ambra fala comigo.
- Bom, estamos livres da mentira agora pelo menos.
Pelo menos isso.
- Ítalo brigou com você?
Minha amiga me acobertou desde o início, quando me interessei por aquele miserável e por mais que Ambra tenha me dito pra contar logo a Enrico quem eu era de verdade, eu não fiz por medo. Medo dele se afastar de mim.
Antes eu tivesse feito.
Mas sabe, Lio me disse que Enrico me respeitaria quando soubesse, mas que não valeria de nada e meu irmão tem razão. Continuaria sendo um podre, só que disfarçado.
- Não, só me disse que não escondesse mais nada.
Isso me deixa mais aliviada, ela errou muito mais do que eu. Escondeu algo grave do marido, ainda mais sendo quem ele é.
Para a minha sorte ele é líder. Se eu fosse uma simples filha de alguém dessa merda de Sindicato, eu teria, na melhor das hipóteses, uma vergonha grande exposta.
Nós duas almoçamos juntas e ela tenta me animar a todo o momento. Passa o dia inteiro comigo e quando se vai eu me sinto mais conformada com a minha vida.
*********
É um domingo de sol lindo e eu estou na casa do meu segundo casal favorito no mundo.
- Para a melhor amiga do mundo!
Estendo a sacola pra Ambra e ela abre um sorriso pra mim. Seu aniversário já passou, mas meu irmão levou ela pra viajar, não tive oportunidade de entregar no dia esse ano. Depois veio o casamento que ela organizou, e aí que não tivemos tempo mesmo!
Ela abre e sorri vendo uma pulseira da amizade, que combina com uma que estou usando. É platina e cheia de berloques que nos representam.
Ganho um abraço apertado.
- Obrigada!
Ajudo ela a colocar a pulseira no braço.
- E então, como foi a viagem?
Ambra fecha os olhos e sorri largo.
- Ai, foi um sonho. Veneza é realmente incrível, e seu irmão deixou tudo melhor ainda. Acredita que ele me deu uma estrela? Tipo, uma de verdade mesmo!
Abro minha boca chocada.
- Sério? E como é isso?
Sei que ele não mandou alguem buscar uma do espaço, isso é impossivel.
- É um certificado de propriedade, tem meu nome e ele mandou colocar numa placa de ouro. Também me deu uma mapa do céu, do dia e hora exatos em que nos entregamos um ao outro. Foi o ápice!
Apoio meu cotovelos na ilha da cozinha e seguro meu queixo.
- Deve ter sido mesmo. Não sabia que aquele brucutu podia ser tão romântico assim.
Nós duas damos uma risada alta juntas e nem Antonieta resiste.
Quando temos a ideia de ir pra piscina nós deixamos a cozinha e vamos em direção à escada. A campainha toca quando passamos pelo hall de entrada e Ambra grita pra governanta:
- PODE DEIXAR QUE A GENTE ATENDE, AMORZINHO!
Eu me adianto e bato a mão na maçaneta, dou de cara com um homem alto, de barba bem cuidada. Ele tem os cabelos castanhos, e os olhos pretos estão atrás de um par de óculos quadrado e pequeno. Tem um cheiro envolvente. E o Pomelo, Mandarina, couro aveludado e Patchouli me levam a crer que usa Paco Rabanne.
É, eu gosto de perfumes, e One Million está no top três de masculinos pra mim.
O homem resolve falar e tem uma voz forte mas mansa.
- Bom dia! Eu sou Paolo Mancini e vim pra ver Ítalo.
Paolo é muito educado, mas muito mesmo.
Está usando uma bolsa transversal de viagem e veste uma roupa casual. Jeans e camiseta de mangas curtas verde militar, me dizem que ele veio direto do aeroporto e optou por uma roupa confortável pra viagem.
Ambra e eu não temos tempo pra dizer nada, Ítalo aparece.
- Seja muito bem vindo, Mancini. É um prazer tê-lo em minha casa!
Ítalo o diz pra entrar e apresenta nós duas ao visitante. Começando por minha amiga.
- Essa aqui é minha esposa, Ambra.
Ele estende a mão e cumprimenta Ambra.
- Muito prazer, senhora Rizzo.
Depois Lio o direciona pra mim.
- Essa aqui é Pietra, minha irmã.
Paolo me cumprimenta e eu sinto o toque macio. Tem um sorriso bonito, e a educação extrema dele em falar comigo me deixa encantada.
Eu conheço caras jovens que vivem falando gírias ou brucutus, Paolo nem de longe se parece com eles.
Depois de me cumprimentar ele segue para o escritório com meu irmão e Ambra e eu vamos colocar uns biquínis.
*********
Já estamos sentadas na beirada piscina e eu não me aguento. Preciso falar alguma coisa, se não eu vou explodir.
- Ele é bonito, não é?
Minha amiga franze a testa olhando pra mim, ela estava distraída ao que parece e não raciocinou ainda sobre quem esrou falando.
- O tal do Paolo.
Ambra faz um "Ah" e concorda com a cabeça enquanto diz:
- É sim, e muito educado.
Olho pra frente e fecho os olhos pra continuar tomando sol, mas sou surpreendida.
- Preciso te contar uma coisa, mas não sei se seu irmão sabe.
Abro os olhos e me inclino pra ela. Se Lio escuta que estamos de segredo de novo ele surta.
- E o que é?
Ambra agora praticamente sussurra.
- Paolo é filho de Fausta.
Meu queixo cai. Nunca na vida pensei que aquele homem no auge da educação e beleza fosse fruto daquele casal desgr*çado.
- Pensei que ela e Bruno não tivessem tido filhos.
Ambra nega com a cabeça e me esclarece.
- Não, ele é filho só dela. Fausta foi casada com um cara que também se chamava Paolo, ele a traiu e teve a pena aplicada, ela se envolveu com aquele estafermo pouco tempo depois e mandou o menino com três anos de idade ainda pra Suíça. Ele foi criado em um colégio interno para rapazes, nunca voltou pra Itália e sequer havia cartões postais ou algum traço de que aquela ordinária ligava para o próprio filho.
É uma a maldita mesmo, colocou o garoto no mundo e viveu a vida inteira como se ele não existisse.
Não consigo achar isso normal.
********
Na hora do almoço as coisas ficam mais estranhas ainda.
Ítalo conversa com Paolo como se fossem amigos íntimos e Ambra e eu nos olhamos de lado o tempo inteiro sem entender nada.
Depois de um pequeno incidente com Antonieta e a terrina de gazpacho, nós finalmente descobrimos durante a refeição o que Paolo veio fazer aqui quando a governanta pergunta com o quê ele trabalha.
Paolo abre um sorriso encantador outra vez.
- Sou um investidor, mas o que eu gosto mesmo é de lecionar.
Ele gesticula com as mãos.
- Sou professor de história em Cambridge, especialista em Antropologia.
Hum, está explicado então a educação.
Ouço Lio dizendo:
- Paolo está escrevendo um livro sobre casamentos, o conheci através de parceiros de negócios e ele me convidou e convidou Ambra pra relatar algumas coisas.
Olha, professor e escritor.
O senhor Mancini é um cara interessante e diferente.
A casa de Ítalo é uma obra de arte. Remete a um período histórico rico e ele tem belas obras de arte aqui. É algo que eu reparo muito, afinal de contas, é uma das coisas que eu verdadeiramente gosto.
Estamos no seu escritório agora e eu observo o homem tão alto e tão forte quanto eu. Ítalo é peculiar. Admito que fiz algumas pesquisas sobre mafiosos já nessa minha vida, tentando entender a minha própria história, mas tudo que você consegue achar é superficial e clichê.
Ele tem várias tatuagens pelos braços e no peitoral, que está exibindo em uma camisa de mangas curtas e botões abertos. Sei que não é traço da mafia italiana isso, costume de russos e japoneses, mas ele é jovem, tem a minha idade, deve ser parte da nova geração.
- Como foi a viagem?
Ele me pergunta com um sorriso e eu retribuo. É gentil e está se esforçando mesmo pra me deixar a vontade.
- Foi muito boa, bem tranquila e a vista quando estava chegando foi de tirar o fôlego.
Rizzo me oferece uma dose de conhaque e eu aceito.
- Que bom. E melhor ainda que tenha vindo com sua bolsa de viagem, quero que fique aqui em casa. Eu faço questão, Paolo.
Rhun... meu plano deu certo.
Eu não vim pra cá despreparado. Passei no Lifestayle e fiz check in, vim com algumas malas depois de pedir uma licença na Universidade e não saio desse lugar até saber o que esse homem quer comigo. A bolsa foi uma espécie de isca, e felizmente ele caiu, vou ficar bem perto dele e saber tudo que eu preciso.
- Bom, eu pensei em ir pra um hotel, não quero dar trabalho.
Ele faz uma careta pra mim e estala a língua.
- Não vai dar trabalho jamais. Vou mandar arrumarem um bom quarto pra você.
*******
Na hora do almoço eu observo mais do clã Rizzo.
Certamente a esposa dele sabe quem eu sou, me olha atentamente e desconfiada. Sabe meu nome como eu sei o dela, mas não emitiu palavra sobre isso.
Depois do pequeno incidente com a governanta da casa eu me entretenho em uma conversa com as pessoas da mesa. As mulheres estão curiosas comigo, mas percebo curiosidades diferentes. A mulher mais velha está interessada mesmo em mim, já a irmã de Ítalo tem curiosidade sobre o que eu faço.
Ele tem uma irmã tímida e doce, e apesar de jovem é bem o meu tipo. Daquelas recatadinhas que estão sempre prontas para obedecer, mas eu não vim em busca de uma nova Honey, vim em busca de respostas.
Sirvo de entretenimento e quando o dia acaba eu estou no quarto.
Ligo pra Louis e ele me atende rápido.
📲🔊 - Tudo bem por aí?
📲🔊 - Tudo certo, e por aí?
📲🔊 - Tudo sobre controle.
O silêncio do meu advogado me diz que ele quer perguntar algo, não demora muito e ele o faz.
📲🔊 - O que foi fazer aí, Paolo?
📲🔊 - Na hora certa você vai saber, Louis. Por enquanto deixa eu descobrir mais do que vim descobrir.
Converso com ele sobre mais algumas questões e quando encerro a ligação eu me pego pensando no que Rizzo está tramando. É algo de cunho pessoal, importante pra ele, não estaria sendo tão cordial comigo se não fosse.
Por enquanto estou tendo paciência com ele, mas não sei até onde essa paciência vai durar.
********
Novo dia e eu estou na mesa do café da manhã. A governanta da mansão Rizzo é uma senhora muito prestativa e sorridente, se chama Antonieta e parece gostar muito de servir as visitas. Bom, pelo menos a mim.
- Bom dia, senhor Mancini. Se sente aí, eu sirvo o senhor.
Ela fez um café da manhã digno de hotel, tem tudo e mais um pouco.
- O senhor gosta de geléia? Eu fiz uma de pêssego e maracujá.
Agradeço a ela.
- Gosto sim.
Antonieta coloca na minha frente uma compoteira bonita e pequena, que parece ser de cristal.
- Bom dia, Mancini, dormiu bem?
Abro um sorriso pra Ítalo, quando o vejo chegando acompanhado da mulher.
- Bom dia. Dormi bem sim, o quarto é bastante confortável.
Os dois se sentam à mesa pra me fazer companhia e Rizzo fala comigo mais uma vez enquanto serve café em uma xícara.
- Pensei em te levar pra visitar alguns pontos turísticos. O que acha?
Pego uma torrada pra passar geléia e abro um sorriso educado pra ele. Não tenho interesse em conhecer nada aqui, tenho horror a essa cidade e ao que ela representa na minha vida, mas estou ainda me mantendo no personagem.
- Claro, aceito sim. Sabe que eu nasci aqui, mas fui pra Suiça bem cedo, não conheço nada da cidade.
Ele parece satisfeito em ouvir isso e nós dois entramos em uma conversa sobre as atrações do período do império.
Saio com Ítalo depois de comer e ele acaba me apresentando a quatro homens peculiares, vamos dizer assim, que são seus amigos. Eu sou muito bom em observar pessoas e aposto um braço aqui que Ítalo é o líder dessa matilha. Se tratam como amigos, mas o respeito por ele é evidente.
Só não consegui ainda decifrar se Ítalo é algo mais como meu pai era ou algo maior.
Roma é interessante, eu tenho que admitir, é berço de um período incrível da história mundial e não há como negar o peso que carrega. Acabo deixando meu preconceito de lado e curtindo o passeio.
- Vamos jogar um boliche?
Aceito o convite.
- Claro!
Quando chegamos no lugar de jogo eu observo mais os homens. Eles tiram as jaquetas e eu consigo reparar nos punhos. Os quatro que conheci tem um "R" bem trabalhado no lado de fora do punho direito, Ítalo não tem essa tatuagem.
💭Aaaah, o senhor Rizzo é um Don💭
A matilha é marcada.
Quando voltamos pra casa de Ítalo eu consigo perceber que a irmã dele está de volta também.
- Oi Coccinella, veio fazer o quê aqui?
Pietra beija o rosto do irmão.
- Ambra me chamou pro jantar.
Observo a garota com cabelos castanhos claros e ondulados. É pequena, meiga e frágil, combina com a apelido que o irmão tem pra ela. Delicada como uma joaninha. Pietra usa um vestido de alcinhas amarradas, branco com pequenas flores que imitam margaridas estampadas, tem uma roda leve na saia e ela passa mais ainda jeito inocente vestida assim.
É inevitável pra mim, acabo mesmo reparando nela. A pele clara planta um questionamento na minha mente:
💭Como será que fica depois de um golpe de cinto?💭
É, é o que eu gosto.
Pietra é bem o meu tipo mesmo.
💭Será que se interessaria pelo que eu posso fazer?💭
É bem provável que não, tenho certeza de que seu destino está marcado como o da amiga foi. Vai se casar com algum homem de caráter duvidoso, e está sendo guardada a sete chaves pra isso.
Uma pena, mas no final das contas é bom. Meu objetivo aqui é outro.
*******
Depois de tomar um banho eu desço pro jantar, me acomodo na cadeira quando vejo que Ítalo e a mulher já se sentaram. A senhorita Rizzo ajuda Antonieta a servir a mesa e eu reparo no jeito como olha pra Ambra. A dona da casa faz um gesto com os olhos pra cunhada, que confirma com a cabeça de maneira discreta e se senta do meu lado depois de deixar uma travessa com a salada caprese na mesa. O perfume de Pietra é gostoso, tem um fundo cítrico que chama a minha atenção como ela toda.
💭A senhora Rizzo entrou no jogo e decidiu usar a senhorita pra isso💭
Vamos ver onde elas querem chegar.
Vou continuar no meu papel de sempre, de repente Ambra fala comigo:
- E então, Paolo, gostou da cidade?
Dou um sorriso pra ela embarcando na sua.
- Muito. Tanto que estou pensando seriamente em aproveitar minhas férias na faculdade pra conhecer melhor esse país todo. É engraçado, saí muito pequeno daqui e nunca mais voltei, mas agora parece que estou verdadeiramente em casa.
Ela me passa a travessa com a salada e abre um sorriso largo pra mim.
- As raízes italianas são fortes e inegáveis, não são?
Volto a minha a atenção pra ela e resisto a vontade de dizer que as raízes italianas pra mim são uma verdadeira merda.
- Parece que sim.
Baixo meus olhos voltando a me concentrar na comida. Antonieta cozinha muito bem e eu estou com fome depois do passeio todo de hoje.
Eu posso perceber um movimento de Ambra cutucando Pietra com a perna. Ela realmente acha que está sendo discreta e que eu sou pião no tabuleiro e isso me irrita.
Não demora e eu escuto o tom de voz meigo e interessado da Joaninha do meu lado. Ela está sendo usada pela amiga.
- E então, como anda o livro?
Pois bem, eu vou fazer um teste aqui.
Olho pra Pietra e dou um sorriso de canto, ela se surpreende pela minha mudança de postura, fica ruborizada e eu uso o tom de voz certo pra falar com ela.
- Está entrando na fase final, acho que seu irmão e sua cunhada serão meus últimos entrevistados.
Pietra obedece ao meu tom de voz. Ela é uma Honey nata, a personalidade perfeita pra mim. Me encara fixo enquanto eu me conecto direto com ela a olhando fundo nos olhos, as pupilas folha seca me encaram de volta dilatando.
Ela não sabe ainda, mas achou alguém por quem é naturalmente atraída do mesmo jeito que sou naturalmente atraído por ela. Somos opostos e ao mesmo tempo como metal pra imã. Sou capaz de apostar agora que se eu a disser pra subir até o meu quarto e me esperar nua, ela vai me obedecer sem questionar.
💭Aaaah Honey, será que eu vou ou não vou com você?💭
Sinto meu p*u começando a querer dar sinais de vida, mas graças a Deus somos interrompidos. Ambra quem fala comigo.
- Está entrevistando apenas casais?
Dou atenção a ela saindo do pequeno feitiço que criei e que também fui vítima.
- Não, já entrevistei senhores e senhoras que são viúvos agora, também pessoas divorciadas. Mas isso foi em outros países, nos de cultura mais rudimentar.
Ela parece empolgada com isso.
- E pessoas solteiras?
- Você diz pessoas que nunca se casaram ou que estão prestes a se casar? Por que a segunda opção eu já entrevistei também.
A senhora Rizzo nega com a cabeça.
- Estou falando de pessoas que nunca se casaram mesmo. Tipo, a Pietra, por exemplo, que é jovem e romântica e deve ter uma idéia "X" sobre casamento. Também a Antonieta que nunca se casou, mas viveu alguns amores e já é mais velha, e por tanto, deve ter uma idéia "Y".
Por que ela quer incluir a cunhada e a governanta nessa história? Meus sinais de alerta ligam forte na minha cabeça, mas eu vou em frente.
- Olha, Ambra, é uma boa idéia.
Me viro para as duas mulheres que estão no mesmo lado da mesa que eu.
- Aceitam ser minhas entrevistadas?
Enquanto eu descubro o que o irmão quer comigo, eu vou aproveitar pra sondar o terreno com Pietra. Vai que eu tenho uma surpresa boa com tudo isso?
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