"Lágrimas, Lágrimas vindas de um quase silencioso choro, eram tudo o que podiam ouvir"
Em uma cidade comercial do século XVIII, um homem caminha calmamente, com passos tranquilos, loiro e de um olhar intimidador, andando pelas ruas movimentadas de Londrine. Olhares curiosos se direcionam a ele, provavelmente por causa de um corvo que parece
repousar sobre seu ombro direito. Ele parece ter certeza de onde deve ir, e em quanto tempo chegará lá. No meio de sua caminhada vagarosa, reparando no cenário a sua direita, ele vê um mercante, vendendo algumas frutas. Ele se aproxima com um jeito curioso mas calmo, e diz:
-pelo movimento parece estar tendo boas vendas hoje.
o mercante com uma expressão alegre responde:
-sim, estão indo muito bem. Por que não leva algumas frutas também?
o Homem olha para seu corvo e alguns instantes em seguida olha novamente para o mercante, respondendo:
-obrigado mas, Não é o que estamos procurando.
o mercante com medo de perder um cliente, apressadamente fala:
-espere um pouco! Te garanto que vou achar algo que te interesse.
enquanto o mercante se vira de costas, o pensamento vem na sua mente;
"Não é o que estamos procurando"
-espera! nós quem? diz ele em seu pensamento enquanto se vira rapidamente. Apenas para perceber que o rapaz, não estava mais ali. Infelizmente ou felizmente para aquele mercante, ele nunca mais o veria novamente.
Esse homem com um corvo em seu ombro não parece ter um nome, mas se fosse para chamá-lo de algo, ele seria mais conhecido como:
"domador de corvos"
Depois de sua interação com o mercante, o homem misterioso continuou sua caminhada pelas ruas movimentadas de Londrine. As pessoas ao seu redor continuavam suas vidas, alheias à presença enigmática entre eles. O corvo em seu ombro parecia inquieto, seus olhos brilhantes observando atentamente os arredores.
Gradualmente, as ruas começaram a se esvaziar à medida que ele se afastava do centro da cidade. As lojas coloridas e os vendedores ambulantes deram lugar a becos estreitos e sem movimento. Ele nunca tinha passado por ali antes, mas por alguma razão, sentia que era o lugar onde precisava estar naquele momento.
Um dos becos parece vazio, não há literalmente ninguém nele, exceto um homem alto e robusto que espanca um morador de rua qualquer, como diria a maioria. O morador de rua, mais conhecido por todos como Joseph, sempre esteve por ali. Sua mãe, uma prostituta que deu a luz para Joseph nas ruas daquela mesma cidade. Foi abandonado por sua mãe e um pai que ele só conheceu porque era um cliente um tanto quanto frequente nos trabalhos de sua mãe, entre as outras amarguras da vida problemática de Joseph. Agora ele se encontrava sendo espancado, simplesmente por pegar comida em uma lata de lixo na frente de um restaurante frequentado pelos ricos e poderosos. O agressor?! era filho do dono do tal restaurante. Nosso protagonista, esgueirando olhares observava tudo pela entrada do beco, sem ser notado, mas ele não iria interferir, Ele não tinha motivo para interferir. Por que? porque o corvo não chorou...
Em uma cena completamente brutal, e de causar indignação, o homem que vivia nas ruas desde sua infância, se via agora morto, após uma sessão de espancamentos violentos vindos de um homem odioso, que sairia impune, pois era um dos: "amigos ricos de um podre governo" somente agora, com o homem morto,e um silêncio tremendo naquele beco, mas o vento começava a soprar intensamente, o mesmo vento de quando você sabe que a chuva virá.
Em meio a tudo isso, uma lágrima cai dos ombros de alguém, pois o corvo, o corvo finalmente chorou. O agressor que acabava de se distanciar alguns passos daquele beco sem testemunhas, com os mesmos sapatos que ele chutou o pobre rapaz, os esfregava no chão, em uma tentativa de limpá-los. em sua distração momentânea, um homem de olhar bem intimidador, uma capa preta, envolto por suas vestimentas de elegância, aparecia nas costas daquele homem. Falando com uma voz calma e serena, um tom de curiosidade ironica:
-Você sabe o que você fez?!
O homem assustado se vira, perguntando quem era aquele homem, ao mesmo tempo que em sua mente, vinha a ideia de que aquele homem sabia de tudo, de tudo que tinha acontecido, embora ele não tivesse provas.
Então o que restava era matar aquele jovem ali mesmo, da mesma forma que ele fez com Joseph.
Ele avança em direção ao jovem, que por algum motivo, se desfaz em sua frente, apenas para reaparecer nas suas costas. Com aquele olhar que não transmitia ódio, não transmitia dor, não transmitia nada, um olhar vazio. E a mesma pergunta é feita:
-Você sabe o que fez, não sabe?!
O homem amedrontado, ao mesmo tempo quase que em prantos de agonia ajoelhado no chão, com desespero em sua face, responde com uma voz misturada a um grande medo, e gagueja:
-o que e... eu fiz? é sobre aquele homem??? ele... ele não tinha o direito de fazer aquilo.
O jovem com um corvo em seu ombro direito, olha fixamente nos olhos dele, enquanto estende seus braços para os corvos que sem explicação apareciam e pousavam sobre eles. Dizendo uma pequena frase, mas objetiva:
- O que você verdadeiramente fez, foi... O Corvo chorar."
A cena se escurece como quando alguém fecha as pálpebras de seus olhos, não vemos mais nada, apenas ouvimos gritos, um ranger de agonia e dor insuportável, podendo apenas supor o que está acontecendo ali.
A cena retorna alguns minutos depois, e o corvo que estava em seu ombro agora voava em liberdade. Vemos o domador de corvos indo embora, o vendo pelas suas costas , enquanto a imagem vai se tornando cada vez mais borrada, e perdendo sua nitidez quanto mais longe ele fica, até desaparecer completamente.
Exatas Duas horas depois, quase chegando o pôr do sol, duas jovens prostitutas passavam por aquele beco, um caminho comum para ladrões, prostitutas e moradores de rua passarem. Uma murmurava para sua acompanhante:
-Você sabe o quanto eu não gosto desse atalho! nesse beco nunca vejo sequer uma alma viva.
Ao Caminhar um pouco, elas veem um homem caido e ensanguentado. Elas olham para o corpo de Joseph, que há algumas horas havia sido morto de forma brutal, para tristeza de Joseph, elas espantadas não pensaram duas vezes, e seguiram o mais rápido que puderam em direção ao fim daquele beco. Ignorando seu corpo, apenas para encontrar outro corpo mais a frente. Uma delas estava quase em estado de pânico sem entender o que havia acontecido ali, enquanto a outra, dirigindo a palavra para a acompanhante dizia:
-Julianne! anda logo! vamos sair daqui. Credo que coisa horrível! esse homem teve seus...
(dizia ela quase vomitando quando se referia ao corpo do agressor) sem conseguir terminar sua frase, elas vão embora pelo fim daquele beco o mais rápido possível. Por falar nisso, se ela tivesse sido capaz de terminar sua frase que seria mais ou menos a seguinte: "esse homem teve seus... Seus olhos arrancados"
Talvez isso tivesse algo a ver com o jovem domador de corvos que também esteve naquele beco, mas um fato curioso sobre os corvos seria (Os corvos costumam ser animais necrófagos,(se alimentam de cadáveres) então aqueles olhos não seriam um acaso.)...
Alguns dias após os acontecimentos com Joseph, Nossa visão de cenário é trocada, nos mostrando a cidade de Londrine. No departamento militar local, um homem de porte educado se assenta na mesa principal desta delegacia. Ele minuciosamente lê uma grande papelada, em uma delas escrito: "Privado". Era nessas páginas clipadas que se encontravam alguns casos não resolvidos daquela cidade. Porém, um caso dentre os outros lhe chamava a atenção. Caso esse que foi apelidado de "O colecionador de olhos". Todos os crimes ali presentes possuíam suas brutalidades e características distintas, porém aquele em específico, o tirava a atenção:
- "Um doido lunático por olhos, hmm... quantos mais doentes mentais essa cidade ainda vai abrigar?!" - ele falava baixo consigo mesmo. Antes de se concentrar em seus amontoados de papel.
Enquanto o homem no departamento militar se perdia em pensamentos sobre o 'colecionador de olhos', a cena mudava vagarosamente nos levando a outro lugar. Agora, estamos em uma cidadezinha ao sul de Londrine chamada 'Busken'. Uma estrada de terra serpenteia pelo meio de vários pastos, formando uma trilha específica. Ao longe, o domador de corvos caminha sem pressa por essa trilha. Um corvo, que em seu ombro descansa, olha com olhares fixos para a direção de um moinho. Moinho esse que guiava para um pequeno rancho ali perto. O corvo sabia que aquele lugar era o lugar que deveria ir. Se o corvo sabia, o domador também.
Podemos agora ver dentro daquele rancho, dentro daquela grande casa feita de madeira. O jovem garoto que ali morava, pedia perdão de joelhos ao seu suposto padrasto, que segurando um pedaço de cinta em sua mão esquerda, ao mesmo tempo que em sua direita, segurava um pedaço de tecido. Tecido esse que o garoto havia, sem intenção, manchado enquanto brincava perto do quarto daquele homem. O homem, com uma voz estridente e com uma raiva muito perceptível, levantava sua mão direita, se posicionando para golpear o garoto. A cena vai se distanciando, tudo o que vemos ao longe são sombras, mais como uma cena de teatro, quando as cortinas se fecham. Não escutamos gritos, pois tudo se torna um silêncio. Porém, podemos ver uma figura ajoelhada, tentando se defender da dor que sentia, em uma cena duradoura e triste, de um abuso de violência, vindo de quem deveria cuidar e proteger.
Enquanto a cena se distancia até chegar perto do moinho fora do rancho, se aproximando de outro elemento. Quanto mais perto vemos, notamos o olhar de um corvo, um olhar fixo, um olhar silencioso, mas que diz tudo. Diz que algo está por vir...
Ao escurecer, o garoto que por várias vezes foi castigado ao longo de sua vida, após a triste morte de sua figura protetora, sua mãe, que apesar de forçada a ter um casamento arranjado, foi uma mulher alegre, pelo menos era o que o pequeno via em suas memórias. Memórias de sua mãe sorrindo, apesar de tudo.
O garoto agora trancado em um quarto isolado daquela casa, castigado, sem ter direito a se alimentar, sem ter direito a sequer água, em um caso de completo mau trato.
Um menino muito franzino, já sentindo uma certa fraqueza, fato que aquele não era seu primeiro castigo dessa maneira. Ninguém se importaria com aquele garoto de qualquer forma, se ele morresse ninguém daria a mínima. Afinal, ele era considerado um bastardo, filho de uma "estrangeira" naquele país.
O menino, sentado no chão com uma leve fraqueza em seu corpo, percebe algo diferente dessa vez. Está mais escuro do que o normal, mas a sensação de que tem alguém com ele o dá calafrios. Não demora muito para aquele garoto ouvir uma voz sussurrando naquele quarto:
- "Uma situação lastimável."
O garoto, agora ainda mais assustado, perplexo e sem palavras, continua calado.
A voz volta a dizer:
- "Você o odeia, garoto? Sente ódio? Queria ter poder para não ser subjulgado? É assim que se sente?
O garoto, ainda com medo, mas pensando em quem poderia ser, não responde nenhuma dessas perguntas. Ao invés disso, ele pede pela ajuda daquela voz:
"Por favor! Quem está aí??? Pode me ajudar?"
A voz, com um tom sincero, calmamente diz:
"Não, eu não posso."
O garoto pergunta, indignado:
"Por que não? Você também tem medo dele? Quem é você?"
A voz, lentamente, fala:
-"Porque eu não vejo lágrimas."
O garoto diz com seu olhar de tristeza e choro:
- "Mas eu estou chorando! Eu não aguento mais."
-"Você não... eu não vejo lágrimas, nos corvos."
Diz a voz que em seguida some, deixando o garoto mentalmente confuso, amedrontado, além da situação que se encontra não ser favorável. Pode ser ouvido um afastado som de vidro sendo quebrado.
Alguns quartos ao lado, pode ser visto um homem que, em um de seus momentos de raiva, atira algumas garrafas contra a parede, enquanto consome cada vez mais álcool, com o passar do tempo desmaiando, em sua embriaguez descontrolada.
As horas se passavam naquele quarto escuro. O menino pálido mantinha a esperança, mas parecia que ninguém viria libertá-lo daquele quarto. Dois dias já haviam se passado na mesma situação.
Ao acordar, o homem bêbado se levantou confuso. Ele não estava nem um pouco sóbrio. Sem se importar ou lembrar do garoto naquele exato momento, ele começou a se arrumar. Sua memória estava embaçada devido à embriaguez, e a lembrança de um garoto que ele havia castigado em um dos seus quartos dias atrás veio à mente.
No entanto, a maldade inerente ao seu coração e a consciência das mínimas consequências o levaram a ignorar a situação. Ele se apressou em trocar de roupas. Tinha dívidas importantes para acertar na cidade grande. Para ele, isso era mais valioso do que a vida do garoto que nunca lhe trouxe benefícios. Em sua mente cruel, ele justificava suas ações.
Dentro daquele quarto escuro, um garoto pálido, caído no chão, via lembranças de sua breve vida, com apenas uma única coisa que o fez aproveitar algo em sua vida na terra, sua falecida mãe.
O garoto parece dar seus suspiros de fraqueza, antes de desmaiar. Aquele desmaio seria o último antes do final, o final daquela vida.
Do lado de fora da porta, vemos fios de cabelos loiros. Ao aproximar a cena, vemos um homem que, com um corvo em seu ombro, observava tudo, desde o início, mas que por um motivo desconhecido, não fez nada. Olhando com aquele olhar, sem sentimento, até que se escuta um som, um grunhido alto. Era o corvo em seu ombro, aquele corvo, chorava...
A cena seguinte nos apresenta o padrasto daquele garoto, já em seu caminho, em cima de uma carroça. Ele açoitava os cavalos, apressando-os para seu destino.
Em sua pressa durante seu caminho, ele avista a figura de um homem ao longe, um homem trajado em uma veste elegante, com cores pálidas e mortas. Ele para sua carroça, mandando o homem sair de sua frente, não obtendo resultado.
Ele então açoita os seus cavalos, assumindo que o homem sairia de sua frente de uma forma ou de outra. Os cavalos se recusam a sair do lugar, não importa o quanto ele os açoite. Eles parecem sentir uma imponência maior do que aquela vinda dos açoites, uma imponência maior do que a dor que sentiam.
O jovem em sua frente, com os dois braços estendidos, perguntava ao homem:
- "Por que? Por que você queria tanto que o corvo chorasse?"
O homem, confuso e amedrontado, agora pergunta o que se passava na cabeça daquele "louco", segundo ele.
Corvos apareciam de algum lugar, com um único destino, os ombros e braços do domador, que os recebia com um gesto de seus braços. Após toda essa encenação, o homem, com calafrios, pula de sua carroça, e corre na direção contrária, tentando correr o mais rápido possível, desesperado, e gritando:
- "Por favor!!! Me deixe em paz, seu demônio!"
Não muito tempo depois disso, os corvos que hospedavam os braços e ombros do domador, iam na direção do homem, em grandes quantidades, proporcionando sofrimento e dor. Aquele homem, já não teria mais como sair vivo daquele lugar. Enquanto o pôr do sol vinha, e a cena se afastava, até não termos mais visão do que ocorreu ali.
Após todo esse ocorrido, podemos ver o jovem domador sentado em frente ao moinho daquele rancho, estendendo seu braço direito para o alto, de onde um corvo salta, e voa em liberdade...
Em um breve salto no tempo, uma semana se passa desde os acontecimentos em Busken. Agora, com nossa atenção novamente em Londrine, ouvem-se barulhos de alguém batendo à porta. Um homem, que parece ser um oficial militar, bate na porta do escritório do Oficial Connors. Este último estava analisando uma papelada, em busca de um sentido para o suposto assassinato em um beco aleatório daquela cidade. Uma pequena conversa entre o Sr. Connors e o oficial acontece. O oficial vai embora, mas não antes de entregar mais alguns documentos para Connors, que agora lê os documentos, relacionando as semelhanças entre o crime do beco e um recente crime na cidade de Busken. Dentre as semelhanças daqueles crimes, o que mais chamava sua atenção era a falta de órbitas oculares nas duas vítimas. Havia outro incidente ligado à vítima deste mesmo crime. A vítima, um homem de 45 anos, viúvo, tinha em sua casa algo curioso, mas nauseante: um corpo não identificado. Isso deixava Connors cada vez mais confuso, mas ele assumiu que aqueles dois corpos eram obras do mesmo assassino. O homem continua a ler sua imensa papelada, enquanto aos poucos a cena se escurece, nos levando para um plano diferente na manhã seguinte.
Vemos um brilho vindo de uma janela. Com o afastar da imagem, um quarto muito bonito e polido é mostrado. Há um quadro de uma mulher na parede, uma mulher de família nobre. Este quarto pertence a Nicoletta, uma jovem garota em seus 20 anos, dona de um jeito inocente e doce. Seu pai bate à porta. Ele é um barão, de caráter egoísta e ganancioso quando o assunto são seus bens, mas amoroso para com sua filha. Ao abrir sua porta e ter um breve diálogo com seu pai, podemos ouvir alguns trechos da conversa:
- Um grande dia, querida! Se sente pronta para o tão esperado cruzeiro que seu pai irá lhe proporcionar?
diz ele com uma expressão alegre.
- Nunca me senti mais animada para algo em minha vida.
com uma alegria juvenil, a garota responde.
- Me alegro. Enxugue seu rosto e desça, teremos um belo café da manhã entre pai e filha.
diz seu pai enquanto ouvimos seus passos descendo os degraus da escada.
A garota, olhando para a janela com um pequeno sorriso, acorda com uma tremenda alegria. Ela lava seu rosto e sai de seu quarto. A cena continua no quarto, agora vazio, alguns segundos após a saída da garota, a cena vai lentamente para mais perto da janela, podemos vislumbrar uma pequena pena preta. Com suas cores mórbidas, ela cai até sair de vista. No mesmo momento, a cena é cortada...
Três dias se passaram desde que a jovem Nicoletta nos foi apresentada. Agora, vemos a jovem, que de mãos dadas com seu pai, ambos aguardam em um porto.
Pombos e pássaros são vistos naquela tarde. Eles, em seu voo contínuo, fazem companhia na espera de sua embarcação. Após algumas horas de espera, o barulho de um navio que corta o mar severamente é escutado. Eles têm sua embarcação garantida naquele navio privado, apenas para os nobres e homens de grande posse. Dentro do navio, mesas decoradas, com lindos tecidos, velas apagadas, esperam a chegada da noite para serem incendiadas. A jovem, que agora se vê sendo apresentada para um dos funcionários da embarcação por seu pai, que pede para o funcionário guiá-la até seus aposentos. Aquele homem assim faz, porém adiantando uma saudação calorosa:
- Muito mais que uma honra receber um dos barões mais conhecidos de todo o país.
Enquanto ressalta a importância do barão, antes de saírem de sua vista e irem direto para o quarto da moça.
A jovem, que agora se encontra em seus aposentos, se organiza para aquele longo cruzeiro, que em sua mente, promete um mês de pura calmaria no mar, além de uma interação mais profunda com membros de várias famílias de nome conhecido. Enquanto a garota arruma seu dormitório temporário, a cena é pulada, nos mostrando o mesmo funcionário que os recebeu, uma semana após a partida daquele cruzeiro, que durante a noite, em seu quarto, com pensamentos de enojar qualquer um, um caráter questionável sendo mostrado através de seus pensamentos, que pareciam mostrar um grande interesse na filha do barão. A cena que se embaça, nos mostrando um entardecer do oitavo dia.
A garota, que acabara de sair de seu quarto, após um curto cochilo da tarde, anda pelo corredor daquele navio, até que se depara com aquele mesmo homem, o empregado que a recebeu juntamente de seu pai. Ele estar naquele lugar arriscava seu emprego além da confiança que tinham nele, afinal, não era lícita uma interação entre um funcionário do cruzeiro e uma dama nobre, a não ser que lhes fosse permitido. O homem que inquieto, fingia estar tranquilo para conversar com a garota, com algo que tinha em mente, cumprimentava a garota:
"Uma boa tarde senhorita! Eu... (gaguejou ele em sua primeira fala) eu gostaria apenas de alertar que teremos um buffet amanhã à noite, com direito a boa música no salão." Dizia ele, o que até então era verdade, mas sua sentença seguinte era uma óbvia mentira, que apenas a inocente garota não perceberia.
"Para os nobres mais renomados e conhecidos teremos um espaço especial, no segundo andar do salão, você e seu pai estão garantidos. Os guiarei na noite de amanhã." O salão realmente tinha seu segundo piso, mas o caminho que ele tinha em mente, não levava até ele.
Após um doce agradecimento e despedidas da garota, aquele homem se vai, assim como a garota, que caminha pela direção contrária, rumo ao deck da embarcação. Nos dando uma visão ampla do lado de fora do cruzeiro, onde uma tarde com um sol forte nos mostra a alegria juvenil da garota, que contempla a paisagem, enquanto se apoia nos corrimãos. O mar reflete sua calmaria tremenda, finalizando a cena, com um belo sol, que durará por mais algumas horas, até que se ponha.
Ao recobrarmos a visão do cenário, um salão chique é visto, várias pessoas da nobreza caminham por ali, um homem que aparenta ser um duque dança com sua esposa, ambos aguardando que a comemoração comece, algumas crianças brincam sentadas na mesa do salão, impacientes e ansiosos pelo banquete. Uma jovem que entra pela porta do salão, seguindo o conselho do funcionário, entra pela porta esquerda, ao entrar se depara com um corredor, as luzes estavam acesas, a porta pela qual ela havia entrado tinha a placa "apenas funcionários". Ela confusa não sabia o porquê tinha que ir por ali, pensando em voltar para trás, o funcionário que a tinha aconselhado aparece saindo de uma outra porta, pelo canto esquerdo daquele corredor, ele a cumprimentando diz:
"Ai está você, seu pai já subiu, e te espera, achei que você não tivesse visto a porta." Dizia ele, com uma atuação que seria suspeita para muitos, infelizmente não para a ingênua garota, que apenas questiona o caminho pela porta de funcionários, explicada pela desculpa fajuta de que por um erro de organização deles, o caminho para o segundo andar, também passava pelo mesmo corredor.
Um pouco confusa, mas com um pouco de boa fé no rapaz ela o segue, entrando pela porta esquerda, porta que o empregado conhecia muito bem. Ao entrar naquele lugar, o homem repentinamente trancava a porta, ela assustada em angústia e desespero, para sua infelicidade aquele era um corredor mais abafado e distante do salão, para os convidados não ouvirem as preparações, ou conversas dos que ali trabalham. Os demais funcionários que serviam o salão principal não notavam sua falta, afinal, ele havia sido designado para limpar os sanitários, é o que se assumia que ele estava fazendo. Com uma certa brutalidade, ele arrastava a garota pelo corredor, que indefesa, soltava, gritos por socorro inaudíveis. Enquanto a cena se afastava, e se ouvia o som de mais uma porta se abrir, e logo após se fechar, enquanto a cena mudava para o quarto da garota, onde vemos uma figura assentada sobre a cama da garota, um jovem loiro observa o diário de Nicoletta, que aparentemente recém adicionou uma página ao seu livro, onde um trecho dizia:
"meu pai e eu nos divertiremos muito, e com certeza serão lembranças que levarei para toda a vida..."
O jovem fechava o diário enquanto olhava para o corvo que em seu ombro esquerdo repousava, ele então dizia com uma voz calma e serena:
-É, meu amigo, sei que você pode sentir. A desesperança exala deles, em seus piores atos de loucura.
isso acontece na cena de um quarto mal iluminado, que a partir daquele momento não traria boas lembranças.
os gritos de socorro podem ser ouvidos por nós, mas não pelos ali presentes, uma jovem cheia de juventude e vida, esperanças, se via agora, traumatizada, em sofrimento interno, pois haviam violado seus direitos...
Um homem é visto correndo pelo navio, em uma busca desesperada por sua filha, que ele tem procurado há quase cerca de 12 minutos, desolado, sem rumo, Interrogando todos que ele podia, sobre a jovem ruiva que ele não conseguia encontrar, alguns minutos mais se passaram até que os funcionários que evitando uma comoção alertavam sobre o desaparecimento da jovem donzela.
Busca que foi reduzida para 4 minutos quando todos se juntaram para procurar. Um dos funcionarios que com o objetivo de alertar, o suposto violentador, não o encontrou naquele sanitário, mas sim, o encontrou após algum tempo, em uma cena de desgosto, onde ele o via em completo desespero por seu próprio destino, após um tremendo ato de desgosto e desconstrução própria. vemos o olhar espantado do funcionário que encontrou aquela cena, que aos poucos se escurece...
Terminando com uma lágrima caindo no chão, vinda de um quarto escuro...
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