^^^"Afinal, quantas moedas eu valho?"^^^
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Num lugar muito distante do novo mundo, perdido no tempo, um pequeno e modesto vilarejo se mantém vívido junto às flores e frutos que a terra lhes oferece com muito custo. Do menor ao maior, eles suam nos campos e pomares, lotando suas carroças e cestas para movimentar a feira, onde as moedas de ouro, prata e bronze rodam de mão em mão todos os dias. Em seus corpos as almas buscam complemento, uivam como lobos solitários e ansiosos por companhia e acolhimento. As pessoas se dividem em dois grupos: homens alfas, dominantes, rígidos e calculistas. E mulheres ômegas, gentis e doces como mel; portando traços delicados e bochechas coradas.
No entanto, algo de incomum ocorreu quando nasceu ali um homem ômega tão belo e gentil que despertou o desprezo dos homens e inveja das damas. Estas torciam o nariz para as curvas peculiares e cabelos de ouro do rapaz, enciumadas, desprezando duramente os olhos brilhantes e gestos reduzidos numa timidez aliada a certo temor.
"Um homem de cheiro doce, tal qual uma dama. Abominável!" diziam eles ao jovem de dezessete anos enquanto o observavam de suas barracas na feira, ou mesmo na caminhada de volta para suas casas. Tal caso soava inimaginável, uma falha da natureza sem qualquer perdão. E nem mesmo o próprio jovem ômega ousaria discordar de seu julgamento.
Ele se considerava inadequado até o último fio de cabelo, mas se esforçava ao máximo para se encaixar naquele grupo, de qualquer forma:
— Passo o ponto, então devo cruzá-lo.
A agulha ia e vinha com seus pontos no tecido de linho junto às mãos de Jimin, o mais novo dos quatro filhos da família Park. Era preciso aprender uma nova função àquela altura, pois a convivência com os outros fora de sua casa não andava boa para os negócios da família.
Agora Jimin tentava se adequar aos costumes das mulheres ômegas, levando em conta que, embora fosse um homem, não tinha jeito com a rotina dos alfas.
— Para formar um novo arabesco.
Seus dedos pouco ágeis se encontravam doloridos por conta dos furinhos vermelhos gerados depois de descuidos, no entanto, ele persistia com suas tentativas de cativar sua mãe, que o observava sentada em sua poltrona naquela tarde abafada de fim de verão.
— Estou indo bem, omma? – perguntou Jimin, ansioso por sua aprovação.
— Para um homem... – o comentário nada contente da Sra. Park desanimou o filho, embora ele não expressasse aquilo ao prosseguir com seu trabalho cuidadoso. — O que há com esta expressão desgostosa? Longe de mim lhe acusar de ser um caso perdido na única coisa que acredito ser de seu talento, Jimin. Sei que você guarda mágoas muito facilmente, mas não há motivos para tanto desta vez.
Inesperadamente, Jimin desejou contraria-la porque não era verídico que ele guardava mágoas como foi dito. Se a Sra. Park estivesse certa ele não estaria ainda debaixo do seu teto, ou mesmo sendo obediente ao seu pai e irmãos.
Mas não valia a pena lançar argumentos, afinal, sua mãe era exatamente aquilo que o acusava: terminantemente sensível ao mínimo tom acusatório.
— A senhora está certa, é claro.
— No entanto, seu ponto está errado – com um olhar frio, ela o obrigou a refazer o trabalho. — Oh, por Deus, você nunca foi normal. Mas tem me dado o dobro de desânimo esses tempos, Jimin. Nossa família está imersa num rio de vergonha e, ainda por cima, posso nos imaginar sustentando sua inutilidade por toda a vida. Você errou outra vez! Será que só sabe chamar por alfas, como um imundo abominável?
Jimin também poderia dizer que nenhuma daquelas acusações estavam certas, que jamais chamou por alfas em sã consciência. E não era imundo, tampouco uma abominação. Mas os outros faziam todo o esforço para que acreditasse naquilo.
No entanto, ele não passou dezessete anos ouvindo tais adjetivos. Seu rancor se deu início a três meses atrás, um período recente para tomar costume.
— Preciso do seu incentivo – Jimin pediu, tímido e cabisbaixo. — Por favor, me ajude a ser útil em nossa família.
— Por acaso, não estou aqui para ensiná-lo a bordar? Mas agora vejam só, não posso expressar minha frustração debaixo do meu teto. Sou cruel, pois não? Que disparate! É natural que eu fique inquieta por ter um filho ômega, quando se sabe que estamos diante de um caso incomum. Atente-se ao ponto, Jimin! Ah, mas não me agrada, não mesmo.
A Sra. Park gostaria de ser totalmente sincera e dizer-lhe que estaria de fato contente se Jimin fosse uma garota ômega — como era de se esperar — mas preferiu refrear seu impulso mais extremo diante do rapaz já tão fragilizado.
— Eu aceito o que a senhora achar melhor, omma.
— No entanto, aí estão os seus olhos cheios de lágrimas. Você chora como uma dama e deforma por completo sua imagem já tão frágil de homem. O que vou fazer? Eu bem que desejo não ter que lidar com isso, pois já ando tão cansada! Você não tem os dotes de uma ômega de verdade, tampouco poderia ter o porte másculo que era de se esperar de um homem – a Sra. Park o analisou enquanto Jimin voltou seus olhos imensos e castanhos para sua imagem endurecida. — Sua voz é suave como a brisa das manhãs, seus olhos carregam o resplendor das estrelas. Mas que desgraça, você não seria uma ômega de se jogar fora, Jimin. Entretanto, tudo isso se perde quando não há uma fenda entre as suas pernas.
— P-passo o ponto... – Jimin se perdeu um instante, encontrava-se em conflito sobre o que ouvir de si mesmo e de sua mãe. — Cruzo corretamente, e então... Então vou...
— Está errado! Você está errado!
— O p-ponto... – a agulha perfurou o dedo do jovem outra vez naquela tarde, ocasionando um grunhido que terminou preso em sua garganta. — Perdoe-me, eu realmente...
Enfurecida ao observar os olhos castanhos baixos e inundados por lágrimas presas, a Sra. Park apertou as mãos juntas no colo:
— Aí está a prova de que só estamos perdendo tempo, um tempo escasso. Sinceramente, o que diabos vou fazer com um homem ômega em meu lar? Se você não tem forças para segurar o cabo de enxada e foice sem que suas mãos se encham de feridas, deveria ao menos dar conta de uma agulha!
Trêmulo por conta da enxurrada de xingamentos que passou a ouvir naquele momento, Jimin limpou o suor da testa e não teve coragem de encarar os olhos de fúria da mãe. Insistia com os pontos, embora odiasse vê-los tortos e tão feios que não poderiam ter serventia alguma. Sua mãe tinha razão, ele pensou imediatamente: não servia para aquilo, ou para qualquer outra coisa.
— D-devo continuar?
— Desista de uma vez, desista de uma vez por todas disto tudo!
De repente, um forte temor originado daquelas palavras o perturbou porque Jimin se lembrou de dias atrás, quando cogitou a possibilidade de dar fim aos seus ao seu tormento. Agora, desejava com todas as suas forças que sua mãe não estivesse levando-o a considerar tamanha crueldade contra si mesmo.
— Desistir de tudo? Como isto... como isto pode ser? Não compreendo o que me diz.
— E eu não compreendo sua existência – logo que desabafou seu desassossego, a Sra. Park se agitou na cadeira e soltou um pigarro brusco ao notar Jimin pálido e rígido. — Que postura irritante você toma, e que postura cruel é a que me coloca, Jimin. A única coisa que peço é que você aprenda algo nesta casa. No entanto, nenhum esforço é o suficiente, simplesmente não há como chegar a lugar algum quando se trata de você. E isso me irrita demasiadamente! "Faça-o ser alguém" seu appa me impõe este fardo; "Não o carregaremos em nossas costas!" reclamam os seus irmãos. Seja útil, ou simplesmente me deixe sozinha e livre desta vergonha!
— Vou fazer bem, mas, por favor, não me deixe sozinho – ele suplicou, sufocando seu desespero por falhar diante da mãe esfregando o vinco em sua testa enrugada. – Veja isto, omma, apenas observe melhor. Ficará tão lindo quando pronto que poderei vendê-lo para a Sra. Kim. Ela... ela o usará no centro de sua mesa de jantar, e me pedirá por mais bordados. Posso mudar quem sou, posso fazer isso imediatamente.
— Guarde sua confiança para o amanhã. No dia de hoje, como pretende remover estas manchas? Seus dedos estão sangrando, tornando seu trabalho um verdadeiro desastre – ela não se incomodou de acusá-lo quando tocou no linho para avaliar o bordado do filho entristecido. — Tal qual um homem com linha e agulha na mão, é o que vejo.
— Há muitos alfaiates homens – argumentou ele, ansioso para garantir esperanças à mãe. — Se eu me esforçar mais, posso lhe jurar, me sairei bem. Vou buscar mais linho e...
— Não temos moedas para desperdiçar com mais linho! E se você se esforçar mais ficará sem dedos, sendo um completo desagrado para uma rara alfa, caso ela resolva cair do céu para não condená-lo a uma vida de solidão nessa velha casa de madeira. Nada de linho, nada de mais erros da sua parte!
— Não g-grite, por favor – pediu ele, temeroso pelo rosto contorcido de fúria da mulher. — Por favor...
— Prefere que eu lhe diga palavras bonitas, Jimin? Olhe para todo este sangue e me diga se eu posso lhe falar de dias de glória para um homem ômega – impaciente ao ver as lágrimas rolando dos olhos de Jimin envergonhado, ela se levantou, tirou o longo tecido de linho do colo dele e o jogou sob sua poltrona. — É incapaz de lidar com números para ajudar o seu appa e irmãos na feira. Sequer consegue tomar sol sem que fique doente! Admito, sim, que você tem lá seus belos traços, mas isto basta para quem? De onde virá uma mulher alfa neste vilarejo? É claro que anseio que eu esteja enganada, e que ela se arranje com a forma que tentei educá-lo.
— Uma mulher alfa? — de repente, Jimin se surpreendeu com a possibilidade.
— Mas o que estava pensando? Nenhum alfa normal poderia aceitá-lo, isto é óbvio. Se você nasceu um homem ômega, ouse trabalhar bem com o que as damas costumam tomar seu tempo! Mulheres ômegas precisam ser úteis no lar e na cama; e com este último dos casos já não há mesmo esperanças para você.
— Eu não poderia gerar... Oh, com certeza eu...
Tomada pelo assombro, a Sra. Park apontou seu longo dedo:
— Seria grotesco, inimaginável que se atrevesse a gerar uma vida! Este ventre não é seu, Jimin, nenhum de nós perdoaria tamanha atrocidade. Seus cios de ômega, não me importa como, devem pedir por uma alfa mulher. Já não basta... não basta a vergonha que passamos? Se lembre disso, eu exijo que você mude o tanto quanto puder. Suas pernas... suas pernas são de homem, elas não se abrem para outro homem! Logo, não nos envergonhe tanto, jamais ouse criar fantasias imundas depois do escândalo no celeiro!
Ao citar aquele lugar escuro e úmido, a Sra. Park estranhou que Jimin, ainda sobre o banco, lhe desse às costas aos prantos enquanto tremia por inteiro.
Ao vê-lo se perder em lembranças terríveis, ela deu um passo para atrás e esfregou as mãos, nervosa:
— Está no passado, é claro que não há razão para exageros. Você... você acredita que eu também não tenho vontade de cair aos prantos por toda essa situação? Se coloque no meu lugar, ao invés de adotar uma postura que, obviamente, me faz refletir como um monstro aos seus olhos! Homens ômegas; não sei o que fazer com esta ideia do acaso, só consigo pensar no erro que tudo isto me parece. Se você não pode ser um homem alfa prestativo, não pode ser uma bela dama ômega e prendada, me diga, Park Jimin; o que você pode ser?
Quem dera Jimin pudesse arranjar como mágica a resposta que sua mãe tanto esperava enraivecida e decepcionada, nem mesmo esperanças de um dia encontrá-la ele tinha. Seu peito se encontrava dilacerado, o coração batendo com tanta força e rapidez que trazia calor e mau estar ao corpo ossudo e encolhido num canto.
— Me desculpe por ser assim. Se eu pudesse... se eu pudesse apenas desaparecer da sua vida, não ficar perto para pesar como um fardo. Mas para onde eu iria? Sozinho num cio, sem a minha alfa... – de repente, Jimin se perdeu no que pensava ser pensamentos, não se dando conta de que falava num fio de voz trêmula e falha. — Sinto tanto... tanto por ter nascido assim, porque só agora eu entendo que minha existência não tem, de fato, sentido algum. Quero mudar, quero ser um alfa, quero ser uma ômega, mas não posso ser nenhum dos dois. Por que só me resta ser um fardo? Isto me dói tanto que...
— Jimin.
De braços cruzados, a mulher não desviou o olhar endurecido do filho amuado no frágil banco de madeira, escondendo o rosto úmido com as mãos avermelhadas e evidentemente doloridas.
— Você é um homem, apesar de todo o resto. Pare de chorar, é repugnante vê-lo tão frágil quanto uma dama abalada. Nem mesmo as suas lágrimas podem ser comparadas.
— Omma, por favor...
— Já basta. Suma da minha frente, Jimin. Não suporto mais os seus lamentos. Chore no quintal, ao menos tomando conta da plantação. Só volte quando o jantar estiver na mesa.
Jimin não insistiu em tentar se fazer provar como um bom filho. Ele saiu em disparada pela porta, limpou as lágrimas com a manga da camisa de algodão e, em seguida, as ergueu para lavar as mãos na torneira do quintal, onde se podia ver a plantação de nabos, cenouras e batatas. A três meses, todas as tardes se repetiam como um ciclo, tão cansativo para sua mente que nenhum outro pensamento era realmente seu. As palavras de sua mãe não iam embora com o vento quando Jimin ficava sozinho, elas o torturavam duas vezes mais depois de tudo.
Desse modo, o jovem ômega se encontrava frequentemente aéreo e com aparente exaustão.
— Estou esquecendo de algo.
Não era muito para garantir o sustento de uma família com tantos filhos, por isso seu pai também trabalhava tratando dos cascos dos cavalos da vizinhança.
— Oh, por favor – de súbito, Jimin se lembrou de que deveria ter cumprido uma ordem de seu pai, e agora teria que correr até a casa dos Kim para fazer a entrega de uma caixa de cenouras. — Terei tempo, tenho certeza.
Enquanto ele foi colher as cenouras, lavá-las naquela mesma torneira e colocá-las na caixa, não se deu conta de que era observado por um cavaleiro no alto do pequeno morro, à esquerda de sua propriedade. A sombra das árvores o mantinha em precária discrição, e teria que bastar por mais alguns dias. E Jimin efetuava seu trabalho com atenção; sendo inseguro como todos sabiam, era vagaroso. Mas o homem continuava ali, em vestes retas de tons bordô, onde uma fileira de medalhas deixava evidente sua alta posição para com a monarquia.
— É tão jovem – os lábios ressecados do homem permitiram que seu pensamento escapasse. — E tão pobre que não me espanta que seja um saco de ossos por baixo daqueles panos puídos. Pela Rainha, não há nada de encantador, nada mesmo para levar em consideração.
— Rosto de fada! – a voz de menino surgiu por detrás das costas do homem, e a face corada de criança curiosa se mostrou para o pai, que assentiu contrariado. — Sim, appa, ele teria mais beleza se comesse como eu, que tenho grande apreço por devorar uns bons pratos de carne e galinha.
— Talvez você esteja certo, Hyan.
O menino curioso murmurou confuso, pois se encontrava realmente surpreendido com a figura de Jimin ao longe:
— Appa, o senhor acha que louros como os Park podem ter descendência das fadas? Ele se parece com a personagem do meu livro de gravuras: falo da fadinha magricela de cabelos amarelos. Acha que estou certo? Tenho pensado nisso com certa frequência, desde que recebemos a missão de fazer guarda ao plebeu.
— Oh, meu caro – seu pai se divertiu com a mistura de formalidades e infantilidade do filho de apenas seis anos, mas prosseguiu. — Quem sabe, podemos estar diante de seres mágicos. O rosto de fada é inegável, e os cabelos claros brilham contra este Sol implacável.
— A princesa vai gostar muito dele, certo, appa? Também estou certo sobre isto, ainda mais quando aquela fadinha ganhar bochechas rechonchudas de quem come do bom e do melhor. Ela contou à minha omma que prefere ômegas como aquele, que nasceu tão diferente quanto a própria.
— Este garoto – Hoseok ralhou, mas Hyan insistiu.
— Ouvi também que a princesa Jaehye espera marca-lo no baile de inverno, depois de tirar todas as suas dúvidas pessoalmente. Estamos diante de uma fada de sorte!
— Você voltou a ouvir conversas debaixo da saia de sua omma, garoto? Já lhe alertei sobre sua falta de modos. Oh, então você apenas se ri de algo assim, uh? Anseio pelo dia que ela irá descobri-lo por debaixo dos panos.
— Appa, eu sou um bom espião, não me culpe por ter alguma excelência. Não faz sentido! E escute isto. Diferente de sua irmã alfa, o Jeonie não quer pretendentes no palácio. Todos tem conhecimento de que ele não será paciente com o modo que a fada magricela se comporta – o menino apertou os braços em volta da cintura do pai para que fugisse do olhar de repreensão sobre os ombros. — Sabe-se que o príncipe não gosta de homens fracos, appa. E aquele Park é mesmo tão fraquinho que fica vermelho apenas por tomar um pouco deste Sol 'implacívil.
— Diz-se "implacável", meu pequeno falastrão.
— São príncipes durões, alfas durões como eu mesmo sou!
— Hyan, controle-se de uma vez. A princesa prefere manter seu gene em segredo no momento.
— Mas...
— Se comporte, senão eu terei de deixá-lo na semana que vem. E não chame o príncipe por apelidos quando estiver fora do castelo, Hyan. As pessoas não compreendem, sequer podem cogitar algo do tipo com a família real.
Aquele homem era Jung Hoseok, o chefe de conselho da realeza, homem de confiança e incumbido de observar o ômega homem que tanto se ouviu falar, desde o escândalo com o clã dos Park.
— De todo modo, ao menos este jovem rapaz irá se livrar de maus lençóis – comentou ele, falando com si mesmo.
Foi esclarecido a todos, por meios dos boatos, que os homens da família Park esconderam por dezessete anos a situação do último filho, afim de evitar um escândalo e, por fim, a decaída das vendas de verduras na feira. Andavam sempre desconfiados pelos cantos, forçando o caçula a vestir roupas fartas e não falar com ninguém. Por muito tempo, sua aversão à camaradagem e a reclusão de Jimin foi suficiente para eles seguirem vivendo suas vidas. No entanto, no ano seguinte o primeiro cio do rapaz se deu e, por serem tão pobres, não puderam comprar inibidores que controlassem as dores e cheiro fortemente adocicado do ômega.
Naquela noite chuvosa, alfas das regiões mais próximas perderam o controle e correram para aquele cheiro de perdição, deixando em casa suas damas enciumadas e enfurecidas. O primeiro cio de Jimin obviamente atraiu aqueles alfas, mas de modo tão doce que muitos outros deles não paravam de chegar.
Os Park tiveram que trancar Jimin no celeiro e afastar os alfas que foram atraídos pelo doce cheiro de maçãs exalando pelos ares, realmente forte, mas que não os abalava por terem o mesmo sangue correndo nas veias.
— Pobre rapaz – Hoseok comentou ao se lembrar dos boatos terríveis.
— Sim, appa – Hyan respondeu aéreo. — O coitado é tão pobre.
— Oh, não falo apenas de posses, Hyan. Falo do quanto este Park sofreu no seu primeiro... Hm, bem, você não entenderia. Vamos de uma vez, temos que voltar para casa agora. Está ficando tarde.
O que não ficou claro para o menino é que Jimin acabou por entrar em transe naquela noite chuvosa, trancado no frágil celeiro.
Tampouco contou que o ômega não compreendia o que aqueles homens cercando o lugar, tentando quebrar as ripas de madeira, queriam consigo. Seu corpo estava quente, o suor encharcava suas roupas. A virilha queimava sensível ao toque que ele não ousou dar.
Foi naquele momento que Jimin se deu conta de que não era um alfa, mas o alvo de dezenas de homens tentando usar seu corpo como animais no cio.
Pena nunca lhe contarem a verdade sobre si mesmo, ao menos para alertá-lo dos perigos futuros que chegaram cedo demais.
Jimin sempre ouviu que era o alfa mais diferente de todos, por ser dócil quanto uma dama ômega.
Seu appa já tinha suas certezas, assim como os três irmãos alfas, e sua omissão deu margem para que o ômega estivesse tomado pelo despreparo e pavor enquanto ouvia rosnados por todos os lados, seguidos do sons de garras destruindo o que lhes era possível.
A chuva forte ainda dava conta de causar mais assombros. Os raios e trovões assustadores tinham forte impacto no escuro do celeiro úmido, mas os olhos de Jimin estavam atentos por todo o lugar, ao mesmo tempo em que ele se perguntava o que fariam consigo, caso conseguissem arrombar a velha madeira.
Naqueles dias, todo o vilarejo correu para lá, pois os homens e jovens filhos largaram suas casas para ver o burburinho. E suas esposas, irmãs e filhas os seguiram para tentar tirá-los daquela armadilha vinda dos Park, tão detestáveis nos dias de hoje.
— Sra. Kim – embora temesse o rancor dos vizinhos, Jimin precisava fazer aquela entrega, mesmo que apenas três meses do ocorrido tenham se passado. — Venho trazer as cenouras que pediu ao meu appa.
— Ora – estranhando vê-lo, a gentil mulher de cabelos ruivos apontou para a mesa da sala de estar, guiando Jimin até ali. — Como tem passado, meu jovem?
— Vou bem, minha senhora – esboçou um sorriso nada verdadeiro ao sentir-se avaliado com estranheza. — Agradeço sua preocupação. Oh, que belo é o seu colar, noto que são pérolas rosé. Realmente uma raridade.
— Que gentil, Jimin. Geralmente, as damas costumam notar estes pequenos detalhes... – sem que pudesse se reprimir, a mulher apertou os olhos com força e se arrependeu por seu comentário. — Não que você seja uma dama, é claro.
— Seria tão mais fácil se eu fosse.
— Pois sim – ela concordou com a mesma estranheza de antes, e o viu se encolher quando passos vieram da escada mais a frente. — Oh, não se assuste. Querido, volte para o quarto um instante! Meu filho Taehyung o intimida, Jimin? Depois do ocorrido, não deve ser fácil lidar com os alfas.
— Não quero incomodar.
— Vou buscar as moedas num instante, meu jovem. Tenho certeza de que as deixei na cozinha.
Jimin não se sentiu bem dentro daquela casa, havia um alfa ali também e ele temeu-o sem sequer vê-lo descer os degraus da escada. Preferia não ter contato com alfa nenhum, embora pudesse ouvir os assobios melodiosos do homem lá em cima.
— Estive na França.
Ele se assustou com o tom de voz sereno vindo dali, e voltou seus olhos grandes e expressivos para o alto, mas Taehyung soube respeitar seu espaço e não se mostrou de fato.
Seu vizinho prosseguiu com bom humor:
— Conheci um homem ômega naquelas ruas, Sr. Park. Acredita nisso? Outros homens ômegas? Você deve estar muito surpreso, tenho certeza de que pensou ser o único neste mundo. Bem, considerando que o seu mundo é este vilarejo, não posso culpá-lo por ser ignorante ao assunto. Oh, não vai falar comigo, certo? Embora esteja curioso; está sim. O adorável Sr. Min não tem os trejeitos de um homem, mas também não podem se assemelhar aos de uma mulher porque nota-se que há muito mais beleza em toda a sua peculiaridade. Ele tem traços delicados como os seus, uma altura mediana como a sua e, engraçado, soa bem mais falastrão do que você poderia se mostrar na vida.
Assustado, Jimin voltou seu olhar para as portas e teve receio por vê-las fechadas. Sua mente lhe dizia que Taehyung era um bom rapaz, que não iria intimidá-lo, mas seus traumas ainda eram muito recentes para que conseguisse se dirigir a um alfa. E tal assunto lhe parecia absurdo! Nem que sua garganta se abrisse um tanto mais, devido ao seu nervosismo, ele poderia comentar algo a respeito.
E o Sr. Kim não esperou realmente por seu retorno:
— Mas eu entendo o porquê de não falar comigo, ou com qualquer outro homem deste vilarejo, Park – como se ouvisse seus pensamentos, o alfa prosseguiu. — Soube que passou por oito dias muito difíceis, e que as noites eram muito piores, se arrastando longas e dolorosas para um pobre homem ômega intimidado por outros homens. Verdade que não puderam lhe dar de comer e beber? Os boatos são de causar tremores, mas nenhum de nós poderia estar na sua pele para que tenhamos a devida noção dos fatos. Em todo caso, disseram-me que você pedia aos céus que voltasse a chover para que arranjasse água, e que, quando todos os alfas se foram, seu corpo estava tão fraco que saiu dali carregado por seus irmãos. Boatos e boatos: Um cão no cio, é o que dizem por aí quando mencionam o mais jovem dos Park.
"Apenas cale-se!", Jimin implorou mentalmente e agradeceu pela Sra. Kim vir com suas desculpas pela demora, entregando cinco moedas e lhe prometendo que compraria nabos na segunda-feira. Porém, ele não contaria aquilo ao pai porque estava determinado a perder algumas moedas, desde que não voltasse à casa dos Kim para ouvir aquele alfa intrometido.
Entretanto, Jimin voltava pela estrada se perguntando o porquê de Taehyung, filho único dos Kim, estar de volta ao vilarejo tão depressa. Na certa, seus estudos foram interrompidos de forma apressada.
— Há outros como eu – ele se lembrou daquele fato, mas negou-se a acreditar que algum dia estaria diante de alguém semelhante. — Sr. Min; Sinto muito por ele, embora eu não o conheça.
Ele acreditava que todos os homens ômega eram uma falha onde quer que estivessem, pois era somente o que ouvia de sua omma, irmãos e pai. Que vida sofrida seus semelhantes teriam.
Diante de sua própria experiência, por mais que se esforçasse para se adequar a quaisquer dos lados, Jimin não sabia ser ômega como as mulheres, ou fingir ser o alfa forte e astuto como os outros homens se faziam ser. Estava perdido dentro de si mesmo, sentindo-se viver para causar incômodos, agora não somente entre sua família.
— Se eu pudesse ser mais prestativo...
Se desde muito novo ele foi rejeitado direta e indiretamente por seus trejeitos, depois do escândalo não há qualquer pessoa no vilarejo que o veja com bons olhos. É também por este motivo que Jimin não pode ajudar com o carregamento da feira, pois os falatórios quando é visto atrapalham os negócios de seu pai.
— Jimin!
Sua omma lhe chamava da porta dos fundos, pois a noite estava por vir, trazendo com ela um jantar modesto, pouca conversa e descanso para Jimin.
O dia seguinte não seria nada diferente deste, mas a semana seguinte aguardava novidades que poderiam assustá-lo muito mais quanto aos alfas, ou torná-lo grato por uma mudança inimaginável até então.
Em contra partida, havia muito a se dizer sobre o palácio onde a família real habitava. Rodeados por quadros de seus ancestrais fixos nas paredes de pedra, prataria e móveis de luxo, o conforto inegável se limitava a um total de apenas cinco membros da monarquia. O Rei Kyun IV, um homem de idade avançada e paciente, a Rainha Jayah, a princesa Jaehye, o príncipe Jeon e a matriarca da família, a antiga Rainha viúva hoje em dia. Como um todo, eram pacíficos, até que se estendesse a vista para os príncipes que não se aturam por mais de uma hora num mesmo ambiente.
É curioso que os gêmeos sejam tão diferentes, até mesmo em sua fisionomia.
Jaehye se orgulha de sua posição como a primeira mulher alfa de seu reino, tem anseio por cuidar de seu povo com toda a instrução recebida desde a infância. A princesa alcançou muitos corações até os vinte e três anos, não somente sua inteligência cativava, mas também sua personalidade fervorosa. Soa imponente e, ao mesmo tempo, muito gentil, vez ou outra se colocando mais vaidosa para se fazer presente em sua melhor figura. Seus longos cabelos negros cheiram a flores do campo, os lábios macios e bem traçados mantêm um costumeiro sorriso que aproxima qualquer outro que lhe interessasse.
Jaehye não tem dúvidas de suas virtudes: adequada para circular entre parlamentares, conselheiros e oposição. E o seu nome foi o mais bem visto para herdar a coroa, junto ao parceiro que descobriu estar mais próximo que nunca, segundo seus planos até o ápice da glória na monarquia.
Sendo um extremo oposto, o príncipe Jeon se mostrou alheio aos seus deveres com o reino, preferindo comandar as tropas de mais de dez mil homens, vivendo cada dia uma nova aventura que traria mais terras para compensar seu tempo distante da monarquia.
Seus piores dias eram os que se via obrigado a voltar para o palácio, vestir os trajes reais e acenar para a multidão do alto da torre, em algo que costumava chamar de "teatro mal arranjado". No entanto, se sua falta de simpatia e comprometimento o colocam em desvantagem num caminho rumo a Coroa, sua impressionante beleza atrai todos os olhares onde quer que esteja presente. Seu corpo foi moldado em favor das batalhas sangrentas, os olhos negros misteriosos carregam consigo uma sombra sobre os cílios, refletindo um ar desafiador, e seu maxilar firme e angular nunca relaxa.
Jeon não costumava ter conversas prolongadas, estava sempre indo embora. Porém, seu sarcasmo não passava despercebido antes do adeus. O príncipe curvava os lábios corados minimamente quando se via obrigado a ouvir mais do que o costumeiro, e quando os abria de modo a mostrar seu sorriso alvo, estava zombando em segredo, até que deixasse escapar ácidos comentários tão temidos por seus subordinados.
O próprio Duque do Vilarejo chegou a se retirar soltando palavrões certa vez, quando ouviu "... você não vale muito mais que suas botas imundas, então não me peça por um lugar no meu palácio, aldeão."
Aldeão! O Sr. Jin jamais perdoou tamanha afronta. Mas ele não era o único a ter seu orgulho ferido pelo príncipe. Nem mesmo a princesa Jaehye escapava do seu veneno, e ele a atacava outra vez, no almoço junto aos Reis no palácio.
— Um homem ômega – comentou ao encarar o óbvio desagrado estampado na face da irmã. — Posso imaginá-lo usando os seus vestidos enquanto você se coloca nas calças esfarrapadas do franguinho, irmã. Quanto ao que acontece depois do casório, recomendo que você seja gentil com a sua... dama.
— Há tanta curiosidade por detrás do seu veneno, irmão – Jaehye deixou a xícara de porcelana no pires, e desviou seu olhar para a mãe lendo determinado panfleto. — Está atenta a isto, omma? Seu querido príncipe não é adorável tentando tirar informações outra vez? Quem sabe, ele realmente teme que eu me case tão logo quanto espero.
Assim que levantou a questão ela se enfureceu quando o ouviu rir zombeteiro, mas insistiu com seus instintos:
— Omma, ainda que eu precise aturar a desagradável presença desta pessoa, por favor, atenda o meu pedido. Quero fazer com que Park Jimin venha ao meu encontro o mais rápido possível. É um evento e tanto! Como alguém evidentemente simples estará bem apresentável no inverno? Não posso correr o risco de ele se negar a vir quando for surpreendido com um convite a poucas horas para o baile de inverno.
— Oh, por favor, querida. As pessoas têm conhecimento de quando será o baile, muitos se preparam com meses de antecedência. É assim para todos – a rainha não desviou sua atenção do papel em mão nem mesmo quando bebericou do suco de maçã. — Já temos exceções o suficiente.
— Os Park jamais vieram ao baile sem que fosse para nos servirem verduras!
— Oh, eu já me informei sobre os Park; trata-se de uma família modesta, estão à beira da última geração – o Rei Kyun ponderou a questão. – É algo a se pensar. Mas ouso dizer que eles sabem usar os bons modos num baile. Afinal, não estamos tratando com animais.
— Appa – a princesa persistiu e, diferente da rainha, o rei entregou-lhe toda a sua atenção. — Diga-me se estou errada: Estamos falando do mais jovem dos filhos. Jimin acaba de completar dezoito anos. Ele tem suas inseguranças e precisa de apoio até o baile. Logo, dê-me a sua permissão para prepará-lo. Isto é muito importante para mim. Por toda a minha vida acreditei que não encontraria alguém que se assemelhe ao que eu sou, mas agora o destino colocou Park Jimin, um homem ômega, em meu caminho. Quero fazê-lo se sentir confortável na minha presença, e o baile pode assustá-lo sem que haja a devida instrução.
— Me parece sensato. O pobre rapaz passou por um período difícil, como todos bem sabem.
— É um fracote – o príncipe estalou a língua em desagrado. — Appa, este Park não serve para nada. E não é aceitável trazê-lo ao palácio quando todo o vilarejo foi afetado com seu vergonhoso cio de fêmea. Dizem que as damas podem sentir o cheiro de maçã até hoje, nas vestes impregnadas dos seus maridos, que foram tentados por um garoto problemático.
— Eu gosto de maçã – a rainha comentou distraída e ergueu sua taça com o suco de tal fruta. — É muito agradável.
— É esquisito – Jeon acusou com um revirar dos olhos negros que caíram sob os vermelhos da irmã. — Não estou de acordo que você o traga para o meu palácio, irmã. Um macho-fêmea não ficará entre nós, é ridículo até mesmo para você, sua estúpida precipitada.
— Cale-se, Jeon! –Jaehye fechou os punhos com força, segurando-se para não perder a postura diante do irmão inabalável. — Eu ordeno que você cale esta boca maldita e que volte para as missões.
— Oh, você ordena – ele zombou sorridente, mas uma de suas sobrancelhas desceu para expressar seu desagrado. — Se trata de um conto de fadas, certo? Um homem ômega brotou da terra como um nabo, então você quer se casar com ele porque está desesperada para... Oh, para arrancar a coroa da cabeça da nossa omma. E foram todos felizes para sempre!
— Detestável! – Jaehye acertou a mesa com um estrondo.
— Basta! – o Rei Kyun se alarmou diante do destempero dos filhos, e se voltou contra o príncipe. — O que há com você, Jeon? Qual o seu interesse em perturbar sua irmã com um assunto que não é do seu cargo? Está interessado no trono, por isso levanta tantas questões?
— De modo algum – com visível tédio, Jeon avaliou o vinho em sua taça. — Simplesmente não compreendo como vocês podem ceder ao capricho absurdo de minha irmã. Fazer de um homem ômega Rei é ridículo, uma inversão de tradições inteiras. Apenas pensem nisso, antes que esta estúpida coloque esperanças na cabeça oca daquele franguinho. E não me olhe de tão mal jeito, Jaehye, ou serei obrigado a dar-lhe umas boas palmadas.
— Atreva-se! – ela quase rosnou como seu próprio lobo interior, erguendo-se em desafio.
— Quanto descontrole – ele desdenhou.
— Descontrole?! Querido irmão, é você quem está fugindo aos padrões desta vez. Não costuma dizer que prefere estar entre as tropas, tropeçando entre tabernas e tendas? Você só veio até aqui para dificultar a minha trajetória e felicidade com alguém que, muito possivelmente, é o meu parceiro. É um infeliz que insiste em incomodar a todos nós. Mas não vou aturá-lo! Vá se embrenhar nos lençóis das suas amantes, fazer disso a sua "missão pela monarquia", irmão. Não é necessário fugir da sua rotina enquanto eu trabalhar de verdade!
— Entediante – ele também se ergueu, observou uma última vez os pais atentos em si e lhes deu às costas. — Fiquem cientes disto: não me curvarei para um homem ômega, e antes que esta possibilidade possa surgir, me casarei primeiro. Eu serei o herdeiro da Coroa.
Então Jaehye rosnou em alto e bom tom e foi impedida pelos servos para que não seguisse o irmão, que a ignorou por completo. Ela sentiu-se ameaçada, ultrajada como nunca antes por ele. E lutaria com tudo o que tinha para derrotá-lo.
Naquela tarde uma guerra fria iniciou-se, causando um clima tenso pelos muitos corredores do palácio, até que os boatos caíssem sobre o vilarejo onde Jimin estava alheio às notícias, ajudando sua omma a pendurar os lençóis lavados. Porém, quando o vento ergueu um dos tecidos de algodão, seu olhar foi guiado para o alto do pequeno monte, onde o bosque se estendia numa faixa curta. E foi então que ele avistou algo brilhando contra o sol.
Sua curiosidade foi tanta que ele escapou da mãe e subiu o morro correndo, pensava ser uma moeda caída na relva.
Entretanto, Jimin não poderia estar mais surpreso ao se abaixar para pegar uma medalha de honra, certamente, de responsabilidade das tropas da monarquia.
— Que bonita – ele observou-a na palma de sua mão, mas não conhecia o significado do símbolo em alto revelo no ouro. — Como algo assim caiu por essas bandas? Omma, veja o que eu encontrei! É uma medalha da monarquia, e está novinha.
Quando ele a entregou para a Sra.Park, notou com espanto que ela perdeu a voz enquanto recebia o pequeno objeto em sua mão. Sua mãe sempre tinha respostas diretas para as maiores adversidades, mas se encontrava pálida e chocada naquele momento.
— Posso devolvê-la ao palácio, omma? – Jimin sugeriu ansioso para ver a belíssima estrutura da qual tanto ouviu falar por toda a sua vida. — Eu realmente adoraria.
— De... de modo algum – a medalha foi fechada no punho da Sra. Park, que apontou para sua casa. — Entre agora mesmo, vou terminar com os lençóis sozinha.
— Quero lhe ser útil, omma.
– Pense um pouco mais na forma como fará isto, mas dentro de casa!
Magoado, Jimin assentiu rapidamente e deu largas passadas até a porta, mas correu para o quarto dos irmãos e se escondeu com o objetivo de observar a mãe ainda ali fora.
— Qual o problema? É apenas uma medalha perdida, afinal.
Chateado, ele se jogou sobre a cama, que rangeu envelhecida, e se perguntou se algum dos nobres realmente esteve próximo de sua casa, ou se algum ladrão a roubou e perdeu pelo caminho de sua fuga. Apenas soldados de vigília faziam roda ao vilarejo, e nem mesmo eles costumavam andar entre as casas de fazenda, próximo aos bosques. Mas antes que Jimin pudesse pensar muito sobre isso, os cascos dos cavalos da família se fizeram ouvir, alertando-o para a chegada de seu pai e os irmãos. Não se moveria para vê-los porque ele era obediente à sua mãe que, muito provavelmente, lhe daria uma bronca se o visse fora de casa depois de sua ordem.
Entretanto, Jimin podia ouvi-los deliberando em frente a plantação de nabos. E o seu nome estava em questão. "... ele mesmo encontrou isto, querido. Acredito que a monarquia anda interessada no escândalo de meses atrás" dizia sua mãe, soando aflita.
Obviamente, os outros retrucaram indiferentes, até frios demais, não escondendo seu desapego com um homem ômega em seu lar.
Àquela altura, Jimin se encolhia em sua cama de solteiro, culpando-se um tanto mais por não se sentir amado e protegido pelos seus. Seus dedos machucados apertaram o lençol, o choro - que diziam ser frequente e irritante - ficou entalado em sua garganta e olhos arregalados. Ele teve medo, mas não admitiria tão logo.
"O que podem querer com o Jimin? Não há nada que ele possa fazer. Porém, se eles o levarem, podemos ter chances de uma vida mais robusta por aqui. Devemos esperar por um acordo, entenderam?" com ânimo, seu pai encerrou o assunto aos sussurros, agindo como um típico negociador feirante quando este arranjava seus meios de ganhar frente à concorrência.
Com seu lamento trancado no peito, Jimin compreendeu seu lugar na família naquela tarde. Ele se tornou mais uma mercadoria que todos esperavam ter algum valor, afinal. E se fosse verdade que a monarquia estava interessada em comprá-lo, por amar e respeitar quem lhe colocou no mundo, ele se prestaria a ser vendido. Faria aquilo por sua Omma, embora esperasse que ela o defenderia no fim das contas.
Restava apenas que descobrisse como ele poderia ser agradável e útil aos nobres, quando seus olhos estavam caídos e o seu sorriso não se abria sinceridade.
— Afinal, quantas moedas eu valho?
^^^"Qual o sentido de tentar me fazer acreditar que não estou sozinho apartir daqui?"^^^
Ao passar de uma semana, cedo da manhã do início de outono, a Sra. Park ergueu seu olhar cansado para ver Jimin lhe estendendo um perfeito bordado no linho límpido e devidamente dobrado. Rígida, ela deixou o trabalho de escolher os feijões sobre a mesa, pegou o tecido e procurou falhas em cada ponto que formava delicados arabescos florais vermelhos como sangue.
— Deixe-me ver seus dedos – inquieta, a Sra. Park agarrou as mãos do filho e se surpreendeu por não encontrar ferimentos. — Ora, ora, Jimin.
— Fiz bem, omma - ele forçou um sorriso em seus lábios, mas seus olhos estavam avermelhados, refletindo um grande temor. — Isso deve bastar para vocês, sim? Posso trazer dinheiro, muito mesmo, com este trabalho. Serei útil de hoje em diante, nada faltará de comida, bebida e roupas. E vestidos! Posso aprender a fazer belos vestidos para a senhora, omma, e camisas e calças para o appa e meus irmãos. Apenas... eu imploro, venda bordados, toda a arte que eu fizer sobre os tecidos, mas... mas não a mim.
Estupefata, a Sra. Park então compreendeu o porquê de seu filho ter se empenhado tanto com o bordado, e que a conversa com o restante da família - na semana anterior - nunca foi um segredo. Antes fosse, é claro! Mas agora a situação tomou novos rumos. Por um instante ela não soube o que dizer, afinal, Jimin realmente foi colocado numa posição de objeto de troca. Caso a família real, de fato, surgisse por sua porta a decisão estava tomada.
— Jimin, me escute – com um mau estar repentino, a Sra. Park segurou o pulso fino e fez com que o filho se sentasse na cadeira ao seu lado, enquanto ela recuperava sua linha de raciocínio. — Você não compreendeu muito bem as coisas que ouviu.
— Não, omma?
— Oh, bem – desorientada, ela fugiu do olhar penetrante e desesperado de Jimin pálido. — Está claro que você pode bordar, mas o tempo que levará para dar fim a cada peça não é favorável aos negócios da família. Logo...
— Mas, então, por que a senhora me ensinou a bordar?
— Digo — a Sra. Park se calou e voltou a observar o filho perplexo. — Jimin.
— Não está me dando opções – ele não era estúpido, embora muitos o considerassem assim. — Se eles vierem, mesmo que eu trabalhe sem descanso algum...
— Não seria o bastante, comparado ao que podem nos oferecer.
— É claro – diante de tal conversa franca, Jimin reprimiu seu choro e assentiu com firmeza para a mãe inexpressiva. — No fim das contas, espero valer o bastante para que você fique contente.
— Não sou um monstro, Jimin. Pare de tentar me colocar nesta posição!
Confuso, Jimin cruzou os braços:
— Se a senhora me permite dizer, não a coloco em tal posição. Mas autoafirmar constantemente não ser um monstro não é um alerta que provém da sua consciência, omma? Por que está tentando se fazer provar tantas vezes, se eu não lhe acuso de qualquer coisa? Apenas me instrua na direção que a senhora bem entender, me faça ter o valor que todos vocês esperam.
— O que diabos aconteceu com você, rapaz?
Obviamente, a Sra Park encarava o filho com assombro por notá-lo frio de repente, era como estar diante de alguém que a própria jamais conheceu em sua vida. Se num instante Jimin implorou para permanecer com a família, agora mesmo não rejeitava seu destino. Ele sequer chorou! Aquela nova pessoa a colocava numa posição muito mais prática, e questionar não teria sentido algum depois de tudo.
— De todo modo, Jimin, quero que saiba de antemão que não desejo o seu sofrimento. Pelos Deuses, você é o meu filho! Acredito que os nobres estão sim, observando a todos nós, e que espero garantir-lhe um futuro único, realmente precioso. Oh, não sabemos tanto, afinal. Mas eu posso pressentir boas energias ao seu redor, meu querido. E vou me manter em contato, seja lá onde você estiver. Cumprirei o meu dever como sua omma!
Jimin fungou sem jeito, altivo e rígido:
— Me.Instrua.
— Você não é uma mercadoria!
— Omma – embora soasse firme, Jimin engoliu em seco. — Qual o sentido de tentar me fazer acreditar que eu não estou sozinho apartir daqui? Todos os alfas da nossa família rejeitaram-me desde menino por saber que eu sou um maldito ômega. Chegou o seu momento de admitir sua rejeição. Está tudo bem... eu compreendo que a minha anormalidade é repulsiva. Mas agora... agora o seu apoio até aqui é o que basta. Não causarei mais problemas e, ainda por cima, deixarei algum lucro para trás, certo? Se os nobres voltarem, por favor, esqueça este discurso e me oriente com tudo o que tem em mãos.
— Garoto...
— Vocês querem se livrar de mim; eu devo ir embora – Jimin concluiu amargurado. — Tudo está esclarecido entre nós.
Então, a Sra Park procurou se distrair com os feijões enquanto concordou aflita e inquieta. No minuto seguinte ela desatou a contar histórias sobre a monarquia, o palácio e os costumes rotineiros. Em sua juventude ela trabalhou servindo as mesas nos bailes anuais, quando a mão de obra dobrava, jamais esqueceu de andar por aqueles corredores de pedra polida e longos tapetes de veludo.
Jimin a ouvia atentamente naquele momento, no dia seguinte e até mesmo pela noite, ignorando os insultos de seus irmãos quando estes estavam em casa para o jantar. Queria aprender cada detalhe, ser ensinado a se comportar diante de pessoas da máxima classe social. No entanto, algo o tão deixou confuso que ele desviou sua atenção da sopa de batatas.
— Os príncipes são gêmeos, no entanto, têm uma convivência escassa?
— Óbvio – um dos irmãos respondeu rude e com a boca cheia de batatas. -É uma corrida pela Coroa, um trono digno do alfa, obviamente. O príncipe Jeon, apesar de passar seu tempo fora do palácio, não terá muitos problemas quando enfrentar a princesa que pensa ter algum poder sendo ômega.
— O príncipe rejeita o trono – o Sr. Park se meteu na conversa. — Por mais estranho que pareça, corremos grande risco de sermos súditos de uma ômega. Um absurdo! O que bordadeiras têm a acrescentar ao reino? Dizem que a princesa anda estudada, mas não é por isso que se deve dar um posto tão importante a uma mulher.
Por muito pouco Jimin não contrariou o pai, no último segundo ele se lembrou que acabaria por receber uma surra caso falasse em demasia. Ele não era nada mais que suportável, para não dizer o mínimo. Se pudesse, oh se pudesse... Com as informações que tinha até então, como negar que aquela mulher alcançou a sabedoria com maestria? Ouviu-se que ela liderava o que lhe era de direito desde já, determinada e fiel aos princípios da monarquia.
— Há um amigo meu... – mais um dos irmãos, o mais velho deles, puxou um fato em sua memória. — ... que está nas tropas por cerca de um ano. Contou-me das farras logo após uma longa batalha vencida pelo príncipe, este que arranjou maravilhosas maneiras de aproveitar a boa vida. As ômegas se jogam aos seus pés! Que homem de sorte, pois não? Dizem às más línguas que, estando em seu cio ou não, o príncipe Jeon jamais perde o vigor. Alfa, um dos verdadeiros!
As gargalhadas dos homens ecoaram sobre a mesa e casa pequena, causando incômodo aos ouvidos de Jimin que - com aquela informação assustadora - perdeu a fome.
Ao pensar no príncipe ele passou a considerá-lo como um dos animais que rodearam o celeiro naquelas noites terríveis que viveu aterrorizado, sob a ameaça de ser tocado sem o seu consentimento.
Se pudesse escolher, Jimin jamais se afastaria da princesa Jaehye e torcia desde agora para que ela o protegesse do menor contato com seu irmão promíscuo.
— Terrível — assim que falou, seus olhos arregalaram e a mão subiu para os lábios.
— O que é terrível? – seu pai não deixou passar, assim como os três alfas na mesa. — Diga, garoto, o que alguém como você pode considerar terrível no comportamento normal de um alfa? Vou dizer-lhe o que é terrível; você! Um homem ômega exalando o cheiro de fêmea é terrível, nojento de todas as maneiras. Logo, cale a boca quando estiver na minha mesa, seu inútil!
— A sopa está esfriando, correto? - a Sra Park foi ágil em cortar um de seus filhos, que se ergueria para atacar Jimin inexpressivo e rígido sobre a cadeira. — Comam de uma vez e, por favor, quietos.
Apesar de seu gesto, Jimin não se via ao menos grato por sua mãe interromper uma nova leva de insultos em sua direção. Àquela altura, como seria possível conciliar algum rastro de zelo materno com o desespero, caso ele desistisse de se vender para estranhos como uma forma de facilitar a vida da família? Ele não se deixaria mais encantar pelo mínimo de afeto, aceitou seu papel realmente. E quando, ainda em silêncio, ajudou sua mãe com a louça do jantar, suas dúvidas sobre toda a monarquia haviam cessado, pelo menos até o dia seguinte.
— Não fale com aquele alfa – a Sra. Park o surpreendeu com a ordem direta, enquanto pendurou seu avental no prego torto cravado na madeira gasta. — Preste bastante atenção, Jimin. Um título de nobreza, para certos alfas, os deixa em lugar favorável para cometerem certas... atitudes inapropriadas. Quem puniria um príncipe, caso você desse a atender que as suas pernas de homem estarão abertas para...
— Compreendo – ele garantiu e lhe deu às costas para que pudesse esconder seu nervosismo. — Mas não se preocupe com algo assim. Alfas são detestáveis, animais aos quais eu farei de tudo para me manter afastado. Mesmo que me obriguem a estar diante do príncipe, caso o interesse da monarquia seja real, não trocarei mais que cumprimentos rotineiros, e isto se dará para que não cortem a minha cabeça por ser... rude.
Entretanto, até mesmo um simples cumprimento seria desafiador para Jimin, que espera sempre algo assustador vindo de qualquer alfa. Só esperava que todos aqueles planos fossem algum engano, afinal, uma medalha não era lá grande sinal para os outros causarem tanto rebuliço. De qualquer maneira, ele não conseguia mais escolher o que poderia ser pior: ficar em sua casa com pessoas dizendo constantemente que não era bem-vindo, ou realmente ser enviado para debaixo do teto do príncipe promíscuo.
— Por sorte, a princesa é justa – Jimin murmurou sozinho enquanto entrou em seu quarto e se debruçou sobre a janela para ver as estrelas. — Se eu puder ficar próximo dela, estarei bem.
Seu julgamento sobre a personalidade da princesa estava correto. É do costume de Jaehye ouvir que sua popularidade se dá por não cair em deslizes quando precisa tomar decisões em favor da justiça, muito embora, naquela noite, desejasse expulsar os convidados de farra do seu irmão gêmeo, que estava dando uma festa imoral no hall do palácio. O Rei deixou bem claro que Jeon não deveria usar o salão de baile, logo à direita, depois das portas de carvalho, mas ninguém poderia proibir o príncipe de usufruir do espaço onde se encontrava, junto de um grupo animado e embriagado.
— Imundos – inconformada, Jaehye observou a baderna do alto da escadaria que se dividia para dois caminhos, torcendo o nariz para as damas levantando as barras dos vestidos de cetim. — Isso é inaceitável!
A passos largos ela procurou pela rainha, decidida a fazer com seu irmão fosse repreendido e enviado de volta para o acampamento das tropas reais. Os músicos sequer tinham noção da barulheira que causavam, gerando incômodos pelos corredores! Mas não era de se estranhar, obviamente. Os irmãos passaram aquela longa semana alfinetando um ao outro, causando problemas e se distraindo do mais importante: a reputação que tinha a zelar.
— Omma! – Jaehye a chamou no momento em que abriu as portas do quarto de sua mãe. — Eu exijo que...!
— Traga-o!
Com um rugido furioso, a rainha em sua cama retirou uma bolsa de água quente de sua testa, estava exausta de tentar apaziguar os ânimos dos filhos. E Jaehye realmente estagnou no mesmo lugar, paralisada e descrente do que foi dito.
— Trazê-lo?
— O mais jovem dos Park. Traga-o até nós, ensine-o etiqueta até a noite do baile de inverno. Faça o que bem desejar, Jaehye, contanto que ignore completamente esta guerra que o seu irmão e você trouxeram para o meu lar!
— Farei isso! – de repente, aquela notícia foi o suficiente para renovar os ânimos da princesa sorridente. — E prometo-lhe que, não importa o que meu irmão fale, seguirei com o meu propósito. Oh, serão dias maravilhosos para mim, estou tão animada agora mesmo! Quero... quero trazer Park Jimin amanhã mesmo, se a senhora me permite.
— Não o coloque diante de mim sem que antes ele saiba curvar-se em reverência, ao menos isto. Oh, céus, essa dor de cabeça terá fim, assim espero.
Com a rainha de volta aos lençóis, Jaehye se retirou imediatamente. Pouco importava que Jeon lançasse fogo sobre as cortinas, derramasse vinho no carpete, seu único pensamento era o ômega homem que a alfa tanto esperou para conhecer. E abordá-lo no dia seguinte, assim que o sol nascesse, se tornou uma missão exclusiva!
Algo pesou no coração de Jimin naquela mesma noite, espremendo dolorosamente seu peito junto a cama de solteiro. Seus cílios tremiam nas pálpebras fechadas, os pesadelos o aprisionaram num sono conturbado e angustiante. Como conseguiria dormir bem após o assustador episódio em seu primeiro cio? A maioria das ômegas, quando próximo de sentirem seus corpos quentes, sabem o que precisam fazer, o que acontecerá durante cinco ou seis dias. Elas têm seus parceiros predestinados desde a infância.
Entretanto, Jimin não foi apenas negligenciado, mas levado a compreender seus instintos sozinho, cercado por dezenas de homens que, como lobos, usavam de suas garras para que conseguissem agarrá-lo. Seu cio lupino sequer se parecia com o das ômegas mulheres, eram oito dias de sofrimento!
Sem descanso, ele dormia e acordava por toda a noite, aterrorizado por suas lembranças cruéis. E pela manhã, quando deveria acordar, a primeira das tarefas acabava por se tornar a mais difícil de todas: Se olhar no pequeno espelho de bronze no corredor, logo após a porta do seu quarto. Olheiras profundas, pele ressecada e lábios fartos com um mínimo rastro do tom corado refletiam o abatimento constante do rapaz que se apressou para fora de casa. Ainda era muito cedo, o sol estava nascendo no horizonte, mas Jimin tinha pressa para tomar um bom banho na casinha depois da plantação, onde barris eram enchidos todas as noites. A água estava extremamente gelada, o óleo de côco e hortelã que ele usava para limpar os dentes com bochechos havia perdido sua forma oleosa. Não foi fácil se limpar naquela manhã fria de outono, mas Jimin se sentia constantemente sujo devido aos seus traumas. Se lavava por inteiro diversas vezes, até que estivesse um pouco satisfeito.
Mas ele demorou demasiadamente daquela vez, as roupas limpas em seu corpo cheiravam com o perfume das laranjas de seu quintal porque, antes de se interessar por descobrir o que teria para o desjejum, correu até a árvore e se fartou dos últimos frutos doces da época. E quando voltou para casa, vozes solenes se fizeram ouvir na porta da frente, deixando-o alerta num segundo.
Em disparada, seu coração palpitou e seus passos estancaram na pequena sala de estar. Os homens da família estavam ali fora, enquanto sua mãe tinha as mãos juntas no peito, na soleira da porta.
— Omma – Jimin chamou sua atenção com discrição, estava assustado como em seus pesadelos, mas a Sra. Park sorriu de repente. — A senhora está sorrindo para mim?
— Ele está aqui! – ignorando a pergunta do filho abismado, a mulher o agarrou pelo braço e o colocou para fora da casa. — Este é Park Jimin, meu senhor, o mais belo dos meus queridos filhos! Veja estes cabelos loiros, os olhos expressivos e o corpo de...
— Omma, por favor.
"Você me disse que eu não sou uma mercadoria" ele pensou entristecido, incapaz de erguer a vista para os homens e seus cavalos da realeza. Estavam mesmo ali, vieram comprá-lo para seja lá qual for o plano, e Jimin reprimiu com todas as suas forças a vontade de cair aos prantos e implorar que não o vendessem. No entanto, seu pai e irmãos falavam uns por cima dos outros, ressaltando que "... ele tem dentes bons, pode servir sala muito bem, ou trabalhar na cozinha". Mas o mais velho dos irmãos ultrapassou os limites ao denominá-lo "Um punhado de ouro". Era o que a família pedia descaradamente por seu filho caçula; generosos sacos de moedas monarcas.
— Se me permite – a gentil voz de Jung Hoseok, o chefe de tropas, assustou Jimin ainda de ombros encolhidos. — Meu jovem, me chamo Jung Hoseok. Venho aqui para convidá-lo a conhecer as dependências do palácio real. Vejo que está assustado, é compreensível diante desta situação... peculiar.
De fato, Hoseok não poderia imaginar as coisas que ouviria dos Park, escondia seu assombro ao se deparar com aquelas pessoas vendendo um dos seus. Era grotesco, surreal e detestável. Ao se aproximar para observar Jimin de perto ele pôde notar a respiração entrecortada, os olhos fixos nas sandálias e mãos juntas e trêmulas. O homem ômega estava suando frio, com evidente mau estar.
— Jovem Park, você poderia aceitar o convite de sua alteza real, a princesa?
Jimin não lhe respondeu qualquer coisa. Quatro alfas desconhecidos, altos e exageradamente fortes na sua frente lhe causaram um temor tão grande que, tomado pelo pânico, ele não conseguiu abrir a boca. Tinha tanto medo de alfas que, sem que pudesse manter o controle, os olhos inundaram imediatamente, queimando junto das lágrimas que rolaram pelas bochechas sem cor alguma. Seu pranto silencioso assustou a todos, e o rugido furioso de seu pai o alertou uma única vez. Era o que bastava para Jimin assentir apressado, limpando as lágrimas com o punho, num gesto nervoso.
Seu estado frágil surpreendeu Hoseok de todas as maneiras, este se encontrava com pena do jovem rapaz que, evidentemente, não conseguia erguer os olhos para si. Foi então que se deu conta de que Jimin poderia estar muito doente depois do que passou no celeiro, em seu primeiro cio de homem ômega.
— Oh – deslocado, ele se afastou com três passos para trás, vendo Jimin voltar a respirar com o mínimo de conforto. — Compreendo, eu realmente estou ciente, meu jovem. Não se sente seguro com alfas, é claro. Oh... digo, bem... busque as suas coisas agora. Tenho mais um assunto a tratar com a sua família.
Com tremores nas pernas, Jimin obedeceu prontamente, correndo ao seu quarto e colocando numa sacola de couro algumas roupas de baixo, um diário antigo e a velha caneta que ganhou de presente de sua falecida avó. Ele não tinha muito o que levar, mas trocou as sandálias pelas botas gastas que um dia foram de um dos irmãos, enquanto limpava mais lágrimas e empurrava tudo para dentro da bolsa.
— Faça isso por nós – a voz da Sra. Park adentrou o quarto, mas o filho não se distraiu de seu serviço. — Jimin, querido...
— Jamais fui isto; apenas Jimin.
— Pois... pois será muito mais querido se você for bem por lá. Eles disseram que você pode esperar conforto e dias felizes, querem prepará-lo para o baile de inverno. Logo, trabalhe bastante, Jimin! Sirva as mesas como eu lhe ensinei, nunca os desrespeite ou...
— Ou você perderá as suas moedas, correto? – no instante em que Jimin se virou para encarar os olhos úmidos da mãe, encontrou o brilho da ansiedade neles. — Não se preocupe, omma. Se este é o meu trabalho, espero valer cada centavo.
Sem lhe dar adeus, ele passou por ela rapidamente, fazendo o mesmo com seus irmãos lá fora, mas seu pai o segurou pelos ombros com firmeza, apertando seus dedos fundo nas carnes e arrancando um pequeno grunhido doloroso de Jimin assustado.
— Enfim, você me deu alguma alegria!
Antes que Jimin pudesse notar os bolsos cheios do homem, Hoseok o pegou pelo pulso por ver que o rapaz estava sendo machucado por nada, e lançou um olhar duro para o velho homem sorridente.
— Fique com o que tem em suas mãos, homem. Estamos indo agora.
Rapidamente, quando Jimin deu às costas à família, se livrou do toque do alfa e esfregou um dos ombros marcados pelas unhas do pai. Em seguida, ele foi guiado para dentro de uma carruagem real, ficando sozinho ali para respirar fundo e procurar se acalmar enquanto processava o acontecido. Iria para o palácio, encontraria a princesa que, segundo ele, o julgaria adequado para seus objetivos.
— Manter... copos alinhados, e bebidas...
Por todo o caminho até o palácio Jimin não imaginou que estaria indo até lá como, de fato, um hóspede de honra. Sua omma o ensinou a servir porque ela mesma não esperava tanto do filho, logo, ele aceitou seu destino. Porém, Jaehye lhe pregaria uma grande surpresa. Depois de um dia inteiro de viagem com poucas paradas para comer e beber nas estalagens do vilarejo, quando os portões gigantescos do palácio se abriram, duas servas correram até Jimin e guiaram-no às pressas pelo hall brilhante e dourado, subindo a escadaria com ele, até um dos tantos quartos disponíveis.
Por estar exausto da viagem, Jimin se encontrava confuso, ainda mais por se ver naquele ambiente límpido e luxuoso. Seus olhos não estavam acostumados com tanta luminosidade pela noite, e cada canto daquele quarto alvo e elegante tomava sua atenção facilmente. As duas ômegas disseram-lhe que deveriam lavá-lo na banheira de porcelana, uma grande bacia com água morna de cheiro doce como o seu próprio: Maçã.
Ele não perguntou qualquer coisa, foi banhado e vestido num instante, atordoado ao ouvir que era muito bonito para um homem, e que tinha um "bumbum arrebitado demais para uma mulher". Tais comentários não eram ditos com maldade, as mulheres estavam surpresas ao maquiá-lo minimamente, prometendo esconder suas olheiras e falta de cor nas bochechas e lábios. E Jimin não poderia compreender o propósito daquilo tudo, mas só lhe restava concordar com qualquer um, apenas para não ser mandado embora logo.
— Esperem – ele pediu enquanto era guiado pelas costas, afinal, estava sendo levado por outro corredor. — Sinto que... que as minhas calças vão se romper, senhoras.
— Valorizamos o seu corpo!
— Para que vejam as suas curvas!
— Oh – temeroso, Jimin paralisou ali mesmo, um tanto contrariado com as duas mulheres. — Que tipo de trabalho eu farei afinal?
No entanto, assim que seu olhar voltou para a esquerda, viu pela fresta da porta de um quarto de negócios aquela que todos sabiam ser a Rainha, que conversava nada contente com um homem de costas viradas para a entrada. Eles estavam tão entretidos com o assunto que não perceberam que Jimin puxou o ar com força para os pulmões, este havia sentido o cheiro de rosas pairando no ar.
— Vamos! – voltaram a empurrá-lo pelo corredor, embora Jimin estivesse impactado com o aroma marcante que lhe deixou um pouco tonto de repente. — Apresse-se para o jantar, jovem Park!
— Fui ensinado... fui ensinado a servir, senhoras. Oh, meu estômago está revirando tanto, e todo este calor...
Duas portas se abriram para Jimin no fim do corredor, e ele prendeu a respiração no momento em que avistou a princesa Jaehye de pé, ao lado da longa mesa repleta de um banquete magnífico. O jovem só conseguia pensar o seguinte: serei dispensado, eles já serviram as mesas!
— Park Jimin, que prazer em vê-lo.
Aturdido, ele cruzou os braços nas costas, não ousou se aproximar de alguém tão nobre sem que fosse para colocar pratos em sua mesa. Ele jamais viu a princesa antes, mas ouviu falar de sua impressionante beleza, e dos longos cabelos negros brilhando contra as luzes. Estava nervoso, obviamente, mas seus lábios se abriram em choque ao sentir o perfume de uma flor que ele mesmo não conhecia. No entanto, apenas alfas tinham cheiros de flores, enquanto ômegas exalavam o cheiro das frutas. Curiosamente, Jimin não gostou do cheiro de Jaehye. O achou muito forte e...
— Alfa – de súbito, suas mãos subiram para esconder os lábios, afinal, estes declararam a verdade sobre aquela bela mulher.
— Sim, você está certo – radiante, Jaehye se encantou pela adorável imagem do ômega, o achou realmente muito delicado. — Eu sou uma mulher alfa, Jimin. E todas as circunstâncias me levam a acreditar que você é...
— Ora, ora...
Sem ser anunciado, o Rei entrou cordial e notou Jimin de olhos arregalados logo depois das portas, e este último fez uma reverência desajeitada. Em seguida, a Rainha passou pelo jovem deslocado ali, que voltou a repetir seu gesto pouco lisonjeiro ao mesmo tempo em que ouviu um murmúrio indiferente. Nenhum dos dois falou consigo quando foi tomado pelo susto de sua chegada, mas sim o mais alto dos príncipes logo atrás, esperando que Jimin finalmente se virasse para encará-lo. Ele teve que erguer um pouco o queixo para observar com espanto a face zombeteira e sombreada do príncipe Jeon, com seu marcante cheiro de rosas. Os ombros largos se inclinaram para frente para encarar Jimin na mesma medida, e o típico curvar de lábios vermelhos se fez presente, atormentando o rapaz imediatamente.
— Park, tem certeza de que não é uma dama? Você tem as curvas de uma, sem contar os peitos, é claro.
— Ugh – aterrorizado com aquele alfa, Jimin deu passos errôneos para trás, esbarrando na princesa que se apressou para afastá-lo do irmão.
Ele não esperava encontrar tão logo o príncipe, e jamais supôs que o homem tinha aquela imagem. Seu coração batia como louco no peito, até mesmo seus olhos não conseguiam se desprender da face de traços bonitos, embora a expressão do outro deixasse claro que estava rindo internamente da sua reação. "Alfa promíscuo" foi o que Jimin concluiu sobre o outro, ainda muito próximo do seu rosto horrorizado.
— Não se assuste, Jimin – Jaehye segurou Jimin pelo ombro dolorido, mas ele reprimiu a dor por estar outra vez em choque diante de um alfa. — Sente-se perto de mim. Isso, aqui mesmo. Mandei preparar tudo do bom e do melhor para este jantar. Estou realmente ansiosa para conhecê-lo e... Jeon. Não se sente aqui.
De repente, Jimin se assustou porque o príncipe puxou a cadeira vaga ao lado do ômega, com o óbvio objetivo de atormentá-lo até que ele saísse correndo, mas os Reis concordaram em mantê-lo logo depois de sua mãe, no lado contrário da mesa.
— Francamente – irônico, Jeon arrumou o lenço sobre o seu colo e firmou seu olhar severo em Jimin cabisbaixo. — O franguinho sequer me fez reverência ; uma afronta e tanto, irmã. Do lugar de onde ele veio é compreensível que não tenha modos, mas não me agrada a ideia de que algo assim persista. Trate de ensiná-lo a ser uma ômega que se preze.
Tão logo quanto se expressou com visível insatisfação e acidez, Jimin apertou os lábios uns contra os outros e sentiu o calor subir para suas bochechas magras. "Eu sou um homem" ele desejou corrigi-lo, mas não tinha coragem para erguer os olhos diante daquele alfa de postura arrogante e fria.
Para a sorte de Jimin, a Rainha colocou a mão sobre a do filho, num gesto que o induziu a refrear seus comentários.
— Esta receita – Jaehye estava cumprindo sua promessa de ignorar o irmão, falava com Jimin de modo muito gentil enquanto serviam carne e molho em seu prato. — ... está na nossa geração há décadas, Jimin. É realmente deliciosa. Gostaria de experimentar? Não se acanhe, coma o quanto quiser.
— Ele não fala? – o príncipe voltou com suas provocações, não recebendo qualquer atenção. — Oh, céus... seu cheiro não é lá muito bem-vindo, como eu bem pensei. Posso sentir o desagradável aroma tomando conta do ambiente. Esta maçã não se estragou em seu primeiro cio, pois não?
— Jeon! – o Rei o repreendeu de imediato.
Foi então que o príncipe ergueu sua vista do prato e encarou o pai, mas este o levou a encarar os olhos castanhos imensos virados para si. Ele notou Jaehye hesitante ao lado de Jimin envergonhado depois do seu comentário, até mesmo com os olhos úmidos, mas incapaz de se mover ou lhe responder a afronta.
Por que trazer aquele assunto de volta à tona, e tão cedo?
Sinceramente, o príncipe não chegou a realmente ter algum arrependimento por ter sido inconveniente, na verdade, esperava ouvir argumentos. E ele os receberia se Jimin não estivesse profundamente desconfortável e incapaz de falar com aquele alfa insensível. O desconforto excedeu os limites da própria Rainha, que geralmente não tinha muito interesse com os assuntos na mesa. Ela segurou o braço do filho, pedindo silenciosamente que ele se calasse de uma vez por todas.
— Aqui, Jimin – Jaehye, por fim, pigarreou nervosa e ofereceu uma taça com água fresca, sorrindo aliviada que o rapaz aceitasse e tomasse um gole. — Você é adorável, o seu cheiro me deixa alegre por ser tão bom. Imagino que sua timidez seja inicial por conta da pressa da situação. Mas quero que saiba que você está sob os meus cuidados, e que convido-o para ser meu companheiro no baile de inverno. Você gosta de festas?
— Jamais... – com um fio de voz, Jimin fugiu dos olhos do príncipe presos em si outra vez. — Jamais estive em uma festa, princesa.
— Oh, sim, ele fala – Jeon cortou mais um comentário da irmã que se enfureceu consigo, no entanto, ele estava atento no rapaz que não havia comido nada ainda. — Tem uma voz de franguinho, tal qual o seu tamanho, mas fala! Me diga, Sr. Park, quantos anos tem? Dezessete?
— D-dezoito – pela primeira vez em meses, Jimin se dirigiu a um alfa, mas por temer ser acusado de mais gestos inapropriados. — Eu fiz...
— A três meses atrás, devo supor - o príncipe franziu o cenho, incerto e estranhando o olhar arregalado para si outra vez. – O que há? Os cios ômegas costumam vir aos dezoito anos. Mas no seu caso... não é fácil ter certeza de muita coisa. Quem sabe, por ser um homem entre ômegas, você poderia vir mais... afoito.
— Você não está falando demais? – sua irmã notou intrigada, mas ele apenas revirou os olhos negros e voltou ao jantar. — Desculpe, Jimin. Interações como essa não costumam acontecer. Se você decidir ficar, teremos muito tempo juntos. Eu adoraria lhe mostrar o palácio, os jardins e o lago. Bem, a temporada de frio está chegando, mas isso não é realmente um incômodo comparado a paisagem que temos em nosso território.
A Rainha se impertigou:
— Ele é um ômega, querida. O frio é sempre um incômodo para nós. Você deve prepará-lo para o inverno, antes que os pais venham nos encher de perguntas ao seu respeito.
— Só virão para buscar mais moedas, omma – zombador, o príncipe ergueu com imponência seu queixo na direção de Jimin, que virou seu rosto aflito. — Ou todos vocês não sabem que a sua adorável princesa comprou este ômega pela manhã?
— Cale a boca, Jeon!
O tom estridente de Jaehye, a vergonha pela verdade exposta e horror na face dos Reis foram o estopim para Jimin. Ele fechou os olhos com força, desejava desaparecer daquela situação desastrosa e gritante. Se sentia humilhado novamente, e sobretudo, reforçava suas certezas ao conhecer o príncipe: ele era terminantemente detestável. E Jimin sentiu que não poderia mais ouvir qualquer uma daquelas pessoas.
Por isso, se levantou de súbito, cortando as discussões na mesa, e saiu dali em passos largos e ágeis.
Para onde iria ele não sabia, mas foi fácil encontrar as duas servas esperando-o no final do corredor.
— Por favor, eu preciso... preciso descansar um pouco.
Prontamente, foi guiado por todo o caminho de volta, ainda com a mente fervendo com as palavras de Jaehye e Jeon, os gêmeos causadores do seu descontrole. Se pudesse, estaria longe daquele palácio, até mesmo da princesa.
Mal lhe deram tempo para assimilar a descoberta!
Uma alfa mulher, aquela que sua mãe cogitou cair do céu, por fim, se mostrou para Jimin. Oh, não, ela não se mostrou realmente, mas o comprou!
— Vou enlouquecer – com a mente apinhada de pensamentos confusos, Jimin se fechou no quarto, retirou as calças apertadas e se deitou entristecido na grande cama confortável. — Preciso dormir até me esquecer, mas...
Pesadelos certamente iriam lhe assombrar mais uma noite, como tem sido nesses três meses passados, algo que Jimin não suportava mais lidar. Nem mesmo descanso ele tinha, ou segurança para fechar os olhos num lugar desconhecido como aquele. Era enlouquecer não querer permanecer acordado, não querer dormir por ter medo, ou mesmo não querer viver o dia seguinte.
— Vendido – magoado, Jimin fungou em seu choro reprimido e escondeu o rosto no travesseiro. — Fui vendido para a minha alfa.
Se sentia um objeto ao qual sua dona esperava que correspondesse suas expectativas, independente dele gostar dela ou não. A mente de Jimin fervia em busca de algum consolo próprio, pois estava perdido sobre o que deveria fazer naquele lugar tão diferente.
Como evitaria se abalar com o claro interesse do príncipe em feri-lo com palavras cruéis? Por que ele estava ali, afinal? Seus irmãos disseram que não era o costume, e Jaehye garantiu-lhe a mesma coisa. Só restava a Jimin acreditar no que lhe foi dito, que o príncipe não tinha o costume de estar ali.
Numa mudança drástica de ânimo, seus pensamentos se tornaram vagarosos de repente, os olhos pesaram e o delicado aroma floral passou por sua porta, se infiltrando em seu quarto. O efeito relaxante e confortador foi recebido com gratidão e, embora a princesa tivesse mesmo comprado-o para si, Jimin se sentiu grato por seu último gesto gentil, antes que caísse em sono pesado e sereno.
Era comum que os alfas de seus ômegas se sentissem instigados a usar do seu cheiro marcante para acalmá-los em momentos de angústia, mas Jimin, no dia seguinte, se daria conta que o aroma que se infiltrou em seu quarto se parecia, de fato, com o da princesa, mas não apenas dela. Por hora, restava o seu merecido descanso.
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