O tempo nublado anunciava que uma tempestade estava a caminho, na fazenda Camargo Rosália arrumava sua mala para fugir, a porta do seu quarto se abre.
— Rosália — Maitê fala não acreditando no que está vendo — o que você pensa que está fazendo?
Rosália não responde, continua a arrumar suas coisas em silêncio. Maitê desconfiava que sua irmã poderia estar em um relacionamento com algum homem casado, mas ela não sabia de quem se tratava, o que diziam no povoado era que uma das Camargo estava tendo um caso com algum fazendeiro rico.
— Eu vou embora desse maldito povoado — Rosália fala pegando o resto dos seus pertences.
— Então é verdade o que estão dizendo? Rosália não faça besteira, não jogue o nome de nossa família no lixo!
— Cale a boca Maitê, eu nunca fui uma Camargo de verdade, não interessa o que eu faço.
— Daqui você não sai, eu não vou deixar que você acabe com os negócios e o nome da minha família.
Maitê é mais rápida que sua irmã, sai pela porta a trancando por fora, guarda a chaves em teu bolso. Rosália chuta e grita pedindo para que abra a porta.
— Guadalupe — Maitê chama pela casa.
No mesmo instante a empregada aparece, ela faz uma pequena reverência.
— Chegou algum táxi? — Maitê pergunta.
— Sim senhora, está a espera da senhorita Rosália.
— Certo, Guadalupe eu vou sair, em hipótese alguma abra a porta do quarto da Rosália, não posso deixar ela fazer essa besteira, se meu marido perguntar por mim, diga que não vou demorar.
— A senhora vai sair agora? Não é melhor esperar a chuva passar senhora?
— Não, eu preciso limpar o nome da minha família.
— Sim senhora.
Guadalupe volta para cozinha, Maitê vai em direção a porta, quando está preste a abrir ela sente alguém segurar sua cintura, ao olhar para baixo, vê sua pequena filha com um ursinho na mão coçando os olhos.
— Vai sair mamãe? — a pequena pergunta.
— Ize o que faz aqui em baixo? Você já deveria está na cama!
— Não consigo dormir, tia Rosália está gritando muito — Izabelle responde sua mãe — Mamãe onde a senhora vai?
— Eu já volto minha filha, vai para o seu quarto, assim que eu chegar lhe darei o beijo de boa noite.
— E se eu já estiver dormindo? Quero o beijo agora por garantia.
Maitê sorri, segura a mão da sua filha e a leva até o quarto, a coloca na cama e da um rápido beijo em sua testa.
— Eu te amo — Maitê fala acariciando os cabelo de Izabelle — agora dorme, nada de ficar andando pela casa.
— Também te amo mamãe — Izabelle fala abraçando sua mãe — você não vai demorar né?
— Não, a mamãe já volta, prometo!
Maitê desse as escada correndo e vai até o táxi, o motorista está impaciente com a demora, assim que adentra do carro ele começa a se afastar da fazenda Camargo.
O caminho percorrido é até uma pequena casa no campo, bem afastada do povoado, uma garoa fina começa a cair, ao descer do táxi ela adentra do portão e vê o carro encostado, Maitê reconhece o mesmo, é do melhor amigo do seu esposo.
Guido é um dos maiores fazendeiros do povoado, ele tem grandes posses de terras e de gados, ele é casado com a vereadora da cidade Patrícia e tem duas linda filhas. Maitê vai se aproximando e Guido parece surpreso quando a vê.
— Não estava esperando por você — Guido fala dando passos para frente.
— Estava esperando pela minha irmã? — Maitê pergunta e já responde em seguida — ela não vai vir.
Guido engole a seco.
— Como vocês podem fazer isso? — Maitê pergunta irritada — Trair sua esposa, sujar a honra da sua família e a minha irmã acabar com a reputação da minha? Eu não vou deixar vocês fazerem essa loucura.
— Isso não é da sua conta Maitê, vai embora, se eu não fugir hoje com a Rosália, eu fugirei outro dia.
— Não, eu não permitirei.
Guido entra em seu carro e Maitê entra logo atrás, ela está determinada em não deixar eles fazer essa besteira.
— Eu vou busca-la, não há que possa me impedir.
Guido pisa no acelerador, a chuva começa a engrossar, trovões e raios iluminam o céu escuro, a chuva está tão forte que logo se faz uma pequena enxurrada na estrada.
— Guido diminuiu a velocidade — Maitê grita nervosa — você não pode fazer essa besteira, pensa nas suas filhas.
— Cala a boca Maite — Guido grita batendo as mãos no volante frustrado — nem todo mundo tem um casamento perfeito que nem o seu, assim que eu te deixar na sua casa, vou pegar a Rosália e vou embora junto com ela.
Guido acelera mais o carro que começa a deslisar pela estrada barrenta, Maitê e ele continuam a discutir, quando de repente uma árvore cai na estrada, sem tempo de frear, Guido tenta jogar o carro para fora da estrada, mas acaba perdendo o controle e batendo a traseira do carro na árvore, com o impacto da batida, o carro capota ribanceira a baixo.
Um senhor que estava montado em seu cavalo vê tudo, imediatamente sai correndo indo até onde o carro está, ele vê o senhor Guido acompanhado da senhora Maitê Camargo.
Maitê está com a respiração ofegante, ela respira com dificuldade, o senhor se aproximar do lado onde ela está.
— Senhora vai ficar tudo bem! — o senhor fala — tente não se mexer.
— Eu precisava impedir eles de fazerem besteira... Eu precisava limpar a honra...
Maitê não consegui terminar de falar, seus olhos se fecham essa foi suas últimas palavras antes de falecer. Guido ao seu lado não teve nem tempo de falar suas últimas palavras, o senhor tentou ajudar, mas os dois já estavam mortos.
*
Horas se passaram a chuva havia cessado, Bento chega em sua casa, ele vai em direção ao seu quarto, abre a porta olha diretamente para cama, está intacta, sem se quer um amassado, ele vai até o banheiro a procura de sua esposa e não a encontra.
Bento decide ir para o quarto da sua filha, pode ser que Maitê esteja dormindo com ela, geralmente quando chove Izabelle tem medo dos trovões, mas ao abrir a porta, ele olha em direção a cama e vê sua filha, ela está em um sono profundo, mas nada de sua mulher. Mas onde sera que ela se meteu? Ele pensou, em passos rápidos ele desce para cozinha e vê, Guadalupe terminando de organizar as coisas.
— Patrão boa noite — Guadalupe fala o observando — o senhor precisa de algo?
— Desculpa se te assustei Lupe — Bento fala pegando uma xícara — você sabe onde a Maitê está?
Guadalupe encara o seu patrão, já fazia algumas horas que a senhora tinha saído, ela até pensou que ela tivesse ido encontrar com o patrão.
— Desculpa senhor, mas eu não sei — Lupe responde — ela saiu já tem algumas horas, até pensei que ela fosse encontrar com o senhor.
— Saiu para onde Lupe nessa chuva?
— Ela não disse, apenas disse que não era para abrir a porta do quarto da senhorita Rosália, colocou a menina Ize na cama e saiu.
— Que horas foi isso Lupe?
— Era por volta de umas oito horas, ela pegou um táxi que estava a espera da senhorita Rosália e saiu.
— Por que ela não queria que a Rosália saísse do quarto?
— Não sei senhor, ela apenas pediu para que não a deixasse sair.
Bento olha para o relógio já vai dar onze horas, ele pega seu celular e decide ligar para sua esposa, na primeira vez da caixa postal, na segunda uma voz masculina atende.
— Maitê meu amor, onde você está? — Bento pergunta se segurando.
— Senhor Camargo — uma voz grossa fala.
— Quem está falando? — Bento pergunta — por que atendeu o celular da minha esposa?
— Senhor Camargo, sou o delegado Soares, será que o senhor poderia comparecer no hospital do povoado?
— Aconteceu alguma coisa com minha mulher?
— É melhor o senhor vir para cá, conversaremos com calma.
Bento nem espera o delegado falar mais nada, ele pega as chaves do carro, Lupe encara seu patrão preocupada e com medo que algo possa ter acontecido.
— Patrão, onde o senhor vai? — Lupe pergunta.
— Vou no hospital, toma conta das coisas até eu voltar.
— Sim senhor.
Bento vai até o seu carro, sai em alta velocidade, em sua mente está rezando para que sua esposa esteja bem.
No hospital, tem duas ambulância parada, ao tirarem duas maca tem um saco preto em cada uma, algumas pessoas olhavam curiosas para saber quem estava dentro do saco, era difícil ver o hospital tão agitado e a polícia acompanhando as macas com todo o cuidado para que ninguém se aproximassem e tentassem violar os dois corpos.
— Delegado — doutor Sérgio fala — conseguiu falar com algum parente da senhora? Não havia nenhum documento com ela.
— Sim, ligaram para o celular dela, se prepara para dar a notícia e fazer o reconhecimento do corpo.
Doutor Sérgio se vira apenas concordo com a cabeça.
— O que a senhora Maitê fazia no carro do senhor Guido? — Soares pergunta para si mesmo — melhor investigar isso com cautela.
Bento encosta o carro de qualquer jeito, sai correndo indo em direção a recepção, ao chegar na entrada ele vê Patrícia acompanhada de uma senhora, ela está com um lencinho limpando o nariz. Ao se aproximar do balcão e uma moça o leva para uma sala afastada, quando um médico adentra da mesma acompanhado do delegado Soares.
— Boa noite senhor Camargo — doutor Sérgio fala tentando não transparecer tristeza.
— Doutor não enrola — Bento fala agoniado — cadê a minha esposa? Onde ela está?
— Senhor Camargo — Sérgio fala, sempre que é para dar uma notícia dessas, ele pensa com cautela no que vai dizer — houve um acidente de carro e sua esposa estava no veículo, infelizmente ela acabou não resistindo e veio a óbito no local.
Bento paralisa ao ouvir isso, como assim ela sofreu um acidente? O carro dela estava na garagem.
— Como ela estava sem documento, preciso que o senhor me acompanhe, para fazer o reconhecimento do corpo.
Como eles poderiam ter certeza que era a esposa dele? Maitê nunca saia sem seus documentos, ela sempre andava com motorista da fazenda, dificilmente pegava táxi, e quando não saia com o motorista, ela saia com o proprio carro.
— Como ela sofreu um acidente? O carro dela estava na garagem — Bento pergunta frustado.
O delegado fica em silêncio e o doutor também, ainda era muito cedo para eles falarem o que realmente aconteceu, já que não tinha explicação sobre o ocorrido.
*
Bento adentra da sala gelada, sente calafrios ao ver dois sacos pretos, o Sérgio vai até um deles e abre. Bento se aproxima olhando para sua esposa, ao ver seu rosto pálido sem cor, seus olhos enche de lágrimas.
— Meu amor — Bento fala segurando as lágrimas — por que você se foi tão cedo? Meu amor, o que eu vou fazer sem você?
— Senhor Camargo eu vou deixá-lo apenas alguns minutos com ela — Soares fala de cabeça baixa.
Eles saem da sala, Bento passa mão sobre o cabelos da sua esposa que estão úmidos, sua pele está quase gélida, ele chora de soluçar, quando ele vê o outro saco ele se aproxima e abre o mesmo, vê seu amigo Guido, ele suspira assustado.
Como isso pode acontecer? Sua esposa e o melhor amigo morreram no mesmo dia? O rosto de Guido contém alguma marcas e arranhões, ele fecha o saco e sai imediatamente da sala.
Bento anda desesperado pelos corredores do hospital, o delegado observa e vai em sua direção, coloca a mãos em seus ombros.
— Senhor Camargo tem um minuto? — Soares pergunta.
— Não estou acreditando que minha mulher morreu, ela era tão jovem, o que vou falar para minha filha?
— Sinto muito pela sua perda, mas será que o senhor pode me responder algumas perguntas?
— O senhor sabe o que houve? Porque ela sofreu esse acidente?
— É o que estou tentando descobrir — Soares fala tentando não ser invasivo — senhor Camargo, o acidente aconteceu alguns quilômetros antes da fazenda do senhor, o carro deu perda total, sua esposa estava no banco do passageiro, ela estava sem cinto de segurança.
— Quem estava dirigindo o carro? — Bento pergunta temendo pela resposta.
— Guido Fernandez.
Bento olha para o delegado surpreso, mas o que ela estaria fazendo com o Guido? Porque ela sairá com ele?
— O senhor não sabia que ela estava com ele? — Soares pergunta.
— Não, na verdade nem sabia que ela havia saído de casa, já sabe como o acidente aconteceu?
— Ainda não, mas irei investigar, peço que seja paciente.
Bento não responde nada, ele simplesmente queria sumir, ele vai até o seu carro, essa noite está se tornando o pior pesadelo dele.
Ao adentrar do carro ele soca o volante com raiva, o que ela fazia no carro do Guido? Não faz sentido nenhum, Bento tenta se acalmar e vai para sua casa, ele precisa pensar como dará essa notícia para Izabelle e Rosália.
Quando adentra da casa está tudo claro, Izabelle está abraçada com Lupe.
e Rosália sentada no sofá com os braços cruzados.
— Papai — Izabelle abraça seu pai.
— Coração o que faz acordada? Está tão tarde — Bento fala a pegando no colo.
— Bento cadê a Maitê? — Rosália pergunta fingindo preocupação.
Bento apenas a ignora, começa a subir as escadas com Izabelle nos braços, ele está segurando as lágrimas, logo a notícia da morte de Maitê se espalharia e ele não queria que a filha soubesse por terceiros.
Ao adentrar do quarto, Bento a coloca na cama, olha para a foto que tem na cômoda pega a mesma e entrega para Izabelle.
— Filhinha — Bento começa a falar — a sua mamãe, ela não vai estar mais entre nós, mas ela cuidará de você no céu.
Izabelle olha para o seu pai, sem querer acreditar no que ela acabou de ouvir.
— Não papai — Izabelle grita chorando — ela me prometeu que voltaria, eu quero minha mamãe.
Bento apenas abraça sua filha e fica ali com ela, nesse momento tão ruim.
*
Dentro do escritório Bento tentava raciocinar o que sua esposa fazia com Guido, ela nunca se mostrou desse jeito, ele observa o seu copo vazio, como isso pode acontecer?
Ele já havia ouvido alguns rumores de que uma mulher da fazenda Camargo estava tendo caso, mas não poderia ser sua esposa, ela era tão dedicada a ele, a sua casa e filha que não dava para acreditar.
— Bento? — Rosália pergunta adentrando do escritório.
Bento apenas olha para Rosália, ele não quer conversar, então a encara com uma carranca irritada, Rosália não recua.
— O que você quer? — Bento pergunta voltando prestar atenção no copo.
— Quer falar sobre isso? — Rosália pergunta.
Ele apenas nega com a cabeça, ele não entendia porque disso estar acontecendo, sua esposa no carro do seu melhor amigo, não faz sentido algum.
*
As horas passa o velório da cidade está lotado, não demorou para que a notícia do acidente se espalhasse, principalmente sobre Maitê estar no mesmo carro que Guido.
Bento está em uma sala acompanhado de alguns conhecidos e familiares, a pequena Izabelle está abraçada com Lupe, do outro lado está sendo velado Guido, está cheio de pessoas importantes, Patrícia não está chorando, mas sim irritada, porque o que ela sempre desconfiava tornou-se verdade.
Depois do velório ouve o sepultamento, todos já haviam saído do cemitério, exceto Bento que estava olhando para o pedaço de terra onde sua mulher estava enterrada, quando ouviu paços se aproximando.
— Por que está chorando por ela Bento?
Ao ouvir essa pergunta, Bento se vira para trás, Patrícia estava com uma rosa preta em sua mão, seu vestido preto e chapéu combinando olhava para o túmulo com desprezo.
Bento volta prestar atenção túmulo da sua esposa, ele não queria pensar que os rumores realmente fosse verdadeiros.
— Por que eu não choraria por ela? — Bento pergunta — lamento por sua perda também.
— Eles eram amantes, eu já desconfiava que o Guido tinha uma amante, quando o acidente aconteceu, só confirmou minhas suspeitas.
— Não ouse falar que minha mulher era amante do Guido, ninguém sabe o que acontece naquele maldito acidente.
— Não seja tão ingênuo Bento — Patrícia fala jogando a rosa preta no túmulo — já era de se esperar, uma mulher que vivia como a sua, não seria diferente.
Ao falar isso Patrícia simplesmente se vira e some do campo de vista. Bento não queria acreditar no que acabará de ouvir.
Ao chegar na fazenda havia alguns conhecidos, Izabelle estava na cozinha acompanhada de Lupi, ela não falou uma só palavra desde que recebeu a notícia da morte de sua mãe.
*
Os dias passaram e os rumores sobre a traição estavam circulando no povoado, cada vez era uma fofoca diferente, Bento evitava sair para que as pessoas não o olhasse como se fosse um pobre coitado que perdeu a mulher para o melhor amigo, mas hoje ele realmente precisa sair, embora não se sentisse a vontade.
— Guadalupe — Bento a chama saindo do escritório.
— Chamou senhor?
— Sim, estou indo no povoado resolver algumas coisas — Bento fala pegando as chaves do carro — arrume a Izabelle e a manda para a escola, e por favor retire minhas coisas o meu quarto e coloque no quarto de hóspedes.
— Sim senhor, algo mais?
— Sim, tudo que for da falecida guarda no quarto e depois tranca e esconde as chaves.
Guadalupe apenas concorda com a cabeça, embora ela já ouviu muitos rumores sobre a traição, ela sempre defendia a honra de Maitê.
Izabelle está da janela observando seu pai sair com o carro, depois do ocorrido ele tem ficado bem pouco com a menina.
Abraçando seus joelhos ela fica olhando o movimento, desde o acontecimento Izabelle tem se trancado dentro do quarto, não sai nem pra comer direito.
— Ize — Guadalupe fala batendo na porta.
— Pode entrar Lupe — Izabelle responde limpando as lágrimas.
— Querida, seu pai pediu para que eu te mandasse para escola.
— Não quero ir para a escola — Izabelle fala voltando olhar para janela — as pessoas ficam me olhando eu não gosto disso.
— Izabelle você precisa ir para escola, vamos pelo menos hoje, lembre-se sua mãe está com você mesmo que você não a veja.
— Eu sinto saudades dela Lupe.
— Eu sei meu anjo.
Izabelle nunca foi de questionar as ordens dos pais, simplesmente vai até seu guarda roupa arruma seu uniforme, pega sua mochila e se arruma, Lupe trança seus longos cabelos e pede para o motorista à levar para escola.
Enquanto no povoado Bento encosta o carro na delegacia, ele quer descobrir o que realmente ouve naquela noite fatídica, ao adentrar da delegacia muitos olham para ele com pena.
— Que bom que veio Senhor Camargo — Soares fala — precisava mesmo fazer algumas perguntas.
— Doutor, o que o senhor descobriu? — Bento pergunta.
— Realmente com a chuva não tinha como saber, se o carro estava entrando ou saindo da cidade, mas dentro do carro havia duas malas com roupas masculinas e dentro da mala dois passaporte, um no nome do Guido e outro no nome de Rosália.
— Rosália?
— Sim, só que com a foto da sua esposa.
— Doutor isso não faz sentido — Bento fala cansado — o que mais?
— Ainda estamos investigando, é difícil saber sem testemunha o que de certo aconteceu.
— Doutor o senhor acha que estão falando é verdade? Minha esposa estava mesmo fugindo com o Guido?
— Olha Bento eu não posso afirmar nada, não posso dizer que sim e que não, mas o senhor não deve dar ouvidos ao que falam, já que o senhor convivia com sua esposa e a conhecia melhor que ninguém.
Guido apenas concorda com a cabeça, Soares pega uma pasta e fala.
— O laudo mostra que sua esposa morreu logo após o carro capotar, ela ficou alguns minutos viva, dificilmente sobreviveria ao acidente.
Bento pega os papéis e olha, apenas fica em silêncio, embora ele não acredita que Maitê poderia o trair, as pista a ponta para infidelidade.
*
Na escola Izabelle caminha olhando para o chão, algumas crianças se afastam dela pelo acontecido, ela se senta em um cantinho e fica ouvindo as crianças falarem sobre sua mãe.
— Olha quem resolveu dar as caras — Maia Fernandez fala.
— Por que voltou para escola? — Carlota pergunta rindo — você deveria sentir vergonha pelo que sua mãe fez.
— A minha mãe não fez nada — Izabelle enfrenta as duas irmãs.
— Não é o que dizem por aí.
Maia observa cautelosamente Izabelle, seu olhar é perverso, ao pegar a sua garrafa de suco, Maia jogo tudo no rosto de Izabelle, ridicularizando a menina.
Enquanto Maia fazia a maldade, as outras crianças observam caladas.
Izabelle pega suas coisas e sai correndo portão a fora, ela não entendia porque seus colegas estavam sendo tão mal com ela, mesmo com que falavam, ela acreditava na inocência da sua mãe.
*
Na fazenda Bento está pensando na noite do acidente, quando ele se lembra que a Lupe mencionou que Maitê havia trancado Rosália no quarto, mas ela nunca havia dito o motivo.
— Lupe — Bento a chama — você pode vir em meu escritório?
Lupe aparece em apenas alguns segundos.
— Lupe na noite do acidente — Bento fala — você disse que Maitê trancou Rosália no quarto, ela te disse o motivo?
— Não senhor, ela só disse que iria sair e que não era para deixar a senhorita Rosália sair do quarto, por quê a pergunta?
— Nada, você sabe onde a Rosália está?
— Na piscina, o senhor quer que eu a chame?
— Sim Lupe.
Bento está tão confuso com tudo que aconteceu. Rosália olha para a piscina com um sorriso no rosto, como sua irmã pode ser tão idiota ao ponto de entrar no carro do Guido, agora ela está morta e levará a fama de traidora.
— Senhorita Rosália — Lupe a chama — o patrão há quer no escritório dele imediatamente!
— Já estou indo — Rosália responde.
Ao se levantar da cadeira de sol, Rosália exibe seu corpo perfeito, ela está usando um biquíni minúsculo, nem parece que perdeu a irmã a poucos dias.
Rosália coloca uma saída de praia e vai até o escritório, ao adentrar Bento a encara incrédulo, com a Maitê pela casa ele já mais viu Rosália usar esses tipos de roupa.
— Você mandou me chamar? — Rosália pergunta com uma voz meiga.
— Sim, sente-se.
Rosália senta na cadeira, Bento olha para os papéis em sua mesa e começa um interrogatório.
— Rosália por qual motivo você estava trancada dentro do quarto?
— Porque a Maitê me trancou! — Rosália responde com indiferença.
— Você sabia que tinha um táxi do lado de fora da casa? — Bento pergunta olhando em seus olhos.
— Não — Rosália mente — por que eu teria que saber de um táxi depois das sete da noite?
— É isso que eu quero saber!
Rosália sabia o que realmente Bento queria saber, ela não poderia falar que sua irmã tinha a trancado no quarto para evitar que ela fugisse com o Guido, e que por conta disso Maitê está morta, Rosália sabia que se ela falasse a verdade as pessoas a culparia pela morte de sua irmã.
— Bento — Rosalia fala forçando um choro — eu nem sei como te dizer isso, na verdade mais cedo ou mais tarde você vai descobrir.
— Descobrir o que Rosália? — Bento pergunta irritado.
— Na verdade eu acabei descobrindo o caso da minha irmã com o Guido, eu ia te contar, mas a Maitê me trancou no quarto para que eu não te falasse nada.
Guido olha espantado para sua cunhada, que continua a chorar.
— Eu tentei a impedir de sair, mas ela me trancou e chamou um táxi, não pensei que ela pudesse chamar o táxi no meu nome.
Bento suspira cansado, ele se coloca em alerta, como Rosália sabia que o táxi foi pedido no nome dela? Ele não mencionou que alguém pediu um táxi no nome dela, Bento chama Lupe para entrar no escritório.
— Lupe foi você quem chamou o táxi? Ou a Maitê? — Bento pergunta e a mesma nega que não — então quem foi?
— Foi a senhorita Rosália que ligou para o taxista, a patroa apenas aproveitou a viagem — Guadalupe responde.
— Como ousa? — Rosália fala entre os dentes — ela está acobertando o que a Maitê fez.
Bento fica irado com a situação e manda as duas sumirem da sua frente, sua cabeça está a mil, ele nunca viu uma história tão mal contada como essa.
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