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Todas As Tardes

Prólogo

Aquela manhã de domingo parecia infeliz demais para mim, a minha sogra sempre fazia questão de dizer na frente dos outros que eu não sou a melhor nora do mundo, sempre lançando as suas pequenas farpas por sua língua afiada, mesmo que fosse horário da missa, ela nunca teria coragem de ser gentil comigo quando me visse. Julian, meu marido, finge que não ouve, o que mais eu posso fazer, não vivo numa época de muita imposição feminina, eu apenas sorrio e finjo que ela está a contar a piada mais engraçada da minha vida.

O meu marido está se aproximando com duas belas companhias, um homem de roupas claras, e uma mulher de vestido verde água, dos olhos castanhos, a pele bronzeada e os lábios carnudos.

— Amor! – chamou a minha atenção com o seu sorriso animado — Estes são Bruno e a sua esposa Yasmin! — Eles apresentou-nos e eu comprimentei cada um — Bom, Bruno é meu amigo de longa data, descobrir que ele voltou para cidade recentemente e por coincidência é nosso vizinho.

— Que incrível, meu bem! – Sorri, Julian era um homem um pouco solitário preocupava-me e também acalmava-me —podemos os convidar para um jantar, o que acham?

Yasmin me parecia um tanto retraída, mas ela tinha um sorriso tão lindo, e o seu marido tinha uma personalidade um tanto avulsa.

— A gente aceita, precisamos socializar um pouco na nova cidade. — Bruno sorriu, de fato alguém avulso.

Um tempo depois, após o piquenique familiar, estava na hora de ir embora, encontrei Yasmin sozinha e decidi aproximar-me.

— Oi, você está sozinha? – eu estava curiosa sobre a sua voz.

Assentiu, talvez eu estivesse sendo apressada demais, mas por algum motivo eu estava curiosa sobre essa pessoa. Sorri!

— Vocês estão vindo da onde? – Perguntei em relação a mudança, não esperava muitas respostas, mas se ela murmurasse seria um tanto suficiente para mim.

— São Paulo. – Que voz incrível, ela tinha um tom um pouco grave, um pouco agudo, isso sim era a mistura dos dois mundos.

— Amor! Eu e Bruno, vamos beber algumas cervejas, eu volto antes da janta! – Então ele mal encontra seu amigo e eu sou jogada para escanteio?

— Tá bom! Tome cuidado! – Sorri e lhe dei um tchau.

Ao olhar para Yasmin, sua feição parecia um tanto desanimada.

— Eu posso lhe conceder um carona? – Perguntei esperançosa.

— Eu agradeceria, mas não tem como eu entrar em casa. – Ela disse um pouco envergonhada.

Suas orelhas avermelhavam de leve, e seus braços estavam levemente arrepiados.

— Se quiser ficar lá em casa, tudo bem, afinal eu ficaria sozinha mesmo. – Sugeri.

Eu gostaria de saber seus passatempos favoritos, se ela bordava, cozinhava, escrevia ou lia muitos livros, se se concentrava em gastar dinheiro do marido ou fazer fofocas, eu estava curiosa.

Ela levou a destra até a orelha, e sorriu. — Gostaria de passar um tempo com você.

Segurei pela mão e a apressei até meu carro.

— Vamos rapidinho, que minha sogra está por aqui, e eu não quero ouvir ela me destratar. — Sorri como se fosse um segredo e ela sorriu de volta.

talvez dali para frente, eu compartilhasse muitos segredos com ela, e talvez ela tenha de tornado um.

1

Cinco meses passaram-se, e sempre que os nossos maridos saíam para algum lugar, Yasmin se juntava a mim, nós costumávamos ouvir músicas, rádio, compartilhar interesses em revistas, falar fofocas, ou comentar de tendências de modas, durante um café da tarde. Conforme esse tempo passou, Yasmin continuava a instigar-me, cada vez mais ela perdia a sua timidez, continuava uma pessoa retraída, porém confiava e se soltava cada vez mais a minha presença, compartilhou comigo até o seu segredo.

Ela pintava, mostrou-me algumas das suas artes, tão belas quanto a pintora, os seus traços precisos e as vezes perdidos compunham as obras, fazendo os contrastes mais lindos. Mas eu tinha medo, muitas das tintas eram tóxicas, havia muitos casos de doenças degenerativas que pintores haviam contraído por conta das tintas, mas Yasmin parecia não se preocupar com isso, comentou usar as medidas protetivas que transformavam a toxicidade apenas em arte, e eu aliviei-me.

Agora, ela divagava no (divã) da minha sala ouvindo alguma canção inédita na rádio, balançava os seus pés delicados com a canção, me peguei a encarar.

— Gostou da música? — perguntei sem graça, essa mulher tinha algo que tomava os meus pensamentos durante todos os momentos.

— Hum — murmurou, hoje, ela estava pensativa, como se houvesse algo a relatar-me. — Posso pedir-te algo?

Não havia o porquê pensar muito, tudo que ela me disse bom, eu diria sim, se fosse para conhecê-la ou sanar a sua curiosidade, o meu coração diria sim. Acenei, tinha a certeza que se eu falasse, ela hesitaria.

— Eu posso-te pintar? — Perguntou, e eu olhei fundos nos seus olhos, o seu rosto começou a ganhar características vermelhas — É com roupa, não precisa se preocupar, não se incomode se não quiser, é só rejeitar, está bom? — Ela cuspiu as palavras um tanto ansiosa e chega perdeu o ar.

— Poxa! Eu adoraria, eu acho os seus quadros maravilhosos, eu deixaria você pintar-me de qualquer forma. — Ela ainda estava envergonhada, mas seu rosto tranquilizou.

— Nós podemos começar domingo?

— Sim!

...---------------...

Naquela noite, após ter-me deitado com Julian, eu comecei a perguntar-me como seria fazer as mesmas coisas com Yasmin, mas eu freei os pensamentos, que ideias eram essas. Ao notar que eu estava tensa, Julian chamou a minha atenção.

— Amor, está tudo bem? — perguntou enquanto abraçava o meu corpo e fazia carinho no meu ombro.

— Sim, eu só estava pensando em algumas coisas. — Disse, não era uma mentira.

— Eu vou precisar fazer uma viagem a trabalho, no final de semana, assim, eu volto na quarta-feira que vem.

Conheci Julian quando era adolescente, nos casamos quando eu tinha 20, Julian é três anos mais velho que eu, nós estamos casados a 5 anos, nunca duvidei de Julian, ele sempre esteve presente para mim, algumas coisas nele eu até desgostava, mas agora eu estava de fato desconfiada.

— Tudo bem, vamos só dormir. — Beijei os seus lábios e aconcheguei-me nos seus braços.

... A paz daquela noite, nunca chegaria aos pés da paz que tínhamos nos dias antes desta. ...

2

O domingo havia chegado, era um domingo incomum, eu não iria a missa, meu marido não estava em casa para que eu lhe fizesse um farto almoço, não teria que aguentar os elogios da minha sogra. Eu me sentia ansiosa desde a sexta feira, meu estômago parecia ter um buraco fundo e frio, e parecia ter dezenas de borboletas passeando por ele.

Yasmin veio me buscar em casa, ela vestia um vestido rodado florido com a cor em sua maioria rosa, tinha nos pés saltos pequenos brancos, e nas orelhas levava um par de brincos em formato de rosa, assim que eu a vi, meu coração pareceu saltar, e engoli seco.

— Você está bonita! — elogiei-lhe com a voz baixa.

Ela sorriu para mim, enquanto esperava eu sair de casa.

— Nós podemos ir? — Disse sorrindo ainda — Meu marido viajou, por isso vim cedo, pensei que poderíamos passar um tempo juntas além de apenas pintar o quadro.

Essa era uma das minhas características favoritas nela, mesmo que Yasmin fosse fechada, ela não poupava em demonstrar o que gosta, ela sempre esteve receptiva a ler meus pensamentos (quem sabe) e reproduzi-los em palavras.

— Ah sim! vamos.

Ao aconchegar-me no carro, eu notei que este levava o seu cheiro, uma fragrância refrescante, ele era confortável, um carro simples, mas para mim ele continha a maior luxúria do mundo, ou talvez o maior tesouro.

— Sabe, eu estive nervosa a semana toda, parece até loucura. — concentrada no caminho.

Eu disse que ela facilmente leria os meus pensamentos.

— Oh! Eu também, parecia que o meu estômago tinha um buraco de gelo. — Obviamente eu omiti as partes das borboletas.

Agora, eu tinha uma nova imagem dela na minha mente, seu corpo levemente tenso ao banco, com as mãos no volante, mãos essas que eram firmes, delicadas e experientes, as unhas, coloridas levemente de verde, os lábios, salpicados com pouco batom, o cabelo preso em uma trança. Talvez, eu esteja gravando mais detalhes dela do que eu deveria.

— Seus brincos são bonitos. — Elogiei — Parece até que você que fez.

Eu tenho que ser boa nos elogios.

— Uma amiga minha que fez, ela tem uma joalheria, aí ela cuida das linhas principais, mas esse não chegou a ser vendido, pois ela fez apenas esse.

O que foi isso? Opa, opa, que sentimento é esse no meu coração, de repente, eu achei o brinco mais feio do mundo.

— Você tem muitos amigos? — A gente tem que saber onde pisa.

— Não, não consigo fazer muitas amizades, mas ela, Cecília, estudou comigo durante todo o período escolar, foi minha amiga por anos, até eu conhecer o Bruno.

— Como você conheceu ele? — eu estava curiosa, se ela não tinha muitos amigos, como poderia estar casada aos 23?

— Bom, eu tenho um pseudônimo para poder vender minhas obras, e mesmo que eu tenha este, eu sempre estou no meio de exposições, sempre quero ver as tendências, antes quando morava com meus pais, eu saia escondida, e em uma dessas eu conheci o Bruno.

— Que clichê! — Eu exclamei, o suficiente para ela rir — Parece que Millena escreveu isso!

— Mentira que você também lê as histórias da Millena. — ela parecia em choque.

— É, quase isso...

— Chegamos!

Ela havia estacionado em frente à uma casa, de ladrilhos verde claro, com uma porta branca, e um quintal que comportava um piscina média. Uma casa bem bonita, parecia aconchegante morar ali.

— Bem, está não é minha casa, casa, onde moro com Bruno, mas é aqui que eu pinto, é uma casa só minha, não tem muitos vizinhos, e é bem tranquilo.

— É uma casa bem bonita, deve ser bastante aconchegante e sossegada.

— Ela é, vamos, vou te mostrar lá dentro.

Nós entramos, ela me apresentava cada detalhe da casa com o maior cuidado, mostrou me cada canto, seu ateliê, seu quarto, um quarto de hóspedes, o banheiro na sua suite, o banheiro para os convidados, a cozinha, área do churrasco, piscina e faltou apenas o porão, que ficava aos fundos da casa, junto ao seu pequeno jardim de rosas.

— Vamos entrar na piscina? — Ela perguntou — Está um pouco quente, então a gente pode se refrescar para eu poder pintar o quadro com calma.

Não tinha como eu negar, mas eu não sabia que haveria uma piscina, não tinha levado roupa.

— Você não trouxe roupa, não se preocupa, a vizinhança está vazia, então eu te empresto uma calcinha e um sutiã pois eu também estou sem biquíni aqui. — Ela disse antes que eu pudesse pronunciar a falta das peças de roupa. — Aí quando der onze horas a gente entra, pois o culto acaba essa hora.

Eu apenas assenti, Yasmin tinha poucas palavras e mesmo assim me deixava sem as minhas, eu não havia pensado direito, estava envergonhada em ficar quase sem roupa na sua frente, quando vi já estava no banheiro, com uma calcinha e um sutiã em minhas mãos. Tirei as roupas, dobrei elas delicadamente e coloquei aquele conjunto e saí do banheiro.

— Onde eu posso pôr minhas roupas? — Gritei a pergunta para que ela ouvisse.

— Põe em cima da minha cama, tem uma toalha, aí você pega. — respondeu de volta.

Entrei no quarto alheio, e eu tive certeza que aquela casa era o paraíso, todos os cômodos tinham o cheiro dela, talvez eu devesse me internar alí, pois eu já estava viciada.

Botei a roupa, perto da beira da cama e peguei a toalha, fui para a piscina na área externa. Yasmin estava sem os brincos nas orelhas, seu cabelo estava solto, e ela repousava perto da piscina em cima de uma toalha, com os peitos espremidos em um sutiã, e uma calcinha bem justa, porém não apertada.

— Vamos entrar na piscina? — Me perguntou — ficou muito bom o conjunto em você, está bem bonito!

Essa mulher estava me enlouquecendo.

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