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Dose Dupla

Capítulo 01

Bella

Mais um dia se encerra em minha vida. Estou exausta, meu chefe é muito exigente, é bonito demais, mas muito mandão e gosta de excelência.

Me formei há um ano, fiz meu estágio nessa empresa e por me destacar acabei sendo contratada.

Tive que mudar de cidade outra vez, morava na capital, na casa de minha irmã Raquel, depois me mudei para outra cidade próxima a capital para poder estudar e depois que me formei mudei para o interior, que é onde fica a empresa na qual trabalho.

Sinto muita falta da minha gêmea Liz, éramos inseparáveis quando mais novas, fazíamos tudo juntas, por mais que ela enchesse meu saco eu gostava de tê-la por perto.

Nós somos iguais na aparência, mas na vida somos totalmente opostas.

Estamos separadas por conta disso, Liz se formou um pouco antes de mim, pois estudou moda e acabou conseguindo um estágio em um ateliê famoso em Milão e já está morando lá há dois anos.

Eu por outro lado estudei engenharia da computação e me dedico a desenvolver softwares para essa empresa em que trabalho.

Quando falo que Liz e eu somos muito diferentes não quero dizer só em nossas profissões, somos diferentes também na personalidade.

Liz é extrovertida, se dar bem com todos, fala tudo pensa, e quanto a mim, bom, eu sou mais introvertida, só falo o necessário com as pessoas que não conheço.

Liz já teve vários namorados e casos, desde os quinze que ela começou a namorar e não parou mais, ela já teve mais parceiros sexuais do que minha irmã mais velha que já tem trinta e três.

Eu por outro lado foquei tanto nos estudos e no trabalho que não me preocupei com isso, tanto que estou no auge dos meus vinte e quatro e ainda sou virgem, troquei apenas alguns beijos com uns três caras, mas não passou dos beijos.

Eu sei! Isso é vergonhoso, mas nunca encontrei ninguém que me interessasse o suficiente para me envolver sexualmente.

Bom, teve alguém sim, mas ficou no passado a muito tempo e pretendo deixá-lo onde está.

Entro em meu pequeno apartamento, bom, é alugado, mas tem sido meu lar há um ano. O apartamento é todo decorado em tons de lilás clarinho e branco. A sala é conjugada com a cozinha, dividida por um balcão, um corredor separa a cozinha/sala do quarto, o quatro é bem grande, tem um closet e um banheiro, realmente o apartamento é bem pequeno, mas para uma pessoa só está de bom tamanho.

Deixo minha bolsa em cima da mesinha de centro da sala, tiro meu tênis e vou direto beber água.

Ouço o bip do meu celular, um desses de último modelo, essa é uma das vantagens de trabalhar para uma empresa de tecnologia, todo ano o chefe dar um celular novo.

Há uma mensagem da minha pequenininha que já não é mais tão pequena assim, já tem nove anos, Anna Laura, minha Lalá, sempre quando chego do trabalho ela me manda uma mensagem.

Amo minhas outras quatro sobrinhas, mas minha ligação com Anna Laura é muito forte, foi assim desde que ela nasceu.

— Oi tia, como a senhora tá? Foi tudo bem no trabalho? Na escola foi tudo bem, tirei dez na prova, te amo tia.

Sorrio ouvindo o áudio dessa criança linda e meiga.

— Oi minha princesa, foi tudo bem no trabalho, parabéns pelo seu dez meu amor, a tia está muito orgulhosa de você. –envio o áudio, ela sempre fala comigo do celular dos pais, Caio e Raquel não deram celulares para elas ainda.

— Tia quando eu crescer quero fazer o mesmo que a senhora, por isso estudo muito, porque sei que tem que ser inteligente para fazer isso. –sorrio toda boba.

— Tudo bem meu amor, se precisar a tia te ajuda viu, te amo princesa.

— Também te amo tia, até amanhã.

— Até princesa, manda beijo pras suas irmãs, pros seus pais, pra vovó e pra Laila.

— Tá bom tia.

Deixo o celular de lado e vou tomar um banho, depois de um dia exaustivo tudo que preciso é um bom banho de banheira com meus sais de banho preferidos.

O que mais gosto nesse apartamento é isso, a banheira!

Coloco a banheira para encher enquanto vou na cozinha pegar uma taça de vinho, me sinto tão chique bebendo um vinho e tomando banho de banheira.

Não sou rica nem nada, mas com o salário que eu ganho dar para viver muito bem.

Encho a taça do meu vinho preferido e ligo o reprodutor do meu celular, Everybory Hurts do R.E.M ecoa, é uma música um tanto melancólica, mas eu gosto.

Volto para o banheiro levando meu celular e o vinho, deixo tudo em cima da bancada e tiro minha roupa.

Me olho no espelho, é, eu não sou das piores, ganhei mais corpo com os anos, minha pele é clara, meus cabelos são loiros, tenho olhos castanhos, meus seios são médios, minha cintura é fina, meus quadris mais largos, pernas grossas e minha bunda é bem grandinha. Além de ser a cópia da Liz, sou idêntica a minha irmã mais velha.

Após me analisar no espelho entro na banheira, a água está morna, respiro fundo com a sensação maravilhosa que é me dar esse luxo depois de tantas horas trabalhando.

Bebo meu vinho bem devagar e meus pensamentos me levam para ele, o único que têm habitado meus pensamentos nesses últimos anos, Raul Moraes.

Raul foi apaixonado por mim durante muitos anos, desde que tínhamos quatorze até mais ou menos aos nossos dezessete, só que ele cansou de me esperar e resolveu enfiar o pé na jaca, começou a ir em várias baladas e transar com meia cidade.

Sabe aquela frase que dizem que só se dar valor quando perde? Pois foi exatamente isso que aconteceu comigo. Só dei o real valor quando perdi.

Faz tempo que não vejo Raul, na verdade nunca mais ouvi falar dele, procuro nem saber, o bloqueei em todas as minhas redes sociais.

Morando aqui no interior é mais fácil se isolar e não ouvir falar nada dele, foi minha melhor escolha me mudar para cá.

O emprego é bom, Christopher Adams não é lá o melhor chefe do mundo, mas eu consigo suportar.

Tento tirar Raul dos meus pensamentos, não vale a pena sofrer mais, o pior de tudo é que a culpa é minha, fui eu quem o rejeitou a vida inteira e ninguém é de ferro.

Termino de beber meu vinho, logo saio da banheira e finalizo meu banho no chuveiro, visto meu roupão lilás e vou para a cozinha.

Coloco o resto da lasanha que tem na geladeira para esquentar, eu não sou lá essas coisas na cozinha, mas consigo me virar bem.

Após a lasanha esquentar retiro do forno e coloco em cima do balcão, me sirvo de mais uma taça de vinho e me sento em um dos banquinhos que ficam aqui no balcão.

Termino meu jantar e vou para o meu quarto assistir minha série e depois dormir para fazer tudo novamente no dia seguinte. 

Capítulo 02

Liz

É noite em Milão e mais uma vez eu aqui sozinha, cansei dessa vida vazia de ficar com um e com outro.

Podem até dizer que eu sou vulgar e que isso não é coisa de mulher direita, mas os homens fazem isso a muito tempo e nunca vi ninguém falando que é errado um homem ficar com várias mulheres.

Eu só aproveito minha vida do jeito que eu quero e faço o que me dar vontade.

Mas atualmente isso tem me cansado, é muito ruim não ter ninguém ao seu lado para conversar sobre como foi seu dia, sinto falta de alguém que fique comigo a noite, não só para fazer sexo, mas pela companhia, que me faça um carinho antes de dormir e me dê bom dia todas as manhãs.

Credo! Estou ficando melosa igual a Bella, ela que é toda romântica e sonhadora.

Sinto falta da minha gêmea também, ela quem cuidava de mim e não deixava eu me meter em encrencas.

Amanhã ligo para ela, aqui são 21:00 horas da noite e no Brasil já são 1:00 da manhã, ela deve estar dormindo, pois acorda muito cedo para trabalhar, mas amanhã é sábado então ela não vai precisar acordar cedo.

Minha irmãzinha só leva a vida em se dedicar ao trabalho, se eu estivesse lá uma hora dessas nós estaríamos em alguma balada, sempre a levei comigo, mesmo contra sua vontade, Bella tem aversão à baladas e a homens.

Pego meu celular e resolvo ligar para ela mesmo assim, pouco me importa se ela já está dormindo.

— Liz? Aconteceu alguma coisa? Não sei se você sabe, mas aqui já é madrugada. –ela atende no primeiro toque.

— Eu sei, não aconteceu nada, sinto sua falta.

— É simples, volte e venha morar comigo.

— Não sei se quero voltar, você deveria vir morar comigo, aqui é ótimo Bella.

— Eu não penso em sair do Brasil Liz, tenho meu trabalho e gosto muito dele.

— Chata! Te acordei?

— Não.

— Tá fazendo o quê?

— Assistindo uma série e bebendo vinho.

— Sozinha?

— Claro Liz! Com quem mais eu estaria?

— Sei lá! Algum boy?

— Eu não tenho boys Liz.

— Deveria, não sabe o que tá perdendo.

— Eu não vou ficar dando por aí igual uma coelha no cio Liz! –gargalho alto, só Bella mesmo para falar algo assim.

— Me respeita, eu sou uma mulher livre e dona de mim.

— Eu também sou livre e dona de mim e nem por isso saio transando com metade do mundo.

— Aí aí Bella, você é muito certinha.

— Ligou só pra me atormentar?

— Não, sinto sua falta, da mamãe, da Quel, das meninas, até do Caio.

— Nós também sentimos sua falta, quando vem?

— No meio do ano irei tirar férias.

— Você vem?

— Sim, vai poder ir pra capital ficar um pouco comigo ou vai continuar escondida nessa cidadezinha?

— Minhas férias também serão nessa período, irei ficar com vocês.

— Vamos pra Quel, não vamos atrapalhar a mamãe e o boy dela.

— É, mamãe está amando muito. –Bella diz e suspira.

— Ainda suspirando pelo Raul?

— Não enche Liz, vai pegar algum italiano por aí.

— Os italianos são uma delícia Belinha, vou te trazer pra cá e você vai ver.

— Dispenso.

— Você é muito chata Bella, precisa aproveitar sua vida, ainda é jovem e linda.

— Não preciso de homens Liz.

— Tá, vou desligar e pedir alguma coisa pra comer, nos falamos depois.

— Tá Liz, se cuida e juízo.

— Tá, te amo Bella.

— Também te amo Liz. –digo e encerro a chamada.

Olho a vista da cidade, aqui é muito bonito, um lugar muito bom para morar, mas sinto falta da minha família.

Peço uma massa do meu restaurante preferido, não sei cozinhar nada.

Janto aqui na sacada olhando o movimento da cidade e o céu, não estou afim de sair hoje, mas também não queria ficar aqui sozinha.

Mas sei que se sair irei acabar transando com alguém e talvez eu não queria isso hoje.

Ando pensando muito em Lucas meu ex amor que deixei no Brasil para vir morar aqui, namoramos por alguns meses e logo que consegui esse estágio terminei com ele.

Ele ficou arrasado, acho que ele foi o único que me amou de verdade, e o que também cheguei perto de amar.

A última vez que dei uma olhada em suas redes sociais ele estava namorando com uma bela morena, ele parecia feliz.

Eu falo da Bella, mas acho que eu sempre acabo colocando meu trabalho como prioridade na minha vida.

Mas me esforcei muito para conseguir esse emprego, para quem trabalha com moda estar em Milão e trabalhar em um ateliê renomado de um estilista conhecido é como ganhar na lotérica, muitas pessoas se matariam para estar aqui e eu dentre tantas consegui, ainda mais eu que sou estrangeira.

Pode até parecer pouco para algumas pessoas, porque eu sou apenas uma assistente, mas ninguém vem de cima, todo mundo tem que começar de baixo e vai crescendo aos poucos.

E eu sei que iria crescer, pois tenho capacidade e muita força de vontade, a parte mais ruim nisso tudo é ficar longe da minha família e do Lucas também.

Posso ter meus encontros, mas Lucas sempre terá um lugar em meu coração, ele é o único que já tive sentimentos de verdade, me apaixonei por ele, pois a forma como ele me trata nenhum outro nunca tratou, e no fundo nós mulheres desejamos isso, ser notadas e tratadas com carinho, gostamos de atenção.

Odeio sentir isso, pois esse sentimento me faz ter vontade de largar tudo e voltar para o Brasil para ficar com ele, mas óbvio que não vou fazer isso, está fora de questão.

Mas ele é tão carinhoso comigo e tão lindo, bom de cama, acho que ele definitivamente é o melhor s*xo da minha vida e olhe que já tive uns muito bons, mas com ele envolve sentimentos e acho que isso deixa tudo melhor.

Termino meu jantar e me jogo na cama, só quero que esse dia termine, amanhã é sábado e posso dormir até tarde e esquecer um pouco de tudo.

Capítulo 03

Bella

Acordo cedo, hoje é segunda outra vez, o final de semana passou voando.

Sempre aproveito os finais de semana para limpar o apartamento e colocar alguns trabalhos em dia, para na segunda estar tudo adiantado.

Tomo um banho rápido, visto uma camiseta branca, com um casaco preto por cima, uma calça jeans e meu all star preto.

Na área em que eu trabalho não é preciso usar roupas sociais, só quem trabalha lá com o chefe, mas na área dos "nerds" como chamamos, todos usam basicamente jeans e tênis.

Prendo meus cabelos em um rabo de cavalo, preciso cortar um pouco, estão compridos demais, mas não tenho saco de ir à salões de beleza.

Pego minha bolsa, minha pasta com meus papéis e meu notebook e vou para o estacionamento pegar meu carro, que Caio e Raquel me deram de presente quando me formei.

Amo muito esses dois, Caio é o irmão que nunca tive, ele trata a mim e a Liz como se fossemos de fato suas irmãs.

Do meu apartamento até a empresa leva apenas vinte minutos, mas é mais seguro ir de carro, sem contar que posso sair um pouco mais tarde de casa.

Deixo o carro no estacionamento da empresa e subo direto para a copa para pegar um café. Meu dia aqui na empresa só começa depois desse café.

— Bom dia nerds. –digo entrando na sala onde eu trabalho.

— Bom dia. –eles respondem.

Trabalham em média vinte pessoas comigo, mas os que mais tenho afinidade são Leandra, Joane, Léia e Pedro.

— E aí loirinha? Como foi o final de semana? –Pedro pergunta.

— Normal, limpei meu apartamento, trabalhei.

— Você só vive para o trabalho loirinha, precisa sair mais.

— Eu não, tenho mais o fazer, prefiro ficar em casa do que ir para uma balada cheia de gente suada, que só quer transar igual coelhos no cio.

— Isso é verdade, mas é bom sair um pouco.

Pedro é muito bonito, é muito nerd, se veste como nerd, mas é todo malhado, tem ombros largos. As calças que ele usa sempre ficam coladas em suas coxas grossas, ele tem cabelos pretos, pele clara e os olhos são escuros, diria que ele é um nerd moderno.

— Eu odeio sair de casa! –digo.

— Acho que você é uma velha disfarçada Bella.

— Talvez eu seja.

— Leandra, Léia e Joane estavam querendo marcar de nós sairmos juntos, o que acha?

Antes que eu responda o telefone da minha mesa toca.

— Salva pelo gongo. –Pedro diz e vai para a sua mesa.

Sento em minha cadeira e atendo o telefone.

— Isabela, gostaria que viesse até minha sala. –só há uma pessoa nessa empresa que me chama de Isabela, Christopher Adams, vulgo, meu chefe.

As pessoas sempre acham que Bella é apelido, mas não é, meu nome não é Isabela, é BELLA.

— Já estou indo.

Já até sei o que ele quer, sempre quando tem um desses clientes bem exigentes ele me chama, pois sou a mais paciente dentre todos os meus colegas, pessoas inteligentes são muito estressadas, eu sou a excessão.

— Entre. –ele diz quando eu bato na porta.

Assim que entro o vejo sentado em sua cadeira, atrás da sua linda mesa de vidro, usando seu terno italiano, impecável, que deve custar algumas milhas.

Na cadeira de frente para a sua tem um homem sentado, ele está de costas para mim, também usa um terno impecável.

— Pode se aproximar Isabela.

— É Bella senhor Adams, só Bella. –digo e nesse momento o homem se vira para mim e meu coração parece que vai saltar para fora do peito.

O homem que me olha é nada mais, nada menos que Raul Moraes.

— Esse é Raul Moraes, ele está trocando todo o sistema do hospital dele e me falou que queria algo fácil e prático, mas com excelência, ouviu falar dos nossos serviços e veio até aqui para isso, estava falando para ele que você é a melhor nessa área, pode deixar seus outros projetos para alguém terminar, a partir de agora vai trabalhar diretamente com o senhor Moraes, atenda todas as exigências dele, posso contar com você Isabela?

— É Bella senhor Adams. Tem mesmo que ser eu? Estou com aquele projeto dos tablets das escolas, estou no meio e gostaria de terminar.

— Ele disse que queria o melhor que tenho a oferecer.

Então eu sou o seu melhor senhor Adams?

— Senhor Adams me desculpe, eu sei que o senhor é o chefe, mas eu não gostaria de deixar meu projeto para outra pessoa, o senhor sabe como somos apegados aos nossos projetos, Pedro... Pedro poderia ajudar o senhor Moraes.

— Eu quero você Isabela. –Raul fala e eu resisto a vontade de revirar os olhos, ela sabe muito bem que meu nome não é Isabela.

— Ouviu nosso cliente Isabela, ele quer você, você e Pedro vão dividir as tarefas, ele pode te ajudar com os tablets, sei que trabalham bem juntos já que são namorados. –Raul me fuzila com os olhos e eu não nego que Pedro é meu namorado.

— Tudo bem senhor Adams, acho que Pedro e eu damos conta.

— Ótimo Isabela, amanhã mesmo você começa com o projeto do senhor Moraes.

— Sim senhor, posso me retirar?

— Pode, obrigada Isabela, Ah! Melissa te mandou um beijo, disse que amou te conhecer, desculpe, mas minha esposa é assim mesmo, por onde passa esbanja simpatia.

Segundo relatos Christopher Adams era bem amargo antes de casar com essa moça que é bem mais nova que ele, ela é mais nova até do que eu.

Segundo as más línguas foi um casamento arranjado, mas não sei se é verdade, são só boatos e as pessoas falam demais.

Das vezes que ela veio aqui me pareceu que ela está muito apaixonada por ele e ele também por ela.

Quando ela veio conversamos bastante, acho que ela não tem muitas amigas, Melissa é uma pessoa muito legal, gostei muito de conhecê-la.

— Ah! Diga a ela que também adorei conhecê-la, sua esposa é muito simpática.

— Ela é assim mesmo, obrigado Isabela, já pode ir. –assinto e saio sem olha para Raul.

Saio apressada tentando controlar minha respiração, não consigo nem chegar ao elevador e sinto um puxão forte no meu braço.

— Quem p*rra é Pedro? –Raul pergunta irritado.

— Eu. –Pedro diz saindo do elevador.

— Ele. –digo.

— E você é? –Pedro pergunta.

— Nosso novo cliente, vamos desenvolver um sistema para ele.

— Não! Você vai, o acordo foi que você que vai desenvolver o sistema.

— Que seja! Você vai me ajudar com os tablets para eu poder me dedicar ao projeto dele.

— Ok, ajudo com maior prazer. –Raul fuzila Pedro com os olhos.

— Obrigada, vamos. –digo.

— Aonde vai Isabela? –Raul pergunta, e me chama de Isabela para me provocar.

— Trabalhar.  –digo.

— Vamos BELLA! –Pedro diz e nós entramos no elevador.

Raul nos encara furioso, mas não diz nada, vejo em seu olhar que ele está com muita raiva.

— O que foi tudo isso? E porque estavam falando de mim?

— Longa história.

— Tenho tempo.

— Não estou afim de falar sobre isso.

— Tudo bem, mas eu ouvi meu nome.

— O senhor Adams falou que você me ajudaria e que nós trabalhávamos bem juntos já que éramos namorados, e o Raul estava perguntando quem era você.

— Raul? Quanta intimidade! Conhece ele?

— Longa história Pedro, já disse.

— Já teve alguma coisa com ele?

— Não.

— Mas ele parece que gosta de você, pela forma que estava te olhando.

— Aí chega Pedro, vamos trabalhar, que amanhã começamos o projeto dele.

— Ele trabalha com o quê?

— Médico recém formado, o pai tem um hospital e ele vai assumir a diretoria.

— Você o conhece mesmo não é?

— Sim, conheço, mas não quero falar sobre isso.

— Tá, só me quer pra te ajudar não é? Só pra isso que eu sirvo! –Pedro faz drama.

— Aí, deixa de drama.

— Só se me der um abraço.

— Nossa como é carente, vem aqui bebê. –abraço Pedro e ele enfia o rosto no meu pescoço.

— Você tá cheirosa.

— Eu sempre sou cheirosa Pedro. –alguém pigarréia e nós paramos de nos abraçar.

Christopher e Raul nos olham, meu chefe por sua vez fica com um semblante neutro, já Raul nos olha com cara de poucos amigos.

— Seus funcionários podem ficar se pegando na hora do trabalho? –Raul pergunta.

— Não impedimos nada, contando que não interfira no trabalho, e eles mais do que ninguém deixo bem a vontade, eles são os gênios por trás de tudo aqui.

— Entendi, mas deveria adotar um regime um pouco mais rígido, não é ético namorar na hora do trabalho.

— O rendimento deles é bom, podem ficar a vontade, só não deixem de fazer seus trabalhos para ficar se pegando por aí.

— Sim senhor Adams, desculpe. –digo.

— Ok, voltem ao trabalho, vamos continuar Raul?

— Sim. –Raul me encara e segue o Christopher.

— Esse cara te olha como se quisesse te comer. –Joane fala e eu nego com a cabeça.

Talvez ele queira mesmo!

— Você já teve algo com ele? –Leandra pergunta.

— Não.

— Mas ele quer, com toda certeza. –Léia diz.

— Vocês se conhecem de onde? –Joane pergunta.

— Ela não quer falar Jô. –Pedro diz.

— Deixem de ser fofoqueiros e vão trabalhar! –digo.

Cada um vai para a sua mesa e eu finalmente inicio meu trabalho, estou desenvolvendo uns tablets para uma escola.

Me distraio tanto com o trabalho que nem vi as horas passarem.

— Você não vai almoçar? –Joane pergunta.

— Já está na hora?

— Sim, você vem? Vamos no italiano.

— Não sei se estou afim de italiano hoje, vou ficar aqui, preciso agilizar, trás uma salada pra mim?

— Trago, mas deveria fazer uma pausa.

— Estou bem Jô.

— Ok, até daqui a pouco.

— Até. –digo e continuo trabalhando.

Me concentro em meu trabalho, sempre enfio a cara no trabalho quando quero esquecer de tudo.

Ver Raul mexeu comigo, acho que fazia cinco anos que não o via, a última vez foi em uma balada que a Liz me obrigou a ir com ela, ele estava beijando a namorada e eu fui embora para casa depois de ver os dois.

— Bella? –olho para a porta e vejo Raul entrando na sala, reviro os olhos. — Não vai falar comigo?

Olho para Raul, nem parece o mesmo menino que era meu amigo, que me dava bilhetinhos e chocolates.

Raul sempre foi bonito, mas agora está incrivelmente bonito, os cabelos mais compridos caem perfeitamente sobre seu rosto, eles são castanhos, seus lábios são corados e agora ele assumiu uma barba, seus olhos são verdes bem clarinhos, e sem falar do corpo, ele está extremamente forte, deve malhar pesado.

— Não fica brava Bê. –ele sempre me chamou assim. — Eu juro que não sabia que você trabalhava aqui, foi uma surpresa, muito boa por sinal, você sumiu, não sabia onde estava morando, não te encontrei mais nas redes sociais, você se escondeu bem. 

Não falo nada e continuo olhando para a tela do computador.

— Por Deus Bella! Fale alguma coisa, porque está brava comigo? Sou seu melhor amigo Bella, a pessoa que mais te conhece no mundo, depois da sua mãe e das suas irmãs sou eu, sei que ama aqueles romances de procedência duvidosa horríveis, sei que tem alergia a nozes, que ama camarão, que também ama coxinha e coca zero, sei que ama chocolate, por isso te dava muitos, quer que eu continue?

— O que quer Raul? Você quem se afastou de mim.

— Quero minha amiga de volta, sinto muito ter me afastado de você, mas não suportava mais te ter tão perto e não poder ficar com você da maneira que eu queria.

— Se curou bem rápido não é? 

— Precisei fazer isso, cansei de te esperar.

— Ok, pois pode voltar para sua vida e sua namorada.

— Eu não tenho namorada Bella, pelo menos não mais, e eu não vou embora, estou aqui à trabalho, realmente preciso dos serviços de vocês e volto a dizer que não sabia que trabalhava aqui, ele te chamou de Isabela e não fazia ideia de que se tratava de você, ele te elogiou muito, disse que você é a melhor funcionária dele. –sorrio. — Se ele não fosse casado acharia que ele gosta de você.

Analiso Raul e tento não olhar muito, tento me concentrar na tela do meu computador, para ele não pensar que estou secando ele.

— Você sempre gostou de tecnologia, tinha certeza que iria trabalhar nessa área, sempre foi muito inteligente.

— Nerd você quer dizer!

— Não, inteligente mesmo, é a pessoa mais inteligente que conheço Bê.

A família de Raul sempre teve boas condições, seu pai era médico do posto de saúde do bairro, mesmo tendo um pai médico ele estudava na escola pública do nosso bairro, porque era muito boa, uma das melhores da cidade.

Estudamos juntos a vida inteira, desde a creche, até o ensino médio, ele sempre foi meu melhor amigo, por isso tive tanto medo quando ele começou a confundir as coisas e dizer que gostava de mim.

Após alguns anos o pai de Raul herdou um dinheiro de seu pai e montou o hospital e eles começaram a fazer fortuna. Raul se formou em medicina e agora vai assumir a direção do hospital do pai.

— Estou hospedado no hotel que fica aqui perto, vou ficar uns dias.

— Amanhã começo a desenvolver seu sistema, Pedro vai me ajudar, ele é muito bom também. –Raul revira os olhos.

— Seu namorado.

— Na verdade...

— Cheguei princesa! –Joane entra na sala gritando. — Ah! Desculpe senhor não sabia que estava aqui, trouxe sua salada, agora coma, já está tarde, os outros ficaram lá, vim na frente porque sei que você não come nada pela manhã, só bebe café, deve estar com fome, anda come logo, eu já volto. –ela me entrega a salada e sai.

— Não toma café da manhã Bella?

— Não, só um café, não sinto fome pela manhã.

— E vai comer só salada?

— É, não como muito.

— Não precisa comer muito, tem que se alimentar bem.

— Estou comendo salada.

— Mas só salada, sem contar que é sua primeira refeição do dia.

— Vai controlar o que eu como agora?

— Desculpa, só me preocupo com você.

Antes que eu possa falar algo o restante do pessoal começa a chegar, inclusive Pedro, que olha para Raul com cara de poucos amigos.

— Trouxe pra você loirinha. –ele me entrega um chocolate.

— Obrigada. –digo e sorrio.

— Quer que eu encha sua garrafinha? –Pedro pergunta.

— Não, pode deixar, depois eu encho, obrigada Pedro.

— Deveria ter vindo conosco, o prato do dia hoje era lasanha, sei que você gosta, queria trazer pra você, mas a Jô disse que você queria salada.

— Estou meio ruim do estômago.

— Claro Bella! Você tem gastrite, passa horas sem se alimentar e vive bebendo café! –Pedro diz e Raul me olha interrogativo.

— Não consigo ficar sem meu café.

— Teimosa. –Raul pigarréia e eu o olho.

— É... Você sai que horas?

— As 17:00.

— Te levo pra casa.

— Eu tenho carro.

— Vou até sua casa te fazer uma visita então. –ele não espera minha resposta e sai.

Pedro me olha com cara de poucos amigos, eu não sei o que está acontecendo com esses homens.

Só falta eles começarem a mijar nos cantos das paredes para marcar território.

Eu mereço!

Termino de almoçar e foco no meu trabalho, com a ajuda de Pedro tudo flui mais rápido.

Tanto que nem vi que já está de ir embora.

— Quer que eu te acompanhe até em casa Bella? Posso te seguir com meu carro.

— Não precisa.

— Mas aquele cara lá...

— Não se preocupe, eu sei como lidar com ele e ele não vai me fazer mal.

— Tem certeza?

— Sim, eu o conheço.

— Tudo bem, se cuida.

— Pode deixar. –Pedro me dar um abraço e um beijo na bochecha.

Recolho minhas coisas e desço para o estacionamento, Raul me espera na frente de um desses carros que custam pelo menos uns seis dígitos, um importado.

— Eu te sigo. –ele diz.

— Não é muito educado se convidar para ir na casa de alguém.

— Eu não sou qualquer pessoa, sou seu melhor amigo, que está na cidade e quer te visitar, também não é educado não receber seu amigo.

— Você é impossível! –digo e ele sorrir.

— Posso ir?

— Pode.

— Ótimo, te sigo então.

— Tá.

Entro no carro e dou partida, espero não me arrepender do que estou fazendo.

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