As vezes é preciso esquecer o passado para que se tenha um futuro.
Era do Gelo II (filme)
Otávio Ferrara
Estou em um avião indo para Paris, para um grande evento de moda. Como chefe de um dos maiores nomes da moda do Brasil, sinto que tenho que fazer isso, mas a verdade é que não deveria estar aqui. Eu deveria estar no Brasil com a Grazi, ela precisa de mim. No entanto, não posso decepcionar minha família, muito menos prejudicar nosso império.
— Como a Grazi está? — Afonso perguntou.
Ele é meu melhor amigo desde a infância, e ele e a Grazi sempre foram meus melhores amigos, o trio perfeito. Mas estraguei tudo ao misturar as coisas.
— Ela não está nada bem. Ela não aceita o que aconteceu com o Vicente, e eu também não aceito. Foi muito inesperado e, mesmo que ela não quisesse o filho, ela está muito mal... — ele me interrompeu rapidamente.
— Você conhece a Grazi, ela só achava que não era o momento certo, mas é claro que ela queria o filho e com certeza está se sentindo culpada...
— Mas ela não tem culpa de nada, eu que não deveria ter começado isso. — falei um pouco distraído.
— Cara, ela sempre gostou de você, era natural que uma hora algo acontecesse, mas vocês deveriam ter mais cuidado...
— Eu sei que vacilei, e eu deveria estar com ela, mesmo que ela não queira me ver nem pintado de ouro...
— Não é para menos, você não disse que a ama... — ele disse, e foi como levar um tapa na cara.
— Essa é a questão, eu não a amo, minha avó está certa: essa coisa de amor não existe... — essa é, com certeza, a mais pura verdade. O amor não existe, e tolo é aquele que acredita nele. Tudo nesta vida é gerado por interesses em comum.
— Eu nunca amei ninguém, mas sei que essa história de amor existe.
— Estou me sentindo um lixo — falei, virando um copo de whisky. — Meu filho não deveria ter morrido...
— Nenhum dos dois é culpado...— ele falou, tentando me apoiar, mas sei que o único culpado sou eu.
— Claro que eu sou culpado, eu não estava lá com ela quando ela precisou de mim, e agora não estou novamente...
— Mas pense bem, ela está com o Gabriel, e o melhor para ela agora é tê-lo por perto...
— Mas o namorado dela sou eu, não o Gabriel. Sei que ela está com raiva de mim, e sei que sou culpado. Ela me pediu para não ir a essa reunião, mas não podia desapontar a vovó...
— Aconteceu, infelizmente o Vicente não está mais aqui conosco. Se eu fosse você, sentaria para conversar com a Grazi e terminaria...
— Mas eu gosto dela, precisamos conversar — falei, chamando a comissária de bordo.
— Em que posso te ajudar, senhor?
— Deixe a garrafa de whisky aqui, por favor...
— Sério que você vai beber dessa forma, Otávio?
— Me deixe, Afonso. Preciso esfriar a cabeça — falei, e não demorou muito para ela voltar. Como estávamos na Rússia, a viagem até a capital da França não demoraria muito.
Assim que chegamos ao aeroporto, eu já estava levemente alcoolizado. Pegamos o carro e fomos para o hotel onde seria o evento. Estaríamos hospedados no mesmo lugar.
O evento era de máscaras, então coloquei um terno azul e não coloquei gravata. Só queria que tudo acabasse para eu poder ir embora. Coloquei uma máscara em tonalidades de azul-marinho com detalhes prateados.
Assim que saí, fui direto para a área do evento, pois estava atrasado. Quando cheguei, uma das promessas da moda já havia desfilado e as outras não me agradaram em nada. Então fui até o bar, e nesse momento recebi uma mensagem da Grazi.
"Não dá mais, terminamos."
Era tudo. Ao ver o número, vi que havia sido bloqueado. Tentei ligar para o Gabriel, mas ele também não me respondeu ou atendeu. Tentei sair, mas acabei esbarrando em uma mulher com cabelos tão pretos quanto carvão. Seus olhos estavam vermelhos e ela claramente estava chorando. Ela usava uma máscara vermelha da cor de seu vestido, que era, com certeza, o único que me surpreendeu nesta noite.
— Desculpe-me — ela falou e se sentou no bar, pedindo a bebida mais forte que tinham.
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Maria da Silva
Hoje estou muito feliz, será a primeira vez que meus vestidos serão vistos pelo mundo todo e pelas principais empresas de moda.
Estou bastante empolgada.
— Maravilhosa sua luz hoje, está magnífica — meu melhor amigo falou sorrindo.
— Sim, estou muito empolgada, Maria, e nada mais vai desfilar pela primeira vez — falei me jogando no sofá.
Para conseguirmos pagar o aluguel, moram 5 pessoas neste apartamento: Paul, meu melhor amigo; Nicole, minha melhor amiga; Bella, prima da Nicole; Lúcio, namorado da Bella; e eu, claro. Meu namorado mora no apartamento da frente, ele queria muito que eu me mudasse, mas acho que não estou preparada para esse tipo de compromisso.
— Você vai arrasar, você é uma das melhores da turma, depois de mim, claro. Antes que eu me esqueça, vou com o Adam de moto...
— Não se preocupe, vou com o Pool — falei e ele fez careta. Ele não suporta o meu namorado, mesmo nós namorando há um ano e três meses.
— Já falou com a sua filha, a Beck? Ela deve estar mais animada que nós dois juntos — ele falou empolgado.
Beck é minha irmãzinha. Nossa mãe morreu no parto dela, e desde então eu cuido dela. Quando ela começou a falar, só me chamava de mãe, e não teve jeito dela me chamar diferente, e eu não me importo.
— Ainda não, você sabe como ela fica agitada. E minha avó não está muito bem, mas já vou ligar — falei sorrindo. A porta foi aberta e sorri ao ver o Pool. — Oi meu lindo — falei indo até ele e o beijando.
— Oi, minha rainha, hoje é o grande dia — ele falou sorrindo. Vi o Paul revirar os olhos.
— Sim, vou ligar para a minha filha agora...
— A Bernarda? — ele perguntou.
— Eu tenho outra?
— Até onde eu sei, você não tem nenhuma, e não chama a sua irmã assim. O que os meus pais vão achar...
— Me poupe né, Pool. Você já sabe da minha filha há muito tempo, então não venha com gracinha. E você também sabe que quando a minha carreira começar a caminhar, vou trazer a Beck para morar comigo...
— Depois nós vemos isso...
— Você não precisa ver nada, ela é minha. Minha filha vai morar comigo e fim de assunto - falei firme. Cuido da Beck desde que ela nasceu, mesmo tendo apenas 14 anos na época. Tive que aprender a me virar para cuidar de uma bebê recém-nascida e uma menina de seis anos. Morávamos no interior do Pará. Até que registrei a Beck, não podia, mas precisei até conseguir falar com meus avós, e a parteira da minha mãe me ajudou.
- Tudo bem, minha linda. Não vamos brigar. Agora está tudo certo? - ele falou.
- Está bem...
- Hoje, peguei um quarto no hotel, para nós dois...
- Você sabe que até terminar o tratamento, nós não podemos...
- Sério isso, Maria? - ele falou com raiva.
- Você sabe que já conversamos sobre isso. Vou dar uma volta e arrumar meu cabelo, e depois preciso fazer aquilo.
- Já doou vários óvulos para eles todo mês, acho que eles já devem ter um estoque congelado.
- Vou tentar não fazer hoje, mas você sabe que preciso. Não sou rica como você, e não posso perder meu financiamento - avisei e dei um beijo em cada um antes de sair.
Liguei para a Beck e depois fui ao salão arrumar meu cabelo. Por sorte, consegui remarcar minha doação para o próximo mês, então vou poder fazer uma surpresa para o Pool.
Quando voltei para casa, o Paul já tinha saído, então fui me arrumar. Coloquei o vestido vermelho que eu mesma desenhei e costurei, fiz uma máscara vermelha com detalhes dourados e o salto era dourado com um pouco de ouro. Ele é perfeito.
Depois de me arrumar, fiquei esperando o Pool chegar para me buscar. O evento começaria às 19h e minhas roupas são as primeiras a desfilar. Até agora, ele não chegou e mandei mensagem perguntando se ele já está vindo, mas ele não respondeu. Resolvi ir até o apartamento dele ver se ele estava lá ou ainda estava no trabalho.
Como tenho a chave, fui entrando no apartamento. Logo notei que tinha algo estranho. O Pool sempre foi muito organizado e nunca deixou nada jogado no chão, mas ali estava uma calça. Andei mais um pouco e encontrei uma calcinha que não era minha. Andei mais rápido até o quarto dele.
Cheguei lá e não acreditei na cena que meus olhos estavam vendo: meu namorado estava transando com minha melhor amiga. Na verdade, minha ex melhor amiga.
- Maria, eu posso explicar...
- Explicar o quê, desgraçado - falei com ódio e ele se levantou.
- Maria, aconteceu, mas a culpa é sua por não suprir as necessidades do seu homem - Nicole falou e eu não pensei, só dei um tapa na cara daquela cretina...
- Não briguem - o Pool falou e comecei a rir nervosamente. Cheguei perto dele e dei um murro no nariz, fazendo-o sangrar. - Você está louca, Maria.
- Eu jamais brigaria por um lixo feito vocês. E sabem de uma coisa, vocês se merecem. E acho bom, Nicole, você tirar tudo que é seu da minha casa, senão eu vou acabar com tudo...
- Meu amor, não é assim, vamos conversar...
- Vai tomar no cu - falei saindo do quarto, quebrando tudo que vi pela frente. Estava sem saber o que fazer. Realmente, precisava ir para o desfile, mas, azar meu, não tinha dinheiro para a passagem e tive que ir andando.
Eu estava me sentindo um lixo. Como eles puderam fazer isso comigo? Eu confiava nos dois. Fui andando para o evento e, quando percebi, já estava chorando. Eu precisava ser forte, mas os níveis de hormônios no meu corpo não permitiram que eu me acalmasse, e só conseguia chorar.
Quando cheguei no evento, já tinha perdido o meu próprio desfile. Para evitar o olhar de reprovação dos outros, decidi ir para o bar e beber para afogar a minha dor. Assim que entrei no bar, esbarrei em um homem de terno azul com uma máscara da mesma cor, que por sinal era muito bonito.
Sentei no bar e pedi a bebida mais forte, virando de uma vez só. Pedi uma segunda dose e vi o homem se sentar ao meu lado.
- Me dê o mesmo que ela está bebendo - ele pediu, olhando para mim. Viramos as doses ao mesmo tempo.
Não sei quantas doses eu já tinha tomado, só sei que começou uma música que eu gostava e puxei o homem para dançar. Ele com certeza estava mais bêbado do que eu.
Dançamos, rindo dos nossos passos desengonçados. Em um momento, ele me puxou para um beijo, um beijo quente. Nossos lábios pareciam estar em uma grande batalha com as nossas línguas. Ele me encostou na parede e o beijo ficou cada vez mais intenso. Comecei a dar pequenas mordidas em seu lábio inferior.
- Quer ir para o meu quarto? - ele perguntou no meu ouvido, e eu apenas confirmei com a cabeça.
Eu sabia que não era a escolha certa a se fazer. Eu não deveria estar fazendo isso, mas desliguei a minha razão. Eu queria me sentir desejada, eu queria aquele estranho. Não sei se era por vingança, mas por um momento, eu queria deixar de lado o meu lado racional.
Fomos nos beijando no corredor e, assim que entramos no quarto, ele tirou o terno, ficando apenas com sua camisa social que marcava seu corpo definido. Ele veio até mim e começou a beijar meu braço, fazendo meu corpo inteiro se arrepiar.
Seus beijos chegaram ao meu zíper. Ele olhou nos meus olhos, procurando a resposta para abrir, e conforme ele ia descendo, sua boca me dava leves mordidas pelas costas, o que me fazia soltar pequenos gemidos. Não demorou muito para avançarmos um para o outro. Começamos a nos beijar.
Perdemos completamente o controle, entregando-nos à paixão e ao desejo que nos consumiam naquele momento. Suas mãos percorriam meu corpo com urgência, e eu sentia meu coração disparar a cada toque.
Já não importava mais quem éramos ou quais eram as consequências de nossas ações; estávamos imersos em um mundo de sensações e prazer. Cada beijo, cada carícia, parecia ser exatamente o que eu precisava naquele momento.
O ritmo acelerado e frenético de nossos corpos se mesclava com a música que ecoava pelos alto-falantes do quarto. Era um encontro sem amarras, sem expectativas, apenas a busca pelo alívio e pela liberação das emoções tumultuadas que me assombravam.
Após a explosão de paixão, nos encontramos respirando ofegantes, com nossos corpos exaustos e suados. Olhamos um para o outro por um instante, sem saber exatamente o que dizer.
- Já vou - falei pos já estava cansada, e sabia se continuasse ali eu poderia dormi.
- Está cedo - ele falou me beijando.
- Eu já tenho que ir...
- Pelo menos deixa eu ver o seu rosto? - ele pediu tocando quase tirando a minha máscara.
- Não, assim acabará o encanto - falei voltado a beija-lo e me levantando.
- E o seu nome? Mascarada - ele perguntou e sorrir pegando a minha roupa e me vestindo. - Já entendi você não quer que acabe a magia.
- Que bom que você entendeu, foi ótimo te conhecer - falei e ele se levantou me puxando para um beijo de despedida.
Sai de la e fui para a frente do hotel e assim que cheguei lá avistei o Paul.
- O que aconteceu com você maravilhosa? - ele perguntou assim que me viu.
- Tanta coisa...
- Eu liguei para você, já estava preocupado você nunca ignorou uma chamada minha.
- Esqueci o meu celular, na verdade, eu esqueci a minha bolsa...
- Você está bêbada?
- Só um pouquinho!
- O que aconteceu maravilhosa? Você não é de beber - ele perguntou preocupado.
- Tanta coisa amigo, primeiro eu não tenho mais namorado e a Nicole não mora mais conosco, mas não quero falar destes dois filhos da puta, advinha príncipes encantados existem - falei sorrindo para ele lembando do meu mascarado. - Serio eu nunca esquecerei desta transa, ela foi a melhor da minha vida.
- Esta é a Maria doze doses, se chegou neste ponto a coisa foi seria, e você não vai lembra de nada amanhã. - o Paul falou e chamou o namorado - Amor levarei a Maria para casa ela não está nada bem.
- Certo meu amor - o Adam falou beijando o Paul.
🖤🩶🤍🩷1 meses depois.❤️🧡💛💚🩵💙
Estou muito enjoada estes dias quase não consigo sair do banheiro hoje mesmo já estou no banheiro há muito tempo, não consigo parar de vomitar, e o Paul está me olhando com sua cara de reprovação.
Mas preciso ir no médico se não eu vou perde o meu apoio aqui na França eu prometi dou ar o meu óvulo.
- Para de olhar assim - pedi voltando a vomitar.
- Você sabe que isso não é normal, por que não aceita a possibilidade e faz um teste? - ele perguntou.
- Porque eu não posso estar grávida, só falta este ano para poder me forma, e eu não vou ter um filho do Pool eu sempre me cuidei...
- Você não transou com o cara de máscara? - quando ele falou todas as memórias vieram a minha mente, a noite com o mascarado, estava tão clara nas minhas lembranças, a máscara dele o seu toque, fechei os meus olhos lembrando dos seus beijos, e só aí lembrei que não usamos preservativos.
- Merda - grite e voltei a vomitar. - Você pode por favor comprar um teste de farmácia - supliquei para ele que logo retirou um do bolso.
- Comprei quando constatei que o seu pacote de absorvente estava fechado - ele falou, e peguei da sua mão.
- Obrigada - falei e ele saiu do banheiro me deixando sozinha com aquela caixinha que mudaria o meu futuro.
Demorei a criar coragem para poder fazer o teste, mas era preciso e não demorou muito para aparecer: grávida 3+.
Eu não acreditava no que os meus olhos estavam vendo, eu estou grávida, eu tenho um bebê crescendo dentro de mim, e o pior nem sei quem é o pai, bom sei que é do mascarado, mas eu não sei o seu nome nem o seu rosto, coloquei a mão no meu ventre.
- Oi meu bebê, desculpa a mamãe não está bem, mas vou cuida de você, mesmo sozinha.
- MARAVILHOSA - o Paul gritou me chamando, e abrir a porta. Mostrei o teste para ele, que veio até mim.
- Não se preocupe esta bem, eu, vou te ajudar a cuida deste bebé maravilhoso...
- Não mesmo, você vai para o Canada, e vai ficar muito famoso, para competir comigo, eu cuidei da Bernada sozinha, eu posso cuida deste serzinho, eu errei, mas ele não tem culpa, eu vou dar um jeito, não sei como, mas vou conseguir - falei forcando um sorriso, mas estou desesperada por dentro
- Eu sei que você esta fingindo, e eu não vou agora vou ficar com vocês por um tempo, se quiser eu ate registro...
- Não precisa, se preocupa e quando a minha avó melhorar eu vou para a Mendel, nos vamos para o Canada, a Beck, o bebe e eu, e se a Jack quiser também vai eu vou conseguir.
6 MESES DEPOIS
Sentada na minha poltrona favorita, observo o movimento do mundo lá fora pela janela. Minha barriga já está enorme, um verdadeiro testemunho do crescimento da vida dentro de mim. Ao meu lado, Paul, meu melhor amigo, gay e incrível, tem sido um apoio incondicional, principalmente financeiramente.
Estou completando sete meses de gravidez e já descobri que estou esperando uma menina. Decidi que seu nome será Isabela, em homenagem à minha mãe, uma mulher forte e determinada. A cada dia que passa, fica mais difícil conciliar trabalho e estudos, mas sei que é necessário.
Infelizmente, a saúde dos meus avós tem se deteriorado rapidamente. Minha avó piorou consideravelmente, e meu avô não está em melhores condições. A Vera, nossa vizinha e amiga, tem se esforçado ao máximo para cuidar de todos nós, mas está sobrecarregada.
Cheguei a uma decisão difícil: assim que terminar este período da faculdade, vou trancar por um tempo. Preciso voltar para o Brasil e cuidar das minhas meninas. Ainda não tive coragem de contar para meus avós sobre a gravidez, apenas a Vera sabe. Mas sei que é inevitável e que devo me preparar para dar essa notícia. Afinal, logo terei duas pequenas para cuidar e proteger.
Respiro fundo e acaricio minha barriga, sentindo os movimentos suaves da minha filha. Apesar dos desafios à minha frente, sei que vou enfrentá-los com amor e determinação. A maternidade já está me tornando mais forte e corajosa. E, no fundo do meu coração, agradeço por ter pessoas como Paul e Vera ao meu lado nessa jornada. Porque não vai ser fácil principalmente tendo duas filhas.
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Continua...
"O passado pode doer, mas da maneira que eu vejo, você pode fugir dele ou aprender com ele."
O Rei Leão
Maria da Silva
5 anos depois
Já se passaram cinco anos, e não posso esconder que ainda penso no mascarado é involuntário sempre que olho para minha filha e penso nele. Abandonei meus planos de formatura na França e voltei ao Brasil quando minha avó faleceu antes do nascimento da minha filha. Eu estava com medo de perder meu avô também, e minhas irmãs precisavam de mim, então deixei para trás meu sonho de ser estilista para assumir o negócio da família.
Hoje foi um daqueles dias exaustivos na padaria, onde entro muito cedo. Finalmente, consegui fechar a loja e voltar para casa, mas ao entrar, encontrei todos reunidos à mesa de jantar com Dona Vera, nossa vizinha e madrinha da nossa falecida mãe, uma amiga de longa data da família que é cartomante. Ela estava fazendo previsões sobre o futuro, e eu estava esgotada pelo agitado dia na padaria. Além disso, meu avô não estava bem de saúde, então eu sabia que precisaria cuidar de tudo.
Apesar do cansaço, a curiosidade me fez ficar na porta ouvindo o que Dona Vera tinha a dizer.
— O que a senhora vê, Comadre? — meu avô, sempre fascinado pelo futuro, perguntou.
— Vocês não vão acreditar, mas nunca vi algo assim antes — Dona Vera respondeu, deixando todos nós atônitos. Eu me apoiei no batente da porta para ouvir melhor.
— Como assim, Comadre? — meu avô quis saber.
— Vejo três cataclismos que vão mudar as suas vidas — Dona Vera disse, aumentando ainda mais o espanto de todos na sala. Foi neste momento que entrei fazendo a minha filha pular da cadeira.
— Cataclismos? O que isso significa? — perguntei, me aproximando da minha pequena que pediu para ir para o meu colo.
— Cataclismos são eventos raros que causam mudanças significativas na vida das pessoas, como reviravoltas do destino...
— Mas esses cataclismos serão bons ou ruins? — meu avô quis saber, mantendo seu interesse nas previsões que Dona Vera fazia, mesmo ela não as considerando sorte ou azar, mas sim dois lados da sorte.
— Isso eu não posso ver, mas o importante é que todos estejam com os olhos bem abertos — Dona Vera concluiu. Belinha gesticulava animadamente no meu colo, e eu a beijei na bochecha, sorrindo.
— Tenho certeza de que o primeiro cataclismo acontecerá amanhã — Jack, minha outra irmã, disse animada ao se levantar e começar a dançar pela sala. — No evento em que vou trabalhar, haverá muitos homens ricos e milionários, e um deles será meu futuro marido! — ela exclamou, pulando no sofá.
— Jack, desce daí! — repreendi, não querendo que ela alimentasse esses devaneios na frente de Belinha. Eu desejava que ela se concentrasse em estudar e construir uma carreira sólida, em vez de sonhar com um príncipe encantado que aparecesse com um sapatinho de cristal.
— Escute sua irmã, Jack. O dinheiro deve ser conquistado com esforço e trabalho duro. Você não terá minha ajuda para sempre, e sua irmã tem sua própria vida para levar — meu avô acrescentou, e eu assenti, concordando com ele. Jack precisava amadurecer e compreender a realidade da vida.
— Mamãezinha, a senhora pode fazer sopa para o jantar? — Belinha pediu com seu jeitinho fofo e me encheu de beijos. Ela tinha o dom de me derreter com seu carinho.
— Claro que faço, meu amor. Mas antes, minha princesa precisa tomar um banho para tirar esse cheiro de padaria — falei, entrando no banheiro com ela e a enchendo de beijos.
Minha vida nos últimos cinco anos estava cheia de responsabilidades e desafios, e eu precisava cuidar da minha família e administrar a padaria da família. Meu sonho de ser estilista ainda existia, mas agora estava em segundo plano, priorizando minhas irmãs e minha filha Belinha. À medida que a noite avançava, eu me perguntava o que o futuro reservava para nós, com esses "cataclismos" que Dona Vera previra, e o mascarado do passado ainda rondava meus pensamentos.
Essa era minha rotina noturna. Após dar banho na Belinha e pedir para a Beck fazer o mesmo, preparei o jantar com Belinha ao meu lado, compartilhando seu dia comigo enquanto esperava Beck para revisar suas lições e tirar dúvidas.
— Mamãe, posso ir à casa da Dona Vera? Ela disse que tinha algo para me entregar — Beck entrou na cozinha, recém-saída do banho, depositando um beijo na minha cabeça.
— Só se for rápido, estou terminando o jantar...
— É rapidinho, eu prometo — ela falou e eu concordei com a cabeça. Ela saiu apressada.
Terminei de preparar o jantar e comemos juntas. Ajudei Belinha com sua lição de casa enquanto Beck compartilhava detalhes do seu dia. Com Belinha já sonolenta, fui para o nosso quarto, onde a deixei assistindo desenhos enquanto eu tomava um banho. Meu corpo clamava por descanso, mas quando passei pela cozinha, percebi que ainda precisava limpar a casa. Vesti meu pijama e voltei para a cama com minha pequena para contar uma história antes de dormir.
— Mamãe, eu te amo — ela disse com um sorriso, e essas palavras faziam todo o meu cansaço e esforço valerem a pena.
— Eu também te amo, meu amor — respondi, fazendo carinho nela. Ela estava agarrada a mim, cheirando meus seios enquanto pegava no sono. Ela tinha esse hábito de dormir com uma mão no meu seio e o rosto no outro, apenas cheirando-o.
Nós morávamos em uma "vila" composta por várias casas, com a padaria na parte da frente e nossa moradia no andar de cima. Nos fundos, havia mais cinco casas no térreo e outras cinco no andar superior. Meu avô comprou a parte correspondente à nossa casa e à padaria, enquanto as outras propriedades pertenciam ao Sr. Antônio. Nossa casa não era grande, com três quartos: minhas irmãs dividiam um, e eu dividia outro com Belinha. Os quartos eram bastante pequenos. O quarto das minhas irmãs tinha uma beliche, e no meu quarto, comprei uma cama de casal onde eu dormia com minha filha.
Quando minha filha adormeceu, fui até o quarto das minhas irmãs, pedi para que elas se deitassem e dei um beijo de boa noite em cada uma delas. Só depois disso voltei para a cozinha e sorri ao ver meu avô lavando a louça. Ele sempre tentava me ajudar, sabendo o quanto eu estava sobrecarregada.
— Vovô, eu já estava indo lavar e limpar a cozinha. Primeiro fui colocar a Belinha para dormir — falei, fazendo com que ele se sentasse em uma cadeira antes de começar a lavar a louça. Ele sorriu para mim.
— Você acredita no que a Vera disse? — ele perguntou enquanto eu guardava a louça.
— Ela estava certa quando previu o rapaz que estava roubando a padaria e também acertou o resultado de 7x1 na copa. Todos diziam que ela era louca, mas ela estava certa — respondi, terminando de guardar a louça e começando a varrer a cozinha.
— Filha, suas irmãs deveriam te ajudar mais. Você passa a manhã toda na padaria, e quando eu preciso, você também fica à tarde. Além disso, tem a Belinha para cuidar, e muitas vezes suas irmãs te dão mais trabalho do que sua filha de 4 anos. Você é uma boa garota, Maria, e espero muito que você seja feliz — ele disse, me abraçando.
— Eu sou feliz, vovô — falei, mas ele me lançou um olhar triste.
— Filha, eu sei que você não é feliz. Você adiou seus sonhos por causa de suas irmãs. Conheço você, sei que ter uma filha não atrapalharia seus objetivos, mesmo que você a estivesse criando sozinha. E você não vai me dizer o nome desse desgraçado, não é?
— Vovô, me ouça. Foi minha escolha. Eu amo desenhar minhas roupas e sapatos, e não desisti dos meus sonhos, apenas os adiei. Ainda vou me tornar uma grande estilista, mas agora preciso cuidar das minhas filhas. Você já tomou seus remédios? — Perguntei, levando-o de volta ao quarto.
— Maria, você está me enrolando novamente, não é, minha mocinha? Mas espero que um dia você encontre alguém à sua altura, ou até mesmo uma mulher. Hoje em dia, as coisas estão bem modernas, e eu ainda quero ver você feliz nesta vida, mesmo que eu não esteja mais aqui para testemunhar — ele disse com um sorriso, sentando-se na cama.
— Boa noite, vovô — falei, saindo do quarto.
Respirei fundo e tranquei toda a casa. Depois de terminar todas as tarefas, voltei para o meu quarto e, ao abrir a porta, fiquei olhando para minha princesa.
— Príncipes não existem, minha filha. Já se passaram tantos anos, e eu não consigo esquecer o seu pai, o mascarado. Nem lembro mais da sua voz, mas nunca vou esquecer deste sinal que parece um F — falei, tocando no ombro dela, onde havia o mesmo sinal. — Você foi o meu melhor erro que já cometi, pena que eu nunca vou poder responder à pergunta sobre quem é o seu pai...
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Continua...
A felicidade só é verdadeira quando compartilhada.”
– Frase do filme Na natureza Selvagem
Otávio Ferrara
5 anos depois
Cheguei em casa depois de um dia de trabalho cansativo, e fui direto para o quarto da minha mãe, este lugar era o meu refúgio, minha mãe está em coma a 15 anos, e fazem 15 anos que está é minha rotina, venho ver como ela está, e conto sobre o meu dia, como quando eu fazia quando ela estava acordada.
— Sabe mãe, hoje eu sonhei com a máscara, faz tanto tempo, mas este mistério ainda me assombra era para ser só uma noite, uma aventura, pelo visto eu não sou um homem de aventuras, eu queria tanto que a senhora me respondesse.
Falei alisando o rosto da minha mãe.
— Aí mãe hoje o dia na empresa foi uma loucura — comecei a falar sobre o meu dia para ela enquanto alisava o seu rosto.
Meu pai, minha tia Ofélia e até mesmo o meu irmão Otto, perderam a esperança dela acorda, mas tem algo dentro de mim que me fala que ela vai acorda a qualquer momento, depois de falar com ela foi para sala de jantar assim que cheguei, vi que estavam em uma pequena discussão minha avó falava tentando manter a calma, coisa que vindo da dona Olga não é nada fácil eu simplesmente não entendo, o porque de tanta discussão.
— Está coisa de azar, má sorte não existem, se a empresa anda mal, é porque tirando o Otávio que se empenha 100% com a empresa, todos são uns imprestáveis, e não porque Plutão está sobre o sol de gêmeos — minha avó falou deixando todos ainda mais nervosos.
— Mamãe a minha astróloga é uma das melhores do país, ela não erra, se ela disse que algo ruim vai acontecer, é porque algo ruim vai acontecer — minha tia falou e minha avó revirou os olhos
— A mesma que fala que todos os anos você vai se casar, cadê o casamento? — minha avó falou ríspida. E tocou em uma ferida da minha tia.
Desde que o seu namorado da adolescência a trocou pela melhor amiga ela nunca mais teve nenhuma outra relação séria, principalmente depois que ele morreu.
— Vovó, deixa a minha tia, em paz — falei já sabendo para onde iria o rumo dessa conversa, e normalmente a minha avó me escuta.
— Sabe Otávio, você já está muito velho para me chamar de vovó, não acha? As pessoas vão acha que eu sou velha com um neto da sua idade — ela falou se levantando, mas respirou e voltou a sentar. — De agora em diante todos vão me chamar de Olga não quero ouvir mamãe, o vovó apenas Olga — ela falou me convidando a sentar ao seu lado.
— Bom já que estamos falando em casamento eu e o Otávio temos uma notícia para dar... — a Sabrina falou, mas logo a interrompe.
— Sabrina não inventa, nós não vamos nos casar — falei um pouco alterado eu e a Sabrina estamos em um relacionamento aberto a 3 anos, eu não a amo, mas a minha avó e a Sabrina dizem que amor é invenção dos pobres, eu não acredito nisso, principalmente depois da mascarada, o que eu sentir por ela eu nunca senti por ninguém, porém a mascarada só será um sonho já se passaram tantos anos e acabei me acomodando nesta relação com a Sabrina, fora que o meu pai quer muito a nossa união.
É importante passar está imagem, já que a minha separação com a Grazi acabou passando uma imagem negativa e isso foi o suficiente para o meu pai conseguiu me tirar do meu cargo de CEO atravéz dos acionistas.
— Ai Otávio, você não aguenta nenhuma brincadeira — a Sabrina falou forçando um sorriso. — Eu sei perfeitamente que você não quer casar agora, mesmo a gente já sendo praticamente casados.
— Sabe Sabrina você deveria ir na astróloga da minha tia, vai que essa brincadeira vira realidade — o Otto falou com um sorrisinho brincalhão.
— Eu acredito que ninguém aqui deveria estar falando em noivado, casamento afinal, a Sabrina é praticamente filha da Ofélia então vocês são praticamente primos
— a minha babá Helena falou, a Helena é como uma segunda mãe para mim, na verdade ela é a única nesta casa que se importa com as minhas vontades.
— Vou deixa isso bem claro, aqui ninguém é primo de ninguém, Sabrina é minha afilhada, ela não é minha filha eu não tenho filhos e para mim vocês fazem o par perfeito, e o meu irmão super apoia, seria o casamento do século — a tia Ofélia falou suspirando toda entusiasmada.
— Só se for do século 14, quando ainda eram feitos casamentos arranjados — a minha avó falou calando a todos.
Ela não se mete nos meus relacionamentos, porém eu sei ela não acha a Sabrina seja uma boa escolha, porém também não é uma escolha é uma escolha ruim já que ela tem uma boa educação e mesmo órfã herdou uma boa quantia dos pais.
Depois do jantar fui direto para o meu quarto, hoje não estava afim de escutar a Sabrina falando, já está na hora de nós casarmos, eu nem sei porque ainda estou namorando com ela, mas também não estou disposto a ficar ouvindo toda a família falando que eu deveria ou não deveria fazer.
Fui ao banheiro e tomei banho e antes de ir para minha cama peguei a minha máscara que usei a cinco anos atrás, eu não consigo me desfazer dela, é a única coisa que eu tenho para que tenha certeza que aquele dia não foi um sonho.
— Onde você está mascarada, e porque eu ainda penso tanto em você — falei para a mascara que guardo como lembrança daquela noite.
Eu guardei a máscara na gaveta e deitei para dormir era o melhor que eu podia fazer.
No entanto, o sono não vinha facilmente para mim. Meus pensamentos continuavam se entrelaçando em torno daquele amor misterioso que havia se tornado um véu sobre meu coração. Eu me perguntava como uma única noite, há tanto tempo atrás, poderia ter causado um impacto tão profundo em mim.
Fechei os olhos e a imagem daquela noite voltou vivamente à minha mente. A música envolvente, as risadas alegres das outras pessoas e os rostos mascarados dançando ao meu redor. E então, eu esbarrei nela. Sua presença era etérea, quase como se ela não pertencesse a este mundo. Seus olhos brilhavam com um mistério cativante e seu sorriso transmitia uma doce melancolia.
Eu a observei de longe com forme ela bebia e eu bebia a observando, incapaz de desviar meu olhar. Havia algo sobre ela que me fez sentir uma conexão instantânea, como se nossas almas se reconhecessem de vidas passadas. Ela se aproximou timidamente de mim, enlaçando nossas conversas em segredos compartilhados e sorrisos furtivos.
Aquela noite foi um turbilhão de emoções. Dançamos juntos, rindo e conversando como se o mundo à nossa volta não existisse. Cada palavra, cada gesto, cada olhar trocado entre nós, cada beijo , cada toque, cada carícia parecia conter uma promes Uma promessa que nunca tive a chance de descobrir.
E então a manhã chegou e ela simplesmente desapareceu, como se fosse um sonho fugaz que escapou dos cantos da minha mente. Desde então, tenho vivido em busca dessa emoção novamente, tentando encontrar uma maneira de reviver aqueles momentos efêmeros.
Foi por isso que eu guardo a máscara em segredo, como um tesouro precioso. Ela é o símbolo tangível daquela noite, uma recordação que me lembra que aquele amor misterioso realmente aconteceu. Quando a seguro em minhas mãos, posso fechar os olhos e sentir sua presença novamente, mesmo que por um breve instante.
Mas, apesar de todos os meus esforços, não consigo encontrar pistas sobre sua identidade. Apenas fui deixado com memórias fragmentadas e a sensação de que ela estava destinada a ser um segredo guardado apenas para mim.
Enquanto me ajeitava na cama, envolto em pensamentos melancólicos, eu me perguntava se algum dia voltaria a encontrar aquela pessoa cuja conexão transcendeu qualquer explicação lógica.
Talvez fosse apenas uma fantasia fugaz, mas meu coração se recusa a acreditar nisso.
No silêncio da noite, sussurrei uma última vez para a máscara: "Onde você está mascarada, e porque eu ainda penso tanto em você?" Com essas palavras, dei um beijo de despedida na máscara e a coloquei de volta na gaveta. Prometi a mim mesmo que, independentemente do que acontecesse, nunca deixaria essa chama de esperança se apagar em meu peito. Pois, quem sabe, no anseio do destino, nossos caminhos voltariam a se cruzar.
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Acordei cedo no dia seguinte. Minha avó havia marcado uma reunião às 8 horas sobre a nova coleção. Assim que entrei na sala, todos já estavam lá, só faltava a poderosa Olga Ferrara. Ela entrou parecendo um furacão com uma das peças na mão e parou na frente da sua cadeira na cabeceira da mesa, enquanto meu pai estava sentado do outro lado.
— Malha Sabrina, malha fria! — ela falou, rasgando a peça que Sabrina havia feito — Me responda, quando na história da marca Ferrara se usa malha fria neste tipo de vestido? Nunca! — Minha avó estava furiosa e andava pela sala com a peça rasgada na mão.
— Me perdoe, Olga, mas Oscar me pediu para reduzir custos e com cetim não teríamos o mesmo efeito, e poliéster... — Sabrina falou, olhando para o meu pai que negava com a cabeça. — Eu pensei que se substituíssemos...
— Pensou errado! Além dessa falha, o desenho desse vestido é patético, um verdadeiro horror — ela falou, jogando o resto do vestido na cara de Sabrina.
— Não precisa jogar na cara dela, vovó — falei tentando acalmar minha avó.
— Vovó? — ela falou, olhando para mim com raiva.
— Olga, me desculpe, mas não precisa tratar ninguém assim - falei calmo. Ela respirou fundo e olhou para meu pai.
— E você, Oscar querido, um verdadeiro prodígio! Eu demorei 30 anos para construir este império, e você só precisou de dois anos para nos levar ao vermelho - minha avó falou com um sorriso irônico.
— Bem, mamãe, tecnicamente não são números vermelhos...
— Eles são um tom de rosa escuro, ou é um cardinal? — ela falou de forma irônica.
— Mãe, é apenas um momento ruim - ele falou sem jeito e ela se levantou novamente.
— Calado! Você é um imbecil! Sinceramente, eu sei de quem você saiu - minha avó falou alterada.
— Calma, acho melhor todos saírem e me deixarem a sós com Olga — falei, e todos saíram.
— Olga, o que está acontecendo? Eu trabalho com você desde os meus 15 anos e nunca te vi tratando alguém da família desse jeito. Não estou entendendo — falei, me aproximando dela.
— Porque antes ninguém tinha me decepcionado tanto. De verdade, filho, se não fosse você, esta marca teria acabado — minha avó falou, pegando minha mão.
— Não fale assim — falei, sentando, e ela sentou à minha frente.
— Mas é a verdade. E também estou decepcionada comigo mesma. Estou em uma crise criativa, faz anos que a nossa marca não surpreende nos grandes desfiles.
— É apenas uma fase, isso vai passar - falei, indo até ela e abraçando-a. Ela me soltou.
— Nós precisamos de um diferencial urgente — ela falou pensativa. — Você precisa encontrar uma estilista. A sua namorada não tem o toque que eu procuro...
— A senhora sempre procura alguém parecido consigo...
— Senhora? Otávio está me chamando de velha?
— Desculpe, Olga, mas é impossível achar outra Olga Ferrara.
— Ache a melhor, ou a melhor que você puder. Sabrina vai acabar afundando a marca.
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Continua...
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