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Um Destino... O Amor! "Amor Impossível"

01

Minha vida parecia um redemoinho, eu sentia que ia cair a qualquer momento se não tivesse alguém para me segurar, como se o chão fosse se desfazer debaixo dos meus pés e o que tinha lá embaixo iria me sugar para um lugar preto e branco num loop infinito; sem cor, sem gosto, sem aromas, sem vida.

Acordei com o barulho do despertador, aquilo sempre me deixava nervosa, eu sempre mudava a música para não me estressar, mas a nova música sempre se tornava motivo de raiva.

— Vai acabar quebrando. – abri os olhos com dificuldade e avistei meu pai entrando no quarto e vindo em minha direção. Ele pegou o despertador e o desligou.

— Seria ótimo se quebrasse. – bufei e afundei minha cabeça no travesseiro.

— Você deveria usar seu celular como despertador, aposto que teria mais cuidado e não desejaria o mal. – acabei rindo com isso e ele deu um beijo no topo da minha cabeça. – Bom dia. – ele caminhou pra fora do quarto enquanto eu me ajeitava na cama.

— Bom dia nada, eu quero dormir. – disse me sentando e ajeitando o meu cabelo que parecia lutar com o vento inconstante do meu quarto.

Ele deu uma risada e saiu do quarto fechando a porta vagarosamente, eu até pensei em voltar a dormir, mas aquilo faria com que fosse mais doloroso quando eu acordasse.

Me levantei da cama e quando fiquei em pé, acabei ficando meio tonta. Me segurei na cabeceira da cama e respirei fundo. “Você consegue, Victoria.” Disse pra mim mesma e fui andando em direção ao banheiro. Entrei debaixo do chuveiro e quase adormeci ali mesmo, a água estava morna e o som que ecoava na minha mente parecia uma canção de ninar. Terminei de tomar meu banho e escovei meus dentes. Sequei meu cabelo rapidamente e passei uma maquiagem básica. Escolhi uma roupa normal, calça jeans clara e uma regata branca. Calcei meu all star preto e peguei um casaco fino. O cheirei e respirei fundo. Eu sabia que não tinha mais o cheiro da minha mãe, mas era bom fantasiar. Peguei minha mochila e desci as escadas vagarosamente, com passos longos e preguiçosos.

— Não vai comer? – meu pai disse enquanto terminava de colocar a mesa.

— Estou sem fome. – disse dando um sorriso forçado. Ele me olhou arqueando as sobrancelhas e eu suspirei. – Não estou afim de comer, pai, só isso. – dei de ombros e passei por ele, dando um beijo em sua bochecha.

Peguei as chaves do carro e minha bolsa que estava em cima do sofá.

— Não vai comigo? – escutei a sua voz quase se engasgando com o leite, na pressa de falar.

— Não estou afim de chegar atrasada novamente. – respondi dando uma risada fraca e ele assentiu com a cabeça enquanto sorria, parecendo concordar. Soltei um beijo no ar e fechei a porta, indo em direç

O último ano no colégio parecia uma coisa assustadora, e realmente era.

Normalmente eu sempre conhecia os novatos do meu colégio, mas dessa vez eu seria a novata, e isso me deixava cada vez mais tensa.

Parei no sinal fechado e encostei minha cabeça no banco, fechando os olhos.

Mil paranoias pairaram na minha mente e eu tentei me livrar de cada uma, mas a minha ansiedade sempre gritava mais alto.

O sinal abriu e eu continuei a dirigir até o tal colégio. As aulas já haviam começado há mais ou menos uma semana, mas eu decidi ir só mais tarde, talvez pra camuflar a minha ansiedade que só fez aumentar.

Meu pai teve que se mudar por conta do trabalho, algo que eu não entendi direito mas preferi ficar na minha. Ele vivia falando que aqui seria melhor, que eu faria amizades melhores... Como se eu tivesse amizades na minha antiga cidade. Eu não sou tão antissocial assim, só que as pessoas no meu antigo colégio eram tão superficiais que me davam nojo; não gosto de pessoas rasas, gosto daquilo que me transborda.

Consegui chegar ao colégio e estacionei o carro em uma das vagas. Fechei os olhos, respirei fundo e suspirei.

— Seria mais fácil se a senhora estivesse comigo... – eu disse segurando o pingente do meu colar, era um coração pequeno, meu pai disse que minha mãe tinha comprado antes de eu nascer e queria que eu usasse sempre. Eu queria que ela me visse usando. Perdi minha mãe no parto, enquanto eu nascia, ela lutava para sobreviver. Meu pai disse que ela ainda olhou nos meus olhos e disse que me amava, mas uma hemorragia grave a impediu de continuar conosco.

Aquilo tudo parecia um mundo, eu já havia visitado o colégio quando cheguei na cidade, mas não imaginei que com todas aquelas pessoas tudo aquilo parecesse tão assustador.

Peguei minha bolsa no banco do passageiro e saí do carro sem receio. Tranquei o mesmo e comecei a andar em direção à entrada.

As pessoas ficavam olhando para mim o tempo todo, não sei se era por causa de eu parecer uma esquisita por ir uma semana depois do início das aulas, por ser novata no último ano do colégio ou apenas pelo jeito de andar de cabeça erguida. Eu podia ser a pessoa mais insegura do mundo, mas eu não deixava isso transparecer na minha aparência.

Entrei pela porta principal e avistei um corredor lotado de pessoas, era até difícil de andar. Peguei o papel na minha bolsa que também tinha a senha do armário e vi que minha sala era no segundo andar pela sua numeração. Fui até meu armário e o abri com dificuldade.

— Você é nova aqui? – olhei pra direita e vi uma menina de cabelo preto e olhos escuros.

— Sou. Está tão perceptível assim? – sorri.

— É que durante a semana passada não vi ninguém mexendo no armário vizinho, então... – ela disse arqueando as sobrancelhas.

— Ah bom. – forcei um sorriso e peguei o livro de história.

— Roberta. – ela deu um sorriso e eu assenti com a cabeça.

— Victoria, prazer. – ela pegou uns cadernos no armário e depois o fechou.

– Você sabe se a sala 45 é mesmo no primeiro andar? – disse piscando um olho com receio.

— Não, não, é nesse mesmo, é bem no fim do corredor. – ela pegou um papel e depois olhou pra mim. – Quer ir comigo? Também é a minha matéria.

— Claro. – sorri sem jeiro e a acompanhei.

(...)

Entramos na sala e esperamos o professor, enquanto isso conversamos sobre assuntos diversos e ela me apresentou para os seus amigos.

— Esses são Luke, Finn, Van e Carol. – cumprimentei todos e percebi que o assunto ali não acabava.

Não sou de ficar corada, mas senti minhas bochechas ferverem quando notei que o Finn me encarava... O papo até que estava bom, mas a turma toda ficou em silêncio quando um grupo de garotos entrou na sala.

Holy shit.

Não sou do tipo que baba o garoto mais bonito do colégio ou algo do tipo, muito menos do que dá bola só porque algum é bonitinho, mas... meu Deus, por favor, controla os meus pensamentos.

Uns quatro garotos atraíram todos os olhares, principalmente os das garotas. Um era loiro, estatura média, entrou sorrindo, diferente dos outros que mantinham uma fisionomia séria. Um usava uma bandana e o cabelo pro lado, o outro era baixinho e loiro dos olhos azuis, enquanto o que estava do seu lado era alto e moreno.

— Quem são? – falei baixinho pra Roberta, tentando não demonstrar interesse, mas ela percebeu.

— Eu sabia que você ia perguntar. – ela disse rindo e eu sorri sem jeito. – São considerados os piores do colégio.

— Piores? – perguntei rindo.

— Digamos que o maior não é flor que se cheire. – ela deu de ombros.

— Qual o maior? – Perguntei confusa, eles já haviam se sentado e não dava pra diferenciar a altura.

— Aquele é o Matthew... – ela apontou para o loiro. – Que por ironia do destino é meu irmão. – ela disse rindo. – Taylor... – ela apontou pro que estava usando uma bandana. – Jack G e Jack J, o loirinho é o J, a Carol é louca por ele.

— Roberta! – a Carol deu um tapa fraco em seu ombro e ela riu.

— Oh... – eu disse olhando melhor pra cada um. — E qual é o que não é flor que se cheire?

— Falando nele... – ela olhou pra frente e eu avistei um garoto bem alto entrando na sala. Ele vestia uma calça preta, blusa branca e uma jaqueta preta.

Uau.

Meu olhar subiu para o seu rosto e eu percebi o quão branco ele era. Seus olhos eram de um mel lindo, suas bochechas estavam rosadas, acho que por conta do frio. Ele estava sério e se sentou junto com os meninos, sem olhar para ninguém no seu percurso até a mesa.

— Quer um lenço? Acho que você babou um pouquinho aqui. – a Van disse olhando pro meu queixo e eu ri.

— Que nada... – eu disse disfarçando. – Oh, espera aí, ele é seu namorado?

— Que? – ela revirou os olhos rindo. – Não, meu grupinho não é esse.

— Como assim? – franzi o cenho.

— Prefiro os inimigos deles. – ela arqueou as sobrancelhas.

— Do que você está falando?

— Do grupo do Dallas. – ela disse piscando o olho e eu arqueei as sobrancelhas. – Mas o Dallas deixa a Roberta feliz feliz...

— Cala a boca, Van! – ela disse jogando um papel nela e nesse momento eu espiei pro tal garoto “perigoso” que eu ainda nem sabia o nome. – O meu lance é com o Reynolds. – Sua expressão tornou-se maliciosa e eu ri com isso.

— Eu não sei quem é quem...

— Aposto que você quer saber quem é o que entrou agora. – o garoto loiro amigo da Roberta, Luke, falou enquanto sorria pra mim, me deixando sem jeito.

— Ih, ela quer mesmo. – a Roberta disse sorrindo.

Olhei sem graça pro Finn e ele deu um sorrisinho, eu dei de ombros e olhei pra Carol.

— Shawn. – ela disse sem rodeios. – Shawn Mendonça

02

As três primeiras aulas passaram voando, e por coincidência, duas delas foram com a Roberta e o seu “grupinho” de amigos.

A Van sempre estava fazendo piada de tudo e divertindo todos, a Carol não parava de falar por um segundo, mas isso era bom, ela só falava coisas interessantes. Notei que o Luke não tirava o olho da Roberta e... Cara, o Finn.

O olhar dele me dá um frio na barriga, sei lá, ele é estranho. Estranhamente gato.

Fomos para o intervalo e o refeitório parecia um shopping. As pessoas mal paravam sentadas, sempre tinha alguém andando ou falando alto. Me sentei ao lado da Roberta quando ela me chamou e apoiei meu queixo nas minhas mãos, eu estava apoiada na mesa com os cotovelos.

— Você não vai comer, Victoria?

— Comi muito em casa. – Disse sorrindo. – E pode me chamar de Vic. – Ela sorriu e eu virei o rosto pro lado, avistando a mesa do grupinho do tal Shawn.

Ele continuava com a fisionomia séria, percebi que seu maxilar estava travado e... Meu Deus... Que garoto é esse?

— Tá tudo bem? – Escutei uma voz e me virei rapidamente, assustada.

— Oh, sim. – Era o Finn, era a primeira vez que ele falava diretamente comigo. Ele tinha um sotaque diferente, acho que britânico.

Sotaque britânico é a coisa mais sexy do mundo.

— Ficou interessada no Shawn, né? – Ele disse meio sem jeito enquanto dava uma mordida em sua maçã.

— Não, não... – Eu disse sorrindo sem jeito. – É que ele me intriga...

— Como assim? – Finn estava do meu lado, mas eu me aproximei mais dele e comecei a falar baixinho.

— Por que ele é perigoso?

— Você não sabe? – Balancei a cabeça negativamente e ele deu um sorrisinho. – Ele é o assassino mais frio da cidade, além de ser o maior traficante da região, e ele ama ver o sangue da vítima escorrendo pelas suas mãos.

Nesse momento senti meu coração gelar e eu arregalei os olhos.

Finn começou a rir e todos na mesa também.

— O que foi? – Quase que a minha voz não saía.

 — É sério que você falou aquilo, Finn? – O Luke disse rindo.

Que piercing mais sedutor.

Victoria, para, vocês estão falando de um assassino e traficante.

— Você precisava ver a sua cara. – Finn disse quando parou de rir.

— Então não é verdade?

— Ele tem dezesseis anos, Victoria, como que ele vai ser um assassino e traficante?

Senti meu coração relaxar e soltei uma risada fraca.

— Sei lá, vai que ele é um menor delinquente?

— Nesse colégio de riquinhos? Duvido ter alguém que mate uma formiga aqui. – Ele disse voltando a morder sua maçã.

— Formiga não, mas corações... – A Roberta disse e depois deu um gole no seu refrigerante.

— Como assim? – Olhei pra Roberta e ela balançou a cabeça negativamente, como se não quisesse falar. Voltei a olhar pro Finn e ele me fitava descaradamente.

Não cora, Victoria, não cora.

— Você não vai me falar por que ele é perigoso?

— Ele é perigoso com as garotas, normalmente as que ele namora.

— Como assim?

— E você ainda diz que não está interessada nele... – Ele disse dando uma risadinha enquanto balançava a cabeça negativamente.

— Eu não estou interessada, só curios... – Mal pude terminar a frase, meus olhos foram atraídos por um grupo de garotos que adentravam no refeitório.

Um ficava na frente, do lado de outros dois um pouco menores que ele. Esses olhos são reais? Atrás deles, pude ver mais dois.

Um garoto menor que eles e bem parecido com o de olhos azuis se aproximou mas o maior o empurrou e resmungou alguma coisa.

— E esses são do outro grupo... – A Van disse quase babando enquanto olhava pra um deles.

— Elas só vão te falar baboseiras já que babam por todos, então eu vou te falar a verdade. – Finn disse e se aproximou mais ainda de mim. – Como a Van disse, eles são do outro grupo, são inimigos do grupo do Shawn e eu acho tudo isso uma besteira, mas é algo que aconteceu entre eles que ninguém sabe. – Arqueei as sobrancelhas e tentei olhar em seus olhos enquanto ele falava, mas era difícil. – Então... Os dois grupos são meio que rivais e desde o fim do ano passado que eles são conhecidos como “perigosos”, tem uns que os chamam de “heartbreakers”, dizem que o Shawn nunca fica com uma mesma garota duas vezes, e o Nash, o de olho azul, faz o mesmo. O do lado do Nash é o Cameron, é seu melhor amigo e ele meio que comanda o grupo. O do lado é o Carter. – Ele apontou com o olhar pra Van e vi que ela não parava de olhar pra ele, ele riu com isso e eu também. — Os que estão mais atrás são o Aaron e o Jacob, parecem ser do bem mas eu não confio em ninguém. Eles tratam as pessoas como lixo e é assim que merecem ser tratados.

— Menos o meu irmão. – A Roberta se aproximou falando e o Finn riu.

— É, o Matthew é o menos ruim... Ou o pior.

— Cala a boca, Finn. – Roberta disse rindo e tentando dar uma tapa nele, fazendo-o rir.

(...)

As aulas passaram e eu fiquei me perguntando o por quê deles serem considerados do mal... Só porque tratam as pessoas mal? Eu faço isso quando não gosto de alguém e sou um amor... Ou não.

Me despedi de todos e fui em direção ao meu carro. Joguei a bolsa no banco do passageiro e girei a chave.

Por que não tá ligando???

Girei mais umas três vezes e ligou, olhei pra onde marcava a gasolina e... Ele desligou.

Que legal. Peguei o celular e liguei pro meu pai.

— Por que o senhor não colocou gasolina no meu carro? Foi a única coisa que eu pedi!

— Então a mocinha de dezesseis anos que eu dei um carro antes do tempo e dirige sem carteira não aprendeu a colocar gasolina?

— Pai!

— Foi mal, eu esqueci. – Ele falou parecendo não se importar. Encostei minha cabeça no banco e fechei os olhos.

— Em quanto tempo o senhor chega? – Disse saindo do carro e trancando a porta.

— Você não tem como andar até algum posto?

— Ah, claro, eu conheço muito essa cidade pra sair a pé procurando a droga de um posto de gasolina.

— Opa, calma aí. – Ele riu. – Eu vou ter uma reunião importante agora, devo chegar aí em duas horas.

— DUAS HORAS? – Eu quase gritei no celular e notei umas pessoas olhando pra mim. – Deixa, pai, eu me viro, vou a pé. – Desliguei o celular com raiva e fui caminhando em direção à minha casa.

Digamos que não era tão perto assim... Nem um pouco.

— Ei, tá indo pra onde? – Olhei pro lado e vi a Roberta em um carro, ela estava acompanhada do seu irmão e... dos amigos do seu irmão. Tentei não olhar muito, tive medo de olhar pro assassino traficante.

— Meu pai fez o favor de não colocar gasolina no meu carro, então eu estou indo a pé já que eu não conheço nada nessa cidade.

— Entra aí, eu te levo. – Ela disse sorrindo e eu olhei pra parte de trás do carro que estava com os Jacks e o Shawn, o da bandana não estava.

— O carro está cheio, acho melhor não. – Disse sorrindo.

— Qual é, eles se apertam, vem.

Até pensei em dar a volta pra sentar do lado de um dos Jacks, mas o Shawn abriu a porta e eu não tive como dizer não.

— Aonde eu sento? – Disse olhando pra Ro.

— No meu colo.  – Nesse momento eu olhei pro Shawn e foi a primeira vez que senti seus olhos pairarem nos meus.

Que garoto maravilhoso.

Sua expressão era maliciosa e eu dei um sorrisinho.

— Acho que se afastar um pouco eu consigo sentar do seu lado. – Ele revirou os olhos e afastou, junto com os meninos. Consegui me sentar mas a porta não fechava. Realmente, não cabia quatro pessoas, uma do lado da outra.

— Vem logo. – Senti duas mãos grandes e geladas tocarem a minha pele por debaixo da minha blusa que havia subido um pouco. Senti um arrepio percorrendo todo o meu corpo e Shawn me colocou em seu colo, logo depois fechando a porta.

A Roberta deu um sorrisinho e deu partida.

Se alguém olhasse pra minha cara iria rir porque eu estava estática.

— Relaxa, eu não vou te morder. – Escutei sua voz no meu pé do ouvido e me arrepiei mais uma vez. Decidi relaxar meu corpo e percebi que ele deu uma risadinha.

— Aonde você mora, Vic? – Peguei um papel na minha bolsa que estava no meu colo e dei o endereço pra ela. – Número 259? Sério? – Ela riu.

— Sim, por quê?

— Nada não... – Decidi ficar quieta e ela continuou a dirigir.

Em poucos minutos nós chegamos à minha casa. Desci do carro e agradeci à Ro, logo depois me despedindo dos meninos. Eu ia fechar a porta mas o Shawn também desceu. A Roberta foi embora e eu olhei pro Shawn com um ponto de interrogação na testa.

— Por que você... – Ele nem me deixou terminar a frase.

— Você é minha vizinha, loirinha. – Ele disse dando de ombros e andando em direção à sua casa que ficava ao lado da minha e também era de primeiro andar. Eu, anta, fiquei parada na calçada olhando ele andar e observando cada movimento de seu corpo.

Antes de entrar ele se virou e deu um sorrisinho torto, logo depois piscando o olho.

Isso vai ser difícil, eu sou vizinha de um assassino sedutor.

03

Quando entrei em casa, subi logo pro meu quarto e joguei minha bolsa no chão, logo depois me jogando na cama. Eu não conseguia parar de pensar no que tinha me acontecido naquela manhã. Eu tinha mesmo feito colegas com facilidade? E sobre o assassino ao lado da minha casa?

Ok, Victoria, você sabe que ele não é um assassino. Dei uma risada com isso e me sentei na cama. Respirei fundo e estralei o pescoço, o inclinando pra esquerda e depois pra direita.

Ai como eu amo fazer isso.

Levei minhas mãos aos meus pés e tirei meu tênis. Me levantei e tirei o resto da roupa, ficando apenas com as roupas de baixo e perambulando pelo quarto. Peguei meu celular e o conectei na caixa de som, colocando play na música “Can we dance – The Vamps”.

Comecei a cantar a música enquanto andava pelo quarto tentando organizar as coisas em cima dos móveis e quando chegou na parte da bateria eu parecia uma descontrolada de tanto que pulava e gritava a música. Fiquei de frente pro espelho e com o controle da caixinha de som comecei a fazer uma performance maravilhosa.

Ok, não era maravilhosa porque quando eu canto zoando a minha voz sai da pior forma possível. Fiz umas poses de frente pro espelho e comecei a rir do nada.

Prendi meu cabelo em um coque alto e coloquei as mãos na cintura. Comecei a observar meu corpo e fiz uma careta.

— Ainda preciso emagrecer. – Respirei fundo de olhos fechados e quando voltei a olhar no espelho vi no reflexo que o quarto do Shawn era de frente pro meu, e eu sabia que era seu quarto porque ele estava em pé enquanto... Tirava a sua blusa.

Eu o vejo sem blusa ou deixo ele me ver seminua?

Automaticamente me abaixei e fui engatinhando até a minha cama, que ficava do lado da janela e da sacada, ou seja, fora do campo de visão de Shawn.

Recuperei o fôlego e coloquei minha cabeça na janela, e... Droga, ele não estava mais lá.

Ok, Victoria, não foi dessa vez. Me enrolei em uma toalha e fui correndo pro banheiro. Fechei a porta e pendurei a toalha, logo depois me despindo e entrando debaixo do chuveiro.

Tomei um banho demorado, confesso que às vezes me peguei pensando no Shawn, pensei se ele seria mesmo um heartbreaker, como seria o beijo dele e... Victoria, sai do banho!

Não é nada legal pensar essas coisas quando você está no banho, é bastante perigoso, eu digo... Você pode levar uma queda.

Sei lá.

Ok, o verdadeiro motivo não é impróprio.

Saí do banheiro enrolado na toalha e vesti meu pijama, que parecia o de uma criança de dez anos, uma calça folgadona longa e uma blusa de mangas.

Sim, eu ainda calcei uma pantufa super brega.

Posso não ser do tipo fofa, mas quando eu sou... Eca.

Me deitei na cama e coloquei os fones de ouvido. Fechei os olhos e fiz o que sempre faço quando estou relaxando: começo a imaginar cenas perfeitas que me fazem ter raiva quando eu acordo. Por que raiva? Por não serem reais, pelo simples fato de eu ter a consciência de que aquelas cenas não vão se concretizar. Acabei adormecendo e acordei com apenas um fone no ouvido e uma voz insistente no outro, porém de longe.

— VICTORIA, DESÇA JÁ AQUI!

Pude escutar os gritos do meu pai mesmo estando de fone. O que eu fiz dessa vez?

Desci as escadas correndo e quando cheguei lá embaixo ele estava apoiado com as mãos no balcão da cozinha.

— O que eu fiz?

— Nada. – Ele caminhou até a minha direção e colocou suas mãos em meus ombros.

— Nada? Por que estava gritando como se o mundo fosse acabar?

— Você não respondia... Odeio quando você coloca os fones e acha que o mundo se resume àquilo. – Revirei os olhos e ele continuou a falar. – Vá se vestir.

— E por acaso eu estou sem roupa?

Ele me olhou arqueando as sobrancelhas e eu cruzei os braços.

— Pra que?

— Tenho uma importante reunião de negócios e preciso que você vá comigo.

— Outra reunião? Pra que eu preciso ir? Você vai me vender?

— Cala a boca, Victoria. – Ele falou rindo e se aproximou de mim, me abraçando. – Eu preciso que você se comporte, nossa vizinha também vai levar o sobrinho dela e eu não quero birra. – Ele me soltou e caminhou até a sala, se jogando no sofá e ligando a televisão.

Nesse momento eu arregalei os olhos e a minha voz ficou presa na minha garganta.

— Ah, e eu trouxe seu carro, já está na garagem, de nada.

— Pai. – Foi o que eu consegui falar. Ele olhou pra mim e eu estava, com certeza, com uma cara de anta. – Como assim a vizinha?

— Ah, ela é minha parceira no trabalho, nós dois seremos entrevistados por um dono de uma empresa muito importante, ele sabe que eu tenho uma filha e ela um sobrinho, ele quer que nós nos apresentemos com a nossa família.

— Pra que isso? – Eu ainda estava processando. O que o meu pai tinha com a tia do assassino?

— Depois eu te explico, Victoria, agora vá se vestir, é em meia hora.

Meia hora?? Apenas me virei e fui correndo pro meu quarto.

O que eu visto? Pra que tudo isso? Eu vou ter que me mudar de novo? O que a tia do assassino tinha com o meu pai?

Ai meu Deus, o assassino vai.

Me olhei no espelho e quase dei um grito, na verdade as minhas olheiras gritaram por mim.

Passei uma maquiagem e tirei o pijama, o deixando em cima da cama. Caminhei até o meu closet e escolhi uma roupa simples, não vou para nenhum desfile de moda...

Tentei fazer cachos no meu cabelo, eu amava quando eu fazia porque ficava parecido com o da minha mãe.

Vestii uma calça jeans e uma blusa preta de manga longa. Calcei uma sandália que era da minha mãe e sorri ao me lembrar desse fato. Me olhei no espelho e passei a mão pelo meu cabelo, rezando pra que os cachos segurassem sem fixador, odeio o cheiro daquilo.

Passei perfume e saí do quarto, encontrando meu pai dormindo no sofá.

— PAI! – Dei um grito e ele se levantou assustado, arrumando a roupa e o cabelo. Caí na risada e ele não entendeu, o que me fez rir mais ainda.

(...)

— Tá esperando amanhecer para dar partida? E por que não posso ir na frente?

— Fica quieta, Victoria. – Nesse momento ele saiu do carro e passou pela frente do mesmo, abrindo a porta do passageiro. O que tá acontecendo?

— Obrigada. – Olhei pra fora ao escutar uma voz feminina e arregalei os olhos ao ver o Shawn ao lado da que, provavelmente, seria sua tia. – Oi querida, tudo bem? – Ela se virou pra mim falando e eu dei um sorrisinho assentindo com a cabeça.

Logo depois disso a porta do banco de trás se abriu e Shawn entrou.

Olha pra frente, Victoria, sem manter contato visual com o assassino.

— Oi loirinha. – Virei a cabeça vagarosamente e dei um sorriso forçado.

— Não me chama de loirinha, tá?

— Por que não? Você é loirinha.

 Respirei fundo e fechei os olhos, pude escutar o som da sua risada e me perguntei como que o seu sorriso ficaria numa risada tão gostosa.

— Você está bonita, loirinha. – Abri os olhos e olhei pra ele, que estava sorrindo sem mostrar os dentes.

— Obrigada. – Disse sem esboçar reação nenhuma e o meu pai finalmente entrou no carro.

Passamos o caminho todo em silêncio até chegar até o tal restaurante aonde seria a tal entrevista.

Oh, eu não sabia que seria um restaurante. E nem um restaurante tão chique!!!

Descemos do carro e fomos em direção à entrada, onde a atendente disse que a nossa mesa reservada já estava com alguém esperando por nós.

Entramos no tal restaurante e aquilo parecia um hotel de luxo, o teto era alto e cheio de lustres, as mesas eram mais chiques do que qualquer uma que eu havia visto em toda minha vida.

Minha atenção foi atraída pra uma mesa quando meu pai me puxou pela mão, me apresentando a um senhor de mais ou menos cinquenta anos.

— Essa é Victoria, minha filha. – Ele ergueu a mão e eu a apertei.

— Sou o James, muito prazer.

— Prazer. – Disse assentindo com a cabeça e dando um sorriso.

No sentamos na mesa depois de Shawn ser apresentado e eu fiquei olhando de um lado pro outro enquanto meu pai e a tia do assassino conversavam com o tal James sobre uma empresa de negócios, algo sobre tecnologia que eu não me dei ao trabalho de ficar prestando atenção.

— Shawn, por que você não leva a Victoria pra conhecer a área da piscina? – Pude escutar a Annie. – sabia seu nome pois tinha escutado durante sua conversa com o James e meu pai – falando pro Shawn.

— Por que eu faria isso? – Ele disse e eu revirei os olhos.

— Vamos tratar de um assunto mais importante agora. Por favor. – Escutei Shawn bufando e se levantando da mesa, logo depois me cutucando e me chamando pra dar uma volta.

— Eu estou muito bem aqui, obrigada. – Dei um sorriso forçado e vi que ele olhou pra Annie.

— Victoria, por favor. – Ela disse se esticando na mesa e segurando minha mão. Quase que soltava toda a minha raiva com um suspiro longo, mas apenas assenti com a cabeça e me levantei, andando na frente de Shawn.

— Eu que deveria te mostrar aonde é piscina. – Ele disse me alcançando e andando ao meu lado.

— Não sou um gênio, mas presumo que seja fora daqui, não é? – Não olhei pra ele, mas aposto que ele estava revirando os olhos mais uma vez, me segurei para não rir.

Saímos daquela área e logo chegamos aonde queríamos.

— E agora? Ficamos aqui moscando que nem dois retardados? – Perguntei enquanto cruzava os braços.

— Você é birrenta, hein, loirinha?

— Eu não já disse pra você não me chamar de loirinha? Que saco!

— E quem disse que eu tenho que obedecer?

— Eu!

— E você por acaso manda em mim?

— Não, mas... – Ele foi se aproximando e eu dando passos pra trás.

— Mas nada, eu te chamo do que quiser.

— Quem te dá esse direito? Posso saber?

— Liberdade de expressão.

— Nossa...

— É um direito de todo ser humano, loirinha...

— Você me estressa.

— Por quê? Eu não fiz nada.

Nesse momento ele parou de se aproximar e eu parei de andar pra trás.

— Além do fato de você estar respirando... É, você não fez nada. – Me virei e vi que eu estava na ponta da piscina, senti meu corpo desequilibrado e caindo pra frente, mas logo senti duas mãos me agarrando por trás.

Meu coração estava acelerado e eu não conseguia pensar em nada além do susto de cair na piscina naquela noite fria.

Shawn me puxou vagarosamente pra longe da borda e eu ainda estava boquiaberta.

Shawn P.O.V.:

— Tá tudo bem? – Eu disse tirando minhas mãos de sua cintura e a virando pra mim.

— Eu... – Ela olhou em meus olhos e me empurrou. – Você ficou louco? Quase que você me mata, garoto!

— O que? – Eu comecei a rir, era engraçado vê-la estressada.

— Você ficou se aproximando de mim com esse olhar bugado e de assassino, eu achei que você fosse me...

— Beijar? – Eu arqueei uma sobrancelha e ela cruzou os braços.

— Me matar!

Não aguentei e comecei a rir, enquanto ela se virava e andava em direção ao restaurante.

— Ei, vem cá. – Disse a puxando pela mão.

— Não chega perto de mim, você é louco. – Ela se soltou e continuou a andar.

— Você que é louca, loirinha.

Ela apenas continuou andando e estirou dedo pra mim, o que me fez rir mais ainda.

Essa vai dar trabalho.

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