Bento Choi Donartti
As vezes nós enfrentamos situações tão dolorosas que pensamos não ser capazes de superar!
Há quase dois anos atrás, eu perdia minha noiva, grávida de 5 meses, do nosso primeiro filho...
Ser médico nessas horas é algo bem difícil, porque em alguns casos, você sabe o que vai acontecer ao paciente, e não se pode agarrar ao fio de esperança de estar no "escuro" sobre a situação.
Eu vi a Amberly me deixando, vi a mulher que eu amava indo e levando meu filho, sem que nenhum de nós dois pudéssemos fazer nada!
É uma dor que eu, até hoje, não consigo explicar em palavras, mas ainda sinto, porém agora de uma forma diferente, como uma saudade de um momento especial.
Desde então, eu não me via ou me imaginava em outro relacionamento, e me fechei, mergulhei no trabalho e fiz do hospital minha casa e dos plantões meu refúgio.
Minha família sofreu, meu irmão sofreu e quase me bateu para que eu acordasse e entendesse que eu precisava de ajuda, mas eu precisava me livrar de algo que me matava dia a dia... A culpa!
A impotência de estar diante de alguém que você ama, precisando de ajuda e você ali, vendo tudo se esvair entre seus dedos sem poder usar seus anos de estudo e conhecimento para impedir o pior...
O que somos diante de tal situação? NADA!
Mas feliz o homem que tem pessoas que se importam, que querem o seu bem, e eu tenho!
Minha família é a minha verdadeira força. E comigo, eles sofreram, minha mãe se desesperou... nunca tinha visto dona Helena Choi tão abalada e devastada!
Meu pai, com toda a sua calma centrada e seu bom senso, não se conteve e chorou, ajoelhado a minha frente, implorando para que eu aceitasse ajuda... ele temeu perder o filho.
E meu irmão?! Kaleb Choi, sempre tão brincalhão e vendo tudo de uma forma tão leve, se colocou na posição de irmão mais velho e me deu um choque de realidade...
Me fez olhar no espelho, literalmente, e me fez ver apenas a sombra do Dr.Bento Choi Donartti... não era eu!
Então eu realmente tomei uma sacudida, entendi que a Amberly e meu filho não iriam me querer nesse poço escuro onde eu me enfiei, e pelo amor que eu sentia por eles, eu me forcei a levantar, procurar ajuda profissional, voltar a praticar as atividades físicas que sempre gostei e me fortalecer.
Eu consegui, um dia, uma passo de cada vez, mas não foi fácil.
Só que o meu coração continuava fechado, sem a menor intenção de se abrir, de se entregar e amar outra mulher.
Só que a vida pode nos trazer surpresas que nunca sequer imaginamos... e eu estou exatamente olhando para um desses exemplos...
Nem nos meus sonhos mais malucos eu imaginaria que uma simples viagem ao Qatar, onde eu apenas queria relaxar e ajudar meu irmão, me traria uma nova chance de amar, uma nova chance para recomeçar, alguém que chegou e, mesmo com poucos dias, já iluminou a minha vida com o sorriso mais sincero que eu já vi, alguém que veio para ser a minha cura... A minha estrela!
- Bom dia... meu Habib! - a voz sonolenta e o rostinho corado me fazem sorrir e abraçar a MINHA ESPOSA!
Como isso aconteceu? Como ontem eu tive a melhor noite da minha vida e fiz dessa menina a minha mulher, apreciando a dança mais linda e envolvente que ela preparou e fez somente para mim?
Isso eu vou contar a partir de agora...
Eu sou Bento Choi Donartti, e agora vocês vão conhecer a minha... não! A nossa história, minha e da senhora Aisha Harmud Choi Donartti!
Bento Choi Donartti
《••••》
Nova York, dias antes...
Bento
Hoje decidi tirar as coisas do quartinho que eu e minha noiva preparamos para nosso pequeno Johan.
Sabem, estar aqui diante de tantos sonhos que foram arrancados de mim, de uma forma tão brusca, não é fácil.
- Relaxa, você não está sozinho! - sinto a não do meu irmão tocar meu ombro..
Kaleb Choi Donartti
- Obrigado! É importante ter você aqui. - dou um sorriso fraco.
- Claro que é importante... - ele limpa a garganta e afina a voz, jogando os cabelos imaginários de lado. - Dr. Choi, Ninguém te completa como eu... - move os cílios, como se estivesse me paquerando.
- Cala a boca! - resmungo, meneando a cabeça. - Vou filmar isso e mandar para a sua mulher.
- Pode mandar! - dá de ombros, ajeitando a postura. - Minha tica sabe muito bem como o marido dela é um homem com H, e eu não vou ficar me gabando e te explicar como ela sabe disso. - ele sorri de lado.
- Eca! - faço careta. - Nem quero saber... Urgh! Que horror! - me arrepio.
- Bom, vamos fazer o que com essas coisas? - ele muda de assunto.
- Doar! - respiro fundo. - Sabe o hospital onde estou trabalhando como voluntário? - ele assente. - Lá tem muitas mães solteiras, e eu tenho certeza que cada uma dessas roupas e brinquedos, serão muito bem vindos!
- Então, mãos a obra!
Juntos nós enchemos três malas com todas as coisas, mas o porta retratos com a foto da Amberly exibindo a barriguinha de grávida eu guardei, como recordação.
- Acho que pegamos tudo! - digo, olhando em volta.
- Desmontei o berço, e você a cômoda, vai doar também? Junto com a poltrona e a mini cama? - Kaleb fecha a última mala e seca o suor da testa.
- Esses eu vou deixa aqui e depois alugo uma caminhonete e levo para algum orfanato, junto com os tapetes e as coisas de decoração.
- Tudo bem, agora eu tenho que ir. Vai ficar bem mesmo? - meu irmão me olha com atenção.
- Vou sim, relaxa. Mas porque tanta pressa? Não vai tomar uma cerveja com seu irmão caçula, senhor conquistador?! - Movo as sobrancelhas.
- Eu já me aposentei, querida dama! Sei que sou irresistível, mas estou muito bem casado e minha dona encrenca é latina, o sangue daquela mulher ferve nas veias! - ele faz careta e eu sorrio. - Tenho que viajar, vou para o Qatar resolver um problema para um amigo do nosso pai e do tio Jacob.
- Problema de que tipo? - pergunto, enquanto saímos em direção a sala da minha casa.
- Do tipo que eles não conseguem resolver do jeito legal. - ele suspira. - Acho que o filho do tal Sheik Harmud foi envolvido em uma confusão e isso está ameaçando até o cargo do avô do rapaz, o Emir do Qatar.
- Hum, então é uma confusão das grandes. - dou um assobio baixo. - Vou com você! - digo, e ele sorri de lado.
- Ah, tá! Não se pede permissão mais não?! - ele meneia a cabeça, com aquele sorriso irônico.
- Pra quem permissão?! Vou te ajudar, você deveria me agradecer! - finjo indignação.
- Ok, eu ia te chamar mesmo. Você é bom em passar despercebido, e nós temos que ser tipo sombras, então por favor, use toda a sua discrição tá, Dr. Choi.
- Pode deixar, Sr. Choi. - rebato. - E minha cunhada, vai também?
- Nem pensar! - ele responde.
- E ela está de boa com isso?! - franzo a testa.
- Você acha?! Conhece a Lupe! - ele bufa. - Quase me colocou para dormir no sofá noite passada, tacou todos os sapatos do closet em cima de mim, e depois ficou toda manhosa querendo carinho... vai entender. - revira os olhos.
- São os hormônios, irmão! - aperto o ombro dele, que assente levemente. - Ela acabou de descobrir a gravidez, ainda tem muita coisa para vocês viverem juntos até meu sobrinho ou sobrinha nascer, então aproveita essa fase. - dou um leve sorriso.
As lembranças são inevitáveis. Eu vivi isso, e nem sei se algum dia vou conseguir encontrar alguém que mexa comigo a ponto de querer entrar em uma relação e tentar ter filhos...
- Eu sei que você vai viver isso de novo, e dessa vez, vai dar tudo certo. - meu irmão me dá um abraço carinhoso. - Meu moleque! - ele diz, ainda no abraço. - Sabe que eu amo você, né?
- Também te amo, irmão! - respondo, batendo a mão nas costas dele.
Nos afastamos e sorrisos um para o outro.
- Topa jantar lá em casa? Se eu chegar com você a sua cunhada não vai jogar nada em mim, e se eu disser que você vai comigo, ela vai ficar mais tranquila e talvez entenda o que tentei explicar um milhão de vezes ontem à noite... - ele resmunga.
- Deixa ver se adivinho.. você tentou explicar que não sabe o tamanho do problema, não sabe o que vai encontrar e vai deixá-la aqui para a segurança dela e do bebê?!
- Exato! - ele afirma. - Mas ela entendeu? Que nada!
- Você tem que entender o lado dela, irmão. A Lupe e você estão juntos há pouco mais de um ano, casaram logo que se conheceram e, desde então, não ficaram longe. Ela deve estar preocupada de acontecer alguma coisa com você, então releva e seja paciente com seu furacão latino. - sorrio discretamente.
- Sinceramente, eu não sei como o Davi aguentou a Diana, que também é mexicana, e ainda grávida de gêmeas! Eu só de imaginar fico doido! - ele parece realmente nervoso.
- Já imaginou, minha cunhadinha grávida de gêmeos? Seria legal, e casos de gêmeos é o que não falta na nossa família, você sabe...
- Se forem gêmeos, te levo para morar comigo! Eu vou surtar sozinho?! É ruim hen! Ser tio e padrinho é para essas coisas! - ele dá de ombros. - Agora bora arrumar sua mala, de lá de casa a gente vai direto para o ponto de embarque.
- Bora lá, mas vou passar na sorveteria primeiro. - falo e ele me olha, franzindo a testa. - Vou comprar sorvete para amansar a minha cunhada, ué?! - meu irmão cai na risada.
Eu sou bobo? É ruim hein.! Quer deixar uma grávida feliz, dê doces a ela!
《••••》
Minhas meninas, por motivo de força maior, os capítulos estão sendo reescritos, então espero que tenham paciência porque está nascendo uma história TOTALMENTE NOVA, ESCRITA DO ZERO!
Espero que gostem!
Arrumei minhas malas e cheguei a casa do meu irmão. Preferimos vir no mesmo carro porque daqui vamos direto para o local do embarque, então é mais cômodo.
Assim que abrimos a porta, vejo minha cunhada vir até nós e se jogar nos braços do meu irmão, que se derrete todo.
Guadalupe
Lupe: Mi amor, por qué tardó tanto? Nuestro hijo e yo te estrañamos! ( meu amor, porque demorou tanto? Eu e nosso filho ficamos com saudades). - Faço bico.
Kaleb: Desculpe, minha flor. - abraço ela com carinho. - Passei na casa do Bento para resolver umas coisas. - olho nos olhinhos brilhantes da minha menina. - E como está nosso bebê? Dando muito trabalho para a mamãe? - acaricio sua barriguinha que mal dá para notar, mas ela sorri e põe a mão sobre a minha.
Lupe: Estamos bem, só estávamos com saudades mesmo. - sorrio e olho meu cunhado, que está de pé, nos observando de longe. - Ou cunhado, o que está fazendo aí parado? Entra! Você vai jantar com a gente, não vai? - cruzo os braços.
Bento: Vou sim. Trouxe até a sobremesa, seu sorvete preferido. - ergo a sacola com o pote de sorvete e vejo minha cunhada sorrir ainda mais.
Lupe: Filho, o tio dindo trouxe sorvete! - bato palminhas. - Em nome do seu afilhado ou afilhada, eu agradeço! - pego a sacola. - Bom, vão lavar as mãos que eu vou arrumar a mesa! - saio em direção a sala de jantar, mas me lembro de uma coisa. - Mi amor, pode vir aqui por favor? - chamo.
Kaleb: Vou lá ver o que minha tica, agora sorridente, quer comigo. - bufo. - Como pode mudar tanto por um pote de sorvete?! - falo incrédulo.
Bento: Aprende isso! Sorvete sempre deixa uma grávida feliz! - sorrio levemente. - Funciona da TPM também, fica a dica! - pisco para ele e vou em direção ao lavabo.
Kabeb:... saio inconformado com isso.. sorvete! - O que foi, mi amor? Para que você prec...
Lupe: Puxo meu marido para o escritório, trancando a porta e o encostando contra a parede, ficando na ponta dos pés. - Senti saudades, mi cariño... estou carente... - passo a mão em seu peito, sobre o tecido do terno, fazendo carinha de triste.
Kaleb: Te deixei sozinha, não é mi amor? - abraço minha princesa, e com a mão livre acaricio seu rosto. - Vou me redimir... - tomo os lábios da minha esposa, que corresponde prontamente, entreabrindo os lábios para que nossas língua se deliciem uma na outra, enquanto meu braço prende o corpo dela ao meu e eu seguro sua nuca, intensificando nosso beijo, que se torna intenso, mas carinhoso. Me permito relaxar com as mãos dela em minha nuca e as sensações que ambos sentimos com nosso beijo, e quando já estamos sem ar, me afasto devagar e encosto minha testa na dela. - Eu amo você, minha princesa.
Lupe: Também te amo, mi cariño. - falo, respirando fundo.
Kaleb: Não fica assim, mi amor, eu não estou indo para a guerra. - a aconchego em meus braços. - Eu vou e volto em alguns dias, eu prometo!
Lupe: Promete mesmo? - encaro os olhos do meu marido...sou completamente apaixonada por ele, e não me imagino num mundo onde não exista o Kaleb para me proteger e me dar seu amor e carinho.
Kaleb: Tem a minha palavra, e você sabe o peso da palavra de um homem da minha família, não sabe? - ela assente. - Jamais deixaria você e nosso filho, mi amor. Amo vocês mais do que a mim mesmo, Lupe... - faço um carinho preguiçoso em seu rosto. - Você foi, de longe, a melhor coisa que aconteceu na minha vida, minha tica caliente! - ela sorri e morde o lábio.
Lupe: Acho realmente que ter sido confindida com uma criminosa teve seus benefícios, afinal. - sorrio fraco.
Kaleb: Nem me fale isso! Eu nunca vou me perdoar por ter enterrogado você. - bufo, irritado comigo mesmo, mas recebo um beijo apaixonado, que eu aproveito ao máximo.
Lupe: Você não sabia que aquela maluca da Naomi tinha me enganado, então você fez o certo, protegeu sua família. E você não me machucou.. - mordo o lábio. - Mas o resultado da carona que me deu naquela noite, foi o melhor beijo da minha vida! - sinto meu coração acelerar quando me lembro. - Foi um beijo roubado? Foi...
Kaleb: Eu levei um belo tapa na cara? Levei. - sorrio de lado e ela fica vermelhinha. - Mas eu apanharia de novo se isso me garantisse que você me daria uma chance, mi amor. Foi o melhor beijo roubado...
Lupe: Foi o melhor primeiro beijo.
Kaleb: E valeu a pena cada segundo que eu esperei, até o nosso casamento, para termos a nossa primeira noite. Foi maravilhoso e eu não mudaria nada!
Lupe: Nem a queimadura de água viva na sua perna? Lembra, mi amor, eu fiquei desesperada e você todo tranquilo. - sorrio.
Kakeb: Isso foi só um detalhe. - dou de ombros. - O importante foi o que vivemos, e a queimadura depois virou motivo de muitas risadas.
Lupe: Foi sim. - respiro fundo e me aconchego no peito do meu Kaleb. - O Bento parece melhor, graças a Deus! Pedi tanto por ele nas minhas orações...
Kaleb: É, ele está melhor. E agradeço muito todo o carinho que você tem por ele, sabe que significa muito para mim, não é? - ela só ergue o queixo e me olha.
Lupe: Ele é importante para você, então é importante para mim também. - torço a boca. - Vai levá-lo junto?
Kaleb: Vou. Acho que vai ser bom ele aproveitar esses dias de férias e ocupar a mente, e também...
Lupe: Duas cabeças pensam melhor do que uma, e quanto mais rápido vocês resolverem tudo, mais rápido eu terei meu coreano lindo, cheiroso e gostoso de volta para mim! - sorrio.
Kaleb: Eu sou gostoso é... - ergo a sobrancelha e ela sorri.
Lupe: Quando você voltar dessa viagem, nós tiramos a prova, porque ainda sinto as sensações do que fizemos hoje, pouco antes de você sair... As duas vezes que fizemos!
Kaleb: Nem posso lembrar ou não sairemos desse escritório. - já vou beijando seu pescoço perfumado.
Lupe: Nem pensar! Seu irmão está esperando para jantar!'- me afasto, antes que eu perca o juízo... Esse meu marido é um perigo!
E eu amo esse perigo maravilhoso de quase 2 metros de altura, ombros largos, cara de mau....uiui!
《••••》
Numa altura dessas, o Bento já jantou e está comendo o sorvete...🤡🤡
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