O sol despontava no Horizonte, pintando o céu de tons alaranjados e dourados. Penélope Valência uma garota de 17 anos, recém formada no ensino médio, esbanjava determinação enquanto observava os aviões cruzando o céu. Sua beleza que muitas vezes se perdia na intensidade do olhar focado, escondia a história de uma luta contra os preconceitos que permeavam o mundo da aviação. Era o primeiro dia de Penélope na escola de pilotos e ela se encontrava diante de um desafio que trancendia as nuvens. Confrontando olhares desconfiados e comentários sussurrados, ela caminhava pelos corredores com a cabeça erguida. Seu sonho era voar e nada a deteria.
Ao entrar na sala de aula, Penélope foi recebida pelo instrutor, capitão Silva, um homem de experiência vasta e olhar crítico. Ele cumprimentou os alunos, focando um olhar apurado em Penélope.
Bem- vindos, futuros pilotos. Sou o capitão Silva, seu instrutor. Hoje, começaremos uma jornada desafiadora, espero que estejam prontos para superar todas as expectativas.
Penélope sentou-se determinada, ansiosa pelo que viria. Durante a aula teórica, mostrou-se uma aluna excepcional, respondendo a cada pergunta com precisão. No entanto, a sua verdadeira batalha começaria quando se aventurasse nos céus.
O tempo passou, e Penélope mergulhou de cabeça nos estudos e treinamentos. Cada desafio, por mais difícil que fosse, era enfrentado com determinação inabalável. Ela conquistou respeito e admiração, mas sempre escondendo sua verdadeira identidade.
No entanto, a vida pessoal de Penélope tomou um rumo inesperado quando ela conheceu León, um homem encantador e aparentemente apaixonado. Os dois se envolveram em um romance arrebatador, e Penélope, desejosa de encontrar o amor verdadeiro, optou por ocultar sua ligação com a poderosa BlueSky Companhias Aéreas.
O Casamento que aconteceu assim que concluiu os estudos não foi o conto de fadas que Penelope imaginava. León e sua mãe, a temível Sra. Lídia tornaram-se obstáculos constantes em sua jornada. Penélope enfrentou rejeições, traições, intrigas e, por vezes questionou se o preço do seu amor valia a pena. Diante das adversidades e com poucos anos de casada, Penélope tomou uma decisão firme: o divórcio. Revelou sua verdadeira identidade como herdeira da BlueSky Companhias Aéreas, deixando León e sua mãe completamente arrependidos.
A mágoa que Penélope carrega consigo transformou-a. Abandonando a crença no amor, prometeu a sí mesma que jamais se apaixonaria novamente e endureceu o coração. Tornou-se uma mulher fria, prepotente, cuja unica dedicação era sua carreira na aviação.
Mas o destino reservava mais surpresas para Penélope, que agora aos 30 anos e apenas um, após o divórcio, solta fumaça pelas narinas pelo atraso do novo copiloto.
Já chega, Júlia! Estou te dizendo que se esse idiota não aparecer dentro de um minuto eu o despedirei sem pensar duas vezes. Você me disse que ele era um homem responsável e dedicado ao trabalho, por sua causa fiz com que o meu pai o contratasse porém, já comecei a me arrepender. Você sabe o quanto sou exigente principalmente com horários, não sabe? Me responde, cadê ele? o irresponsável se atrasou no primeiro dia. Agora me diz, esse não é um bom motivo para que eu o dispersa sem sequer olhar para sua cara?
Disse Penélope, próximo á entrada de embarque, vestida impecavelmente em seu uniforme de capitã, enquanto o aguarda nervosamente ao lado de sua melhor amiga Júlia, comissária de bordo, especialmente em seus vôos.
_ Calma amiga! (respondeu Júlia). Ele deve ter uma boa justificativa. Quem sabe esteja atrasado por causa do trânsito, você sabe que as ruas dessa cidade tem se transformado em um verdadeiro caos!
A mesma desculpa de sempre, o trânsito, o trânsito, o trânsito...Nós também pegamos trânsito, no entanto, já estamos aqui. Poderia inovar usando uma desculpa melhor? Além disso, não deveria defender tanto o seu amiguinho!
Penélope retrucou olhando impacientemente para o relógio. Ela observou a amiga perdida, firmou brevemente suas têmporas com os dedos indicador e médio da mão esquerda, respirou fundo e de repente começou a caminhar deixando a amiga estacionada para trás ao lado das malas médias de rodinhas.
Ei, para aonde você está indo?
Penélope ouviu Júlia interrogar e sem lhe direcionar o olhar, respondeu continuando seus passos:
Ao banheiro e juro que quando eu retornar, se o imbecil do seu amiguinho não tiver chegado, estará no olho da rua!
Aflita, a Júlia que já estava a ponto de começar a roer as unhas, pelo nervosismo se perguntou:
"Onde está esse idiota que não aparece?"
Em seguida, começou a digitar no celular.
Cadê você, Adrian? Por Deus, está me colocando em uma saia justa!
Enquanto isso...
Adrian!
Gritou Camila, com sua voz aguda, chamando a atenção de Adrian e acenando para ele, enquanto este, caminhava apressadamente pelo aeroporto movimentado.
Adrian( Tentando se esquivar):"Putz, não acredito que esta louca está aqui?"
Camila: Adrian, meu amor vim me despedir de você!
_ Ela sempre descobre tudo sobre mim, não aguento mais essa mulher, que perseguição sem fim!
Adrian pensou e em instantes...
Oi, Júlia! me ajuda, por favor!
Ele falou eufórico ao se aproximar da amiga.
Júlia (soltando um suspiro de alivio): Nem vem, não vou aliviar sua barra, você está atrasado no primeiro dia de trabalho, é isso mesmo?
Júlia se quiser pode me matar depois. Aquela garota, está vindo na minha direção. Finge que somos um casal!
Adrian disse quase sem respirar, enquanto a Camila se aproximou sorrindo.
Oi Adrian, fugindo de mim?
Júlia: (o encarando) Quem é essa?
O sorriso da Camila foi se desfazendo dando lugar a um olhar desconfiado. Ela analisou a Júlia dos pés a cabeça e voltando seu olhar para ele, perguntou tensa:
Eu que pergunto, quem é ela Adrian?
Adrian( constrangido): Ah, essa é a Júlia, minha namorada.
Júlia: (com um ar debochado) Namorada? acha que eu namoraria um pervertido como você?
Adrian( sussurrando): É só para me livrar dela, por favor, SOS!
"O que eu faço com você seu mulherengo infeliz?"
A Júlia pensou antes de responder(sem graça) entrelaçando suas mãos:
Ah é, somos namorados desde muito tempo!
Ao ouvi-la, o semblante da loira mudou radicalmente. Desapontada, ficou arrasada e saiu chorando e Júlia não conseguiu conter o riso.
Copiloto mulherengo, então essa é a razão do seu atraso?
Penélope Valência
Penélope sorriu para a cena, incrédula, freando seus passos ao se aproximar da cena. Presenciar aquilo acendeu um fogo dentro dela. O passado de sofrimento com um marido traidor voltou à tona, e Penélope decidiu que não deixaria Adrian sair ileso. Em vez de demiti-lo, melhor seria fazer da vida dele um verdadeiro inferno.
Júlia, você é um anjo! Obrigado por me ajudar a me livrar dela. Agora, pára de rir!
Júlia: É mesmo! (cerrando os dentes) Contagem regressiva para eu te matar infeliz!
Júlia por favor, eu sei que se eu não for demitido hoje, terei que suportar um sermão inteiro da minha futura chefe, que por sinal deve ser velha, feia e enrugada então tenha piedade de mim deixa para ela me esculhambar, tá bom?
Adrian pede cínico, fazendo cara de coitadinho. Júlia contrai os olhos desacreditada.
Como pode me fazer esse pedido? Eu consegui esse trabalho para você e deixei bem claro que apesar de sermos amigas\, a sua chefe não costuma misturar a vida pessoal com trabalho. Tem noção que\, por sua culpa posso ser prejudicada em meu emprego também? Você é um descarado mas\, não vai se safar das minhas mãos\, eu vou te estrangular seu f*ll* da p*t*!
Ela concluiu, fazendo gesto de avançar sobre o seu pescoço.
Espera, eu tenho uma explicação!
Falou Adrian, na tentativa de se desvencilhar da mesma, virando-se rapidamente feito um relâmpago. Ele esbarrou na Penélope com todo o seu corpo e em um movimento atrapalhado e rápido, a segurou firme em seus braços para que não caísse.
Adrian Stone
Penelope!
Júlia falou um pouco sem graça. Enquanto Penélope encarou aqueles olhos verdes que passaram a observá-la como se o tempo tivesse parado. Em um estado aguçado de êxtase, Adrian seguia a ponto de beijá-la enquanto esta, numa hipótese que alterou todos os seus sentidos permanecia perdidamente estática.
_ Então quer dizer que sou velha, feia e enrugada?
Penélope perguntou, dando-se conta do mundo exterior, enquanto o homem seguia imerso na hipnose.
_ Não, está longe disso, você é...
Ele deu uma pausa buscando uma palavra, e logo sussurrou em pensamento:
* "Como um sonho!"
Penélope começou a tossir, despertando o Adrian do transe. Ao som da sua garganta, ele a soltou lhe pedindo desculpas. Os dois continuaram se encarando silenciosamente e ele, se tocando, disse um pouco perdido:
_ Ah, os adjetivos não eram para você e sim para a minha chefe!
_ Ela é sua chefe, seu imbecil!
Júlia falou entredentes, o cutucando.
_ P*t* M*RD*!
Ele pensou ao descer seu olhar e o focar sobre o nome destacado do lado esquerdo do peito, no uniforme da mesma: Capitã Penélope Valência.
_ Eu estava falando da minha antiga chefe!
Respondeu ele, pensando rápido, agora tentando disfarçar. Penélope, no entanto, permaneceu o encarando friamente, após encorporar novamente sua postura de durona.
_ Ow, Ow. Acho que você pode ser considerada minha antiga chefe. Estou demitido não é?
Adrian, perguntou revelando um semblante sofrido.
_ "Demitir? Não, tenho planos melhores para você, senhor Stone!"
Penélope pensou maquiavélica, em seguida, deu um passo à frente em sua direção, o encarou olho no olho e disse:
_ Se eu te despedir agora terei que pilotar um avião durante 12 horas sozinha e isso não seria nada bom. Mas, eu me pergunto se não seria melhor do que aturar um irresponsável, incompetente e medíocre como você durante todo esse tempo?
Adrian engoliu em seco e respirou fundo.
_ Mulher nenhuma jamais ousou me humilhar dessa forma, não irei permitir isso nem mesmo da minha chefinha irritante, atraente, insuportável, bela e arrogante. Quero ver se em 24 horas estarei no olho da rua ou na sua cama, depois disso, em meu êxito vai implorar para me ter do seu lado como todas fazem!
Ele pensou sentindo-se desafiado e sorriu debochado ao repetir as palavras:
_ Irresponsável, incompetente e medíocre!
Em seguida pensou:
_ Guarde bem essas palavras por que vai engoli-las e mudar seu conceito!
E erguendo uma das sobrancelhas, assim como ela fez, deu um passo à frente sem desviar o olhar dos olhos dela.
_ Pois para mim será um prazer decolar ao seu lado. Por falar nisso, não estamos atrasados?
Adrian disse sem piscar, com seus rostos praticamente colados.
_"Irei espremê-lo feito um limão!" (pensou Penélope).
_ Irás g... feito uma fera selvagem! (Pensou, Adrian).
E quase soltando fogo pelos olhos...
Penélope: Que comece a jornada nas alturas, então!
_ Claro!
Adrian respondeu, e pensou convicto:
_ Estou pronto para a diversão!
Ambos contraíram seus os olhos determinados a vencer reciprocamente. Em seguida, tomaram suas malas e começaram a caminhar em passos rápidos lado a lado, quase ao ponto de esmigalhar o piso do aeroporto de tão forte que pisavam no chão. Penélope e Adrian seguiam em direção à aeronave, volta e meia se encarando. Ela com desdém, pensando em moer sua carne e triturar seus ossos e ele, certo de que iria usar todos os seus métodos de sedução.
_ "Quanta marra! Em 24 horas estarás dominada em minha cama Capitã Penélope, ou não me chamo Adrian Stone!"
Pensava ele, lhe direcionando um sorriso perverso de canto, enquanto ela, permanecia séria como se ele não passasse de um inseto insignificante.
_ Aí, meu Deus, é o meu fim! Sinto que cavei minha própria cova ao colocar esses dois juntos!
Concluiu Júlia. Esta, que após ficar estática e sem reação diante da cena que acabara de acontecer, agora sofria sob o salto fino de scarpin enquanto corria atrás dos dois.
E Minutos depois, já no avião...
Júlia: Já checamos tudo, todos os passageiros já estão em seus lugares e devidamente acomodados, capitã Penélope!
_ Ótimo, acomodem-se vocês também, em cinco minutos começaremos a decolagem!
Penélope respondeu, acionando os botões de comando que fechavam as portas do avião e em instantes começou a falar, através do microfone do sistema de comunicação interno:
(Som de cabine se acalmando)
Penélope: Boa tarde, senhoras e senhores, aqui é Penélope Valência, sua capitã intrépida a bordo deste vôo com destino ao paraíso, Cancún, México. É um prazer tê-los a bordo.
(Som de avião começando os motores)
Penélope: Antes de alçarmos vôo, quero garantir a todos que estamos dedicados à sua segurança e conforto durante esta jornada. Nossa tripulação está aqui para tornar sua experiência aérea a mais agradável possível.
(Som de motores aumentando)
Penélope: Enquanto preparamos para decolar, peço que ajustem seus cintos de segurança, coloquem os assentos na posição vertical e guardem seus pertences de maneira segura. Nossos comissários de bordo estarão ao seu dispor para auxiliá-los no que precisarem.
(Som de avião taxeando)
Penélope: A previsão do tempo em Cancún é de céu claro e sol radiante, perfeito para quem busca dias inesquecíveis à beira-mar. Fiquem tranquilos, pois faremos de tudo para proporcionar a vocês um voo suave e agradável.
(Som de avião acelerando para a decolagem)
Penélope: Preparem-se para a emoção, para o início desta jornada que nos levará aos encantos de Cancún. Agradeço por escolherem voar conosco. Aproveitem o voo e, em breve, estaremos juntos desfrutando das maravilhas deste destino paradisíaco. Obrigada pela confiança e tenham uma viagem incrível!
(Som de avião decolando)
Penélope encerrou suas palavras, direcionou um olhar em direção ao Adrian e sussurrou:
_ E que comece a aventura!
Devido aos abafadores posicionados em seus ouvidos, Adrian não a ouviu, apenas leu seus lábios.
_ "Maldita boca venenosa e atraente, você não perde por esperar!"
Pensou ele, e respondeu com um sorriso perverso:
_ Vai ser uma aventura em tanto!
E já nas alturas, depois de um longo período de silêncio, após lhe direcionar alguns olhares sem retorno...
_ Você deve voar tão alto quanto suas habilidades permitirem, ouvi falar muito bem de você, dizem que é a melhor desta companhia, é uma honra para mim ser seu copiloto nessa jornada!
Adrian falou quebrando o gelo. Penélope riu com desdém, sem lhe direcionar o olhar.
_ Qual o motivo da risada capitã?
Penélope: Eu não me sentiria tão honrado. Ser meu copiloto é mais complicado do que parece. Você tem experiência suficiente?
Adrian: (modesto): Eu posso aprender rápido, especialmente quando a pilota é tão experiente e encantadora.
Penélope: Encantadora?(sorri irônica). Se realmente ouviu alguma coisa ao meu respeito não aprendeu nada sobre mim. Elogios não fazem um bom piloto, ação faz. A experiência é algo que você não pode aprender rapidamente, isso requer anos sobrevoando os céus.
_ Bem, eu estava pensando que poderíamos compartilhar alguns segredos das alturas juntos, talvez?
Penélope: Compartilhar segredos? Voar não é sobre segredos, é sobre habilidade e precisão. Algo que com certeza você não têm.
_ Talvez eu possa convencê-la de que tenho mais do que aparente.
Penélope: A confiança não se constrói com palavras vazias, novato. Vamos ver se você consegue acompanhar meu ritmo no ar primeiro.
_ Desafio aceito. Afinal, quem disse que voar não pode ser uma dança entre dois corações destemidos?
Penélope: Corações destemidos? Isso é poesia barata. Vamos ver se seus reflexos são tão afiados quanto sua língua.
_ Estás determinada a me derrotar, Capitã? Eu poderia competir com você?
Adrian perguntou sorrindo. Penélope permaneceu indiferente.
_ Somos parceiros de trabalho! (ele continuou): Se estiver bom para você, prometo nunca mais me atrasar de novo, experimente me dar uma segunda chance e vai ver toda a minha competência.
_ Dúvido que tenha alguma. Não se engane, você só está comigo nesse vôo porque não tive como mudar isso de última hora, mas, assim que retornarmos ao Brasil, você estará no olho da rua, não suporto presenças horripilantes quanto às suas!
Penélope respondeu rudemente tentando afetá-lo com suas palavras. Adrian, porém, ao contrário do que ela pensou, começou a gargalhar. Ela lhe direcionou um olhar surpreso, mas, permaneceu séria como se estivesse perguntando:
_ Qual a graça, palhaço?
Adrian parou de sorrir e disse, fixando em seu semblante:
_ Não é a minha falta de competência que te incomoda já que, nem sequer quer me dar a oportunidade para prová-la!
Penélope:(dando de ombros): Tem razão, talvez seja só a sua presença insuportável, que me incomode de fato!
Adrian: É isso ou...
_ O quê?
Ela pergunta impaciente.
Adrian: O medo de se apaixonar por mim, talvez?
Penélope revirou os olhos.
_ "A sua alto estima é boa!"
Pensou ela, em seguida, colocou o avião no piloto automático. Deu a volta alcançando-o em sua poltrona, sentou-se sobre o colo dele, passou os braços em volta do seu pescoço, o fixou nos olhos, sorriu e inclinando-se ao seu ouvido, perguntou em um sussurro:
_ Que habilidades você teria para me fazer se apaixonar por você, capitão Stone?
Um calor imenso começou a dominar o corpo de Adrian, que tentou controlar seu corpo e responder sem tremer sua voz.
_ Minhas habilidades? Hum! Eu...
_ Xiiiiiiii! Calma!
Ela o interrompeu colocando o seu dedo delicadamente sobre os seus lábios. O encarou nos olhos, mirou sua boca e subiu seu olhar outra vez.
O Adrian se encontrava completamente dominado, quando Penélope se inclinou ao ouvido dele e disse em tom suave outra vez:
— Eu sei dos seus planos, Sr Stone. Não sou idiota, jamais irei me render a um babaca, insignificante feito você. É verdade que o senhor tem uma ótima autoestima, mas, seria bom abaixar a bola um pouco, você não é tão atraente quando pensa!
Após mencionar as palavras, penélope piscou para ele, se levantou bruscamente e retornou ao seu assento, enquanto Adrian sentiu-se humilhado outra vez.
— Isso vai ser mais difícil do que pensei.
Pensou, ele.
— "Mas, não me conhece Penélope, não desisto dos meus objetivos facilmente!"
Alguns minutos se passaram e o silêncio reinou dentro da cabine até que, ela colocando o avião, novamente no piloto automático, perguntou:
— Você pode ficar de olho por aqui? Preciso de um café!
— É inacreditável!
Adrian falou desacreditado.
Penélope: O quê? Vai começar a reclamar?
— Eu não poderia ficar no comando?
Penélope: Não! Confio mais no piloto automático. Mas, acredito que você consegue me avisar caso alguma coisa dê errado!
— Minha nossa, que honra, ela acredita em minha capacidade de comunicação!
Ele falou irônico.
Penélope: Deveria se sentir honrado por isso!
— Me conformo sabendo que não sou o único nesse avião em quem você não confia!
Penélope: Do que você está falando?
- A Júlia, você também não confia nela!
Penélope: Não seja tonto, por que eu não confiaria em minha melhor amiga?
Adrian: Me diz você, por que não pediu para ela trazer o seu café?
— Eu mesma gosto de prepará-lo.
Ela respondeu já começando a sair da cabine, mas de repente parou, virou-se para ele e perguntou:
— Adoro um forte. Você quer?
— O quê?
— Um café, retardado!
Ela disse impaciente.
Ele (disfarçando) "O quê? Você, me oferecendo um café?"
Ela permaneceu séria. Sem graça, ele respondeu:
— Ok, aceito um forte também!
— Já volto, não nos mate!
Ela provocou e saiu. Adrian respirou fundo e retirando o blazer preto de uniforme, ficando apenas com a camisa social branca que estava por baixo, permaneceu pensativo.
— Tem carinha de anjo, enfeitiça feito uma bruxa, parece uma fada, mas é perversa feito um demônio. O que de fato ela é? Não sei. Que p*rr* de mulher!
E minutos depois...
Penélope: Tudo normal por aqui?
Falou entrando novamente na cabine, segurando uma xícara, num pires.
— Tudo nos conformes!
— Seu café, trouxe gelado, espero que goste!
Ela disse e antes que ele lhe respondesse, empurrou o pires contra o seu peito, fazendo a xícara virar propositalmente derramando todo o café sobre o seu uniforme branco reluzente.
_ Filha da p…
O palavrão começou a sair automaticamente, mas foi freado quando Adrian recobrou a consciência se dando conta que a mesma era sua chefe. Ele lhe direcionou um olhar fulminante, fervendo de ódio, mas logo fechou os olhos e tentou respirar fundo, enquanto ela, dissimulada, sentou-se sobre a sua poltrona e começou a falar:
— Desculpa é que, o seu odor não está nada bom. Eu precisava criar uma situação para que você trocasse pelo menos essa camisa. Por favor, não me entenda mal, eu prezo pela segurança dos meus passageiros e o que seria deles se eu morresse por causa desse seu mau cheiro?
O Adrian, que é extremamente vaidoso e obcecado por limpeza e higiene pessoal, abriu os olhos e a encarou mais uma vez. Ele não disse nada, mas, saiu da cabine feito uma fera, completamente irritado. Enquanto a Penélope começou a rir.
— Pior que o perfume dele era bom!
Pensou, ao se recordar de quando o sentiu de perto, enquanto o provocava. Ela se perdeu no pensamento por um momento, mas, logo recobrou a consciência e recriminou-se. Ao sair da cabine, Adrian deu de cara com a Júlia no corredor.
— O que houve?
Ela perguntou ao ver o uniforme do amigo todo sujo.
— Aquela... Aquela...
Ele começou a falar completamente nervoso, mas, precisou se conter devido aos passageiros. Sua vontade era chutar tudo e xingar a Penélope alto, mas, engoliu suas palavras, virou às costas para Júlia e saiu frustrado em direção ao seu sarcófago de descanso, a fim de trocar de roupa.
— Ué, o que será que deu nele?
Júlia se perguntou e seguiu atrás do mesmo. Adrian entrou no sarcófago cheirando suas axilas.
— "Caramba, estou cheirando tão mal assim?"
Se perguntou.
— "Mas, eu tomei banho, usei desodorante e passei perfume antes de sair de casa!"
Exclamou para si, ainda em pensamentos, começando a retirar sua camisa para sentir o odor de perto.
Júlia:(do outro lado da porta) : Adrian, o que aconteceu, você está bem?
Adrian cheirou sua camisa antes de abrir a porta.
— Vem cá Julia, sente o odor dessa roupa, realmente o cheiro está tão ruim assim?
Júlia contraiu as sobrancelhas e o encarou confusa.
_ Sente?
Obedecendo-o, ela encostou o nariz na peça e puxou o ar.
— O perfume é bom, apesar de estar se misturando com o cheiro de café, mas não estou te entendo!
— "Maldita! Está realmente jogando comigo não é Penélope? Mas, você vai me pagar com juros por tudo isso. Ah se vai!
Adrian pensou com a adrenalina da raiva ainda circulando por suas veias. Em seguida, perguntou astuto:
— Júlia, desde quando você conhece a Penélope?
Júlia: Sei lá, vários anos. Por quê?
— Aposto que conhece todos os medos e defeitos dela!
Júlia: Sim e as qualidades também, sei tudo sobre ela assim como ela sabe tudo sobre mim!
Adrian fixou o seu olhar sobre a amiga e ela se dando conta de que ele estava tramando alguma coisa, perguntou:
— A Penélope te provocou?
Adrian: Sim!
— Ela te deu um banho de café, não é?
Adrian: Sim!
— É por isso que você está tão furioso?
Adrian: Obviamente!
— Hum, deixa eu adivinhar. Agora você quer se vingar dela?
— Certamente!
Júlia: E quer contar com minha ajuda para isso?
— Um rum!
Adrian resmungou acenando com a cabeça.
— Esquece!
Júlia disse sem pensar duas vezes, já virando às costas para sair do sarcófago.
— Júlia, por favor!
Júlia: Adrian, vocês declararam guerra um para o outro, mas, ambos são meus amigos, o que significa que eu ficarei do lado de quem?
Adrian: Do meu?
Júlia: Resposta errada, de ninguém!
— Júlia?
Ele implora com os olhos, juntando às mãos.
— Nem me venha com essa carinha de pobre coitado, eu já te ajudei muitas vezes, mas, dessa vez não vai rolar. Além disso, ela também é minha chefe e arriscar perder meu emprego por sua culpa? Eu lamento, mas não vai dar!
Júlia disse abrindo a porta do sarcófago. Ela saiu em seguida.
— Amiga da onça!
Pensou ele, frustrado. Em seguida, começou a procurar uma camisa limpa para usar.
E minutos depois...
Adrian entrou novamente na cabine do avião, sentou em sua poltrona e Penélope lhe direcionou um olhar esnobe.
— Eu sei que não me suporta capitã, mas, tenho uma péssima notícia para você, pelo menos até esse vôo acabar terá que me engolir!
Disse ele, sorrindo em provocação. Penélope não o respondeu, apenas continuou ignorando-o como se não houvesse mais ninguém naquela cabine.
Os últimos raios solares davam lugar ao anoitecer, quando os radares meteorológicos informam as instabilidades de uma determinada área, apontando que iriam passar por uma zona de turbulência.
— Tudo bem, você está no comando agora!
Penelope disse para o Adrian, que sorriu ao perceber que estava sendo subestimado. Obedecendo-a ele tomou imediatamente o controle da aeronave e se preparou para o que viria, enquanto ela, transmitindo sua voz calma e autoritária aos passageiros, começou a falar:
— "Boa tarde, senhoras e senhores. Aqui é a capitã Penélope Valência, falando diretamente da cabine de comando. Gostaria de informar a todos que estaremos entrando em uma zona de turbulência nos próximos minutos. Por favor, permaneçam em seus assentos e mantenham os cintos afivelados."
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