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Não Me Chame De Princesa

Capítulo 1

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Passo a máscara branca na testa enquanto Olívia faz o mesmo através da ligação de vídeo. 

—Você está decidida mesmo a parar com tudo? Virou moça de família agora? —sua risada de hiena poderia ser escutada até no último andar do prédio.

—deixa de ser chata— revirei os olhos, tentando não esboçar nenhum sorriso. —Minha fase agora está sendo outra. 

—a fase de dois filhos e um cachorro né, tinha até me esquecido— bufei olhando-a com cara feia.  

—dessa vez vai ser pra valer, me aposentei. 

—foi a mesma coisa que você me falou da última vez e não durou duas semanas. 

Terminei de passar a máscara no rosto antes de responder. 

—me lembra, por favor. Porque ainda sou sua amiga? Me esqueci dos motivos— dou um sorriso sínico pegando o celular que estava escorado na pia e corro até meu quarto pulando na cama. 

—porque eu sou legal, engraçada, divertida… 

—tá, arrependi de perguntar— ri, esquecendo e passando a mão no rosto que ainda estava com a máscara  molhada —porra— xinguei levantando e indo correndo para o banheiro consertar o estrago. 

A risada da Olivia ainda ia estragar o alto falante do meu celular. 

—burra pra cacetë— ela falou entre risos e lavei a mão passando de novo a máscara. —A entrevista vai ser que horas amanhã?

—as 7, por que? — gritei do banheiro para que ela conseguisse escutar, enxuguei a mão e voltei para o quarto. 

—Eu só queria saber, sou intrometida— ela fungou emitindo um barulho estranho como ela sempre faz. 

—qual roupa? Uma legging gostosa ou uma calça gente fina? —perguntei já sabendo a resposta. 

—Uma legging gostosa é óbvio. O coroa vai te contratar só pela bunda— ela aproximou o celular, deixando-a com um testão e um narigão. 

A risada que eu soltei fez minha bochecha doer. 

—para com isso, vai me fazer ter pesadelos— gargalhei ainda mais quando ela fez uma careta que não a favoreceu nem um pouco.  

—Depois fala da minha risada—ela emburrou a cara, me fazendo sorrir. 

—Nenhum barulho no mundo se compara a sua risada— levantei da cama, caminhei pelo mini corredor até chegar na cozinha. 

—de qual sabor vai ser sua janta hoje? — mostrei o dedo do meio pra ela e seu riso ecoou por toda cozinha e sala, já que ficavam no mesmo cômodo.

—carne— resmunguei pegando o miojo de carne no armário. 

A gargalhada dela foi tão alta que precisei abaixar o volume do celular para não incomodar os vizinhos. 

—late mais baixo, sua cadela— sibilei franzindo a testa. 

Ela continuou rindo enquanto eu colocava a água pra ferver. 

E assim ficamos até 2 horas da manhã, quando eu caí no sono e ela também. 

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O barulho irritante do despertador caminhou pelos meus tímpanos me fazendo encolher. Tateei a cômoda com a mão ainda de olho fechado em busca da origem do barulho insuportável.

—desliga essa merda— a voz sonolenta da minha amiga saiu pelo alto falante do meu celular. Já me acostumei a acordar com a voz dela, a maioria dos dias dormimos em ligação. 

—eu não estou encontrando— resmunguei passando a mão pela madeira da cômoda. 

—Seria mais fácil se você abrisse o olho né jumenta. 

—delicada como um coice de mula— abri um olho e avistei o despertador quase caindo da cômoda. Apertei o botão e o silêncio depois de tanto barulho parecia estranho. 

Estiquei o corpo sentindo alguns ossos estalarem e levantei indo direto pro banheiro. Observei meu cabelo castanho ondulado em uma bagunça total e fiz uma careta. Escovei os dentes e lavei o rosto para despertar. 

Sentei no vaso para fazer xixi e no banheiro consegui escutar as fungadas da Olívia. 

—a rinite atacou?— gritei esperando ela parar de fungar e espirrar. 

—sim, e é uma droga— a voz dela estava saindo pelo nariz e ela deu mais um espirro. 

—bom, vou me arrumar, não posso chegar atrasada logo na entrevista de emprego. 

Tudo que recebi em resposta foi o seu resmungo, mas foi o suficiente. Respirei fundo e me preparei para viver mais um dia. 

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Olhei para cima observando o prédio enorme e de fachada o nome Lawrence escrito em letra bonita. Isso é tudo que eu quero, ir para um emprego normal, com pessoas normais e atividades normais. Ser comum. 

Consertei a postura e fui em direção a entrada.

O piso estava tão limpo e brilhava tanto que eu conseguia ver meu reflexo através dele. Um lustre enorme enfeitava o teto, tão lindo que parei alguns segundos apenas para o observar. Sofás e poltronas de cor cinza ocupavam a direita do local, enquanto uma mesa de mesma cor ocupava a esquerda com dois computadores e ao fundo uma parede bem iluminada com o nome Lawrence estampado, esbanjando sofisticação.  

Precisei de alguns minutos para me acostumar com a beleza e iluminação desse lugar. 

Quem me vê assim tão deslumbrada com riqueza, nem imagina que tenho milhões de dólares na minha conta. 

Me aproximei da mesa de recepção e vi uma jovem muito bem vestida e com o cabelo impecável, olhando para a tela do computador que demorou apenas alguns segundos para notar minha presença e me lançar um enorme sorriso. 

—Como posso te ajudar, senhorita?

—Tenho uma entrevista de emprego com o Sr.Mason marcada pras 7 horas— consertei a postura, tentando parecer uma pessoa acostumada com esse tipo de coisa. Nunca precisei passar por isso antes, meu coração está um pouco acelerado, a adrenalina está correndo em alta velocidade pelas minhas veias. 

—Pode se sentar e ficar à vontade, daqui alguns minutos ele irá solicitar sua presença— o sorriso dela nunca se desmanchava, parecia uma boneca e estava começando a me dar um pouco de medo. 

—Tá bom, obrigada— andei determinada até uma poltrona e me sentei. Observei as paredes de vidro que agora estavam totalmente transparentes, mas que do lado de fora eram extremamente pretas. Tudo tão claro que até machucava os olhos. 

Depois de alguns minutos escutei um barulho ecoando pelo local, era o salto da recepcionista batendo no piso de porcelanato branco. Ela estava vindo na minha direção, com a postura perfeita e o mesmo sorriso assustador de boneca. 

—Pode me acompanhar, o Sr. Mason já está à sua espera. 

Esbocei um sorriso que na minha cabeça se parecia com o dela e a acompanhei, enquanto ela entrava em um corredor tão chique e iluminado quanto a recepção, e bem em seu final um elevador já nos esperava com as portas abertas. 

Entramos e ficamos em um silêncio confortável durante o tempo em que o elevador subia. Pareceu uma eternidade até que as portas se abriram e entramos em uma nova recepção, tão refinada quanto a outra, a diferença era algumas pessoas que estavam sentadas nas poltronas, outras conversando e algumas andavam apressadas para concluir suas tarefas. 

Tudo cheirava a…. normalidade. Quase dei um sorriso por chegar nessa conclusão.

A recepcionista continuou andando, passando pela recepção e entrando em um novo corredor vazio, com uma enorme porta em seu final. 

Assim que chegamos em frente a porta ela deu dois toques suaves que foram respondidos por um “entre!” abafado, logo depois a porta abriu e eu entrei. 

Escutei um pequeno clique da porta se fechando e fiquei absorvendo cada detalhe desse lugar magnífico. 

Plantas e quadros ocupavam uma parede, uma mesa grande ficava bem no centro e uma cadeira de couro preto estava virada de costas para mim, provavelmente o Sr.Mason está apreciando a vista com a parede toda de vidro a sua frente. 

Além da iluminação natural, lustres e luminárias complementam o ambiente, deixando tudo muito claro, limpo e brilhante. 

Eu ainda estava apreciando o lugar quando a cadeira se vira. 

•Sr. Mason •

Eu não imaginava que um coroa pudesse ser tão bonito e ter um físico tão bem estruturado. 

Eu com toda certeza pegaria, mas se tudo der certo, ele será meu patrão. Esse tipo de intimidade com certeza é contra suas regras, porque as minhas geralmente são bem diferentes das leis do resto do mundo.

Reprimi o sorriso maldoso que queria sair com esse pensamento e sorri o mais delicada e inocente possível. 

Eu quero o emprego e eu sempre consigo o que eu quero. 

  

 

 

Capítulo 2

—senhorita Malu, seu nome é muito bonito— ele fez um gesto para que eu me sentasse em uma poltrona à sua frente, obedeci e me sentei.

—Muito obrigada, Sr. Mason.

—você já trabalhou com crianças?— ele passou a mão pela barba e escorou o cotovelo na mesa.

—sim— mentira —cuidei durante anos da minha irmãzinha mais nova— mais mentiras.

Se eu quero conseguir esse emprego, não posso simplesmente falar que sou uma ex assassina de aluguel e que tem dezenas de organizações criminosas à minha procura. Então eu e Olívia criamos uma história que deixaria qualquer um de coração mole.

Peguei os papéis que trouxe dentro de minha bolsa e os entreguei.

—minha irmãzinha Lully tinha 10 anos quando foi atropelada e infelizmente ela não resistiu— tudo bem que na verdade essa é a história da minha cachorrinha Lully e que depois que ela foi atropelada e morreu, eu matei o motorista e destruí seu carro, mas isso ele nunca saberá.

—sinto muito pela sua perda— ele parecia ser sincero, apesar de não expressar muitas emoções.

—obrigada— respirei fundo como se precisasse de um tempo para continuar a falar, na verdade eu realmente precisava, ainda tinha muito ódio daquele motorista filho da puta que matou meu cachorro. —cuidei dela praticamente desde de que nasceu, nossa mãe nunca esteve presente e acabei pegando o lugar dela para cuidar de minha irmã.

Ele pegou um papel na mesa, provavelmente meu currículo e ficou o encarando.

—sabe técnicas de primeiros socorros?

—Sim, fiz um curso— isso é totalmente verdade, até porque se eu me machucasse em alguma missão não poderia ir para um hospital, precisava me virar sozinha.

Ele colocou o papel na mesa e olhou para mim, escorando na cadeira e cruzando os braços.

Ele me encarou por tanto tempo que já estava com vontade de perguntar se ele tinha perdido o cu na minha cara, mas isso não seria nada elegante.

—Para conseguir esse emprego, você precisaria se mudar para a minha casa. Teria que ter disponibilidade 24 horas por dia, de segunda a sexta, final de semana estaria livre— ele ficou parado, observando minhas reações.

Eu já sabia disso, estava no anúncio do emprego. E seria ótimo pra manter minha vida de ex assassina bem longe de mim. Ficar em um lugar distante de tudo a semana inteira seria perfeito pros meus objetivos.

—Sim, Sr. Mason. Estou ciente, sou uma pessoa sozinha. Esse tipo de mudança não seria um empecilho— eu tenho a Olívia, mas ele ainda não precisa saber dela.

—faça sua mudança esse final de semana. Segunda-feira você começa.

Então é isso, consegui o emprego. Eu queria pular, gritar, dar um murro em alguma coisa, mas precisava sair daqui antes.

—Muito obrigada pela oportunidade Sr.Mason, farei de tudo para não decepcionar.

—só Mason, por favor— ele parecia ser uma pessoa bastante desconfiada, mas se me deu o emprego é porque confiou em mim para cuidar de sua filha.

—ta bom, obrigada Mason— dei um grande sorriso. É isso, consegui.

Toma essa Olívia. Dessa vez minha vida realmente vai mudar.

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—então você conseguiu o emprego?— Olívia perguntou do outro lado da linha, dei um enorme sorriso que ela não veria, já que estamos em ligação normal.

—sim— respondi antes de tomar mais um gole do meu café.

Depois que sai do prédio e tive uma crise histérica de alegria do lado de fora, vim para essa cafeteria, tomar um café e dar a notícia a minha amiga insuportável.

—mesmo não apoiando, fico feliz por você estar conseguindo fazer o que quer.

Meu sorriso aumentou ainda mais. É difícil ver Olívia Conway elogiar ou parabenizar alguém.

—Ah que fofo, você me parabenizou— falei com a voz manhosa.

—não exagera, você é insuportável— ela resmungou, me fazendo rir. —você começa na segunda?

—sim, mas já vou me mudar pra lá esse final de semana— tomei mais um gole do café e deixei o dinheiro na mesa, me levantando para ir embora.

—só porque eu queria curtir uma balada— ela fungou como se estivesse chorando e meus olhos quase saíram da minha cara de tanto que os revirei.

—semana que vem a gente vai— abri a porta da cafeteria e o barulho da cidade invadiu meus ouvidos me fazendo aumentar o volume do celular para escutar o que Olívia falava.

—Ah Malu, qual é? A gente pode ir hoje— ela imitou um choro de bebê e eu quase quebrei meu celular, só para o barulho insuportável parar.

—não vou chegar no meu primeiro dia de ressaca e para de emitir esses barulhos estranhos.

—primeiro que não é seu primeiro dia, você só vai se mudar pra lá. Seu primeiro dia é na segunda e hoje é sexta-feira, dia de beber até desmaiar. Cadê minha amiga que não recusava uma festa?

—é meu novo trabalho Olívia, quero fazer as coisas certas— bufei, já cansada dessa conversa.

—seu novo trabalho começa na segunda, beber hoje não vai te matar e nem te prejudicar em nada. Vamos, vamos, vamos, vamos, vamos, vamos… — ela começou a falar “vamos” como uma adolescente mimada. — vamos, vamos, vamos, vamos, vamos, vamos….

—ta bom sua chata, eu vou— tentei não sorrir, mas o maldito apareceu, estampado no meu rosto.

—ISSO!!!!— ela gritou como se fosse uma grande vitória e eu ri, sempre saímos juntas e não vai ser agora que isso irá mudar.

—te encontro na minha casa em 20 minutos.

—chego antes disso— ela respondeu animada e desligou a ligação.

Pensando bem, por eu ter conseguido o emprego, mereço uma comemoração. E nada melhor do que uma noite dançando e bebendo com minha melhor amiga.

Fechei os olhos e respirei fundo.

—vida nova— sussurrei, logo em seguida abrindo um enorme sorriso.

Capítulo 3

—Você ficou gata pra caralhö— Olívia disse dando um tapa na minha bunda.

Dei mais uma volta me olhando no espelho, o vestido curto vermelho destacava minha pele bronzeada e valorizava muito minhas curvas, assim como o vestido verde da Olívia destacava sua pele pálida e cabelo loiro.

•Olívia Conway•

—Posso chamar o Uber?— ela perguntou mexendo no celular.

—sim— peguei minha bolsa e coloquei dentro minha carteira, um gloss e uma camisinha, nunca se sabe quando irá precisar.

—vamos descer, daqui a 5 minutos o carro chega— ela passou o dedo do meio sobre os lábios espalhando um pouco mais o gloss e deu mais uma arrumada no seu cabelo curto.

Fiz o mesmo em frente ao espelho e saímos, tranquei a porta do meu apartamento e guardei a chave na bolsa torcendo para não perdê-la como da última vez.

O barulho de nossos saltos ecoava por todo o corredor enquanto a vontade de beber secava minha garganta e o desejo de dançar fazia os meus pelos arrepiarem.

Comecei a sentir aquela adrenalina gostosa de quando sabemos que vamos fazer alguma coisa errada. Dei um sorriso, sempre fazemos alguma merda. Só temos que esperar acordar amanhã e ver se a merda foi muito grande e consertar depois.

É, essa noite promete.

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O barulho noturno de Nova York é uma grande mistura de vozes, carros e diversas músicas de baladas diferentes, além dos cheiros de cigarro, bebida e perfume caro que me lembram pecado e luxúria. Uma combinação muito perigosa.

As luzes da cidade parecem vibrar, como se estivessem vivas. Não é atoa que Nova York seja considerada a cidade que nunca dorme.

Estamos paradas em frente a uma das boates mais caras dessa cidade, um dos luxos que meu ex emprego nos proporciona.

Mesmo sendo uma boate luxuosa, a fila está enorme. Se não for vip ou alguém importante, vai ter que esperar no mínimo uma hora pra entrar. Um problema que eu e Olívia não temos.

Contornamos a fila e entramos na área vip sem nenhuma dificuldade, os seguranças nos conhecem, assim como o dono da boate que está vindo na nossa direção nesse exato momento.

Com um cabelo rosa, colete masculino da mesma cor e jóias que não acabam mais, Alexis não é o tipo de pessoa que os outros temem sua aparência, mas no mundo do crime ele é o tipo de homem que você quer ter como amigo e nunca como inimigo.

—olha se não são minhas clientes preferidas— ele fez uma reverência exagerada. Isso é o que eu mais gosto nele, ele é totalmente excêntrico.

—oi Alexis— puxei ele para um abraço —como vai?

—Minha vida é sempre uma festa— ele respondeu enquanto também dava um abraço em Olívia e um beijinho em cada bochecha. —Vi suas mensagens e já reservei uma mesa, espero que se divirtam— ele nos guiou até a mesa reservada e nos deixou já cumprimentando outros clientes.

Sentamos e já pedimos um drink. Outros clientes vips começaram a aparecer. A pista de dança no andar de baixo já estava cheia, o álcool estava começando a tomar conta de mim.

—bora dançar? — Se eu ficasse por mais um minuto parada, eu teria um infarto com toda certeza. Meu coração já estava acelerado e meu corpo quente por causa da bebida.

—É lógico, o álcool já está ferrando com meu cérebro— sorri, vendo suas bochechas vermelhas. O álcool também está deixando seu corpo quente.

Entrelaçamos nossos dedos e descemos a longa escada que dá acesso à pista de dança. A eletrônica tocava em um volume ensurdecedor, rebolei e passei a mão pelo meu corpo sentindo as primeiras gotículas de suor recobrir minha pele. As batidas da música caminhavam pelo meu corpo me fazendo arfar e meus pelos arrepiavam a cada mudança de tom. Levantei meu cabelo como parte da dança e continuei balançando meus quadris, senti um pouco de alívio quando uma brisa de vento bateu na minha nuca, espantando um pouco do calor.

Minha garganta secou tanto que quando engoli me deu vontade de tossir, Olívia rebolava na minha frente, estávamos em uma dança sincronizada, mas minha garganta arranhava e não poderia ficar sem beber nada. Puxei ela pela multidão. O cheiro de bebida, cigarro e suor me acompanhava para todo lugar. Avistei o bar e quase corri em sua direção, tamanho alívio.

—duas tequilas, por favor— gritei para que o barman escutasse.

—preciso de líquido— Vivi berrou no meu ouvido.

—meu deus pra que isso? — reclamei enfiando o dedo indicador dentro do ouvido para ver se não tinha estourado meu tímpano —já pedi para o barman.

Ela sorriu me mostrando o dedo do meio e depois me mandou um beijo. Porque eu tinha que ter uma melhor amiga tão louca?

Batuquei a madeira da bancada do bar ansiosa pela tequila. Até que senti todo o meu braço esquerdo ficar gelado e um líquido escorrer até minha mão. Algum infeliz derramou bebida em mim, já estava preparada pra me virar e mandar pro inferno quem tinha jogado a bebida, mas a pessoa foi mais rápida.

—Foi mal, linda. A culpa foi dele— ele apontou para o amigo como se fossem duas crianças brigando para ver quem que levaria a culpa.

Okay. São lindos pra caralhö.

Sabe aquela pequena paralisada e esquecimento de movimentos básicos, quando vemos um homem bonito? Tive isso por apenas alguns segundos, mas me recuperei tão rápido quanto veio.

Quando eu ia responder, mais um gato apareceu e colocou um braço no pescoço de quem eu imaginava ser seus amigos.

—eles estão te incomodando meninas? — ele sorriu, enquanto os outros dois riam de alguma coisa.

—o que é isso? Um deus grego? — Vivi sussurrou no meu ouvido, dando aquele olhar sedutor, praticamente comendo com o olho de cima a baixo o homem que acabou de chegar.

A tequila chegou, tomei a minha em um gole antes de falar qualquer coisa.

—te desculpo se você dançar comigo— não sou do tipo que espera o homem chegar até mim, se eu quero, eu consigo. Não tem meio termo.

Olhei para o gatinho que derramou bebida em mim. Ele me observou com as sobrancelhas levantadas, como se estivesse assustado com a minha atitude, não deve estar acostumado com esse tipo de coisa.

—Quem sou eu para te negar qualquer coisa— ele me lançou um sorriso sexy, que eu devolvi na mesma proporção.

E a vivi, que ansiosa e louca do jeito que é, nem perguntou se o homem queria dançar com ela, apenas o levou.

—e você vem comigo— ela puxou ele para dentro da multidão e ele foi sem reclamar nem um pouco.

Como eu disse antes, essa noite promete.

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