Alguns anos atrás..
Acordo com o coração batendo muito forte, a minha garganta fica seca, só agora consigo ver que tudo não passou de um sonho.
Cheguei a pensar que tinha conseguido fugir desse inferno!
Tento controlar a minha respiração para não acordar meus irmãos... Olho para ao meu redor e fico pensando o por que desse sonho de novo...
Faz três dias que venho tendo o mesmo sonho. Eu não consigo ver direito os rostos mais vejo o que está acontecendo, tem uma mulher gritando de dor, ao que parece ela vai ter um bebê, dois homens chegam e fica ajudando, ela só pede para salvar o seu bebê, enquanto os outros só dão ordens mandando ir rápido ou sai matando todos...
Ouço um grito de dor tão forte que chegar a doer em mim, o bebê nasce e logo eles pegam a criança enquanto a mulher estar desmaiada na cama. Eles saem e só falam para dizer que o bebê morreu, pois não pode haver erro...
Do nada ouço um grito, vejo a mulher que estar toda suja de sangue correndo em um corredor, quando ela para olha para o lado e fica me olhando parece me ver ali e vem correndo em minha direção fico sem ação e quando ela chega perto de mim, acordo.
Não consigo compreender o por que estou tendo esses sonhos.
Sempre acordo quando ela tenta chegar perto mim, ela quer falar algo.
Não posso falar para minha mãe, ela nunca me ouve, quando vou falar ou fazer pergunta, ela apenas me vê como um objeto ou como ela costuma dizer um peso.
Volto a me deitar, ainda fico incomodada pois durmo no chão do quarto dos meus irmãos, eles dormem na cama e como sou a mais velha durmo em um cantinho para não incomoda eles ou acordalos.
Não posso reclamar, eu não tenho esse direito.
Eu fiz 15 anos a dois dias.
Nunca fui a escola, não saio de casa, minha mãe não permite, sempre dizendo que ao passar da porteira é muito perigoso!
O que sei sobre meu nome, e como escrever aprendi com a menina que trabalhava cozinhando aqui em casa, ela disse que sempre vai me ajudar, pois ela via de perto como eu era tratada aqui.
No começo era escondido dos meus pais, pois eles não queria que eu aprendesse a ler ou a escrever dizendo que eu não tenho futuro e que seria melhor ajudar nos afazeres de casa que seria o meu lugar. Mas eu não desistir de aprender, a cada palavra que aprendi a ler e até mesmo escrever.
Foi difícil falar direito, saber as palavras difíceis. A minha força de vontade de aprender era mais forte, eu não podia parar assim, eu queria e estava disposta a seguir em frente. Mas nem tudo foi fácil, depois que meus pais descobriram sobre o que ela estava fazendo a mandou embora, por ter me ajudado, e o meu castigo foi fazer tudo que ela fazia, agora sou eu que faço a comida, organizo a casa, minha mãe diz que não precisa perder o dinheiro dela já que eu estava muito esperta e poderia cozinhar assim economizando, nada mais justo eu pagar por ter um teto.
Quando chega visita em nossa casa, ela sempre me manda ficar no quarto, para não atrapalha as visitas. Ou quando as visitas chegam sem avisar me ver e ficam estrando por ser nova e estar trabalhando na cozinha e em vez dela dizer que eu sou filha dela, simplesmente diz que não sou ninguém, apena uma empregadinha. Aquilo vai me corroendo a cada dia que passa! Eu não mereço viver assim!
Como se eu não fosse a filha deles? Lembro de quando veio essa dúvida surgiu em minha cabeça, o meu irmão tinha nascido, o tratamento que eles dava para ele era outro, aprendi a conviver com meu irmão eu apenas tinha 4 anos, mas nunca tinha questionado até chegar a minha irmã. Eu já estava com 9 anos, quando a pequena chegou em casa. A forma que a minha mãe tratava ela como uma princesa daquelas que vejo nos filmes, esses que assisto escondida já que eu não podia nem sentar na sala para assistir com meus irmãos.
Quando perguntei a primeira vez, me lembro de toda irá que ela ficou naquele dia...
— Mãe!_ chamo sua atenção e ela continua no celular. — Mãe, eu posso fazer uma pergunta?_ ela para de mexer no celular e volta a sua atenção para mim, com raiava.
— O que você quer?_ ela pergunta já gritando. Fico com receio mais sigo em frente para fazer a pergunta.
— Eu sou sua filha?_ pergunto, com receio.
— Infelizmente você é minha filha! _ ela grita vindo me minha direção para me bater acabei caindo no chão e ainda apanhei.
O que leva uma mãe tratar assim uma filha? Fico com essa pergunta em minha mente.
Nunca recebi um carinho, nem mesmo a escola eu fui.
Vivo sobre a sobra dos outros nessa casa.
Eu preciso mudar isso.
Meu pai sempre ausente, nem quando está em casa ele fala comigo, me trata como uma empregada.
Meu irmão de um tempo para cá só fica me humilhando. Só a minha irmã que ainda fala comigo e as vezes me faz companhia quando eu estou no jardim.
Com passar dos anos tive que procurar um refúgio, e vivendo a tanto tempo aqui na fazenda descobrir uma cabana, onde fica da mata a dentro. As vezes quando eu não quero dormir no chão do quarto, eu venho para esse lado tarde da noite, na cabana tem uma cama velha, alguns móveis quebrado e muitas coisas mais toda vez eu fico com preguiça de olhar tudo, toda vez que venho eu só quero um pouco de descanso, lá é mais confortável do que a casa do meus pais, lá não tem ninguém para me humilhar, me bater ou até mesmo me desprezar.
Mais não posso ficar muito lá para ninguém desconfiar onde é o meu refúgio. Então sempre ao sair os primeiros raios do dia volto pra casa dos meus pais. E tento ser forte para superar mais um dia.
Faço as coisas sem ânimo só no automático, meus irmãos vão para escola, o ônibus passar a uma légua de distância da casa dos meus pais, eles passam o dia na escola, e eu fico na casa o dia todo sozinha fazendo as coisas, as vezes minha mãe sai e só chega a noite com meus irmãos e meu pai, ele ficam comentando o quanto foi legal sair com eles e eu apenas já me acostumei com essa indiferença.
Em umas das saída da minha mãe fiquei assistindo a tv, foi quando eu vi uma notícia de que estavam procurando um bebê que foi sequestrado assim que nasceu o caso me chama atenção, e foto que fizeram estava digital não dava para entender direito mais consigo compreender, eles disseram que o bebê foi sequestrado e estão a procura desse bebê que hoje em dia já estaria com 15 anos, fico com essa imagem na minha cabeça e quando vou levantar para cuidar do jantar paro me olhando no espelho, chego até imaginar que eu poderia ser esse bebê. Será? Não pode ser eu! Solto um suspiro perdendo a esperança.
Logo jogo esse pensamento para longe, como a minha mãe tinha dito que sou filha dela, essa ideia para longe para não sofrer ainda mais.
Tenho que parar de ficar impressionada com essas coisas, minha vida é aqui com meus pais, vivendo nesse inferno chamando de casa!
Só não sei até quando eu irei aguentar tanto isso?
Começo a organizar a cozinha todos já jantaram, e eu estou aqui tentando deixar a cozinha organizada, sinto o meu corpo mole, desde de cedo que estou sentindo meu corpo quente, no mínimo estou ficando doente, enquanto eu finalizo a cozinha faço um chá para me ajudar melhorar, quando eu finalizo tudo me sento na varanda atrás com as luzes todas apagadas, aproveitando esse sossego, aproveitando um pouco a paz que fica quando todos estão dormindo.
Fico com a reportagem na minha mente, e com o sonho que venho tendo.
O que isso pode significa o por que estou com isso em minha mente.
Eu queria tanto que eu tivesse outra família, tentar ser feliz, viver no ambiente de uma família boa, com amor, atenção e cuidado comigo, será que isso é pedir demais? Solto um suspiro audivil, de puro cansaço.
Termino meu chá e sigo para o quarto para me deitar, só espero que amanhã eu amanheça melhor.
Vou passando pelo corredor, e escuto uma conversa dos meus pais e paro para ouvir pois ouço eles falando meu nome.
Discussão....
— Você precisa da um jeito nessa menina!_ minha mãe fala nada feliz.
— O que foi dessa vez?_ meu pai pergunta.
—Ela estar crescendo e ficando muito curiosa daqui uns dias ela vai acabar descobrindo._ ela diz e eu fico atenta a conversa.
—Você sabe que temos que manter ela aqui. Ainda não é tempo de nós livra dela não._ ele fala e sinto um arrepio.
— Por que você não coloca ela em algum lugar que não precise ficar cuidando dela!
— Você sabe que não pode tocar nela, até o chefe mandar. Enquanto ele não dizer nada Melissa fica aqui, e acho bom encerrar essa conversa._ paralisou em ouvir isso.
— Não sei até quando eu aguento essa pentelha! _Fico com medo quando ela diz isso...
Fico em pânico por ouvir essa conversa, eu não acredito que eles querem se livrar de mim! Eu tenho que fugir, eu não posso ficar aqui. Eles não são meus pais, por isso dessa indiferença comigo....
Vou em direção ao quarto eu preciso me organizar e sair logo dessa casa para não eles não fazer nada contra mim.
Entro no quarto, vou para o meu cantinho onde fica minha cama improvisada, me deito no meu cantinho e fico com essa conversa em minha mente. Choro baixinho para não acordar meus irmãos, eu preciso ser forte, eu não posso vacilar, eu tenho que sair daqui....
Acabo adormecendo com isso em minha mente.
Depois do dia que ouvi a conversa, entrei em pânico, mais tenho tentando de tudo para não irritar a minha falsa mãe, ela percebeu que tinha ficado diferente apenas disse que estava ficando doente.
Acredito que essa desculpa ela acreditou, mais na verdade esses dias eu fico com muito medo, e principalmente quando eles estão em casa, toda noite eu levo algumas roupas que tenho e alimentos sem ninguém perceber para a cabana, assim quando eu conseguir vou embora daqui, e não pretendo voltar.
Já estou terminando o café da manhã, hoje não tem aulas para meus irmãos e minha paz irá acabar pois meus irmão ficam enchendo o meu saco, e como não posso reclamar, fico irritada com muita vontade de bater nele, mais eu não posso atrair a irá pra cima de mim, por isso tenho que sofrer calada.
— Melissa, hoje eu vou viajar com as crianças, você já sabe, nada de ficar até tarde na tv, e confira se as portas estão fechadas, tome muito cuidado pois tem alguns homens fingindo que estão vendendo algo só para invadir e roubar as fazendas. Então fique atenta a tudo. _ minha falsa mãe fala com aquele ar de superior.
— Eu queria tanto ir mãe._ falo com uma falsa alegria. Para ela não desconfiar de nada, chega a doer chamar ela de mãe.
— Melissa já conversamos, alguém precisa ficar em casa. E assunto encerrado, e nem precisava se dar o trabalho de fazer o café, já sabe guarde tudo e vejo se não coma muito pra não passar mal! Quero essa casa brilhando quando eu voltar! Vou pensar se você merece um presente. _ ela diz saindo da cozinha. É a minha chance de fugir, tento a calmar a minha respiração e continuar fazer as coisas. Me assusto quando seu Sebastião aparece na cozinha, quase meu coração sai pela boca.
— Menina, eu vou precisar sair para cidade preciso resolver algumas coisas, então não abra a porteira pra ninguém, estão falando que tem alguns ladrões tentando enganar para roubar, então fique atenta. E cuidado. _ seu Sebastião avisa.
— Pode deixar, minha mãe também já me deixou avisada._ tento falar calma para ele não perceber. Logo ele sai e volto a terminar de fazer as coisas.
Agora tenho que ficar atenta no senhor Antônio, ele não pode me ver saindo.
Termino de guarda as coisa nem mesmo consigo comer, de tão ansiosa que estou para sair desse lugar.
Vou até o quarto onde tenho a minha bolsa velha e coloco o pedaço de bolo e garrafa de água. Coloco alguns travesseiros e cubro no meu cantinho, assim eles vão pensar que estou dormindo e vão demorar a se dar conta de que eu não estou mais aqui.
Fecho a porta do quarto, e vou para área da frente e vejo senhor Antônio cuidando dos cavalos, ele vai demorar a entrar, fecho a porta, e sigo para área dos fundos, vou devagar sempre tenho cautela para não derrubar nada e não fazer barulho.
Fico com o coração na mão, por ter medo de ser pega, e pensar no castigo que posso levar dos meus falsos pais quando descobrirem, depois de passar pela porta dos fundo que dá acesso para mata alta onde fica a cabana, olho para trás para ver se não deixei nenhuma pista pelo caminho, e até aqui tudo tranquilo, vou agachada para não chamar atenção de nada nem mesmo dos animais para não chamar atenção.
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