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Meu Adorável Bilionário

Abandono

— O quê? Como assim eu não tenho nada? Gritou Suzana com Miriam a sua advogada.

— Calma Suzana! Ainda podemos entrar com recurso, há fortes indícios de fraudes, mas precisamos de provas e isso pode levar muito tempo. O que me surpreende é como você nunca notou nada estranho? E assinou o divórcio sem ler!

E como eu poderia notar? Sempre confiei em Sérgio meu marido, trabalhamos juntos para crescer o nosso negócio, abdiquei da minha carreira e de estar à frente dos restaurantes para cuidar do nosso filho assim que ele nasceu, a pedido do Sérgio. E com isso toda a parte burocrática ficou nas mãos dele e eu apenas administrava assuntos domésticos. Sim, eu sei que é minha culpa, mas estávamos casados há 15 anos como eu poderia desconfiar de que dormia com o inimigo?

Sérgio e eu conhecemos-nos na faculdade, fazíamos engenharia de alimentos e ao longo do nosso noivado e início de casamento resolvemos mudar o ramo de segmento e abrimos um restaurante chamado Terra Brasilis. Terra é o meu sobrenome e Brazil o dele,unimos os nossos nomes e as nossas vidas. O empreendimento corria bem, tanto que em 3 anos conseguimos abrir uma filial na zona sul da cidade. Assim que engravidei, ele pediu para ficar em casa cuidando do nosso bebê, pois, foi muito desejado e tivemos muitas dificuldades em engravidar.

E qual não foi a minha surpresa quando há duas semanas Sérgio me abandonou trocando a nossa família pela atendente do nosso restaurante matriz ,20 anos mais jovem do que eu e como se isso não bastasse ele tirou-me todos os bens. Os restaurantes não estavam nos nossos nomes, muito menos a casa onde morávamos na cidade e um apartamento na Região dos Lagos, tudo em nome de outras pessoas que eu sequer conheço. Há indícios de fraude, provavelmente ele usou "laranjas", mas não temos como provar. A conta que tínhamos em conjunto estava praticamente zerada, havia apenas uma mixaria que não dava nem para pagar as contas do mês. Ele transferiu todo o dinheiro, provavelmente, para uma conta no exterior.

Eu havia viajado de férias com o nosso filho Samuel de 5 anos, com a minha irmã Elisa e os meus dois sobrinhos. Quando cheguei em casa, as roupas de Sérgio não estavam mais no closet, seus documentos não estavam mais no escritório, eu ligava para o seu celular e ele não atendia, ligava para os restaurantes e ele não estava. Então, quando resolvi sair desesperada atrás de ajuda chega Meireles o nosso advogado:

— Ah!! Meireles, que bom que você chegou! O Sérgio sumiu, você sabe alguma coisa sobre isso?

O homem me encara com olhar de pena e apreensão:

— Dona Suzana eu vim trazer os papéis do divórcio para a senhora. O senhor Sérgio saiu de casa enquanto viajavam para o Samuel não sofrer ao vê-lo sair,por favor, leia e assine.

Continuava incrédula com muita vontade de chorar, eu percebi que Samuel já estava apreensivo com o meu estado de nervos, então, mantive-me firme, assinei os papéis de divórcio sem ler direito e assim que Meireles saiu, eu liguei para minha irmã que também é a minha melhor amiga e confidente e contei todo o absurdo que estava a viver. Assim que acabei de desligar o telefone ela veio correndo ao meu encontro.

...Suzana...

Levantar a cabeça

— Su, Você sabe que eu nunca fui com a cara do Sérgio, sempre o achei tão arrogante e metido a besta, mas nunca em toda a minha vida, imaginei que ele conseguiria fazer toda essa sujeira!

— Ah, Lili ! Se você nunca imaginou, quem dirá eu que confiei a minha vida, as minhas finanças e o meu coração a esse homem e agora ele tira-me tudo, todos os bens que conquistamos juntos, que lutamos juntos para obter e me abandona assim, sem mais sem menos!

— Sem mais nem menos não! Eu acabei voltar lá do restaurante e advinhem só quem eu acabei de ver pendurada no pescoço do Sérgio? Aquela funcionáriazinha que ficava na recepção,a tal da Mariana. Os dois num maior descaramento na frente de todos. Provavelmente já são amantes há muito tempo!

Ricardo, meu cunhado esposo de Elisa, entra revoltado sala adentro, ele foi atrás do Sérgio cobrar explicações, até porque não haveria ninguém no mundo que não se revoltasse com a situação, mas não havia muito a ser feito, a não ser acionar a justiça.

— Su, eu tenho uma amiga advogada chamada Miriam, ela trabakha no mesmo escritório do Ricardo, podemos contratá-la para te representar nesse processo de divórcio, ainda mais que assinou os papéis sem ler direito. Deveria ter tido calma!. — disse Elisa.

— É eu sei, mas eu estava muito nervosa não consegui raciocinar direito...eu preciso resolver essas coisas… até agora não consigo acreditar que Sérgio fez isso comigo e com o nosso filho!

Os dois me olham com uma cara de pena, sorriem de canto, sem graça e ficam em silêncio. Eu agradeço a presença e peço para eles irem para casa porque eu precisava ficar sozinha, pensar e chorar.

Duas semanas depois fomos ao escritório da Miriam, ela já havia analisado as cópias do documento de divórcio que o Meireles enviou-lhe assim também como levou o relatório de levantamento de todos os bens do casal e qual foi a minha surpresa ao chegar lá e descobrir que além de me trair e abandonar, Sérgio também me roubou.

O que restava a fazer era recorrer à justiça e esperar um tempo que talvez fosse muito longo, mas, sem recursos eu não poderia fazer muitas coisas. As contas da casa começaram a chegar e eu não tinha dinheiro para pagar, Sérgio começaria a pagar pensão e escola do Samuel ,o resto, era comigo.

Não poderia esperar milagres e respostas caírem do céu, então resolvi preparar um currículo e enviar para algumas empresas alimentícias e restaurantes, pois eram as áreas que eu tinha experiência. Tudo foi em vão, pois para uma mulher parada há muito tempo fora do mercado de trabalho, sem atualização e com 40 anos de idade ,as oportunidades se tornam muito escassas. A cada dia que retornava para casa sem passar numa entrevista ou se quer ter sido chamada, era uma frustração tremenda. Meu currículo não era mal, formei-me em uma das melhores universidades do Estado, tinha um bom inglês e sempre fui muito esforçada, mas o tempo parada e a idade contam muito no mercado de trabalho. E com as frustrações as contas não paravam de chegar então resolvi procurar qualquer emprego que me ajudasse a ter renda para pagar as contas. Um dia antes de sair para mais uma busca de emprego, fui surpreendida pela visita de alguém que eu não esperava.

- Olá Suzaninha!

- Seu canalha,cara de pau! Como ousa bater na porta da minha casa e me chamar "Suzaninha"?

Sérgio, com toda a sua arrogância e deboche vai entrando porta adentro com a maior naturalidade.

- Sua casa Suzana? disse debochado — Que eu saiba ela não está em seu nome?

— E pelo visto nem no seu!

Ele ri com ar de superioridade e continua.

— O que eu vim fazer aqui é muito breve, vim lhe comunicar que o proprietário real desta casa está a requerer a posse dela e você tem apenas uma semana para esvaziar o imóvel, do contrário a polícia vai ter que tirar você daqui.

— Como você pode ser tão mau Sérgio? Até agora não entendi o que eu fiz de tão ruim para você me tratar dessa forma, o que eu lhe fiz? E o nosso filho? Não pensa nele? Aonde nós vamos ficar? Não temos para aonde ir!

— Isso não é problema meu! A guarda do Samuca é sua, se por acaso você não conseguir um emprego e um local para morar, eu vou entrar na justiça e pegar a guarda total do Samuel para mim, já que você vai provar não ter nenhuma condição financeira de criar uma criança.

Nesse momento Samuel desce as escadas desesperadamente correndo até o pai, assim que o vê pula no seu colo e o abraça,o cínico pergunta se ele estava com saudades.

— Muita saudade papai! Tem muitos dias que não te vejo às vezes eu nem durmo de tanta saudade que tenho de você . Nessa hora meu coração fica dilacerado

— O papai está trabalhando muito garotão, mas em breve eu vou vir te buscar para passarmos um final de semana inteirinho juntos que tal?

— Oba! Você ouviu mamãe? disse o meu filho de forma tão inocente.

— Ouvi sim meu amor,agora vá buscar sua mochila,está atrasado para a escola e a mamãe tem compromissos.

— Compromisso Suzana? com quem? Com a esteticista ou manicure? ,ri de deboche o demônio. Eu já estava perdendo a paciência.

— Estou procurando emprego, o que você esperava que eu fizesse? Mas não é nada fácil recomeçar na minha idade.

— É, não adiantou nada anos de academia e botox,o que conta é a sua data de nascimento, e você está ficando velha Suzaninha, por isso resolvi respirar" novos ares".

— Escuta aqui, eu não sou obrigada a ficar ouvindo as suas gracinhas e ofensas não. Vai embora da minha casa agora, só apareça em caso de extrema necessidade.

— Bom, o recado está dado. Você tem uma semana para desocupar o imóvel e encontrar um lugar para morar.

Bato a porta com toda força na cara desse sem vergonha, meu sangue ferve de ódio, as lágrimas queimam os meus olhos, mas me controlo,já chega! Ele não merece meu sofrimento. Chamo Samuel e o levo até a escola de ônibus, já que o carro, único bem no meu nome, está com a gasolina na reserva e estou economizando para alguma emergência que surja. Depois de deixar o Samuel na escola vou até a casa de Elisa, na verdade até a casa da sogra dela, pois o imóvel da minha irmã está em reforma e eles estão passando uma temporada na casa da mãe de Ricardo.

Ao chegar lá Dona Lúcia abre a porta para mim com a cara de poucos amigos de sempre:

— Oi Suzana ! Estou sabendo o que aconteceu com você. Que coisa chata né? Mas não tem o quê chorar, agora é você se virar para cuidar do seu filho.

—É verdade dona Lúcia! corto o assunto.— A minha irmã está aí? Preciso falar urgentemente com ela.

— Entra,está no quintal com as crianças, pedi para irem pra lá, não aguento esse barulho todo que elas fazem.

Ao chegar aonde minha irmã se encontrava a cumprimentei com um beijo e dei um beijo também nos meus sobrinhos Liz e Téo.

— Meu Deus Lili como você aguenta a dona Lúcia? Além de inconveniente é mal-humorada.

— Nem me fala Su ! O quê a ocasião não faz ? Não vejo hora da obra do meu apartamento acabar. Mas também não culpo a dona Lúcia, ela teve toda a sua rotina alterada por nossa causa, então procuro sempre manter a paciência com ela. Mas o que lhe traz aqui?

— O Sérgio esteve lá em casa agora de manhã, disse que eu tenho prazo de uma semana para desocupar a casa e entregar ao dono do imóvel.

— Mas que canalha! Elisa socou a palma da própria mão — Sabemos muito bem que essa casa, na verdade irá ficar com ele, mas o que me deixa mais irritada é o fato dele não se preocupar com o próprio filho.

— E tem mais, ele me ameaçou de pegar a guarda total do Samuel caso eu não consiga um emprego e um local para ficar.

— Isso não pode acontecer! ai Suzana...eu nem posso te oferecer abrigo,olha a minha situação. Mas vou ficar em cima do Ricardo pra essa obra sair até o mês que vem e vocês virão morar conosco até conseguirem se ajeitar.

— Agradeço a preocupação comigo minha irmã , mas eu preciso desocupar a casa logo, não dá para esperar até o próximo mês. Meu medo maior é saber que posso perder a guarda do Samuel. Eu estou tão desesperada por um emprego que estou procurando qualquer tipo de trabalho, qualquer coisa que me dê uma fonte de renda, só que eu não sei mais aonde procurar.

Elisa olha para o alto pensativa e tem um estalo:

— Lembra daquela minha amiga Cora que fazia parte do meu grupo de corridas e caminhadas?

— Sim, lembro. O que tem ela?

— Então, ela trabalha para família Lobato das indústrias alimentícias Lobato e Company ,quem sabe ela pode encontrar algo pra vc lá?

A indústria Lobato e Company é a maior e mais importante empresa do ramo alimentício da América Latina,faz negócios com os Estados Unidos e alguns países na Europa. Fabricam desde molhos de tomate,à biscoitos,massas e lacticínios,seria um sonho trabalhar com eles.

— Foi o primeiro lugar onde coloquei currículo,nem pra entrevista eu fui chamada. disse desanimada.

— Então, quem sabe a Cora possa dar uma forcinha, vou ligar pra ela agora mesmo.

— Pode dizer que não tenho preferência de cargo,o que ela tiver para mim, está ótimo!

Saio de lá mais animada,com uma estranha sensação de que agora vou conseguir me reerguer.

......................

Sérgio

Mudanças

Cora,a amiga da minha irmã Elisa, marcou uma reunião comigo na sexta-feira na parte da tarde logo após o almoço na mansão dos Lobato, que ficava cerca de 40 minutos de onde eu morava,em um local afastado da região urbana entre a mata e o mar. O bairro é lindo e tranquilo, aliás super seguro já que na região só moravam os donos de grandes fortunas.

A mansão Lobato era impressionantemente grande, daquelas que você tem que esticar o pescoço ao máximo para poder enxergar toda a fachada e suas dimensões. Assim que cheguei e me anunciei, fui conduzida até uma parte anexa à casa principal,que acredito ser uma dependência para empregados .

Cora, uma mulher de um pouca mais de 50 anos, alta, branca, de cabelos curtos e grisalhos, muito elegante e educada, me recebeu gentilmente na copa anexa à mansão,que estava silenciosa e vazia, não parecia morar muitas pessoas naquela casa.

— Olá Suzana! Como está? E Elisa? estou com saudades dela e do clube de Caminhada e Corrida – disse simpaticamente.

—Oi Cora! Ela está otima. Obrigada por me receber, minha irmã já deve ter lhe contado tudo o que me ocorreu. Estou precisando muito de ajuda, na verdade estou precisando muito mesmo é de um emprego.

— Sim, ela me a relatou sujeira que o seu ex-marido fez contigo. Ela também disse que você é engenheira de alimentos,possuiu dois restaurantes com seu antigo marido não é verdade?

— Agora não tenho nada,e até conseguir provar na justiça que fui lesada, precisarei de um emprego para manter a mim e ao meu filho. Você conseguiria uma vaga para mim nas indústrias Lobato? Pode ser qualquer cargo , eu estou desesperada.

— Olha Suzana, nas indústrias Lobato eu não exerço influência, mas aqui nas dependências da mansão e nas demais propriedades da família,nada acontece sem meu consentimento. Trabalho há anos para Salomão Lobato e praticamente criei o Tomás,filho único dele,tenho a confiança total da família.

Já começo a desanimar de novo...ela me chamou ali apenas para dizer que não pode me arrumar um emprego? Perdi o meu tempo. Mas em seguida ela continua:

— O que tenho pra você é uma vaga de copeira. Não sei se esse trabalho é o seu perfil - disse isso olhando Suzana de cima a baixo.

Suzana era uma mulher bonita, morena com sedosos cabelos ondulados castanhos olhos grandes e redondos também castanhos e estatura baixa. Apesar de ter dedicado os últimos anos aos cuidados domésticos e do filho, nunca descuidou de sua aparência. Fazia musculação regularmente, alimentava-se de forma saudável, o que lhe garantia um corpo esculpido e definido. Tinha pequenos procedimentos estéticos para garantir um aspecto fresco à pele do rosto. Era uma mulher muito bem cuidada,mas não chegava a ser uma dondoca.

— Eu aceito! - disse Suzana,na mesma hora! Eu nunca tive medo de trabalho,pode não parecer, mas sempre fiz de tudo em serviços domésticos.

—Tudo bem ! Está contratada! Vou providenciar a papelada e você pode começar amanhã. O salário é bom, bem acima da média para a função, e temos no final da propriedade casas que são disponibilizadas aos trabalhadores que preferem ficar por aqui. Sua irmã disse que tem que sair da sua casa em 1 semana não é? Se quiser,pode providenciar a mudança hoje mesmo e amanhã começa a trabalhar.

Saí de lá tão eufórica e feliz,muito agradecida pela oportunidade. Enfim, uma luz aparece no final do túnel e posso sonhar em reerguer a minha vida a partir de agora. Busco Samuel na escola, em casa ligo para Elisa pedindo uma ajuda para conseguir empacotar todas as minhas coisas o mais rápido possível não queria mais ter Sérgio entrando na minha casa com o seu ar de deboche e arrogância para me humilhar.

Elisa e Ricardo chegam com caixas de papelão e sacos e assim vamos colocando tudo o que eu tenho dentro deles, vou fazendo as minhas malas de roupas. Móveis e eletrodomésticos deixarei pra trás, quero começar do zero, quero uma vida nova! Se não fossem minha irmã e o meu cunhado,que amo como a um irmão, não sei o que seria de mim.

Elisa e eu fomos criadas em um lar com muito amor. Papai e mamãe eram muito unidos e carinhosos, sempre tivemos uma vida muito feliz. Não éramos ricos e tão pouco éramos miseráveis,tínhamos o suficiente para viver tranquilamente. Mamãe sempre nos ensinou a cuidar da casa e também nos incentivava a estudar e sermos independentes. Papai sempre muito compreensivo e paciente, sabia muito bem lidar com três mulheres dentro de casa.

Eu sou a irmã mais velha e Elisa é dois anos mais nova do que eu, acabei me casando primeiro e depois de três anos Elisa e Ricardo se casaram. Tudo estava indo muito bem em nossas vidas, quando um trágico acidente de carro tirou a vida dos nossos pais, eles estavam viajando para o Sul do país, aproveitando que agora não tinham mais filhas em casa,queriam aproveitar a aposentadoria. Sofremos muito com nossa perda abrupta, e nos unimos ainda mais,pois,agora só tínhamos uma a outra. Vendemos a casa deles, o único bem material que deixaram e que agora me fez falta.

Gostaria muito de ter dado um lar como eu tive na infância para o meu filho, tudo mudou inesperadamente,mas eu tenho fé que um dia ainda consigo reestabelecer minha vida sentimental com alguém que me mereça, embora eu tenha ainda muito medo de me entregar de novo. Mas vou por parte, primeiro eu tenho que me restabelecer financeiramente e me organizar.

— Vamos meninas! Os carros já estão arrumados! - gritou Ricardo.

Tranquei a casa ,sacudi a poeira dos pés. Entrei no meu carro junto com meu filho, minha irmã e Ricardo foram no carro deles. Como não levaria móveis e eletrodomésticos,tudo coube perfeitamente nos carros. E assim, eu estava rumo a uma nova vida.

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