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Alguém Para Amar

Capítulo 1

Acho que não existe dor pior do que a traição.

Eu sempre quis ter filhos, e estava prestes a casar com o homem " perfeito", Lucas sempre foi amoroso, amável, gentil.

E nem nos meus piores pesadelos, eu imaginaria que ele iria ser infiel a mim, ao meu amor.

Ele me traiu, e não foi com qualquer pessoa, foi com a minha irmã, e adivinhem? Ela está grávida, sim, vai dar a ele o filho que eu sempre quis ter, mas ele me negava.

Usava preservativo, e dizia que queria aproveitar a nossa lua de mel, o nosso casamento, que, aliás, seria hoje.

- me perdoe, por favor.

Eu estou de frente para ele, no nosso quarto e vestida de noiva ouvindo suas desculpas.

Melanie revelou a mim a sua gravidez faz uns dez minutos, falaram que foi uma noite de bebedeira sem importância, e que isso não vai mudar em nada as nossas vidas.

Vejam só?

Eu sou a caçula de três irmãos, Marcos, Melanie e eu.

Somos brasileiros, mas viemos para Nova York ainda pequenos.

Nossos pais vieram tentar a vida aqui, eles são arquitetos e batalharam muito para nos dar uma vida digna.

Sou recepcionista em uma empresa de advocacia, e tenho a Julie e Sara como melhores amigas.

- vocês são nojentos! - jogo o buquê de flores em cima deles - por quê fizeram isso comigo? Por que me traíram dessa maneira?

Meus pensamentos estão um turbilhão de emoções agora, meu coração está acelerado e minha boca está seca.

- Melanie, como pode fazer isso? - Minha mãe está tão abismada quanto eu - estão todos na igreja esperando por eles - ela ficou de frente para minha irmã - como pode fazer isso? E você? Hein? - ela negou com a cabeça custando acreditar que isso está acontecendo.

Minha mãe se chama Elisa, ela tem quarenta e cinco anos, e é uma linda mulher.

Marcos tem vinte e seis, Melanie vinte e quatro e eu vinte e dois.

Ela nos teve ainda jovem, e é uma mulher muito bonita.

- mãe, eu juro que foi sem importância, nos encontramos em um bar por acaso e a gente bebeu muito! - Melanie está tentando se explicar e justificar tudo que aconteceu.

Mas nada do que eles falem vai mudar o que fizeram comigo.

- Melanie, vocês só fizeram o que já queriam fazer faz tempo! - ela levou as mãos até a cabeça - estão usando a bebida para justificar o que fizeram com a sua irmã!

- isso não é verdade, Elisa, eu amo a Annie - Lucas levou as mãos até a cabeça mostrando desespero.

- ama? - Minha mãe deu um tapa em seu rosto fazendo o barulho ecoar pelo quarto - você é um miserável! Como pode fazer isso com a minha filha?

- eu quero ficar sozinha - enxuguei minhas lágrimas.

- não faz isso, por favor - ele suspirou pesado- por favor, Annie, me perdoe, esquece isso e vamos viver a nossa vida como estávamos sonhando.

- vão todos embora daqui - abri a porta do quarto repetindo o meu desejo de ficar sozinha.

- vamos deixá-la sozinha - minha mãe puxou os dois para fora do quarto e olhou para mim - qualquer coisa pode me chamar.

- não se preocupe, mãe, eu vou ficar bem.

Ela deixou um beijo em minha testa, me abraçou por alguns segundos e saiu do quarto.

Céus! tudo isso só pode ser um terrível pesadelo!

Justo comigo que os amava tanto, sempre vi a Melanie como minha heroína, como minha inspiração de mulher.

Andei até o espelho e sentindo o meu coração se partir ainda mais.

Meu sonho virou pesadelo, o dia mais feliz da minha vida se tornou o mais triste, o mais doloroso.

Grávida, a minha irmã vai ter um filho do homem que eu amo, ela roubou a minha vida, a família que eu queria ter.

E ele? Destruiu tudo de mais lindo que existia em mim, que existia entre nós dois.

Nunca mais vou conseguir amar novamente, e eu nunca, nunca vou conseguir perdoar essa traição.

Enxuguei minhas lágrimas e sair do quarto.

Desci as escadas com calma e sem presa, e parei na metade.

- Annie...

Meu pai se aproximou de mim com os olhos vermelhos e a voz embargada.

- eu não sei o que falar agora - ele me puxou para um abraço - te amo, minha garotinha.

- está doendo tanto, Pai - eu sempre tive uma ótima relação com o meu pai, ele é meu herói, meu porto seguro - por quê fizeram isso comigo?

Não me importo com os olhares das pessoas sobre nós.

Eu só quero me sentir protegida, amparada.

- venha comigo, querida, vamos tirar esse vestido - minha mãe segurou minha mãe e eu apertei com força - eu sinto muito, meu amor - ela deixou uma lágrima involuntária cair pelo rosto.

Consigo ver a decepção nos olhos deles, e a dor por está me vendo sofrer dessa maneira.

- venha, eu vou cuidar de você.

Um mês depois

Foram dias difíceis.

Doamos a maior parte da comida que seria servida na festa.

Eu decidi ficar na casa dos meus pais durante esses dias.

Eu tenho meu próprio apartamento, eles me deram quando eu fiz dezoito anos e eu iria morar lá quando casasse.

Marcos teve que ir até o Brasil para resolver alguns problemas.

Meu irmão é advogado, o orgulho dos nossos pais.

Melanie teve aqui alguns vezes.

pude ouvir meus pais discutirem com ela todas às vezes em que esteve aqui.

Ela tem uma pequena empresa que organiza festas e grandes eventos, e foi ela quem organizou todo o meu casamento.

Já faz um mês desde o ocorrido, ainda não consegui sair do quarto e nem do aconchego dos meus pais.

Julie e sara tiveram aqui também.

Falaram que estou fazendo falta no trabalho, e hoje eu decidi voltar.

Não vou parar a minha vida por causa deles, não vale a pena.

- bom dia, queria! - minha mãe me olhou surpresa - vai trabalhar?

- sim, ficar trancada no quarto não vai mudar as coisas, não é mesmo?

- muito bem, minha querida, eles não merecem as suas lágrimas - meu pai beijou a minha testa - quer uma carona? Estou indo para a empresa.

- obrigada, pai - peguei uma maçã na mesa.

- só vai comer isso? - minha mãe me olhou com reprovação e eu sorri para ela.

- como outra coisa por lá - peguei minha bolsa no sofá - tchau, mãe, te amo.

Acho que vai demorar um pouco para eu me acostumar com isso.

Sinto falta do Lucas, das nossas horas de risada, dos filmes que assistiamos juntos na madrugada.

Sinto falta da minha irmã, de contar a ela sobre as minhas inseguranças e o quanto eu era feliz.

Eu só quero esquecer isso e seguir a minha vida, não ter contato com eles vai me ajudar muito.

Eu só quero que as horas passem bem devagar hoje, quero me prender ao trabalho o máximo que eu puder.

Personagens

Liam, pai da nossa protagonista.

Elisa, mãe da nossa, Annie

Marcos

Lucas

Melanie

A nossa Annie

Espero que gostem da variedade das personagens, é o que entra na minha cabeça no cimento, e eu espero que gostem da história.

Não sou uma boa escritora, mas tento sempre dar o meu melhor para vocês.

E não esqueçam de votar e comentar, ajuda muito.

Capítulo 2

Sabe aquela sensação de recomeço que eu achei que sentiria ao voltar ao meu trabalho?

Eu não estou sentindo isso, parece que a minha vida parou naquele maldito dia!

Já são quase meio-dia, me ocupei com o trabalho e não pretendo sair daqui pelas últimas horas.

Julie e Sara foram buscar o nosso almoço, me chamaram para ir em um restaurante aqui perto, mas eu prefiro ficar aqui.

Acho que estou sozinha por aqui agora.

Quase todo mundo saiu para almoçar e eu estou afundada no trabalho, com a cara em um monte de papel.

- pensei que não tinha ninguém para me atender aqui - levanto minha cabeça para encarar o dono da voz até então desconhecida por mim.

- estamos em horário de almoço, o que deseja?

Que homem bonito é esse?

Nunca vi por aqui antes, será que é advogado? Ou veio atrás de um?

- quer ajuda ou vai esperar o pessoal voltar do almoço?

- eu vou esperar, posso sentar ali? - ele apontou para ao sofá ao canto da recepção e eu confirmei.

- claro que pode, quer uma água ou um café? - levantei da cadeira e andei até ele.

- não, eu estou bem aqui, pode voltar ao seu trabalho - ele sentou no sofá e pegou seu celular.

- qualquer coisa pode me pedir - voltei a sentar no meu lugar e cocei a garganta tentando voltar minha atenção ao trabalho.

Pode ser impressão minha, mas eu estou sentindo seu olhar queimar sobre mim.

Bonito, sexy, atraente e uma voz extremamente rouca.

Seu perfume está exalando pelo ambiente.

- faz tempo que trabalha aqui?

- oi? - tirei meus óculos e olhei para ele.

Sim, uso óculos no trabalho, minha visão é péssima para leitura, e eu sinto muita dor de cabeça se forçar a ler sem eles.

- trabalha aqui há muito tempo? - ele perguntou novamente e eu sorri de lado.

- já faz dois anos que trabalho aqui - longos e maravilhosos anos, é o melhor trabalho que tive até agora.

- e você gosta?

- sim, eu gosto - por quê tantas perguntas? Será um sequestrador ou apenas mais uma pessoa atrás de emprego interessado em saber como será o local de trabalho ? - vai trabalhar aqui também?

- eu acho que sim - ele voltou sua atenção ao celular e eu ao meu trabalho.

Que homem misterioso, há poucos segundos estava entretido em nossa conversa e agora está sério, mexendo no celular.

Dei de ombros e coloquei meus óculos de volta.

Estou com tanto trabalho que acho que só saio daqui amanhã.

Talvez seja bom ocupar a mente por aqui, é disso que estou precisando no momento.

- Senhor Williams, o que está fazendo aqui fora? - James apareceu dos corredores com o olhar assustado e de reprovação para mim ao mesmo tempo - por quê não colocou ele na sala?

- eu não sabia que podia - olhei para ele sem entender - James, por quê todo esse pavor? É apenas um...

- nosso novo chefe, Annie - ele negou com a cabeça - ele é o juiz que comprou todo esse departamento.

- eu não sabia - acho que agora me dei um pouco mal, acho que vou perder o meu emprego, ah, mas também não é para tanto, eu fui gentil e super educada com ele.

Eu ofereci café e água, e sem contar que fui prestativa também.

- desculpa, eu não sabia - levantei da cadeira e andei até ele passando as mãos em minha roupa - mil desculpas, senhor Williams, eu não sabia que era o nosso novo chefe, eu estava afastada daqui e voltei hoje - uma boa conversa e explicação, pode resolver vários problemas.

- não se preocupe, eu fui bem atendido - ele olhou para James - será que podemos entrar?

- claro que podemos - James saiu na frente e eu suspirei pesado.

- vão querer alguma coisa?

- não, só não queremos ser incomodados - James fechou a porta e eu suspirei pesado.

Acho que não estou nos meus melhores dias, com certeza devo ter feito algo errado na minha vida passada.

Voltei a sentar em meu lugar e fechei os olhos tentando respirar fundo.

Eu só queria que tudo isso não passasse de um terrível pesadelo, meu casamento, meu apartamento, minha irmã e todo o resto.

- ei, o que foi? - sair dos meus devaneios com Sara tocando o meu braço - está tudo bem? - ela me olhou preocupada e eu bufei.

- porque não me falaram que o nosso novo chefe chegaria hoje?

- a gente falou, mas acho que não deve ter prestado atenção - Julie me entregou uma marmita que, aliás, está cheirando muito.

Ambas são secretárias, Julie é do James, e a Sara é da Bárbara, uma das advogadas do departamento.

- eu estou com a cabeça tão cheia - sentir meus olhos arderem.

Não quero chorar mais, quero ser forte e me sentir bem.

- Annie, não chora, vai passar, está bem? - Julie apertou minha mão e eu respirei fundo.

Elas eram as minhas madrinhas, acompanharam todo o processo, toda a felicidade que eu estava sentindo.

E agora acompanham a minha dor, e estão sendo verdadeiras irmãs para mim.

- ainda dói muito, achei que voltar ao trabalho iria fazer tudo passar ou pelo menos aliviar um pouco - tentei sorrir - mas eu acho que está ficando ainda mais doloroso, e ver a barriga dela crescer vai ser pior ainda.

- Annie, nenhum dos dois merecem as suas lágrimas, você é uma mulher forte, linda e vai achar um homem que te ame de verdade - Julie deixou um beijo em minha mão.

- fica bem, amiga - Sara sorri de lado - eu tenho que ir, Bárbara deve estar louca atrás de mim.

- tudo bem, não se preocupe - respirei fundo tentando controlar minha respiração - eu vou ficar bem, tudo isso vai passar.

22h45 da noite.

Todos já foram embora, exceto James e o nosso novo chefe.

Meu pai ligou e perguntou se eu queria que ele viesse me buscar, mas eu neguei e disse que pegaria um táxi.

Eu acho que já acabei tudo que tinha para fazer hoje, eu sou recepcionista, mas às vezes me dão outros trabalhos para fazer e eu gosto.

Minhas coisas já estão guardadas, e a marmita que as meninas trouxeram ainda está aqui, completamente intacta.

Elas insistiram para que eu fosse junto com elas, queriam me levar para sair, mas eu preferi ficar.

- ainda está aqui? - James me olhou surpreso e eu suspirei.

- já estou de saída - desliguei o computador e peguei minha bolsa - eu estava colocando algumas coisas em ordem.

- Annie, você está bem? - ele suspirou e coçou a garganta parecendo não saber o que falar - eu sinto muito, de verdade.

- está tudo bem, eu vou conseguir superar isso - suspirei e mordi a ponta dos lábios - eu preciso ir, já está tarde e eu vou pegar um táxi.

- não quer que eu te leve até em casa?

- não precisa se preocupar, tem um ponto logo aqui perto - agradeci e andei até o elevador.

amanhã eu vou voltar para o apartamento, lá não era somente a casa que eu iria morar com o Lucas, foi um presente dos meus pais e pertence somente a mim.

Vou encarar meus problemas como uma mulher adulta.

Saio do elevador e ando até a saída.

Está fazendo o maior frio, dezembro se aproxima e com ele trás a neve e o clima nostálgico de natal.

É a melhor época do ano para mim.

Andei até o ponto e me sentei no banco de espera.

A rua está movimentada, ônibus, pessoas voltando para casa, casais com cachorros e crianças passeando.

- sabe que não é seguro ficar aqui sozinha uma hora dessas?

Tá, meu coração quase saiu pela boca agora.

Eu tava tão entretida em meus pensamentos que nem percebi o carro parar a minha frente.

- que susto, senhor Williams! - trouxe a mão até o meu peito - e sabia que não é seguro sair do carro e deixá-lo sozinho com a porta aberta? - levantei do banco de espera.

- vem, eu te levo em casa.

- não precisa, daqui a pouco aparece um táxi - ele é realmente um homem super bonito e atraente, ah, e esse perfume? Meu Deus, parece que caiu do céu!

- então eu vou esperar aqui com você - ele se posicionou ao meu lado.

- não precisa, eu estou bem - sorri para ele - e me desculpa pelo episódio de hoje, eu não sabia que era o novo chefe.

- não tem por que se desculpar, eu fui muito bem atendido - ele levantou as sobrancelhas.

- acho que vai chover - olhei para o céu ao sentir algumas gotas molharem meu braço.

- então eu acho que não vai ter outra alternativa a não ser aceitar a minha carona, não é mesmo?

- é, acho que venceu, eu vou aceitar a carona - não vou ficar na chuva e muito menos deixar que o meu chefe tome todo esse aguaceiro por minha causa.

Ainda bem que não tem ninguém do trabalho por aqui, não quero que pensem bobagem e que isso se torne uma fofoca amanhã.

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