NovelToon NovelToon

A Última Proposta 2 — Ascenção Da Máfia

Capítulo Um

Palermo, Itália.

O dia estava muito bonito. O sol iluminava o pátio da mansão e fazia os jardins ficarem ainda mais bonitos. As copas das árvores eram imensas e cheias de pássaros que cantavam alegremente a sua liberdade.

O correio chegou. O carteiro entregou o jornal em mãos para Francesco. Ele era o administrador da residência. Uma espécie de mordomo. Um braço direito.

O rapaz como de costume entrava e sentava-se no escritório que ficava no piso de baixo da casa. O chão era todo em madeira. Metodicamente encerado. O escritório tinha uma porta grande de folha dupla.

A maçaneta era o rosto de um pomposo leão. As cortinas eram claras e permitiam a entrada do sol na medida certa.

As prateleiras estavam repletas de livros. Haviam estátuas e quadros que decoravam o ambiente.

Francesco se sentou e leu as notícias mais importantes. Destacou elas com uma caneta marca texto e arrumou o jornal na grande mesa de Carvalho. Uma das empregadas trouxe uma xícara de café fumegante e entregou a Francesco.

Ele colocou a xícara ao lado do jornal. Abriu a gaveta da mesa e tirou um charuto. Cortou a traseira e também colocou-o ao lado do jornal, assim como o isqueiro.

Francesco era um homem com os seus trinta anos. Era nascido em Florença, mas mudou-se para Palermo há muitos anos. Agora havia estabelecido morada na mansão em que trabalhava.

Ele era um homem bonito. Com os cabelos negros e olhos verdes. Costumava usar sempre uma calça Jeans e suéteres. Também usava óculos. Tinha um sério problema de visão, mas com os óculos enxergava muito bem.

Ele olhou o relógio do seu pulso e conferiu com o relógio de madeira que estava na parede do escritório. Ambos apontavam para as nove horas. Francesco arrumou-se em frente ao espelho e ficou parado ao lado da mesa aguardando.

Quando o relógio apontou para nove horas e um minuto, ele foi até a porta e a abriu. Segurou-a aberta e o seu patrão entrou. Um homem muito bem-vestido. Tinha 60 anos. Os cabelos eram grisalhos. A barba muito bem aparada. Ele tinha olhos azuis e as marcas de expressão eram evidentes no seu rosto.

O homem usava um paletó cinza da Armani uma camisa básica preta por baixo. O sapato tão limpo que era possível se enxergar como num espelho.

Francesco — Bom dia, Lorde Abraham.

Abraham — Bom dia, rapaz.

O homem sentou-se e olhou para Francesco como se esperasse por alguma informação.

Abraham — E então... Conferiu as informações no jornal hoje?

Francesco — Sim, milorde. Eu destaquei as mais importantes, mas uma delas é grave.

Abraham — Poupe-me da infelicidade de ter que procurar por esse infortúnio perdido entre as folhas do jornal. O que pode ser tão grave?

Francesco — O seu filho, milorde. O senhor Brian. Está preso no Brasil. Acusado de uma série de crimes.

O homem olhou para Francesco por cima do seu óculos.

Abraham — Qual a página?

Francesco — 41, milorde. Ocupa uma folha inteira.

Abraham então abriu o jornal e encontrou a matéria. Ele não expressou nenhum sentimento visível no seu rosto.

Abraham — Incrível. Eu dou a ele uma tarefa... Uma simples tarefa e ele consegue estragar tudo. Isso é culpa da minha mulher. Ela criou esse garoto como um idiota. Preso no Brasil por crimes como formação de quadrilha, desvio de recursos e veja aqui... Aliciamento sexual. Isso é patético.

Francesco não sabia se deveria responder ou apenas concordar. Dito isto preferiu permanecer calado.

Abraham — Isso é mais que grave, rapaz. Alguma repercussão negativa aqui?

Francesco — Por enquanto não, milorde. Parece que o grupo do Tommaso ainda não tomou conhecimento dessa informação.

Abraham — É, mas é questão de tempo. Logo todos estarão sabendo. Isso pode manchar a imagem da minha família. Precisamos resolver isso rápido. Eu quero o meu filho solto amanhã, no mais tardar.

Francesco — Claro milorde. Irei falar com o doutor Giuseppe.

Abraham — Bateu com a cabeça, rapaz?

Francesco ficou corado. Certamente tinha dito algo errado. Geralmente era cuidadoso para não ofender o patrão, mas em um dia como esse, tudo daria errado com certeza.

Francesco — Não milorde. Perdoe-me.

Abraham — Quero que contacte algum desembargador no Brasil em meu nome. Dinheiro não é problema. Trabalhe com a margem de 50 milhões de euros. Se gastar menos, ficarei menos infeliz.

Francesco — É claro milorde.

Abraham — Eu quero o meu filho aqui em três dias no máximo. Faça tudo o que puder e mais além. Sobre o Giuseppe, peça que ele abafe esse caso da forma que conseguir. Ele é ótimo nisso.

Francesco — Será feito, milorde.

Abraham — Mais uma coisa rapaz, não mostre isso para minha esposa. Tenho problemas demais para ter que aguentar ela tendo um ataque dos nervos.

Francesco — Ela não saberá, milorde.

Abraham — Ótimo. Agora saia e deixe-me tomar o meu café em paz.

Francesco então fez uma reverência, saiu e fechou a grande porta. Ele tinha muitas tarefas para fazer. Não poderia desapontar o seu Lorde. O último assistente que deixou a desejar provavelmente está no fundo de algum rio ou enterrado em um terreno qualquer.

Abraham Ashford era tudo, mas não era um homem que gostasse ser desapontado. Além disso, com o passar dos anos ele tinha ficado cada dia mais exigente. Era um verdadeiro chefe de máfia.

Capítulo Dois

Francesco havia conseguido contatar um desembargador no Brasil que era suscetível ao pagamento de recursos que poderiam lubrificar as engrenagens da lei. O seu nome era Marcos Gallardo.

Um juiz de segunda instância que não se importava muito com regras, desde que o seu bolso estivesse sempre muito bem alimentado.

Gallardo então pediu que a família Ashford por meio de um advogado entrasse com um pedido de anulação da primeira audiência. O resto seria com ele.

E foi exatamente o que Francesco fez. Acionou o advogado Giuseppe que fez os trâmites legais. O processo foi incorporado aos outros sob jurisdição de Gallardo. Ele prontamente atendeu ao pedido e anulou a decisão da juíza Wilma Hills.

Gallardo alegou que a decisão da juíza foi baseada numa tendenciosa pressão da mídia e portanto, o réu não teve a menor hipótese um julgamento justo. Além disso, mencionou que as provas eram insuficientes para um processo criminal com uma pena tão severa.

Na mesma data o ex-CEO da Red Tower teve a sua liberdade concedida pela justiça. Francesco entrou em contato com Brian e alinhou detalhes sobre a sua ida para a Itália.

Francesco — Senhor Brian. Soube que teve a sua liberdade concedida.

Brian — Ora, Francesco... Então meu pai certamente deve ter me ajudado com isso, não é?

Francesco — O seu pai exige que viaje para Palermo ainda hoje. Um jatinho partirá de uma fazenda no interior de São Paulo. Irá te levar até Buenos Aires e de lá vira num avião particular.

Brian — Certo, Francesco. Prepare-me um banho. Chegarei cansado e precisando relaxar depois de alguns dias na prisão.

Francesco — Senhor Brian, se me permite, no seu lugar eu me preocuparia em criar uma explicação plausível para fornecer ao lorde Abraham quando chegar. Como sabe, ele tem padrões que não aceita serem quebrados e, portanto, agora o senhor não está numa boa situação. Se apresse. Siga as minhas orientações e estará aqui amanhã. Boa viagem.

A ligação então foi encerrada. Brian sabia que se o assistente do seu pai estava a falar com ele dessa forma é que as coisas com certeza estavam muito más.

Ele seguiu as orientações de Francesco e foi até uma fazenda na cidade de Itú. Lá havia um aeroporto pequeno com um jato particular que o aguardava.

Logo o jovem Brian embarcou e seguiu viagem até a Argentina. Três horas depois o pequeno avião pousou em Buenos Aires. Outro avião o aguardava. Ele não teve tempo para descanso. Concluiu a conexão e partiu para a Itália.

Após um pouco mais de quatorze horas de voo, o avião pousou na Itália na cidade de Palermo no aeroporto Falconi Borsellino. Um carro já o aguardava e Francesco estava no banco traseiro da Land Rover.

Brian entrou no veículo e parecia estar cansado da viagem. O assistente Francesco apenas o cumprimentou de forma formal e não disse mais nenhuma palavra durante todo o trajeto.

O veículo chegou na mansão de Abraham em trinta minutos. Quando o carro estacionou, Brian desceu se espreguiçando. Com certeza a viagem foi longa.

Brian — Bom, enfim em casa. O cheiro desse lugar me faz saber que estou no velho continente. A Europa não é um ótimo lugar para viver, Francesco?

Francesco — Certamente hoje sim, senhor. Mas houve épocas sombrias. A Ascenção do fascismo e nazismo mancharam esse continente histórico, assim como o nosso país.

Brian — Não quero uma aula de história, Francesco. Não agora. Eu preciso de um banho e dormir um pouco e ver a minha mãe.

Francesco — O seu pai deseja vê-lo imediatamente, senhor. E sobre a sua mãe, lady Analisee não está. Viajou para uma conferência de moda em Milão. Deve regressar ainda essa semana.

Brian — E onde o lorde Abraham está?

Francesco — Noescritório. Acompanhe-me.

Ambos entraram na casa. Francesco guiou o rapaz até o escritório de Abraham. Abriu a porta e permitiu que o rapaz passasse. Abraham estava sentado na sua grande mesa lendo um livro sobre a Segunda Guerra Mundial.

Francesco — Milorde, aqui está o senhor Brian, como me pediu.

Abraham tirou os olhos do livro e colocou-os em Brian. O garoto parecia ter envelhecido um pouco. Estava diferente do que o pai lembrava.

Abraham — Obrigado Francesco. Pode ir.

Francesco fez uma reverência e saiu, fechando a porta atrás de si. Brian ficou de pé olhando para o pai com um sorriso no rosto.

Brian — Meu pai... Que saud...

Antes que o garoto terminasse de falar o pai fez um gesto para que ele se calasse.

Abraham — O que aconteceu?

Brian — Como assim?

Abraham — Qual parte da minha pergunta não entendeu, moleque? Sente-se, agora!

Brian então sentou-se. Olhou para o pai como uma criança que acaba de ser apanhado fazendo algo errado.

Abraham — Preocupe-me que durante mais de quinze horas de viagem não ter pensado em nada além de "saudades" para me dizer. Foi preso. Acusado de uma série de crimes. Isso não é nada para você?

Brian — O que quer que eu diga? Eu vacilei...

Abraham — Com quem pensa que está falando?

Brian — Pai, eu sei que eu errei. Acabei sendo pego, mas eu fui solto. Estou aqui.

Abraham — Brian, você foi um estúpido. Eu o coloquei como CEO da Red Tower por que ela seria uma grande oportunidade de fazermos aportes e lavarmos dinheiro do grupo. O que o fez pensar que poderia nos expor com a sua libertinagem?

Brian — Mas eu desviei... Fiz aportes.

Abraham — Qual o valor dos aportes que fez?

Brian — 50 milhões. É um excelente dinheiro, pai.

Abraham suspirou e tamborilou os dedos na mesa.

Abraham — Essa casa custa 200 milhões. Eu paguei 30 milhões para o desembargador tirar você daquela prisão. Não me trouxe nenhum lucro. Ao contrário... Colocou a minha organização em risco.

Brian — Não é tão simples como o senhor acredita.

Abraham — Não venha com desculpas. Brian, tem o meu sobrenome e do meu pai. Sendo preso você arrasta ele na lama. Todos pensam que eu não sou tão intocável assim. Se o meu filho pode ser preso, o que mais pode acontecer comigo, rapaz?

Brian — Mas pai...

Abraham — Não levou o trabalho que dei a você a sério. Brincou com essa tarefa. E pior, se deixou ser apanhado... Sabia que a Red Tower agora é dirigida por uma mulher? A tal Evellyn Gallant. A nossa oportunidade lá já era.

Brian — Eu soube. Mas...

Abraham — Eu sinto vergonha de você, garoto. Só não enfio uma bala na sua cara em respeito a sua mãe. Qualquer outro que falhasse dessa maneira comigo com certeza já teria partido. Sorte sua que tem o meu sangue, ainda que eu acredite que não.

Brian tremia. O seu pai era um homem duro e aquelas palavras doíam mais do que uma surra dos capangas do velho mafioso.

Abraham — Eu quero que crie uma estratégia para resolver isso. As pessoas que colocaram você na prisão estão livres enquanto você... Um Ashford, está aqui, na minha frente como um idiota, infeliz e destituído de tudo. Patético.

Brian — Pai... O senhor já acabou?

Abraham — Só termina quando eu quiser. Espero que se lembre de quem eu sou. O seu tempo como CEO da Red Tower te fez esquecer do seu lugar?

Brian — Não senhor. Desculpe.

Abraham — Cala essa boca. Saia da minha frente. E pelo amor de Deus, vá tomar um banho. Está cheirando mal e inundando a minha sala com o seu fedor. Iremos nos falar tarde.

Brian então se levantou e quando iria sair da sala o seu pai chamou-lhe.

Abraham — Reze para meus negócios aqui não terem sido influenciados por seus deslizes. Se algo acontecer, eu vou esquecer que é meu filho.

Brian acenou com a cabeça e saiu. Ele estava derrotado. De volta a casa dos pais sendo humilhado. Só pensava numa única coisa. Se vingar de Kaity Brown.

Capítulo Três

Porto Seguro, Brasil.

Kaity estava no banheiro há mais de trinta minutos. Jean batia na porta e pedia que ela saísse, mas era ignorado. Naquela manhã Kaity Brown vira no jornal que Brian Ashford ganhou liberdade após o juiz anular a audiência anterior.

Jean tentou acalmá-la, mas ela estava despedaçada. Todo aquele julgamento foi em vão? O homem mais cruel que ela já conheceu fora solto e agora poderia se vingar dela a qualquer momento.

Ela enfim abriu a porta. Seus olhos estavam inchados de tantas lágrimas. Jean a abraçou. O rapaz era muito calmo e fazia a moça se sentir mais tranquila.

Jean — Ei, amor... Não fique assim. Sabíamos que isso era possível. Eles são pessoas importantes e tem bons advogados. O promotor Franklin me ligou. Disse que o desembargador que livrou ele é corrupto. O ministério público está recorrendo dessa decisão.

Kaity — Amor, ele está solto. Ele sabe que foi preso por causa do nosso depoimento. O nosso pesadelo agora está livre e poderia fazer-nos mal.

Jean — Calma. Ninguém pode nos fazer mal... Eu nunca permitiria. Fica tranquila. Irei falar com o delegado José. Ele deve saber de algo ou sobre a localização do Brian.

Kaity — Tudo bem. Eu irei andar um pouco na praia e na volta pego o Adam na aula de natação.

Kaity então saiu de casa. Precisava respirar. Precisava sentir a brisa do mar no seu rosto. Pensar em Brian Ashford era péssimo. Ela detestava o homem com toda a sua força.

Ela caminhou por alguns minutos até chegar a escola de natação. Adam já havia acabado a sua aula e esperava pela mãe ou por Jean para buscá-lo.

Adam — Nossa mãe, até que chegou enfim ... Já acabei há 20 minutos.

Kaity — Filho, eu estou no horário. Penso que você é que terminou mais cedo.

Kaity então pegou na mão de Adam e eles foram para casa. Adam foi durante todo o caminho falando sobre as suas novas técnicas de respiração. Ele adorava nadar.

Kaity chegou em casa e Jean estava ao telefone. Parecia preocupado. Geralmente ele não era um homem nervoso, mas dadas as circunstâncias, seria perfeitamente normal se ele ficasse um pouco mais alterado.

Quando Jean terminou a ligação Kaity logo quis saber o que estava acontecendo e, porque ele estava nervoso.

Kaity — O que houve, amor?

Jean — Falei com o delegado José. Parece que o Adam saiu do país. Usou uma rota ilegal e não está mais no Brasil. Fico mais tranquilo por um lado, mas preocupado por outro. Como um homem respondendo um processo é autorizado a deixar o país?

Kaity — O que o delegado disse?

Jean — Parece que o juiz não restringiu o passaporte. Então ele poderia sair. Numa rota convencional ele poderia ter problemas, mas nada o impedia de ir.

Kaity — Eu vou ligar para a Flora. Ela precisa saber.

Jean — Está bem, mas procure não preocupa-lá. Ela não anda muito bem se saúde como bem sabe.

Jean tinha razão. Há alguns dias Flora teve um princípio de AVC. Foi salva, pois, rapidamente a atenderam no hospital evitando sequelas.

Kaity ligou para Flora que atendeu rapidamente.

Flora — Alô?

Kaity — Oi Flora, é a Kaity.

Flora — Meu bem! Que saudade! Está tudo bem? A sua voz demonstra um pouco de tristeza.

Kaity — Viu sobre o Brian?

Flora — Ah! filha, eu vi sim. Eu não posso dizer que fiquei surpresa. Ele deve ter comprado o juiz. Isso acontece muito com homens ricos, mas vi que o Ministério Público está recorrendo.

Kaity — Ai Flora, é tão difícil. Estou péssima.

Flora — Não se deixe abater por isso. Agora vocês têm uma vida longe dessa sujeira. Não precisa se preocupar. A essa altura ele está longe.

Kaity — Eu se quer perguntei se está bem... Que grosseria.

Flora — Eu estou bem, filha. Os dias tem sido difíceis, mas estou de pé. Logo estarei aí com vocês para aproveitar um pouco dessas praias.

Kaity — Vem sim. Será muito bem-vinda. O Adam está morrendo de saudades.

Flora — Ele é um lindo. Eu vou sim, meu bem. Farei apenas uns exames na próxima semana e compro a minha passagem. Agora eu preciso ir, filha. Te ligo depois, está bem?

Kaity — Claro. Um beijo, Flora. Se cuide.

Kaity estava se sentindo triste. Era difícil pensar que um homem cruel esteja livre. A notícia do Brian havia trazido a tona todos os sentimentos que Kaity reprimiu.

Ela estava focada em colocar seu projeto de tecnologia ambiental para funcionar. O governo já estava interessado e ela mergulharia nisso para esquecer de seus problemas.

Para mais, baixe o APP de MangaToon!

novel PDF download
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!