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Entre O Amor E A Espada

Capítulo 1- Falha na negociação

"Senhor, o que tá acontecendo?" Digo para Kamada quando entra na sala  em que eu estava.

Onde eu estava eu não sabia...era uma espécie de galpão escuro, provavelmente era usado para fazer negociações.

Estava com os pés amarrados e as mãos amarradas atrás das costas.

"Isso é uma especie de missão ou treinamento?" Pergunto

Ele dá uma risada de escárnio

"Depois de tudo você acha mesmo que eu vou perder tempo te treinando ou algo do tipo? Eu vou ver se eu consigo alguma coisa com você ainda" Ele diz e se vira pra um dos guardas que estava de prontidão "Venda ela e põe alguma coisa na boca dela, não quero que ela arruine o plano" Ele diz e o capanga vem até mim

Ele amarra um pano na minha boca e coloca um saco de pano na minha cabeça....

Eu não ia resistir...Já tinha provado por A mais B que deixar Kamada com raiva era uma péssima ideia....Quem sabe se eu aceitar isso acaba logo....

Escuto barulhos de carros ao fundo.

"Tragam  ela" Ele diz

Sinto um dos capangas me levantar e me jogar por cima do ombro e logo em seguida andar.

Era isso....

Eu já não tinha nada a perder mesmo...

A morte seria apenas um alívio....Que seja algo rápido e indolor....

Depois de um tempo andando o capanga para.

"Ora Ora, se não é o mais novo chefe da Bushi. Prazer revê-lo novamente Haru Bushi"  Kamada fala

O que o pessoal da Bushi estava fazendo aqui?....

"Prazer todo meu, Kamada Mizumi " Escuto o que provavelmente seria Haru Bushi

"E acompanhado dos seus homens de confiança. Izuku Himura e Yuta Takeshi" Kamada diz

Quando escuto o último nome todo sangue do meu corpo gela e meu coração dispara no mesmo instante...

Não era possível....

"E então, estão com minha encomenda?" Kamada pergunta

O que você tá aprontando Kamada?....

"Sim, está tudo nas caixas. E acredito que esta com o meu pagamento" Haru fala

"Claro!" Kamada fala e escuto ele estalar o dedo

Sinto meu corpo ser levantado e segundos depois sinto o baque do chão.

Solto um gemido de dor enquanto rolo um pouco pelo chão.

Desgraçado....você vai ser o próximo que eu vou matar se eu sair viva daqui....

"Mizumi, o que é isso? Você sabe que a  família Bushi não lida com tráfico humano!" Haru fala um pouco alterado

"Senhores...vamos ser sinceros...Somos mafiosos...a gente já está fazendo algo ilegal...por que não apenas expandir um pouco? Além disso, você vai ver que ela vale por todo o carregamento...talvez você me agradeça depois" Kamada fala

Sinto alguem me ajudar a sentar, ele segura minhas mãos, acho que vai me soltar

"Se eu fosse você eu não faria isso, Takeshi." Kamada diz

Assim que percebo que é ele  afasto minha mão. Sinto meu sangue ferver. Minha respiração fica ofegante.

"Mizumi é melhor você dar um jeito de nos dar o pagamento combinado ou-" Um dos membros da Bushi fala e então é interrompido pelo som do walk talk.

"Chefe os tiras estão vindo! É emboscada!" Alguém fala pelo rádio

"Andando!" Kamada fala pros seus homens

"Distraia eles" Haru fala

''Entendido chefe" O homem fala no Walk talk

Escuto sirenes no fundo

"Eles vão arrombar a frente, o carro tá nos fundos, a gente tem que dar o fora daqui" Haru fala

"Mas a gente não pode deixar a garota aqui" Yuta fala pegando minha mão pra soltar de novo e eu me desvencilho dele

"Não da tempo de soltar ela! Pega ela e vamos pro carro" Haru fala

Sinto alguem me levantar então me debato um pouco

"Hey! Hey! A gente vai te ajudar " Yuta fala

E quem vai te ajudar? Eu vou te matar assim que você me soltar.....

Depois de alguns segundos Yuta para e escuto a porta de um carro se abrir.

Ele me coloca dentro do carro.

"Leva ela pra base eu encontro vocês lá" Yuta fala e fecha a porta

Sinto o arranque do carro.

Era dificil ficar imóvel no banco de trás  com a movimentação do carro.

O que aquele desgraçado tava fazendo ali?....Ele ia pagar caro por tudo que fez comigo...

O dia da minha vingança chegou....

Sinto um aperto grande no peito e algumas lágrimas de raiva descem pelo meu rosto.

Alguns minutos  depois o carro para, e tudo fica em silêncio.

"Okay, chegamos " Alguém fala

Escuto a porta se abrir do meu lado.

Alguem me puxa e eu escorrego pelo banco de couro do carro.

Sinto alguem me pegar pelo colo e me carregar pra algum lugar.

Escuto a porta se abrir.

Ele anda mais um pouco. Vejo alguma claridade pelo pano em minha cabeça.

"Vocês demoraram" Escuto Yuta dizer

Meu sangue volta a ferver.

"O que aconteceu? Por que vocês estão carregando uma pessoa?" Escuto uma mulher perguntar

"Depois eu explico, querida" Haru fala

Sinto alguem me colocar em algum assento macio.

"Olha a gente vai te soltar agora. Tá tudo bem, a gente não vai te fazer mal" Yuta diz

Uma lágrima de raiva desce pelo meu rosto.

Então sinto minhas pernas serem soltas.

Depois minhas mãos.

Então ele tira o saco da minha cabeça.

Vejo o sangue ser drenado do seu rosto e ele fica pálido, como se tivesse visto um fantasma.

Ele era a última pessoa que queria ver....

Olho para sua mão e vejo que ele ainda segura  o canivete que ele cortou as cordas.

Aproveito o momento de fraqueza dele e rapidamente pego o canivete e derrubo ele no chão.

Fico sobre ele com os joelhos em cima dos seus braços e encosto a faca em seu pescoço.

Com a outra mão eu solto a mordaça.

"Achou mesmo que você nunca mais ia me ver? Por sua causa eu perdi tudo!" Me inclino perto do rosto dele. Sua espressão era de puro choque "Fica tranquilo, eu apenas  vou fazer você implorar para que eu te mate!" Digo em um tom de voz mais baixo e ameaçador

Sinto algo duro encostar na minha cabeça

''Solta ele !" Alguem fala

"Izuku solta a arma!" Haru ordena

''Só quando ela soltar o Yuta"  Izuku fala

Dou um sorriso de escárnio

"Tudo bem, eu vou soltar ele e jogar o canivete pra longe" Digo

Tiro o canivete do pescoço de Yuta e jogo pra longe.

Levanto as duas mãos e me levanto devagar

Izuku continua apontando a arma pra minha cabeça.

Respiro fundo e viro desarmando ele e apontando sua arma pra ele. É tão rápido que ele não tem reação.

Ele arregala o olho

"Da próxima vez que apontar uma arma pra mim pirralho, atira" Digo friamente .

Relaxo o braço.

Desmonto a pistola rapidamente e jogo as peças no chão.

"Miyuki..." Escuto Yuta falar atrás de mim enquanto se levanta "Mas você...tava morta..." Antes de ele terminar a frase,  me viro e acerto seu rosto com um soco, fazendo ele cair sentado no sofá

"BEM QUE VOCÊ QUERIA NÃO É ?!" Grito

Ele me olha sem entender.

"O que você tá falando?!" Ele pergunta sem entender

"Você vai mesmo se fazer de sonso?! SEU TRAIDOR! VOCÊ DEIXOU NAQUELE HOTEL PRA MORRER! E AGORA VAI FINGIR QUE NÃO SABE DE NADA?" Grito

"Como assim? Eu não tô entendendo nada Miyuki?!" Ele pergunta incrédulo

Dou outro passo em sua direção mas Haru entra na minha frente.

"Isso não é da sua conta. Dá o fora" Falo de forma fria

"Você está  na minha casa e está falando com um dos membros da Bushi, automaticamente isso é da minha conta" Ele diz "É melhor começar a explicar"

"Pergunta pra ele, isso se ele já não tiver dado a versão onde ele é a vítima" Digo me afastando e andando de um lado pro outro tentando me acalmar.

Se eu tentasse algo agora, toda a Bushi ia vir atrás de mim e era a última coisa que eu precisava agora....

"Já chega, Miyuki. O que aconteceu? Que história é essa que eu te abandonei no hotel?" Yuta pergunta ficando do lado de Haru

"É Aiko pra você! Você não tem o direito de me chamar por esse nome! Na verdade nem pelo meu primeiro nome você tem o direito de me chamar! E não se faça de desentendido! Você me enganou o tempo todo! Como eu pude ser tão idiota em confiar em você? Você pegou todo o dinheiro que seria pra pagar a minha liberdade e vazou daquele hotel! VOCÊ ME TRAIU !" Digo furiosa

"EU NÃO TE TRAÍ!" Ele grita

"Quero ver se você vai ser homem pra continuar negando depois de ver o que você causou" Digo tirarando minha blusa, ficando apenas de top esportivo e  fico de costas pra ele

Escuto a mulher, que devia ser esposa de Haru, suspirar em choque

"Foi isso que eu ganhei por confiar em você. Agora olha bem pras minhas costas e fala novamente que não me traiu!" Digo e sinto uma lágrima rolar pelo meu rosto

Todo mundo fica em silêncio.

Yuta passa por mim e vai embora.

"Foi o que eu pensei..." Digo baixo

Sinto algo cobrir minhas costas

Olho para o lado e vejo que a mulher que estava na sala colocou uma manta em mim pra me cobrir.

Ela me olha com um sorriso gentil....

Puxo a manta me cobrindo...

"Olha....eu não sei o que aconteceu entre vocês...Vamos conversar com calma amanhã....Pelo que parece você foi expulsa da família Yuno, e agora pertence a nós....Querida, leve ela pra um dos nossos quartos de hospedes e forneça algumas roupas pra ela...." Haru fala

"Por que tá fazendo isso?'' Pergunto seca

"Você prefere ser jogada na rua? Era o que o Kamada faria, não eu. Agora você está na Bushi. Esfria a cabeça e amanhã conversaremos com calma e decidimos o que fazer. Não faça nada que vá se arrepender depois." Ele diz e sai da sala

"Vem eu vou te levar pra um dos nossos quartos..." A mulher diz com uma voz calma e me leva até um dos quartos.

Ela entra e ascende a luz.

Eu entro em seguida.

"Fica a vontade, esse será seu quarto por hora. Eu vou pegar algumas roupas pra você e algo pra comer " Ela diz e sai.

Fazia tempo que eu não sabia o que era um quarto de verdade...

Tiro a manta e coloco ela no sofá que tinha no quarto e visto minha blusa.

Me sento no sofá e tento absorver tudo.

Meu corpo todo tremia de raiva....

Alguns minutos depois ela aparece segurando algumas roupas acompanhada de outra mulher segurando uma bandeja.

A mulher coloca a bandeja em uma mesa que tinha no quarto e se retira.

A esposa de Haru coloca as roupas em cima da cama.

''Trouxe um chá com alguns biscoitos... Caso sua fome seja um pouco maior, pode ir até a geladeira e se servir do que for do seu agrado. Fique a vontade, se precisar de algo é só me procurar" Ela diz com um sorriso gentil e sai do quarto.

É nitida a diferença de tratamento entre a familia Bushi e a familia Yuno.....

Eu olho pra bandeja de comida e minha barriga ronca.

Eu devoro tudo...estava faminta....

Tomo o chá que está maravilhoso....o liquido quente percorre por minha garganta e aquece meu corpo todo.....

Não tinha o que fazer, eu teria que aceitar o que fosse. Eu iria conseguir minha liberdade, de uma forma ou outra e me vingaria daqueles que me fizeram mal.....

Resolvo tomar um banho e dormir...eu estava exausta.....tudo que passei nesses tempos me esgotou....

Entro no box e sinto a água quente bater em minha pele e é revigorante....

Me seco e visto uma das roupas que deixaram pra mim.

Antes de deitar na cama tranco a porta do quarto.

Olho pra escrivaninha e vejo que tem um porta lápis com algumas coisas. Dou uma olhada e pego um estilete que tinha ali..... dava pro gasto...

Deito e olho para o teto....

Se eu pudesse voltar no tempo.....

Capítulo 2- Voltando ao passado

Dirijo pelas ruas de Osaka.

Eu não costumava sair muito, a não ser pra comprar comida, livros ou a trabalho....

Quem olhava de fora achava que eu era apenas uma  mulher normal...e eu queria ser...

Talvez um dia eu seria só mais uma pessoa comum no meio da multidão....

Estaciono minha moto em frente a livraria e desço dela.

Tiro o capacete e coloco em cima da moto.

Tiro minhas luvas e guardo dentro da jaqueta.

Olho no retrovisor e ajeito um pouco o cabelo.

Entro e vou até o balcão.

"Com licença,  eu gostaria de saber se vocês tem esse livro" Digo pro atendente e entrego um pedaço de papel com o nome do livro e o autor

"Só um minuto, eu vou verificar no sistema....." Ele diz enquanto verifica no sistema

Era um livro que fazia parte de uma série. Contava a história dos reinos da inglaterra que caíram sobre o dominio dos vikings....pra maioria era um saco, mas eu gostava desse tipo de livro.....Só que era um pouco difícil de encontrar já que por aqui era difícil alguém ler....

"Temos sim.Vou anotar em qual sessão ele tá" Ele diz e anota no verso do meu papel. "É só subir as escadas''

"Okay, obrigada" Digo e pego o papel.

Subo as escadas e vou procurando pela sessão

"47-b..." Digo baixinho enquanto procuro pela sessão

"Aqui...agora é a fileira 3..." Digo procurando pela fileira de livros...Vou andando e olhando com cuidado.

Com a visão periférica vejo que um homem entrar na mesma sessão que a minha e procura por algo também.

Estava tão concentrada que nem ligo.

Então eu acho o livro.

Era o último.

Quando coloco a mão no livro outra mão coloca ao mesmo tempo o  pegando.

"Ah desculpe!" O cara  diz."Eu não vi que você ia pegar o livro. Pode ficar" Ele diz estendendo o livro pra mim

Olho pra ele.... 

Ele tinha um sorriso de lado que por alguma razão faz minhas bochechas esquentarem....

Desvio o olhar.

"Tá tudo bem, fica com ele, é o último. Eu olho em outra livraria." Digo e me viro pra sair

"Espera..." Ele diz me fazendo virar pra ele de novo "Posso pelo menos te pagar um café? Como agradecimento por ter deixado eu ficar com o livro" Ele diz com um leve sorriso

Eu nunca aceitava convites pra sair  por conta do meu trabalho....e também por que ninguém nunca me fez sentir algo diferente....

Mas ele....tinha algo nele.....Eu não sei o que dizer, mas alguma coisa despertou em mim.....Talvez o gosto em comum? Talvez minha vontade em poder aproveitar a vida como qualquer pessoa?....Não sei dizer....                                                                                                                                     

"Tudo bem" Digo  e ele sorri

Seria apenas um café....seria bom ser um pouco normal e conversar com alguém com um gosto similar...

"No térreo eles tem uma cafeteria e o café deles é ótimo" Ele diz caminhando em direção as escadas e eu o acompanho

Nós descemos e vamos em direção a bancada da cafeteria.

Antes de me sentar eu tiro minha jaqueta de couro e penduro na cadeira. Me sento logo em seguida.

"E então tem alguma preferência?" Ele pergunta e eu nego com a cabeça.

"Tem alguma indicação?" Pergunto

"O latte machiatto é muito bom " Ele diz

"Por mim pode ser " Digo e ele dá um leve sorriso

Ele faz o pedido

''E então você gosta de livros históricos?" Ele pergunta

"Uhum...apesar desse livro contar uma história ficticia, ele é bem fiel aos detalhes históricos..." Digo

"É dificil encontrar alguém que já tenha lido esse livro...Você já leu toda a série?" Ele pergunta

"Sim, só falta esse. Eu gostei bastante, achei a trama muito bem desenvolvida, do jeito que eu gosto de ler " Respondo "Você já leu algum outro  livro nesse estilo ou é o primeiro que lê?"

Então começamos a conversar sobre os livros que já lemos e indicar quais haviamos gostados, enquanto bebemos nosso café....tinhamos um gosto similar para leitura e praticamente tinhamos lido os mesmos livros....

Foi a primeira vez que me senti a vontade pra conversar com alguém sobre isso.....

Depois de alguns minutos, no meio da conversa, meu telefone toca, me trazendo de volta pra realidade.

Era uma mensagem.

"O relâmpago avisa que a chuva está por vir, e as docas são um ótimo lugar para olhar a chuva."

Era um código. Eu tinha trabalho a fazer.

Durou até muito tempo....

"Obrigada pelo café, mas eu tenho que ir" Digo

"Tá tudo bem?" Ele pergunta

"Tá, é só trabalho" Digo

"Tudo bem...eu te acompanho até a saida" Ele diz e eu sorrio pra ele

Eu saio da cadeira e pego meu casaco vestindo ele.

Ele passa no caixa, paga pelo livro e o café,  e nós saimos da livraria.

"Você tá de carro?" Ele pergunta

"Na verdade estou de moto" Digo apontando pra moto a nossa frente

Ele fica um pouco surpreso.

"Uau! Você tem uma Kawasaki? É uma bela moto.." Ele diz indo comigo até ela.

"Obrigada" Digo tirando as luvas do casaco e colocando

"Eu acabei de me tocar que eu ainda não perguntei seu nome" Ele diz

"É Miyuki" Dou meu nome falso

"Prazer Miyuki, me chamo Yuta" Ele diz estendendo a mão com um leve sorriso, eu aceito o comprimento e retribuo o sorriso.

Subo na moto, dou partida nela e coloco o capacete na cabeça mas não abaixo ele completamente.

Ele me estende o livro.

"Toma...pode levar ele" Ele diz com um sorriso de lado

"Por que a gente não faz o seguinte? Você lê ele, e ai quando você terminar você me empresta. O que acha?" Pergunto  com um sorriso de lado

"Acho uma ótima idéia. Mas como eu vou te avisar se eu não tenho seu número?'' Ele pergunta sorrindo

"É ai que tá a diversão. A gente se esbarra por ai" Digo sorrindo dando uma piscada pra ele e abaixo o capacete.

Olho pra pista e acelero vendo que está livre.

Vejo ele diminuir  pelo retrovisor.

Ia ser díficil a gente se esbarrar por ai, e é até bom terminar assim, deixando esse 'ar de misterio' e na expectativa de 'será que a gente vai se encontrar de novo?'.....

Que bobagem pensar assim Aiko....

Você só não pode se envolver.

Mas pelo menos foi bom conversar um pouco com alguém que entenda meus gostos....

Sem perceber, um sorriso bobo preenche meu rosto, lembrando do encontro de agora a pouco....

Chego nas docas e paro com a moto ao lado da porta do passageiro.

O vidro abaixa.

Kamada, meu chefe, está no banco do passageiro.

Ele me entrega uma pasta contendo apenas a foto do meu próximo alvo e os pontos de entrada sem vigilância.

Eu memorizo o rosto  e viro a foto. Atrás tinha o endereço que eu também memorizo. Memorizo a planta.

"Sem restrições, apenas seja silênciosa" Kamada fala

Entrego a pasta pro  Kamada e vou embora.

Já era costume....A gente se encontrava em um ponto, e ele me dava uma foto com o rosto e o endereço do meu alvo.

Era o que eles eram pra mim, apenas alvos ...Eu não tinha informações sobre seus nomes ou o que quer que fosse....Dessa forma eu não me envolvia...

Chego no meu apartamento e me arrumo.

Coloco minha roupa furtiva.

Calço minhas botas.

Vou até o chão do meu quarto e retiro o piso falso.

Abro meu cofre e pego o que eu iria precisar, como minha faca, minha pistola com silenciador e o kit arrombamento.

Pego minha mochila que já deixava preparada e fecho o cofre, colocando o piso falso logo em seguida.

Tranco meu apartamento e desço pela escada externa até minha moto.

Piloto até o endereço.

Olho em volta observando o lugar e dirijo até o beco mais próximo da parte de trás do prédio onde meu alvo estava .

Desligo a moto e desço dela. Empurro ela pra de trás de um container.

Continuo com as luvas. Apenas pego minha mascara ninja, que deixava apenas o olhos  a mostra e coloco.

Ando pelo beco até avistar o painel de força.

Abro o painel e conecto meu dispositivo PEM.

Era um dispositivo que emitia uma frequencia que causava um apagão e interferencia no sinal de alguns eletrônicos

Vou até a entrada  dos fundos.

Estava trancada. Tiro a chave mixa do bolso e arrombo.

Entro furtivamente e subo até o apartamento pelas escadas de incêndio.

Chego até um ponto cego e ativo o PEM.

A luz se apaga deixando apenas as luzes de emergência disponiveis.

Corro até a porta, me agacho e começo a abrir.

Eu só precisava de um minuto pra arrombar uma porta.

Kamada sempre foi extremamente rígido com os treinamentos. A gente não podia beirar a perfeição, a gente tinha que ser a perfeição....

Com isso eu adquiri habilidades únicas.

Abro facilmente a porta e entro.

Olho pela fresta da porta e aperto o dispositivo de novo ativando as luzes

Coloco minha mochila no chão e pego a seringa que já havia deixado preparada.

Fecho a mochila e escondo ela  embaixo da cama.

Olho em volta e percebo que o hall de entrada do apartamento era estreito o suficiente para que eu escalasse.

Escalo e fico me segurando entre as paredes.

Depois de poucos minutos escuto a porta ser aberta.

Meu alvo entra e fecha a porta a trancando.

Assim que ele sai de debaixo de mim e anda um pouco eu me solto pousando no chão em silêncio.

Chego perto dele e chuto seu joelho, fazendo ele cair com o

joelho no chão.

Rapidamente eu chego por trás e giro sua mandibula fazendo seu pescoço quebrar e em seguida ele cair no chão paralizado.

Pego a seringa do meu bolso e perfuro a artéria que ficava atrás da orelha, era mais escondido e dificilmente olhavam ali. Injeto o liquido nele e retiro a seringa.

Olho no relógio , e espero  dois minutos.

Sem restrições significava que eu poderia usar qualquer método. Ser silênciosa significava que eu não poderia chamar a atenção com luta corporal ou até arma de fogo.

As pessoas conheciam minha reputação, mas não conheciam meu rosto. E eu fazia questão de deixar assim.

Dessa forma ninguém  sabia quem eu era, quando eu viria e nem como seria.

Foi dessa forma que me tornei a assassina número um da família Yuno, uma das famílias mafiosas que dominavam Osaka.

Meu nome?

Aiko Inazuma.

Inazuma em japonês significava Relâmpago. E era exatamente como eu agia.

Eu era rápida, assim como um relâmpago, a morte se tornava apenas um clarão para meu alvo, que ele não sabia de onde vinha.

Verifico se há sinais vitais. Nada.

Pego minha mochila e tiro o telefone enviando a mensagem pro Kamada.

" A chuva está  caindo "

Significava que eu tinha terminado.

Saio de lá.

Desço rapidamente pelas escadas e vou até minha moto.

Coloco o capacete, dou partida e vou embora dali.

Chego no meu apartamento e tomo um banho.

Como algo e me deito na cama.

Eu era boa no que eu fazia....a questão é que eu não queria fazer....e até então eu não tinha escolha.....

Alguns dias depois da minha última missão, estava deitada no sofá.

Eu queria sair dessa vida...iria demorar um pouco, mas eu ia conseguir.....

Resolvo ir até meu cofre.

Me sento no chão e tiro o piso falso.

Abro o cofre e pego a mala com dinheiro. Conto o tanto que eu já tinha conseguido juntar pra comprar minha liberdade...

Olho pra dentro do cofre e vejo uma caixa pequena e quadrada. Pego ela e abro.

Era o relógio do meu pai....a única coisa que tinha de recordação dele.....

Era um relógio de ouro, cravado de diamantes em volta, e no  mostrador do relógio tinha um desenho de uma onda, o simbolo que representava a família Yuno...meu pai havia ganhado do próprio Akane chefe da Yuno....

E se eu penhorasse ele?...Só até eu sair da Yuno...conseguiria um bom dinheiro e então compraria ele de novo.... Ninguém entenderia o símbolo no relógio, a menos que a pessoa fosse membro de algum clã....

Eu preciso sair...eu não aguento mais ter sangue nas minhas mãos....

Pego o relógio e guardo a mala. Fecho o cofre e coloco o piso.

Tomo um banho e me arrumo.

Pego minha mochila que eu usava pra sair e coloco a caixa com o relógio lá.

Procuro no telefone o endereço de alguma loja de penhora...

Encontro uma loja de compra e venda que tinha uma avaliação melhor.... Ficava a algumas quadras dali...iria a pé mesmo...

Depois de alguns minutos de caminhada chego na loja.

Abro a porta e o som do sino em cima da porta anuncia minha entrada.

A loja estava vazia....

"Olá?" Digo andando pela loja

Vejo que tem uma campainha em cima do balcão.

Aperto ela e o som ecoa pela loja.

Resolvo esperar olhando em volta....

Era praticamente uma loja de antiguidades...tinha bastante coisa legal....

Olho uma prateleira que tinha alguns enfeites que pareciam ser da era vitoriana....

"Olá como poss-...Miyuki?" Uma voz masculina fala e eu me viro em direção a voz .

Meu olho arregala assim que eu vejo quem é.

Capítulo 3- Quando começou a dar errado

Tá bom...qual a probabilidade de eu ter vindo na loja em que o cara do café trabalha?

"E não é que a gente se esbarrou de novo?"  Digo  indo até  balcão que ele estava

Ele dá uma risada...

Sua risada, assim como sua voz eram sedosas como o próprio veludo.

"Agora eu entendi a parte da diversão" Ele diz me fazendo rir "E então o que te trouxe até aqui?"Ele pergunta com um leve sorriso

"Bem eu queria penhorar uma coisa, olhei na internet o endereço de algumas lojas e cá estou eu..." Digo

"Justamente na minha loja..." Ele diz rindo "Legal..." Ele diz me olhando com um sorriso de lado "E então  que objeto é esse?"

Pego minha mochila, tiro a caixa do relógio e entrego pra ele.

Ele abre e seu olho arregala em surpresa.

Sua testa se enruga um pouco a medida que ele olha o relógio.

"Como....você conseguiu esse relógio?" Ele pergunta confuso

"Era do meu pai. Ele ganhou de presente" Digo

Ele olha pra mim como se quisesse perguntar algo mas desiste

"Esse relógio é bem.....peculiar" Ele diz " Só um minuto..." Ele diz indo até o outro balcão e pegando um objeto que lembrava uma caneta " Isso é um testador de diamante, quando eu encosto essa ponta na pedra ele diz se é verdadeiro ou não " Ele explica

Então ele encosta a caneta e ela acende uma luz verde e apita

"E então?" Pergunto

''É de verdade..."Ele diz

"Quanto você acha que eu consigo nele?" Pergunto

"Você tem algum valor em mente?" Ele pergunta

"Não....eu estou aberta a qualquer proposta" Digo

" Bem....é um belo relógio...." Ele olha pro relógio como se estivesse analisando cada detalhe " Olha...eu consigo trinta mil nele" Ele diz

"Esse é o valor máximo?" Pergunto e ele concorda com a cabeça. "Tudo bem, eu aceito" Digo

O valor que eu conseguisse seria lucro....

"Fechado, eu vou fazer o cheque pra você" Ele diz  e vai até o caixa.

Ele pega um talão e começa a escrever os dados e o valor.

Ele destaca o cheque e me entrega

"Muito obrigada" Digo olhando pro cheque

"Foi um prazer fazer negócios com você " Ele diz com  um sorriso que eu retribuo " HÁ! Antes de você ir eu tenho que te entregar algo. Espera aqui eu não vou demorar" Ele diz e entra  por uma porta.

Guardo o cheque na minha carteira e espero por ele.

Depois de alguns minutos ele volta segurando o livro.

Eu sorrio olhando para o livro em sua mão.

"O combinado era eu te entregar quando eu terminasse" Ele diz estendendo o livro pra mim e eu pego

"E o que você achou dele?" Pergunto

"Foi o melhor de toda a série" Ele diz

"Não brinca! Nossa acho que vou terminar de ler ele em um dia" Digo

"Eu terminei em uma noite de tão bom que estava" Ele diz rindo me fazendo rir junto

"Legal....obrigada pelo livro, e pela ajuda com o relógio" Digo e ele me dá um leve sorriso

Sei que vou me arrepender de perguntar isso mas...

"Você sabe de algum sushi bom pela região?" Pergunto

"Tem um ótimo aqui na esquina" Ele diz

"E...falta muito pra você sair do trabalho?'' Pergunto e vejo um sorriso se abrir em seu rosto

"Isso é um convite?" Ele pergunta

"Talvez....eu queria saber mais sobre o livro" Digo

Ele olha no relógio " Olha só...acabou de encerrar meu expediente" Ele diz em um tom brincalhão que me faz rir.

Ele sai de trás do balcão e nós vamos até a porta.

Ele abre pra mim e eu saio. Ele vira a placa na porta dizendo que está fechado e então nós vamos andando até o restaurante.

Quando entramos Yuta pede uma mesa para dois. A garçonete nos leva até a mesa e nós sentamos.

Coloco minha mochila do meu lado.

Fazemos o pedido e a garçonete anota, saindo logo em seguida.

"Tem muito tempo que trabalha nessa loja?'' Pergunto

"Praticamente...E você com que trabalha?" Ele pergunta

"Na área da limpeza" Respondo.

Realmente, eu 'limpava pessoas do mapa'

"Tipo faxina ou algo assim ?'' Ele pergunta

"Tipo isso...A loja é da sua familia?" Pergunto

"Na verdade é do pai do meu amigo... quando era adolescente eu perdi meus pais e esse senhor me acolheu como um filho, se tornando meu pai adotivo  e o filho dele se tornou um irmão pra mim...então sim é  da minha familia" Ele diz

"Sinto muito pela sua perda... Sei bem como é perder alguém que ama...." Digo

"Seus pais são vivos?" Ele pergunta e eu nego com a cabeça

"Minha mãe faleceu quando eu tinha 4 anos e meu pai quando eu tinha 8....Um amigo do meu pai  me pegou pra criar desde então....." Digo

"Uau...Nossa história é bem parecida..." Ele diz e eu concordo com a cabeça " Desculpa a pergunta mas eu estou um pouco curioso...você disse que seu pai ganhou aquele relógio de presente...você sabe de quem foi?" Ele pergunta me olhando nos olhos como se procurasse respostas

"Não...ele disse que foi de um amigo, mas eu não o  conheci...quando ele ganhou eu era muito pequena pra me lembrar" Eu minto

"Há sim entendo.....e por que você decidiu vender aquele relógio?" Ele pergunta

"Pra pagar uma dívida" Digo. O que não era de tudo mentira "E então... o que você mais gostou do livro?" Pergunto mudando de assunto.

Então começamos a conversar sobre o livro e sobre outras coisas aleatórias, como gostos pessoais.

Enquanto Yuta fala, eu olho pra ele por alguns instantes...

Ele tinha traços um pouco delicados... Seu olhos, mesmo que puxados eram ligeriamente grandes e suas sobrancelhas eram grossas e retas...

Seus lábios eram arredondados e um pouco carnudos ... E o arco do cupido de sua boca parecia a parte de cima de um coração...

Seu queixo era quadrado e sua mandíbula marcada

Seus olhos eram tão escuros quanto o seu cabelo....

Ele era bonito, não podia negar...

Achava interessante o fato de ele ter duas argolas pequenas na orelha e estar vestido socialmente. Nas duas vezes ele estava vestido assim...

Com uma camisa social, e um colete social por cima, gravata, calça e sapatos social, e o cabelo bem penteado...

Não parecia que ele trabalha apenas em uma loja de antiguidades....

Quando terminamos de comer a garçonete traz a conta e eu  pego.

"Pode deixar que eu pago" Yuta diz

"Imagina...eu convidei e é um agradecimento pela ajuda com o relógio. Na próxima você paga" Digo e só depois percebo o que eu acabei de falar

"Então vai ter uma próxima?" Ele diz com um sorriso de lado

Engulo seco e fico em silêncio.

Aiko, que boca grande a sua....você já tá passando dos limites jantando com ele. Se controla!

Pego o dinheiro e entrego com a conta pra garçonete.

Pego minha mochila e a gente sai do restaurante.

Vamos andando em silêncio até a loja que Yuta trabalhava.

Paramos em frente a porta.

Estava com a cabeça baixa, um pouco envergonhada pelo que eu disse....

"Você tá de moto?" Ele pergunta

"Não...eu vim andando" Digo

"Hmm..." Ele coloca as mãos no bolso da sua calça social. "E então, quantos encontros eu vou precisar ir com você pra conseguir seu telefone?" Ele diz e eu olho pra ele com o olho um pouco arregalado

Sinto minha bochecha esquentar um pouco.

"Não sei...talvez mais um?'' Pergunto com um sorriso tímido.

"Então vamos" Ele diz pegando minha mão e dando alguns passos

Sinto um arrepio quando ele segura minha mão.

"Espera pra onde?" Pergunto confusa

"Pro nosso próximo encontro" Ele diz sorrindo

Fico olhando pra ele sem acreditar.

"Meu carro tá estacionado bem ali" Ele diz apontando pro outro lado da rua " Vamos?" Ele diz

Eu pisco algumas vezes tentando voltar pra realidade e vou junto

Ele vai até a porta do passageiro comigo e abre a porta.

Eu entro, ele fecha a porta e dá a volta.

O que eu tô fazendo?.....Será que dá tempo de eu abrir a porta e sair correndo?....Por que eu quero tanto isso?....

Ele entra no carro e dá partida.

Fico em silêncio, olhando pela janela.

Ele dirige até parar de frente ao porto.

Era basicamente uma calçada grande ao lado do rio, onde as pessoas vinham pra caminhar, ou apenas sentar nos bancos e olhar a vista.

Ele desce do carro e dá a volta abrindo a porta pra mim

"Obrigada" Digo

"Já experimentou gelatto italiano?" Ele pergunta fechando a porta e eu nego com a cabeça "Então hoje você vai experimentar " Ele diz sorrindo " Vem.." Ele diz  segurando minha mão e atravessa a rua até uma sorveteria.

" A gente pode pegar um sorvete e andar pelo porto enquanto come, o que acha?" Ele pergunta

"Acho legal..." Digo

"Ótimo" Ele diz sorrindo " Qual sabor você vai querer?" Ele diz

  e eu olho a vitrine.

Eram tantas opções...Resolvo pegar um de iogurte com frutas vermelhas. Ele pega um de baunilha.

Ele paga e nós pegamos nossos copos com  sorvete.

Caminhamos pelo porto em um silêncio confortável dessa vez....

Era primavera e as cerejeiras em volta do porto estavam floridas... Com o vento as flores voavam parecendo neve rosada....

Assim que coloco o sorvete na boca eu fecho os olhos apreciando o sabor e soltando um suspiro...eu nunca tinha experimentado nada assim...

"Gostou?" Ele pergunta

"Como eu vivi sem nunca ter experimentado isso é um mistério" Digo e ele ri " Na verdade não é tão mistério assim....eu só não saio com muita frequência..."

"Por que ?'' Ele pergunta

"Não sei...ás vezes trabalho...ás vezes um livro acaba sendo mais interessante..." Digo

"Então ta na hora da gente mudar isso" Ele diz sorrindo e eu sorrio de volta comendo meu sorvete " E então, desde quando você começou a se interessar pelos livros?"

"Hmmm acho que desde sempre...meu pai falava que minha mãe sempre lia seu livro favorito pra mim desde que eu estava na barriga dela....Era o conde de monte cristo, foi presente do meu pai pra minha mãe. Ele tinha uma capa dura e preta e na frente era detalhado em dourado...era bem antigo.... Eu lembro até hoje do livro....quando eu sentia falta dela meu pai lia pra mim...Infelizmente eu não tenho esse livro desde que meu pai faleceu...Mas e você?" Pergunto

"Começou um pouco depois que eu fui adotado, meu pai adotivo tem uma biblioteca enorme na casa dele. Ele me deu um livro pra ler e então eu criei gosto" Ele diz

"Não brinca que você tem  acesso a uma biblioteca particular?" Digo surpresa " Nossa deve ser o máximo ter uma biblioteca em casa! Tem uma lareira e um sofá  bem confortável?" Pergunto e ele concorda com a cabeça " Ai meu deus! Isso é o sonho de consumo de qualquer leitor!" Digo animada e ele da uma risada

"Isso eu não posso discordar...principalmente no inverno. É sempre bom ler um bom livro de frente a lareira tomando um bom chá" Ele diz

"Aiiii que inveja!....no inverno o mais perto que eu chego de uma lareira é se eu acender uma vela no meu apartamento" Digo  rindo e ele ri  junto " Um dia....eu vou ter uma casa...e eu vou construir minha própria biblioteca...." Digo

"E como seria sua casa dos sonhos ?" Ele pergunta

"Hmmm.... seria no campo,ou o mais afastado possível do centro....com um belo jardim , com uma árvore bem grande, pra poder me sentar na sombra e  ler ou fazer um piquinique nos dia ensolarados....a biblioteca que eu já mencionei, e óbvio a lareira....E todos os comodos com uma janela bem grande pra poder ver a neve cair..." Digo sorrindo olhando pro longe.

Meu sorriso se desfaz um pouco quando olho pra ele...

Ele olhava pra mim com um sorriso bobo

"O que foi?" Pergunto

"Nada....é só que você ficou muito fofa enquanto contava...." Ele diz e minha bochecha fica vermelha

Quando  terminamos  o sorvete nós voltamos para o carro.

Ele abre a porta para que eu entre e entra logo em seguida.

"E então onde você mora?" Ele pergunta se virando pra mim

"Você pode me deixar em qualquer ponto de táxi que eu volto pra casa" Digo

"Por que? Você mora em algum esconderijo secreto?" Ele diz rindo e meu olho arregala.

"N-não...é só que não quero incomodar" Minto

"Tá tudo bem. Não é incomodo nenhum" Ele diz com um sorriso de lado

Droga.....não dá esse sorriso.....

Se eu insistir que não,  ele vai achar esquisito....É só um prédio.....ele não vai descobrir sua identidade assim....

"Fica a algumas quadras da loja..." Digo e então falo o endereço.

Ele dirige até lá....minhas mãos estavam suadas e meu coração estava acelerado.....

Eu estava nervosa mas gostava da sensação.....

Quem diria....uma assassina sangue frio, que não tem medo de nada, nervosa por causa de  um cara.....

Ele para na porta e nós descemos.

Ele me acompanha até a porta e eu tiro a chave da mochila...

Algo dentro de mim não queria que a noite acabasse....eu gostava da sensação....

Ele pega o telefone e estende pra mim

"Trato é trato" Ele diz com um leve sorriso

Eu estava perto de conseguir minha liberdade....quem sabe esse seja um bom começo...mesmo que no futuro não seja algo romântico, talvez isso possa se tornar uma boa amizade...

Pego seu telefone e digito meu número e entrego pra ele.

Ele guarda o celular no bolso.

"Obrigada pela noite..." Digo com um sorriso tímido

"Eu que agradeço...Boa noite Miyuki" Ele diz

Ele se inclina e beija minha bochecha mas não se afasta...

Seu rosto ainda estava próximo do meu e eu sentia sua respiração fazer cócegas em minha bochecha...ele se afasta devagar até chegar perto da minha boca...

Meu coração dispara apenas com a ideia de ele me beijar.....

Então ele acaba com a distância entre nós depositando um beijo delicado em meus lábios.

Sinto meus lábios formigarem e um arrepio percorrer meu corpo...

Então essa era a sensação de ser apenas uma pessoa normal, tendo um encontro normal?

Era uma sensação muito boa.....

Ele se afasta um pouco e me olha nos olhos....

Ele segura meu rosto e chega mais perto, diminuindo a distancia dos nossos corpos e lábios....

Não podia negar, o beijo tinha muita química... eu sentia coisas que antes eu só lia em livros....

Abro a porta do meu apartamento, ligo o interruptor  e nós entramos.

Fecho a porta e Yuta não perde tempo.

Ele me empurra de leve até minhas costas encostarem na porta e volta a me beijar.

Ele tira meu casaco sem interromper o beijo e eu desato o nó da sua gravata.

Quando falta ar afastamos nossos rostos.

"Quarto?"Ele pergunta olhando pra mim e eu concordo com a cabeça.

Puxo ele pela mão até meu quarto.

Assim que entramos ele meu puxa de novo e volta a me beijar .

Ele começa a desabotoar seu colete e o joga no chão

Ajudo ele a desabotoar sua blusa social enquanto nos beijamos.

Nos afastamos um pouco pra recuperar o fôlego e ele tira a camisa.

Sinto o ar ser puxado dos meus pulmões assim que olho pro seu corpo...

Ele se aproxima de novo segurando minha nuca.

"Yuta..." Digo sussurando

Ele me olha

"Tá tudo bem?" Ele pergunta

"Tá...tudo perfeito...é só que, acho que seria bom você saber....essa é a minha..." Tento achar as palavras

"Sua primeira vez?" Ele pergunta com um leve sorriso e eu concordo com a cabeça timidamente "Você tem certeza sobre isso?" Ele pergunta em um tom calmo

"Eu acho que eu nunca tive tanta certeza sobre algo" Falo baixo e vejo o sorriso em seu rosto aumentar.

"Eu prometo ser gentil. Quando quiser que eu paro, eu paro. É você quem manda, entendeu?" Ele diz e eu concordo com a cabeça olhando eu seus olhos

Ele volta a me beijar delicadamente e sua mão vai de encontro com a barra da minha blusa.

Ele coloca suas mãos em minhas costas  dentro da minha blusa e eu sinto um frio na barriga.

Acordo no dia seguinte com o meu despertador.

Vejo que estava deitada sobre o peito de Yuta.

Ele se mexe acordando.

Eu me levanto e desligo o despertador.

"Desculpa, eu esqueci o despertador....." Digo me virando pra ele

Ele abre um sorriso.

"Tudo bem, eu também acordo cedo" Ele diz e me puxa pra um abraço

A noite foi simplesmente incrivel....como um verdadeiro sonho....Pela primeira vez eu me senti feliz, senti como se eu finalmente estivesse livre...

"Eu tenho que ir pro trabalho, mas o que acha de tomarmos um café antes?" Ele pergunta

"Acho ótimo" Digo

"Acho melhor eu vestir minhas roupas antes " Ele diz em um tom brincalhão e eu rio.

Ele me dá um beijo na testa, me solta e se senta na cama ficando de costas pra mim enquanto pega sua calça.

Assim que eu olho pras costas dele meu sangue gela, e meu sorriso desaparece.

Sinto meu coração vir parar na garganta.

"Você....é membro da Bushi...." Digo quase sussurando

Ele se vira pra mim

"O que você acabou de dizer? " Ele pergunta um pouco assustado

"Yuta, você é membro da Bushi?" Pergunto sem acreditar

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