Era um dia ensolarado numa pequena cidade em Melbourne, na Austrália, três melhores amigos se reuniram em um canto do pátio da escola, discutindo mais uma vez sobre a música que estavam ensinando há dias.
Araceli, uma jovem de dezoito anos, com cabelos azuis escuros, olhos negros como a noite e da cor de mel. Ela era a líder do grupinho e o elo que mantinha eles juntos.
— Vocês não têm ideia de como a última música que ouvi me inspirou! — exclamou, seus dedos ansiosos para tocar no teclado. Ela era tecladista desde criança. Era a única dali que tinha carreira antes da banda.
Ciel, um rapaz branco de cabelos prateados e olhos cinzentos, que tinha a mesma idade que ela, assentiu com um sorriso animado. Ele era o melhor amigo dela.
— Concordo com você, Celinha. E acredito que com a minha nova batida na bateria podemos fazer algo incrível!
Luck, o terceiro membro do grupo, era um rapaz de dezessete anos, negro, com olhos âmbar e cabelos brancos como a neve. Ele segurava seu baixo com carinho e olhou para ele com amor enquanto respondia:
— E vocês sabem que o baixo aqui vai dar o toque final perfeito a tudo isso. Não posso esperar para ver o que conseguiremos criar juntos.
Enquanto eles discutiam acaloradamente sobre suas expectativas musicais, uma voz suave e angelical interrompeu a conversa.
Rosie, uma garota loira de olhos azuis e aparência encantadora, se aproximou deles com uma pergunta inocente.
— Desculpe, onde fica a sala do diretor? Eu sou nova aqui.
Os olhos de Ciel e Luck se iluminaram instantaneamente ao ver Rosie, enquanto Araceli, surpresa com a chegada da nova aluna, decidiu ajudar, pois era a conselheira do Grêmio estudantil.
— Ah, você é nova? Vem comigo, eu te mostro onde fica a sala do diretor — disse com um sorriso acolhedor, como um verdadeiro raio de sol.
Enquanto Araceli e Rosie se afastavam para resolver a dúvida, Ciel e Luck continuavam sua conversa animada, mesmo que o pensamento do prateado só estivesse a aluna nova. Os dois sabiam que um novo momento estava chegando para a banda – e isso os deixavam animados.
Após levar Rosie até o diretor, Araceli contou ao grupo que ela estava na mesma sala de aula que eles. Ciel achou que o destino parecia unir os caminhos dos dois de forma misteriosa, o que era bom.
Rosie chegou na sala, olhando para todos os cantos, mesmo que estivesse com a cabeça baixa. A azulada estava em pé ao lado da professora e, quando a viu, se aproximou com um sorriso aberto.
— Rosie, certo? — perguntou e a menor concordou, ainda meio tímida. — Seja bem-vinda à nossa sala! Não precisa ficar tímida, a nossa sala é a mais "de boa" do terceiro ano.
— Obrigada…
— Se você quiser, tem um lado disponível para sentar bem ali perto do meu amigo — apontou para o prateado. — Lá é bom para enxergar o quadro, também não é muito chamativo e é bem confortável porque o vento pega bem lá. Então é quase o melhor lugar da sala para se sentar.
— É eu posso ficar ali? Ninguém vai se incomodar…?
— Nem um pouco! — afirmou a maior, enquanto sorria. — Aqui cada um escolhe uma cadeira para sentar, lá não tem ninguém. Ele tá sem dupla no caso… Você pode sentar, ninguém vai se incomodar.
— Muito obrigada mesmo. Não sei se mereço tanto gentileza-
— Não diga isso, gentileza sempre é bom. Bem, eu vou me sentar. Seja bem vinda novamente e se precisar de qualquer coisa e só me chamar.
— Eu vou chamar — sorriu — obrigada!
A loira agradeceu novamente enquanto a azulada ia se sentar no fundo, do lado de uma pessoa que ela não conhecia, e ela ia se sentar no seu novo lugar, do lado do prateado. Todas as mesas eram em duplas, como era costume daquele país.
No final da aula, quando a escola se esvaziou e os três voltaram para casa juntos, eles encontraram Rosie caminhando pelas ruas da cidade, na mesma direção que eles.
— Rosie! Que coincidência você aqui! — disse Araceli, enquanto se aproximava da menor. — Você também mora nessa direção?
Meio tímida, a loira concordou, encolhendo-se um pouco para trás enquanto abaixava a cabeça.
— S-sim, eu acabei de me mudar...
— Seja bem-vinda! Se precisar de ajuda ou companhia, estou aqui. — ela sorriu, mostrando todos seus dentes. — Eu sou Araceli. E aquele ali é o Luck — apontou para o negro dos cabelos brancos — E Ciel, o menino que senta ao seu lado — apontou para o branco dos cabelos prateados. — O Ciel pode ter cara fechada, mas é um amor de pessoa — sussurrou para ela, meio sugestiva.
— É um prazer conhecer vocês! — disse ela, meio tímida.
— Prazer — disseram os dois, olhando para a menor de cima a baixo.
— Vem, vamos voltar — disse a azulada, animada.
Araceli foi andando para sua casa enquanto os outros três também vinham. Os meninos ficaram ao lado de Rosie enquanto ela ia na frente, totalmente distraída.
Eles voltaram cada um para sua casa. O primeiro a se despedir foi o Luck, que entrou na casa com seu baixo nas costas. Duas ruas depois foi a Rosie, que timidamente acenou para eles enquanto entrava na casa.
— Parece que ficou só eu e-
— Eu já percebi, Ciel. Você gostou dela, né? — interrompeu ele, rindo no final. — Ela parece ser um amor... Acho que se eu fosse homem também gostaria dela.
— Então, Graças a Deus que você não é um homem… — ele suspirou aliviado, pois sabia que a personalidade dela era encantadora e todos gostavam dela.
Os dois voltaram a andar. Ciel entrou na sua casa e, em frente dessa casa, era a casa da Araceli. Ela também entrou, tirando seus tênis e colocando os chinelos amarelos da entrada.
Ela se dirigiu para seu quarto roxo, com estantes cheias de livros, uma linda cama e uma escrivaninha, onde tinha a tão ansiosa carta.
Ela não sabia o que fazer quanto a isso. Dúvidas passavam por sua cabeça.
— O que eu devo fazer? Será que eu devo ir? — perguntou ao vento, mas ela sabia que ele não poderia respondê-la.
Essa era uma decisão que só cabia a ela.
Duas semanas depois
Austrália, domingo, 16:50h.
Araceli e Ciel estavam a praticar música no pequeno estúdio nos fundos da casa dela. Ela estava sentada ao teclado, e Ciel, batendo nas baquetas, estava completamente concentrado, mas na sua mente só se passava um nome.
— Você precisa se aproximar dela, Ciel. Mostre seu talento na bateria e faça com que ela note você de uma forma especial. — Araceli aconselhou, enquanto tocava uma melodia suave. — E lembra. A banda favorita dela é Monsters.
Ciel assentiu, mas havia uma mistura de determinação e nervosismo em seu olhar. Ele sabia que conquistar Rosie talvez não fosse fácil.
Enquanto isso, Luck estava em sua própria jornada emocional. Ele caminhava pela rua com as mãos nos bolsos, pensativo. Seus olhos âmbar refletiam a incerteza que estava sentindo. Ele sabia que algo estava mudando dentro dele, algo que ele não queria admitir – na realidade, talvez não pudesse admitir.
Na escola, Rosie continuava a se adaptar, fazendo amizade com o trio. Araceli e Rosie se tornaram próximas, compartilhando segredos e risos. Rosie apreciava a amizade sincera que encontrou. A azulada era realmente encantadora.
No entanto, Rosie era alheia às tensões que cresciam entre Ciel e Luck. Às vezes, ela notava seus olhares e conversas embaraçosas, mas atribuía isso à natureza complexa das amizades. Ainda mais os dois tinham uma leve disputa entre si, mas era algo que os três faziam, às vezes até mesmo de forma inconsciente.
Em uma tarde ensolarada, na segunda-feira, após a aula, Ciel finalmente reuniu coragem para fazer algo especial por Rosie. Ele apareceu com um pequeno presente, um CD de uma banda que ele sabia que ela gostava.
— Ei, Rosie, eu trouxe isso para você. Pensei que talvez gostasse dessa música. — Ele estendeu o CD com um sorriso hesitante, suas mãos estavam suando e, no fundo do seu interior, sentia vontade de sair correndo dali.
Rosie ficou surpresa com o gesto, aceitando o presente com gratidão.
— Ciel, isso é muito gentil da sua parte. Obrigada! — ela disse, e seus olhos azuis encontraram os olhos cinzentos dele por um momento significativo. Ela sorriu, fazendo o coração do maior vacilar. E, ali, ele percebeu: realmente estava completamente apaixonado por ela.
Enquanto isso, Araceli estava preocupada com Luck, que não havia comparecido ao ensaio da banda. Ela sempre prestava atenção nos seus amigos, ela sabia que algo estava acontecendo, mas não sabia exatamente o que era. Mas ela o conhecia bem para saber que ele estava em uma questão pessoal
— Luck, algo está acontecendo? Você não apareceu no ensaio... Sabe, eu me preocupo com vocês dois, sinto que a conexão de vocês está mudando... — Araceli expressou sua preocupação enquanto conversava com Luck. — Você sabe que pode me contar qualquer coisa.
Luck a olhou, seus olhos âmbar revelando uma pequena dor – a qual ela percebeu, mas não sabia o motivo – Ele não disse nada sobre seus sentimentos por Rosie, mas começou a explicar:
— Não é nada, Celi. Eu tive pendências a resolver... E sobre a minha discussão com o Ciel foi por conta da comida. Ele pegou de mim... E ele sabia que era a minha comida favorita…
Araceli percebeu a tristeza em seu olhar, mas aceitou sua explicação, confiando nele, mesmo que a sua explicação não parecesse ser exatamente sobre a comida.
— Se você diz. Eu confio em você. — a azulada sorriu e, no fundo, o coração do negro se remexeu. Que sentimento era aquele que estava sentido? — Amanhã iremos conversar sobre as audições para encontrar a cantora, tá? Eu preciso ir agora, mas se precisar de mim é só me ligar.
— Está certo, eu irei comparecer… Tchau, Celinha. — ele a chamou pelo apelido enquanto a menor saía, deixando-o pensativo em seu próprio mundo. Onde tudo o que desejava acontecia.
Talvez eu realmente não tenha sorte no amor…
Ou talvez ele não percebeu que o amor estava na sua frente.
Os preparativos para as audições da banda Cioccolato estavam a todo vapor. Araceli, Ciel e Luck passaram horas tocando nos seus instrumentos para as pessoas que vieram para lá. O ambiente estava eletrizado de expectativa e nervosismo.
Em um dia ensolarado, eles chegaram ao local das audições às sete da manhã - e já haviam se passado horas - O auditório da escola estava lotado de cantores de todos os tipos. Dentre eles, uma figura familiar chamou a atenção de Ciel e Araceli: Dália, a ex-namorada de Ciel. Ela se preparava para sua própria audição.
A azulada sussurrou para o maior enquanto observava a cobra no palco: — Você lembra o que ela tentou fazer com o Mask no passado, não é?
Ciel acenou com a cabeça, sua expressão tensa. Ele nunca esqueceu o que Dália tentou fazer a Mask, o representante do Grêmio estudantil, mas desconhecia o papel de sua amiga em evitar que a situação piorasse.
No entanto, eles foram interrompidos por Rosie, que estava entusiasmada com as audições. Ela estava ansiosa para mostrar sua voz suave e emocional.
O primeiro candidato do último turno se apresentou, seguido por outros cantores, incluindo Dália, que demonstrou seu talento vocal impressionante. Ciel e Araceli assistiram com atenção, mas havia uma tensão palpável no ar.
Quando chegou a vez de Rosie, ela subiu ao palco com confiança. Sua voz preencheu o auditório, deixando todos impressionados. A melodia suave e emotiva combinava perfeitamente com o estilo da banda Cioccolato. Os membros da banda trocaram olhares de aprovação enquanto Rosie cantava.
Enquanto as audições continuavam, a tensão entre Ciel, Araceli e Dália aumentava. Rosie percebeu a atmosfera pesada e decidiu abordar Araceli no final do último turno.
— Araceli, o que está acontecendo entre você, Ciel e Dália? Sinto que tem algo estranho no ar.
Araceli hesitou por um momento, tentando encontrar as palavras certas para explicar a situação delicada.
— Rosie, é complicado. Ciel e Dália tinham uma história juntos, e eu... bem, eu não gosto muito dela por causa do que ela tentou fazer com um amigo no passado.
Rosie ficou surpresa, mas antes que pudesse perguntar mais, mas Ciel a chamou de lado, puxando-a para longe dali e a levando para outro lugar.
— Rosie, preciso apresentá-la à nossa compositora e produtora, Ártemis. Ela é incrível e tem nos ajudado muito com as músicas e a divulgação. — Ciel sorriu para Rosie, querendo compartilhar sua excitação por tê-la na banda.
Rosie assentiu com entusiasmo e seguiu Ciel enquanto ele a levava até Ártemis para a apresentação.
Enquanto isso, Luck se aproximou de Araceli, e apesar de seu sorriso aparente, havia um toque de seriedade. Araceli percebeu imediatamente a mudança no semblante de Luck. Ela não tinha ideia do que estava passando em sua mente, e isso a deixou desconfortável, especialmente com a presença da Dália tornando tudo mais complicado.
Os dois permaneceram em silêncio, incapazes de encontrar as palavras certas para quebrar a tensão que pairava entre eles.
Quando Ciel e Rosie voltaram após a apresentação para Ártemis, todos notaram a atmosfera tensa.
Ciel quebrou o silêncio, tentando dissipar a tensão.
— Tá tudo bem aqui? — ele perguntou, com um tom de preocupação perceptível em sua voz. Araceli concordou com um aceno, enquanto Luck permanecia em silêncio, sua expressão escondendo o turbilhão de emoções que ele estava sentindo.
Os quatro membros da banda sabiam que tinham muito a discutir. A banda estava entrando em uma nova fase, mas a volta de Dália e as complexas dinâmicas entre eles representavam desafios significativos para o futuro da Cioccolato.
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— Araceli, você parece meio para baixo — disse Ártemis, enquanto as duas estavam sozinhas. — Algo aconteceu?
— Não… Eu só estava pensativa.
— Você sabe que pode me contar as coisas, somos primas! — a outra azulada tentou consolá-la, mas a maior continuava com a mente longe dali. — Hmmm, problema com o seu boy?
— Que boy, mulher? Eu não tenho nenhum!
— Hmm, não foi isso que a Jarid me disse…
— Não acredita em tudo que ela diz! Ainda mais, ela não tá aqui!
— Eu só tava jogando verde. — reclamou, enquanto a sua cara fechava e ela cruzava os braços. — Você não me conta nada! Vai, você gosta de alguém?
— Por que você não pergunta para Jarid já que vocês são tão amiguinhas?
— Tá com ciúmes?
— Eu?! — disse, indignada. — Claro que não!
— Não precisa ficar com ciúmes priminha-
— Já disse que não estou — cortou-a — É para você saber. É ainda ele.
— Eu sabia! Eu sabia! — começou a dizer, enquanto ria e aprontava para a maior, que estava com a cara fechada. — Sabia que você não tinha superado sua paixão por ele.
— Vamos só esquecer disso, tá?
— Você deveria dizer para ele…
— Não é tão fácil-
— Foi fácil para mim. — ela disse, enquanto a outra terminava de fechar as coisas. — E olha, tenho certeza que ele também gosta de você.
— Não sei… às vezes sinto que não. Eu não sei. Nem todo mundo é como você, prima.
— Deveria falar, às vezes ele gosta de você. Agarra essa grave e lança um sla-
— Ei, ei, ei! — interrompeu ela — Fique quietinha, dona.
— Já não está aqui quem falou.
Ela limpou suas mãos. Araceli já tinha terminado de fechar tudo. As duas foram embora, enquanto iam para casa.
— Um dia eu vou tentar dizer…
— Promete?
— Prometo! — concordou.
— De dedinho?
— De dedinho — as duas juntaram os seus dedinhos e continuaram voltando.
As duas poderiam ser primas, mas eram como irmãs de outra mãe. No caso, outra tia.
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