NovelToon NovelToon

A Arte Do Amor

Cap. 1

Mari estava muito feliz, e ao mesmo tempo sentia um friozinho na barriga com o que estava prestes a acontecer. Ela estava realizando o sonho de passar uma temporada na Itália após se formar em artes, com habilitação em escultura.

_ Mari, relaxa! Você sempre quis fazer essa viagem, agora tem que ficar calma. Falou Bia com a amiga que estava bastante nervosa.

_ Eu sei Bia, mas eu vou ficar com saudades,  ainda mais agora que o Noah nasceu e você não pode viajar comigo.

Eu sei... Pensei em ir com você nessa viagem, mas a minha vida mudou desde que descobrir que estava grávida e sozinha. Bia ficou seria pois Rafael, o pai do seu filho, havia saído da sua vida sem dar explicações. Mas você vai viajar e se divertir por nós duas, esse era o seu sonho desde que entrou na faculdade. Eu me lembro bem como você estava empolgada com a viagem, e agora fica assim? Não pode! Bia tentava animar Mari.

_ É que são tantas coisas, eu vou viajar sozinha para outro país pela primeira vez, não domino bem o idioma...

_ Mas eu tenho certeza que você vai se sair bem, você é muito inteligente, Mari.

Você tem razão. Mari suspirou ficando mais calma. Eu vou, e assim que eu voltar de viagem, venho correndo te ver e dar muitos beijos no meu afilhado. Ele é lindo, e sei que nesses meses que vou ficar fora, ele vai crescer e mudar bastante.

Sim, ele vai, o Noah com um mês já mudou bastante… Agora me dê um abraço, está na hora de você ir, senão vai perder o seu voo. Pediu Bia abrindo os braços para Mari. Já estou com saudades…

_ Eu também...

Antes de viajar, Mari passou na casa de Bia e se despediu da amiga e do filho, seguindo direto para o aeroporto onde embarcou para a Itália.

Mariana, mais conhecida como Mari, uma escultora talentosa, tinha acabado se  formar na faculdade. As suas criações, sempre inspiradas na natureza, agradavam a todos que conheciam seu trabalho e sua paixão por transformar metal, matéria prima que gostava de trabalhar, em arte. Seu estúdio estava repleto de esculturas que refletiam sua habilidade excepcional. No entanto, ela sempre teve vontade de conhecer a Itália, e havia planejado  viajar para o país europeu assim terminasse a faculdade. Por isso, poucos dias depois de se formar, ela embarcou em uma viagem sozinha para a Itália.

_ Fique calma Mariana, você já tem vinte e três anos fala fluentemente inglês e um pouco de italiano, você vai sobreviver. Falou para si mesma quando o avião aterrissou em solo italiano.

Uma semana se passou, e Mari estava completamente imersa em sua jornada pela Itália. Ela estava visitando o  país não apenas em busca de inspiração para suas esculturas, mas também para explorar as maravilhas arquitetônicas, artísticas e gastronômicas que a Itália tinha a oferecer, e ela estava aproveitando bem a viagem.

Caminhando pelas ruas de Roma, ela ficou maravilhada com a grandiosidade do Coliseu, onde chegou a imaginar  como seria o eco das multidões que haviam assistido a batalhas épicas ali séculos atrás. Em Florença, ela se perdeu nos corredores do renomado Museu Uffizi, onde obras-primas renascentistas a deixaram sem palavras. Os detalhes e a precisão das esculturas que adornavam as praças e edifícios históricos a deixaram em êxtase.

No entanto, o que realmente roubou seu coração foram as esculturas em mármore de Carrara, onde cada pedaço de pedra parecia contar uma história própria.

Enquanto percorria as praças antigas e os becos estreitos das cidades italianas, Mari não conseguia evitar a sensação de que a Itália era o lugar onde a arte ganhava vida. A história e a paixão que emanavam de cada estátua e edifício a envolviam e a inspiravam, e quando ela voltasse ao seu estúdio, estaria pronta para iniciar uma nova fase como escultora.

_ Estou com fome. Pensou alto ao passar em frente a uma cantina clássica italiana que já estava aberta, onde ela pensava em jantar naquela noite.

_Attenzione pickpocket!

Gritou uma senhora fazendo Mari assustar, afinal ela conhecia bem a história por trás da frase que tinha se tornado viral há pouco tempo. E Mari olhou para os lados tentando entender o que estava acontecendo, vendo uma movimentação estranha.

Enquanto isso, Lucca caminhava rapidamente pela mesma rua, segurando algumas sacolas repletas de ingredientes frescos para o restaurante onde trabalhava. Ele estava atrasado e com pressa para chegar ao restaurante e começar a preparar o jantar para os clientes que aguardavam ansiosamente.

O inevitável aconteceu quando Mari se virou de repente esbarrando em Lucca. As sacolas que ele carregava escaparam das suas mãos e os ingredientes caíram espalhados pelo chão. Mari percebeu imediatamente o que havia acontecido e quando foi pedir desculpas, percebeu que o homem com quem tinha trombado estava visivelmente nervoso e irritado com as mãos sobre o rosto.

_Desculpe\, quer dizer sorry\, perdono... eu não vi você.  Mari nervosa começou a misturar inglês\, português e italiano\, e ao se abaixar na tentativa de recolher os ingredientes\, mas ela escorregou caindo sobre uma das sacolas que estava intacta._ O que eu fiz… Falou totalmente envergonhada.

No entanto, Lucca parecia mais preocupado em verificar os ingredientes do que em aceitar as desculpas.

_A senhorita deveria prestar mais atenção por onde anda! Resmungou gesticulando com a mão. _Olha, isso é um desperdício e vai atrasar todo o meu trabalho. Disse em italiano, e Mari bastante nervosa não compreendeu o que ele estava dizendo, e pensou que estava sendo xingada por Lucca.

_ Sem educação, não viu que foi um acidente! Falou Mari tentando se levantar sendo encarada por Lucca.

_ A senhorita pensa que eu não estou entendendo o que está falando? Questionou Lucca em português surpreendendo Mari.

Mari, 23 anos

Lucca, 27 anos. (imagens tiradas da Internet).

Cap. 2

“Ele fala português?” Perguntou-se Mari mentalmente sentindo que sua roupa estava molhada.

_ Ah, não...ovos? Falou passando a mão na roupa e sentindo o cheiro de ovos que a fez fazer uma careta.

_ Sim, você quebrou todos os ovos orgânicos que eu tinha.

_ A culpa não foi minha...  Os dois voltaram a discutir e Mari se levantou encarando os olhos azuis de Lucca que a deixaram intimidada.

_ Agora o que eu vou fazer?

_ É simples, compre mais ovos. Respondeu Mari.

_Agora? Lucca cruzou os braços e olhou para o chão, visivelmente frustrado. _ Isso não teria acontecido se você estivesse prestando atenção na rua. Falou observando Mari ficar nervosa, percebendo o quando ela era bonita, e para Lucca,  parecia que ela ficava mais bonita cada segundo que se passava.

_ Você está me culpando? Deveria ir atrás da senhora que gritou pipoquete.

Lucca achou graça na expressão de Mari e ficou calmo, chegando a conclusão de que o que havia acontecido era realmente um acidente e que ele estava exagerando, pensava até em pedir desculpas a Mari por ter se exaltado.

_Agora só falta dizer que eu tenho que pagar pelos seus ingredientes. Disse Mari cheirando a mão e voltando a fazer careta, e seu rosto ficou vermelho por causa da sua irritação, fazendo Lucca começar a rir, mas se ele conteve ficando sério. _ Eu estou cheirando a ovo... Resmungou Mari, e naquele momento Lucca sentiu o cheiro dela, que nada tinha a ver com o cheiro de ovos, era um aroma agradável ao olfato dele.

_ Sim, e a senhorita deve comprar ovos para mim. Falou Lucca com a intenção de provocar Mari mais um pouco. Mari começou a rir de nervoso vendo algumas pessoas se aproximarem de onde estavam, pensando que ele estava falando sério.

_ Lucca, che succede? (Lucca, o que está acontecendo?).  Perguntou um senhor olhando para Mari que não queria chamar atenção.

_ Com licença eu preciso ir. Falou saindo visivelmente irritada com Lucca, sem ver que ele começou a rir.

_ Senhorita… Senhorita… os ovos! Chamava Lucca vendo Mari virar a esquina sem olhar para trás indo em direção ao hotel onde estava hospedada.

_ O que aquela bela ragazza fez para você? Perguntou o senhor.

_ Nada Toni, absolutamente nada. Agora eu preciso ir, senão não consigo atender os clientes do meu restaurante hoje. Lucca terminou de recolher as sacolas para colocar no lixo e seguiu para o seu restaurante.

Enquanto Mari seguia para o hotel, a discussão com Lucca continuava na sua mente.

_ Comprar ovos para você? Nem pensar… Esbravejou lembrando do sotaque gostoso que ele tinha ao falar português e dos olhos azuis que a deixaram intimidada. _ Aff, eu estou cheirando a ovo. Reclamou mais uma vez.

O encontro conturbado com o cozinheiro italiano a deixou com a roupa suja e nervosa, e Mari não imaginava o que o futuro reservava para eles.

Já Lucca, chegou no restaurante trocou de roupa e foi direto para a cozinha, estava atrasado e queria atender bem aos turistas que sempre lotavam o seu restaurante naquela época, estavam na primeira, e as noites tinham o clima agradável.

_ Estou atrasado... Falou começando a cortar os ingredientes.

Lucca, um jovem cozinheiro italiano de vinte e sete anos. Seu charme e simpatia eram evidente desde o momento em que alguém o conhecia.  O seu olhar profundo e penetrante revelavam a sua intensidade e dedicação em tudo que fazia.

 Algo pelo qual ele era profundamente apaixonado: a vida  ativa e agitada na cozinha. Suas mãos ágeis e habilidosas, eram capazes de criar obras-primas culinárias com facilidade. E a paixão de Lucca pela comida era evidente na sua postura e expressão quando ele falava sobre sua cozinha. Seus olhos se iluminam com entusiasmo quando descrevia pratos e ingredientes que usava. Frequentemente o seu avental fica manchado de ingredientes frescos, demonstrando seu amor pela gastronomia e seu comprometimento com a arte da culinária.

O seu restaurante valorizava  a autenticidade dos sabores e a tradição da culinária italiana, buscando sempre criar pratos que inspirem os sentidos e transmitam sua conexão profunda com a comida.

Enquanto ele preparava os pratos para a noite, seus pensamentos não conseguiam se afastar de Mari. Sua imagem, sua expressão continuavam na sua mente. Ele não conseguia evitar pensar na jovem brasileira que havia esbarrado nele na rua. A maneira como ela o olhou com aqueles olhos intensos e o seu sorriso nervoso  quando pensou que teria que comprar mais ovos o intrigava.

Enquanto mexia uma panela com molho, Lucca percebeu que sua mente estava vagando. Ele não conseguia se concentrar em suas tarefas culinárias, e isso era incomum para ele, que sempre se dedicava ao máximo quando estava na cozinha.

_ Bella donna, como será que ela se chama? Será que eu voltarei a vê-la? Murmurou Lucca para si mesmo, sem perceber que ele não tinha parado de pensar em Mari desde o encontro desastroso na rua.

Lucca sabia que tinha que se concentrar em seu trabalho, afinal, ele era um cozinheiro e o seu restaurante dependia de suas habilidades. No entanto, algo sobre Mari o havia tocado de maneira diferente e inexplicável. Era como se o encontro com ela o tivesse despertado para algo novo e desconhecido, algo que ele não conseguia ignorar.

_Mantenha o Foco, Lucca... A noite começou com Lucca se esforçando para manter o foco em suas tarefas, mas sua mente continuava voltando a Mari. Ele percebeu que algo especial estava acontecendo, algo que ia além da mera coincidência de um encontro inusitado, pois  Mari tinha entrado em sua vida como um ingrediente misterioso que ele ainda não sabia qual era.

Cap. 3

Após um relaxante banho e descansar um pouco, Mari resolveu provar um pouco da gastronomia de Florença e saiu para jantar. Ela estava ansiosa para experimentar a culinária local e se deliciar com os sabores italianos autênticos. Lembrou-se do restaurante que tinha visto mais cedo, ela decidiu dar uma chance a aquele lugar.

Ao entrar no restaurante, Mari foi imediatamente envolvida por uma atmosfera calorosa e acolhedora. A decoração era aconchegante, com paredes de tijolos expostos e mesas iluminadas por velas. O aroma divino de pratos italianos estava no ar, e Mari sentiu que estava prestes a vivenciar uma experiência gastronômica única.

Ela escolheu uma mesa próxima à janela, de onde podia observar a movimentação nas ruas de Florença enquanto aguardava seu pedido. Assim que os pratos começaram a chegar, Mari ficou encantada com o aroma os sabores . Cada garfada era uma descoberta, revelando camadas de sabores e texturas que a faziam suspirar de prazer.

O restaurante servia pratos tradicionais italianos, como uma lasanha de carne com molho de tomate rico e parmesão derretido, e o tiramisu incrivelmente cremoso e suave de sobremesa. Mari percebeu que o chef responsável por aquela refeição era um verdadeiro artista culinário.

_ Posso comer aqui todos os dia...

Enquanto desfrutava de sua refeição, Mari não podia evitar pensar que estava vivenciando uma experiência verdadeiramente mágica. Os sabores italianos a envolviam, despertando uma paixão e apreciação pela gastronomia que ela nunca havia sentido antes.

A comida tinha uma capacidade única de conectá-la com a cultura e a paixão que Florença tinha a oferecer, e Mari estava pronta para explorar mais dessas delícias culinárias enquanto continuava sua jornada pela cidade.

Quando Mari terminava de saborear a sobremesa, ela notou um homem alto e charmoso começando a circular entre as mesas, cumprimentando os clientes e verificando a satisfação deles com a comida. Ele usava um avental de chef e tinha um ar de confiança que não passou despercebido.

_ Humm, parece um homem bonito. Concluiu ainda o observando. A medida que ele se aproximava da mesa de Mari, ela sentiu seu coração dar um salto. Seus olhos encontraram os olhos de Lucca, o homem com quem ela tinha tido o encontro conturbado mais cedo. A surpresa de Mari não podia ser disfarçada, e seus olhares se encontraram em um momento de reconhecimento mútuo.

Os dois ficaram se encarando por um momento, enquanto o restaurante seu redor, parecia desaparecer. A tensão entre eles estava no ar, e Mari desviou o olhar tentando entender a inquietação no seu peito.

Mari não conseguia acreditar que o homem a quem ela tinha encontrado na rua mais cedo era, na verdade, o proprietário e chef do restaurante pelo qual ela havia se apaixonado.

_ Boa noite, a senhorita está aproveitando a refeição? Lucca finalmente quebrou o silêncio, com um sorriso charmoso nos lábios, e com a voz suave que continha uma pitada de surpresa.

_ Sim, a comida é incrível. Estou maravilhada com os sabores. Mari, ainda surpresa, respondeu sendo sincera.

_ Bom, fico feliz que tenha gostado do meu restaurante. Lucca agradeceu sem sair do lugar e os dois voltaram a se olhar como se um magnetismo mágico os mantivesse conectados.

_ Lucca... Alguém o chamou fazendo ele desviar o olhar.

_ Com licença. Pediu se afastando sob o olhar atento de Mari.

Mari ficou mais algum tempo no restaurante esperando a volta de Lucca, o que não aconteceu, então ela finalmente pediu a conta.

Mari pegou a conta, e para sua surpresa, viu uma dúzia de ovos orgânicos incluídos no seu consumo. Sua expressão mudou de surpresa para nervosismo, relembrando o mal-entendido anterior com os ovos quebrados. Quando ela pensou em reclamar com o garçom deu de cara com Lucca a olhando com um sorriso que fez seu coração disparar e a deixou sem palavras.

_ Olhe atras da sua conta. Disse Lucca e Mari virou o papel onde encontrou um recado de Lucca.

" Eu não quero que você pague pelos ovos quebrados, é apenas uma brincadeira. O que aconteceu a tarde foi um acidente. Desculpe se eu fui rude com você, por isso hoje, o jantar é por conta da casa."

Mari voltou a olhar para Lucca que sorria.

_ Não podemos reverter o que aconteceu na rua, mas podemos começar de novo.

Mari sorriu concordando com o que disse Lucca.

_ Obrigada. Agradeceu saindo apressada pois não sabia o que estava sentindo. 

_ Bella... foi embora sem me dizer o seu nome. Lucca ficou frustrado por ver Mari partir sem descobrir qual o seu nome.

Mari voltou para o quarto de hotel após a noite emocionante no restaurante de Lucca. Ela trocou de roupa e se sentou na beirada da cama, segurando uma escova para pentear os cabelos e relembrando cada detalhe daquela noite: os sabores incríveis da comida, o clima acolhedor da cidade, o sorriso e o olhar de Lucca...

_ O que é isso Mari... por que está pensando nele? Questionou, mas enquanto penteava os cabelos, os pensamentos de Mari continuavam a girar em torno de Lucca. Ela não conseguia parar de pensar no encontro inesperado que teve com ele no restaurante.

Mari deixou a escova cair, e barulho que a escova fez ao bater no chão a trouxe de volta à realidade. Mari  suspirou e sorriu, percebendo que algo especial e inesperado estava começando a acontecer em sua vida.

Mari se deitou na cama fechando os olhos, sabendo que não conseguiria parar de pensar em Lucca, e na sua jornada em Florença estava apenas começando.

Para mais, baixe o APP de MangaToon!

novel PDF download
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!