NovelToon NovelToon

Histórias De Amor E Ódio

É só respirar fundo.

  As minhas mãos estavam ocupadas, nos meus pensamentos passavam somente que eu deveria decorar todos os pedidos feitos e fazer um bom atendimento ao cliente. Escuto o sino da porta da lanchonete, alguém havia entrado, mas um cliente havia entrado será? Paro para olhar e vejo que era um senhor, ele se senta na mesa mais próximo à porta, vou até ele e digo que já o atenderia e peço para ter um pouco de calma, o homem concorda e diz que não estava com pressa, a compreensão do homem era plausível. Depois de mais de meia hora, vou até o senhor e agradeço a sua compreensão, o homem diz que não precisava agradecer, pergunto o que desejava.

— Será que aqui ainda vendem aqueles famosos Donald?

— Sim! O senhor é cliente há muito tempo aqui?

— Sou um cliente antigo, mas faz algum tempo que não vinha aqui.

— Há, então, que bom que voltou, é uma honra recebê-lo de volta.

— Obrigado, você é muito atenciosa, acredito que tenha puxado a sua mãe.

— Obrigado, minha mãe é uma grande mulher, eu não chegaria aos pés dela, mas por acaso…

— Calma, eu não conheço a sua mãe, só falei por falar.

— Atá, o senhor vai querer alguma coisa a mais além dos Donald?

— Sim, um café com chantilly.

— Donald e café com chantilly, às 10:00 horas da manhã?

— Sim! Algum problema?

— Não, eu pensei alto, eu vou já trazer o seu pedido, com licença.

Naquele momento me senti um pouco perdida, o senhor de alguma forma havia me feito lembrar de uma pessoa.

— Voltei, aqui está seu pedido, espero que esteja do seu agrado ainda.

— Acredito que vai estar.

— Assim espero.

Depois que terminei o expediente naquele dia, estava me sentindo exausta, a minha única vontade naquele momento era chegar em casa e me deitar, porém, quando cheguei do lado de fora da lanchonete encontrei com o Max, acredito que ele era a única pessoa no momento que eu não queria ver.

— Iai.

— O quê está fazendo aqui? Já falei para você que eu não queria que você viesse até o meu serviço.

 — E qual é o problema de eu vim aqui?

— … O quê você quer?

— Como assim o que eu quero? Você me falou para vim até aqui.

— falei?

— Aí meu Deus, já se esqueceu?… Que saco, não tenho paciência de aturar gente assim.

— Aaah, se você for ficar reclamando é melhor ir embora.

— Aí fala logo o que você quer. Eu não sai da onde eu estava, só para da viagem perdida.

— Tá! eu queria que você me levasse para casa hoje.

— O quê? Tá falando que queria que eu viesse até aqui só para te levar em casa… Isso é sério ou está de zueira com minha cara?

— Estou falando sério.

— AH! Minha vontade agora é de tá um tapa bem nessa sua cara, mas não posso, aqui tem muita gente.

Naquele momento meu coração acelerou, na minha mente se passou um milhão de coisas. E se, só estivesse eu e ele naquele lugar. Será que ele teria coragem de me bater? Talvez ele tenha falado da boca para fora. Talvez só esteja estressado ou chateado com algo, e tenha acabado falando da boca para fora, talvez ele nunca faria isso de verdade.

— O quê está fazendo aí parada? Vamos logo, não tenho o tempo todo.

Assim que entrei no carro, tentei reparar no rosto de Max sem que ele percebesse, era quase impossível, mas consegui, percebi que ele estava realmente furioso, queria perguntar se ele estava lembrando que dia era aquele, mas fiquei com receio.

— O quê é? Porque está me olhando desse jeito? Com cara de cachorro abandonado, na verdade cachorra abandonada.

— Desculpa… Parece que está chateado com alguma coisa.

— E tem como não ficar?… Você me arrastou da onde eu estava só para te buscar no serviço, não sabia vim a pé não?…

— Ah, minha nossa, quanta delicadeza com sua namorada, quer saber… Porque ainda namoramos?… Sendo que quando eu te peço um favor, você faz reclamando, e nem da data de aniversário de namoro você faz questão de lembrar, você também sempre diz que tem vontade de me bater, nunca é gentil e nem um pouco atencioso.

— Ah, então é por isso que você me chamou aqui, foi porque achou que eu não tinha lembrado do nosso aniversário de namoro, você me julga, mas só sabe reclamar, nunca ver o esforço que eu faço por esse relacionamento… Eu não queria que fosse assim, mas já que deseja que seja assim, ok então, vai ser.

— Do que está falando?

— Sabe para onde estamos indo?

— Não! Espera esse não é o caminho de casa.

— Eu sei disso, você queria surpresa, não era? Então pronto, é surpresa que você terá.

Aí droga, o quê eu fiz? Briguei com o meu namorado no dia do nosso aniversário. Que burra que eu sou… Ele deve estar mais chateado do que já estava, mas o quê será que ele quiz falar com isso? Será que ele vai fazer alguma coisa comigo?

— Espera, eu conheço esse lugar, essa não é aquela boate que você vem com os seus amigos?

— Assim, o quê achou? Não é um grande privilégio estar aqui? Vou finalmente te apresentar para os meus amigos, esse não é um grande presente?

— Ah, então essa era a surpresa.

— O quê é? Não gosto? Viu eu sabia, você é muito difícil de agradar.

— Não, não é isso, eu gostei, eu só achei que fossemos para um lugar mais reservado.

— Que isso? Tá querendo dizer o quê com isso? você nunca se liberou, tá querendo agora? É isso?

— O quê? Não!

— Ah, sabia, já que não é isso, não vamos perder tempo, e vamos entrar.

Meu Deus, o quê foi isso? Porque eu fui falar, "lugar reservado"? É claro que ele ia achar isso, aí, dei mancada agora… Pensando bem, melhor uma mancada do que outra coisa.

Quando eu entrei na boate havia muita gente, me senti perdida, eu sabia que eu estava no lugar errado, na hora errada e talvez com pessoas erradas, mas não queria estragar o clima que ainda não havia sido nem construido. Quando eu olhei, Max estava alegre de novo, seu rosto não erra mais o mesmo, parecia que aquele era o seu lugar, ele saiu comprimento todo mundo, mas me senti envergonhada, perdida e totalmente deslocada, quando eu olhei ele sentado entre duas meninas mulheres, fique parada na frente dele, olhando aquela sena, ele cumprimentando elas com beijo na bochecha e um grande sorriso no rosto, e uma "cheirada" no pescoço de uma delas, ele olhou para mim, eu estava ali parada, notei no rosto dele, apenas pena, ele me apresentou como uma pessoa qualquer, e só foi assim que consegui nota a trouxa que eu erra, escutei ele me mandando sentar, enquanto isso, eu segurava as lágrimas, que estava querendo descer sobre o meu rosto e segurava o nó presso na garganta, aquilo tudo fez minha cabeça girar, foi quando eu escutei ele gritando o meu nome, quando eu voltei a realidade, escutei ele dizendo para me sentar no colo dele, já que era o nosso aniversário de namoro, em seguida, escutei todos rirem, como se ele tivesse dito uma piada super engraçada, e naquele momento até eu achava que era piada.

— Eu já vou para casa.

— O quê?

— Eu acho melhor você aproveitar com os seus amigos, não quero ser um incómodo.

Naquele momento eu estava me sentindo a pessoa mais imunda, pelo fato de ter me relacionado com alguém daquele tipo, mas por incrível que parecia nenhuma lágrima desceu pelo meu rosto mesmo depois de eu já ter saído dali, mesmo depois de ter visto aquele sena. Quando cheguei em casa minha mãe estava preparando a janta, a bem dita janta que era para me preparar, porém cheguei tarde, observei minha mãe colocar a mesa e fiquei envergonhada, minha mãe me olhou com uma cara, que todos sabem fazer, mas parece que as mães são especialistas, pois faz com que agente se sinta o lixo mais tóxico que existe… Ela não falou nada apenas olhou para me e pois o vasilha na mesa e voltou para a cozinha, para pegar a outra, eu logo subi para o meu quarto, estava cansada, e não queria ter nenhum tipo de conversa com minha mãe naquele estado. A água caia na minha cabeça fazia com que todas aquelas senas se passassem pela minha cabeça, e eu só conseguia respirar fundo, como se eu já esperasse aquilo algum dia, por isso não me senti mais mal, por ser desvalorizada daquela forma.

— E então, como foi no trabalho?

— Ah foi normal, hoje atende um cliente antigo, mas que não ia na lanchonete há algum tempo.

— Que bom.

— É… Ele fez até um comentário, falando que eu havia puxado com certeza para a senhora.

— E ele nos conhece?

— Eu ia fazendo essa pergunta para ele, porém ele foi mais rápido e disse que não.

 —… E o Max?

— O quê tem ele?

— Por acaso ele lembrou que dia era hoje?

— Sim, porém queria que ele tivesse esquecido.

— E qual o motivo?

Queria ter falado para ela, mas acreditei que seria melhor não, eu sei que errei em não ter contado, mas fiz isso pensando nela, pois ela já tem muito coisa na cabeça, os seus pensamentos vivi a mil, então prefiro deixar ela longe disso, e acabei apenas falando que ele havia me levado para a quadra de futebol, mas ela e a minha mãe e sabe que algo não estava bem, porém não me fez nenhuma pergunta.

No dia seguinte acordei um pouco mais cedo, não tinha conseguido dormir a noite toda, quando peguei no sono, dormi apenas por uma hora, me levantei e me arrumei, passei no quarto da minha mãe e ela não estava lá, e lembrei que ela havia pegado o turno das 3 horas, naquela madrugada, na cozinha tinha um lindo prato com uma bela refeição, mas não estava com fome… Sai de casa e comecei a dá uma caminhada já que eu ainda tinha tempo, uma moça para até mim, e pergunta se eu aceitaria um panfleto, mesmo eu não querendo me sentir na obrigação de aceitar, nossa como sou patética… Quando voltei a minha caminhada sem perceber, eu já estava enfrente a biblioteca… fazia 7 anos que não entrava em uma, quando me vi lá dentro não sabia muito o que fazer, uma biblioteca não estar sempre cheia, e naquele dia não era diferente, porém parecia que tinha menos pessoas do que o normal…

— Olá, está procurando alguém?

— Olá, não, só estou de passagem.

— É a sua primeira vez aqui, né?

— Sim, ficou muito óbvio?

— Não, não, é porque eu nunca lhe vi antes aqui.

— Ah tá, é a primeira vez que eu entro dentro de uma biblioteca depois de 7 anos.

— Posso ser sincero?

— Claro!

— Eu tive duas ondas de pensamento quando te vi entrar, a primeira era, ela deve estar à procura de alguém.

— E a segunda?

— A segunda!? Ela deve estar perdida.

— A nossa, então está realmente na cara.

— Não… Só um pouco.

— … Aí nossa, eu já estou atrasada, desculpa, tenho que ir.

— Ah, sério? Que pena, então volta amanhã… mais cedo, talvez eu possa lhe mostrar um pouco da biblioteca, o quê você acha?

— Claro, obrigado, tchau.

Nossa, não sabia que uma biblioteca podia nos levar para outro mundo, sem nos tirar do lugar, em questão de segundos, perdia até a hora. E além de eu já ter perdido a hora, eu encontrei com o Max em frente a lanchonete, procurei formas de entrar sem que ele me visse, mas foi impossível.

— Olha, a margarida resolveu aparecer.

— O quê você quer Max?

— O que eu quero? Quem você pensa que é!? Eu te mando mensagem você não responde, te ligo é você não atende, o quê pensa que está fazendo?

— Agente não tem nada para conversar.

— Como é que é?

— Max, a nossa relação chegou ao fim, eu estou a terminar com você. Mas não se preocupe, você pode dizer para quem você quiser, que foi você que terminou comigo, e que eu sou uma vadia, uma piranha, doida varrida, você pode massagear seu ego.

— Você acha que vai se livrar desse jeito? Pois saiba que o nosso namoro só vai chegar ao fim, quando eu disse que chegou ao fim, sou eu que manda aqui e você só obedece.

— Vai embora Max, porque se você não for eu vou, porque eu não vou ficar fazendo palco para você apresentar o seu show.

— SUA VADIA!

— EI! Se você tocar a mão nela eu vou fazer você se arrepender de ter nascido, TÁ ME ESCUTANDO.

— E quem é você? Ele é seu amante? VOCÊ TÁ DANDO PARA ESSE CARA!?

— Como é? Você não tem moral!? Dobra a língua para falar de mim, tá me entendendo!?

— Olha, a santinha resolveu falar.

— CALA A BOCA, CALA A BOCA MAX, e vai embora.

— Você não está escutando ela? Não quer sair por bem, vai realmente desejar sair por mal?

— Eu ainda te pego, me aguarda.

— Você está bem?

— Estou, obrigado por me defender.

— Ele é seu ex-namorado?

— Sim, agora mais que oficial.

— Que bom, muito bom.

Aquele dia não estava sendo fácil, eu achei que por um minuto… Acreditei que seria um dia bom, mas não, pelo menos o dia de hoje não foi como os outros dias… visitei uma biblioteca, sapatiei no ego de Max, fui defendida pelo cliente mas antigo da lanchonete… Foi muito diferente, e eu não podia deixar que terminasse realmente assim.

— Mãe!?

— O quê foi filha?

— O quê acha de nós duas sairmos para dar uma volta?

— Sai? Ah filha não sei.

— Vamos… Por favor.

— Estar bem.

— Ebá!

Era boa a sensação de estar com minha mãe, sempre foi eu e ela, eu trabalhava o dia todo e só chegava em casa às 10 horas, e ela também, mas conversávamos até a meia noite, então estar com ela, era bom, queria ter mais tempo assim com ela, mas não temos tantas oportunidades, muitas das vezes vejo ela chorando, mas tento fingir que nada está acontecendo, sei que ela é a única pessoa que verdadeiramente se importa comigo, por isso não quero que ela se sinta frágil quando estamos juntas, farei de tudo para ela saber como eu a vejo, linda e perfeita da forma que ela é, e como ela é importante para mim.

— Mãe, aqueles não são os seus colegas do hospital?

— Olha, é sim.

— Vamos lá neles?

— Vamos.

Quando nós nos aproximamos da mesa onde estava os colegas de serviço dela, reparei que todos pularam de alegria com a chegada dela, naquele dia fiquei sabendo que eles chamavam ela a tempos para ir no bar com eles, mas ela nunca aceitava.

— Kiara, nos conta, o quê aconteceu para sua mãe estar aqui?

— Ah, eu dei meu jeitinho.

— Então dá mais "jeitinho" desses com frequência.

— Pode deixar.

Quando nós nos sentamos na mesa junto com o pessoal, chega um rapaz alto de cabelos escuros, não conseguir ver seu rosto, mas parecia ser bem educado e de uma boa família.

— Isaac?

— Oi, tia.

— Isaac meu filho quando tempo, como você está?

— Eu estou bem, e a senhora?

— Ah, você sabe que sempre estou bem, se aproximar, meu filho, sente-se com agente.

— É claro, obrigado.

— Isaac, essa é Kiara, filha da Tina que você já conheceu.

— Olá, tudo bem?

— Olá.

— Espera, nós não já nos conhecemos?

Bem, o rosto dele era família, mas não me lembro de onde, talvez fosse apenas famíliar.

— Acho que não.

— Talvez vocês se conheçam da lanchonete minha filha.

— Lanchonete?

— Sim, Kiara trabalha em uma lanchonete.

— Não, espera, lembrei, você e a moça que apareceu na biblioteca hoje cedo.

Ah então era isso, lembrei dele também, realmente era eu e sim eu já tinha o visto antes.

— Sim, sou eu.

— Filha, não sabia que ia à biblioteca.

— Bem, não vou, porém, hoje me deu vontade de entrar lá dentro, e foi assim que nós nos conhecemos.

— Meninos, porque não vão dar uma volta por aí… Vai Isaac meu filho, leva Kiara.

— Aí gente, eu vim para ficar com a minha mãe.

— Aí para de ser cafona Kiara… A sua mãe não é criança e o Isaac não morde.

Eu e Isaac resolvemos dar uma caminhada, já que estávamos sendo expulsos da mesa.

— Então você estava com medo de eu lhe morder?

— O quê? Parou, eu acredito que estavam todos bêbados.

— Pelo menos eles ainda sabem aproveitar a vida.

— Verdade, queria que minha mãe saísse mais de casa, para ficar assim, feliz, junto com pessoas que atrais felicidade.

— Então tenta convencer ela a sair mais vezes.

— Eu adoraria, porém, nem eu saio, e nem tenho tempo para convencer dela de sair.

— Entendo… Então me diga, você vai amanhã à biblioteca?

— É claro que sim.

— Que bom.

— Você vai todo o dia, né?

— Tá tão na cara assim?

— Não, não, só um pouquinho.

Foi bom estar com Isaac, nós conversamos sobre várias coisas e sorrimos muito também, eu nunca tinha tido uma conversa tão saudável daquela com um rapaz da minha idade, é boa assim, aquele breve momento tinha feito eu esquecer os problemas que haviam ocorrido mais cedo, eu não estava mais tão sobre carregada.

Na volta para casa, eu olhei nos olhos da minha mãe, estávamos mais felizes, aquele era o meu desejo já há 12 anos, ela estava se sentindo mais leve e alegre e eu também. Acordei mais cedo e encontrei minha mãe preparando o café, perguntei o porque dela já está de pé tão cedo, já que ela podia dormir até mais tarde naquele dia, mas ela disse que estava de pé para preparar o meu café, agradece, e perguntei se ela desejava me acompanhar em uma visita, e ela aceitou.

— Aonde vamos?

— A senhora já irá saber.

................

— Chegamos.

— Biblioteca?

— Biblioteca… Vamos?

— Claro que sim.

Assim que entramos, Isaac nos viu e correu para nos receber.

— Você veio, e uma trouxe acompanhante.

Aproveitamos aquela manhã, Isaac falou muitas coisas sobre a biblioteca e os livros, não era que eu estava reparando nele, mas qualquer um que o olhasse, mesmo que repentinamente, conseguiria perceber o brilho que tinha no olhar dele quando falava sobre os livros, minha mãe havia amado ele, e a empolgação que tinha no seu rosto ao falar simplesmente, sobre livros.

— Agora eu preciso ir.

— Sério? Por que você sempre chega de repente e se vai rápido demais? Fica mais um pouco… Por favor.

O meu coração palpitou naquele momento, será que eu estava a ficar doida?

— Obrigado, mas eu não posso, tchau, tchau mãe.

................

— Eu gostei de você, Isaac.

— Obrigado, fico contente em saber disso.

— Eu obviamente aceitaria você como genro.

— Ham?

— Eu tô brincando menino, Kiara já tem namorado.

— Atá… Eu não sabia que ela tem namorado.

— Ah ela tem, mas não gosto muito dele.

— Por que?

— Nenhuma mãe quer ver o filho sofrer.

................

— Você está bem?

— Estou, só estou um pouco cansada.

— Kiara isso é normal? Você sempre está cansada, está sempre dizendo que está cansada, exalta, as suas respirações sempre são curtas e profundas.

— É só estresse, tá tudo bem.

— Ok… Você tem certeza que não quer que eu chame o Max para te leva em casa?

— Eu e ele não estamos mais juntos, se esqueceu, e pode deixar, está tudo bem.

— Tá bom então.

Tem que estar tudo bem, é só eu respirar fundo… Mas dói, porque dói tanto? Parece que tudo vai desabar, mas nunca desaba, meu peito dói.

— AAAAAAAAAH

— KIARA!?

......................

Eu não vi quem gritou o meu nome, e não me lembro de mais nada depois do grito… Apenas acordei no outro dia, tudo girava, eu estava molhada de suor, porque? Me levantei e fui até a sala e vi minha mãe de costas, sentada no sofá, escutei o seu choro… Normalmente eu não me aproximo dela quando ela está chorando, mas eu não aguentei, eu tinha que abraçar a minha mãe, aquele era o momento.

— Me desculpa, desculpa, minha filha, eu tentei fingir que não estava vendo a sua dor, me perdoa.

— Mãe, para, tá tudo bem… Ele não faz falta.

Fazia sim, fazia muita falta, o meu coração doía, sangrava, eu queria que ele estivesse aqui, queria ver ele todas as noites depois de um longo dia de trabalho, mas tá tudo bem, vai ficar mais do que bem, é só eu respirar.

Eu vi sua verdade.

 Mais um dia fiquei sem ir trabalhar, a minha mãe me obrigou ficar em casa mesmo eu dizendo que estava tudo bem, mas agradeço a ela, pois eu estava bem fisicamente, porém destruída emocionalmente, sorria, mas a minha vontade era de chorar, enquanto eu ficava em casa sozinha, várias coisas se passava pela minha cabeça, passava o dia olhando para a parede, o silêncio era insuportável, era tão alto que parece que eu podia escutar o barulho de uma pena caindo no chão, e isso fazia o meu coração ficar agoniado. Então decidi me levantar do sofá e dar uma volta na rua, assim eu conseguiria ouvir barulhos reais.

 — Kiara?

— Oi.

— O quê faz aqui? Fiquei sabendo que você não estava bem.

— Eu acho que eu enlouqueceria se ficasse mais um pouco dentro de casa.

— Então já que está aqui, topa me acompanhar?

— Topo fazer qualquer coisa.

Encontrar Isaac naquele momento foi inesperado, porém foi bom, ele me levou para a biblioteca, no começo achei que seria um tédio, mas aí acabei descobrindo que estava errada, pois ver Isaac falando sobre os livros e o mundo literário era lindo.

— Acredito que não encontrei alguém que ame mais livros do que você.

— Eu só amo aquilo que me faz bem… Você disse que fazia 7 anos deis da última vez que havia entrado numa biblioteca, né?

— Sim, foi em um passeio de escola.

— Qual foi sua experiência? Quando alguém não encontra mais magia nos livros, tentando fazer ele reviver de alguma forma a primeira experiência que ele teve com um livro… Qual foi a sua?

— Bem, no passei da escola a professora disse que era para todos sentarem, em grupo ou trio, ou dupla, mas ninguém sentou comigo, ninguém nunca queria fazer nada comigo, sempre foi só eu… Então eu peguei um livro, me sentei no chão da biblioteca entre as partileiras, quando eu abri o livro, eu chorei, porque nele não tinha uma se quer palavra, era somente imagens, eu imaginei que até às palavras havia deixado de existir para mim, até os livros havia se calado… E foi essa a minha primeira experiência em uma biblioteca.

— Aí nossa, você teve toda a oportunidade do mundo para criar a melhor história possível com um livro de imagens, e você criou a história mais triste… Os livros não se calam para o leitor, é o leitor que se cala para os livros assim que ele decide para de lê-los.

Nossa, como ele consegue? Como ele consegue fazer isso? Como ele consegue me fazer sorrir com uma lembrança ruim? Como ele consegue fazer eu esquecer os meus problemas nos dias ruins?

— Eu… Eu era uma criança patética, né? Na verdade, eu penso que sou até hoje.

— O quê? Você não é patética, e não era uma criança patética, você era uma criança sortuda, você teve a oportunidade de criar a história que quisesse e criou, enquanto as outras crianças estava lendo aquilo que já estava escrito, agora me diz, o que é mais maneiro, criar ou copiar?

— Criar, com certeza criar.

— Exatamente… E você não é uma pessoa patética, você é uma pessoa muito forte e incrível.

— Aí nossa, como você é cafona.

— Porque? O quê eu falei de errado?

— Como você pode dizer isso de uma pessoa sendo que você nem a conhece?… Como você pode dizer que uma pessoa é forte e incrível sendo que você não sabe nada dessa pessoa?

— Você é cruel sabia, olha todos nós temos uma história, história essa que poucas pessoas sabe e nós não fazermos questão de contar, e eu acredito que você seja uma dessas pessoas, você não faz questão de conta sua história para as pessoas não terem pena de você ou algo do tipo, então me diz, isso não é ser forte?

— A sabedoria também é um sinônimo de força…

Eu não podia negar, ele realmente estava certo. Eu voltei para casa, pensando nas palavras de Isaac, e por um estante voltei a me achar patética, eu estava pensando de mais nas coisas que Isaac falava.

......................

Dois dias depois eu voltei a trabalhar, até escutei boatos que eu estava mais corada depois que voltei as tarefas, e isso não era mentira, eu realmente estava mais contente, trabalhar em uma lanchonete obviamente não era o meu sonho de criança, mas trabalha dela e muito mais confortável para mim, sim, era, realmente era.

— Oi amiga, tudo bem?

— Sim.

— Então eu e a Sam… Queremos saber se você pode ficar para arrumar tudo?

— Sozinha?… Tá bom, eu fico.

— Fica mesmo amiga!? Aí obrigada.

— Tá bom, mas da próxima vez, eu quero ir também.

— Pode deixar.

Aí, aí, eu acho que falei cedo demais sobre a lanchonete, mas apesar do serviço todo que ficou para mim, eu vou ficar bem ocupada.

......................

— Ei, você está indo para onde?

— Fica quieto cabelinho.

......................

— Kiara.

Eu conhecia aquele voz, era Max.

— Max? O quê está fazendo aqui?

— Eu queria te ver, calma, eu não vou te fazer mal, eu queria conversar com você… Podemos?

— …

— Eu vim aqui… Porque queria te pedir perdão.

— Perdão?

— Sim… Quero te pedir perdão por tudo de ruim que fiz para você, e te agradecer por não ter me abandonado no momento mais difícil da minha vida… Kiara, eu não estou aqui para voltar com você, estou aqui para pedir o seu perdão, você foi a pessoa mais incrível do mundo na minha vida, mas eu não dei valor, então será que.

— Porque?

— O quê?

— Porque eu te perdoaria?

—… Eu não sei, mas me diga, porque eu devo pedir o seu perdão? Ou porque eu devo me arrepender amargamente?

Eu não sabia responder… Porque desejamos que uma pessoa se arrependa amargamente pelos erros que cometeu, sendo que quando ela se arrepende, não sabemos responder uma pergunta dessa, então resolvemos agir como criança.

— Desculpa, eu não quero que você se sinta culpada por uma coisa que não foi você que cometeu, eu reconheço o meu erro.

— Reconhece mesmo?

— Sim… Eu reconheço que nesse relacionamento passado que tivemos, vivemos muitas coisas, e eu sei que muitas delas foram boas, mas que outras de fez sofrer mais do que o inesperado.

Ele estava certo, eu vivi bons momentos, e foi nessa fase que eu amei alguém, eu amei ele, Max foi a primeira pessoa que eu amei, mas acabou, e infelizmente ou felizmente não sei ao certo se é bom ou ruim, mas eu me lembro de tudo que eu sofri do lado de Max e com Max.

— … Eu não sei o que dizer.

— Tudo bem, eu passei muitas horas procurando palavras para falar para você quando eu estivesse aqui, e mesmo assim me sinto perdido.

— Por tudo que vivemos quando éramos felizes, eu te perdôo, e assim eu posso dizer que eu não sinto mais nada por você.

— Obrigado! Obrigado mesmo… Você não faz ideia do quão feliz eu estou ouvindo o seu perdão.

Ele chorou, presenciei Max chorando por um motivo e agora estou vendo isso de novo, e isso é confuso.

— Qual o motiv-

— Eu só amei uma pessoa em toda a minha vida, e ela morreu, eu não tive a oportunidade de pedir o seu perdão antes dela parti… E você Kiara Ados foi a segunda pessoa que amei, e eu tive a oportunidade de pedir o seu perdão antes deu ir embora.

Embora? Como assim, embora?

— Como assim? Você vai embora para onde?

— Ah… Eu estou me preparando para realizar o meu sonho… Eu estou me consultando com uma psicóloga, e é graças a esse "tratamento" que eu consegui me sentir livre agora.

— Eu não sabia.

— Comecei a pouco tempo.

— Me diz uma coisa, para onde vai?

— Eu acho que você não se lembra, eu quero começar conhecendo alguns estados.

Eu não consegui acreditar naquilo,… E porque eu estava tão triste com aquela notícia? Porque?

— E depois quero viajar para outros.

— Países e depois trabalhar em uma casa de idosos.

— Exatamente, você ainda se lembra… Porque está chorando?

— … Eu!? Eu não sei, acho que estou surpresa só isso.

— Ah… Será que posso fazer um pedido antes deu ir?

— Claro.

— Será que você pode me dá um lanche? Estou morrendo de fome.

......................

A minha jornada havia chegado ao fim, na vida de Kiara, mesmo sabendo que isso doía muito… Mas era assim que deveria acontecer, Kiara era incrível demais para um cara como eu. Eu observei ela tentar esconder o choro enquanto conversávamos, e aquilo estava doendo muito em mim, porém não podia fazer nada, mesmo que a minha vontade fosse só de abraça-lá. Me despedir e depois observei ela sendo acompanhada por Isaac até em casa, e até isso fez eu me arrepender, pelo fato de nós dois já termos vivido algo juntos, porque se entre nós nunca tivesse acontecido nada, talvez ela não teria criado traumas, que a partir de agora iram influenciar em outros relacionamentos de sua vida.

......................

 — Tudo bem com você?

— Hum rum.

— … Tem certeza? Parece estar pensando em algo distante que está lhe deixando triste.

— … Ah desculpa, eu realmente estou pensando em uma coisa… Você já… Se apaixonou por alguém?

— Nossa! Assim do nada.

— Desculpa!

— Não, tudo bem… Eu já me apaixonei sim.

— E como foi para você?

— Bem, foi bom.

— Você nunca se decepcionou? … Desculpa eu acho que eu estou falando demais né.

— Tá tudo bem, pode perguntar.

— Então diz o que é o amor para você.

— O amor? O amor é aquilo que não podemos explicar com palavras, mas sim com atos.

— … O alguém que você ama ou amou… O quê você sentia?

— Você está gostando de alguém?

— O quê?

— Parece que está gostando de alguém.

— Eu!? A eu não, só estou perguntando por perguntar mesmo.

Obviamente não era, ela saiu com o rosto molhado, depois que falou com Max, eu só não sabia o que havia acontecido, mas eu sei que algo aconteceu lá dentro.

— Então chegamos.

— É, chegamos.

— Eu vou entrar, tchau.

— Tchau… Kiara.

Eu dei graças por ter chegado na casa dela antes de dar tempo de responder a pergunta, ela obviamente está confusa com os seus sentimentos por Max, ela achou que havia acabado os seus sentimentos por ele, mas talvez ainda não, e agora isso deve está lhe deixando confusa… E eu não quero me meter nesse assunto, isso não é problema meu, tenho que fazer que meu coração entenda isso de uma vez por todas.

......................

Porque eu estou me sentindo tão mal assim com a notícia que o Max me deu? Eu não sinto mais nada por ele, ou será que sinto? Qual o motivo dos meus sentimentos serem tão burros que chegam a ser exaustantes?

— Filha você chegou?

— Oi mãe, tudo bem aqui?

— Tudo sim filha, esse é um conhecido, ele já está indo embora.

— Olá, tudo bem? Se vocês quiserem eu posso sair ou ir para o meu quarto, se eu estiver atrapalhando.

— Não! Está tudo bem, ele já vai.

Nunca vi minha mãe tão tensa assim antes, por um estante eu tive uma leve impressão que eu estaria atrapalhando os dois, mas depois que ele foi embora, minha mãe se sentiu mas aliviada, mas por algum motivo me senti desconfortável também, mesmo eu não tendo ficado nem 30 minutos frente a frente com ele.

— Mãe! A onde vai?

— Vou me deitar, estou cansada.

Mas e eu? E a nossa conversa? E nossa janta juntas? E nosso momento mãe e filha? Será que realmente era cansaço? Acreditaria nela se por algum motivo eu não tivesse visto que ela está escondendo algo. Ela tentou mentir para mim, e isso estava estampado em seu rosto.

E agora?

Acordei com uma ligação repentina da minha chefe.

— Alô, tudo bem chefe?

— Olá, espero você em 30 minutos aqui.

O quê? Mas são 5:00 horas da manhã, o que ela pensa que está fazendo.

— Filha? Já está de pé essa hora da manhã?

— A minha chefe me ligou, disse que era para me estar lá em 30 minutos, não entendi nada.

— Mas para quê?

— Também não sei… Aí eu estou tão furiosa.

— Se acalma… Coma alguma coisa.

— Não, não dá tempo, mas obrigado.

......................

— Então, chamei vocês aqui para dar um comunicado, quero que saibam que foi uma honra enorme trabalhar com vocês e ser chefe de vocês, mas… Mas infelizmente iremos fechar a lanchonete.

— O quê?

— Eu sei que vocês não querem perder o emprego de vocês, mas seria injustiça minha deixar vocês trabalharem sem a esperança de que vão ou não receber o salário no próximo mês… Vocês se esforçaram demais, a cada manhã vocês estavam dispostos mesmo estando cansados, colocar um sorriso no rosto não é para qualquer um, e vocês conseguiram, conseguiram todos os dias, valeu por tudo pessoal… Bem, eu vou pegar um empréstimo no banco e pagar os dois meses de salário atrasado e o desse mês… Não sei muito bem se vou vender ou alugar esse lugar… Então se vocês conhecerem alguém que se interesse, e só entrar em contato.

Ninguém sabia o que fazer, por um lado ninguém queria se despedir da lanchonete e por outro lado, todos precisavam do dinheiro, porque trabalhar só por amor, não enche barriga, naquele momento a senhorita Sintia só queria um abraço, perder o que você trabalhou para conquistar não é nada incrível, muito pelo contrário disso. Na minha volta para casa, pensamentos não só passavam pela minha cabeça, eles vagavam, vagavam sem destino, não sabia se era porque eu tinha perdido o emprego ou se era apenas eu sendo eu, e por conta disso eu estava me achando muito filosófica naquele dia.

— Filha chegou!?

— Oi, mãe.

— Nossa que "animação" toda é essa? O que aconteceu? Por que está com essa cara?

— Essa é a cara de uma desempregada que entrou pela porta de sua casa.

— Desempregada? Você foi demitida?

— Eu e todos os outros.

— Como assim!?

— Ah… Bem, a lanchonete está passando por um problema financeiro… Não tem como pagar os funcionários, não tem dinheiro para manter o estoque, pagamento das mercadorias, e energia, todos atrasados… A única opção que restou foi fechar a lanchonete.

— Eu sinto muito minha filha.

— Tá tudo bem, obrigado.

— A Sintia deve estar se sentindo um caco.

— Está, pode ter certeza que está… Foi muito difícil para dela nos comunicar, e o pior é que ela vai ter que fazer um empréstimo no banco e não sabe o que irá fazer com a lanchonete, não sabe se alugar ou vender.

— Nossa… Ela realmente estava se sentindo horrível e isso é claro… Filha.

— Oi?

— Será que você pode terminar de cuidar das coisas enquanto eu vou lá dar um apoio?

— Claro mãe pode ir sem problema.

— Obrigado filha.

Enquanto eu ficava em casa cuidado nas coisas, eu não parava de pensar no que eu iria fazer de agora em diante, sem o meu trabalho na lanchonete, me tornei desempregada, e o meu currículo é horrível, a lanchonete sempre foi o meu trabalho deis dos meu 12 anos de idade, nunca tive uma outra experiencia, conclui o ensino médio, mas não sei fazer nada da vida… O quê eu faço agora?

......................

Ah porquê essas partileiras são tão altas? Tinha que ter sido ele mesmo para colocar uma partileira na altura de 1;89 para uma pessoa de 1;60… AAAH PORQUE NÃO CONSEGUI PEGAR.

— Deixa eu pegar para você.

Aquela voz… Uma voz suave e sedutora. O, alguém atrás de mim, que demonstrou ser mais alto que eu, pegando a vasilha de louça com mais facilidade e praticidade.

— Prontinho!

Era Isaac.

— A desculpa chegar sem avisar, lhe deixei assustada ou desconfortável?

— … Aham? O quê? Não, não tá tudo bem, tá tudo bem.

Ele sorriu de mim, acho que ficou muito na cara que eu fiquei no mínimo surpresa, MAS É CLARO QUEM NÃO FICARIA COM ALGUÉM CHEGANDO POR TRÁS DE VOCÊ.

— O quê você veio fazer aqui? Se não for mal pergunta.

— Eu!? Eu vim deixar uma bolsa para a sua mãe, que minha tia pediu, aí eu encontrei ela ali na porta e ela disse que eu podia entrar e entregar para você.

— Há então foi por isso.

— Sim.

— Senta, eu vou pegar uma água para você.

— Ah, obrigado… Se não for mal pergunta, o que aconteceu com a sua mãe, para ela sair daquela forma?

— Ah, nada, e que a lanchonete vai fechar, então ela foi dar um pouco de consolo para a Sintia.

— Entendi… E como você está?

— Desempregada serve?

Como o sorriso dela é lindo, se eu pudesse, diria para vim trabalhar comigo, só para não perder a chance de vê-lo novamente.

— O que está pensando em fazer nesse tempo livre?

— Ainda não tenho nada em mente e isso está me matando.

— Olha, se existisse alguma hipótese, eu não pensaria duas vezes em chamar você para vim trabalhar na biblioteca.

— Não precisa se preocupar, eu vou dar um jeito.

— Mas qualquer coisa eu te chamo.

— Obrigado.

— … Bem, agora eu vou indo.

— Claro!

— Foi bom te ver.

— Foi bom te ver também, tchau.

— Tchau.

......................

— Filha, cheguei.

— Eai, como foi lá?

— Triste né filha… Mas ela vai ficar bem, ela vai se reerguer e voltar com ânimo e forte, porém só está sendo difícil agora.

— Assim espero.

— Mas e você?

— O quê tem eu?

— O que vai fazer agora? Que você está sem emprego.

 — Não sei.

— Então tira um tempo para pensar.

Na verdade, pensando bem, porque torna a falta de emprego a coisa mais difícil do mundo, além disso não faz nem 24 horas que estou desempregada.

......................

Poxa vida 3 semanas! Eu vou surtar, preciso de algo imediatamente.

— Filha!

— Oi mãe.

— Vai na confeitaria para mim, e comprar um bolo trufado.

— Tá.

Pelo menos uma "desculpa" para sair de casa e ver gente.

Sentir a brisa do ar poluído e satisfatório nessas horas… Naquele dia eu deveria apenas comprar o bolo e voltar para casa, mas a vontade de não voltar foi maior no momento em que eu encontrei Isaac, ele estava comprando um bolo também.

— Olha quem vemos por aqui.

— Kiara!?

— Oi!

— Veio comprar um bolo também?

— Sim, vim a pedido da minha mãe, ela ama bolo trufado, e eu não fico para trás… Mas e você, também está comprando?

— É, esse é para a minha tia, eu estava passando e resolvi comprar, ela gosta de bolo de cenoura.

— Humm, é uma delícia mesmo.

— É, é sim… Você quer que eu lhe espere para podermos ir juntos?

— Há, eu gostaria.

— Então vai lá, eu te espero aqui.

Eu não entendo, mas tudo o que ele diz ou faz sempre é convincente para mim, suas palavras, não sei, não compreendo se é o seu tom de fala, sua maneira de se expressar.

— E então, conseguiu?

— Sim!

— Então vamos?

— Vamos.

Na volta para casa eu e Kiara conversamos de várias coisas, a conversa fluía com muita facilidade, parecia que nós nos conhecia a anos e anos, a Kiara conseguia ser a paz para as minhas perguntas sem resposta e ser um ponto de interrogação para novas descobertas.

— E então… Já conseguiu pensar em algo para fazer?

— Ainda não… Mas eu vou encontrar.

— Eu acredito que sim, mas não tenha pressa, você pode ir de vagar.

— Obrigado…

— … Acho que chegamos.

— É… Chegamos sim.

— … Kiara.

— O quê?

Oh céus, será que faço isso? Mas e se ela disse que não… Mas ela também pode dizer sim, ah vai, eu não sou tão ruim assim.

— Isaac! O quê foi? Por qual motivo está me olhando com essa cara? Você está bem? Está sendo algo?

— O quê? Ou não, está tudo bem, eu estou bem.

— Então tá… Eu vou entrar… Tchau!

— Tchau…

Poxa vida, eu sou um idiota, deveria ter lhe convidando para sair.

Poxa… Por um estante achei que ele ia me chamar para sair… É, acho que não foi dessa vez, ou talvez Isaac só me veja como uma amiga… Aí para de pensar besteira garota, o que está acontecendo com você.

— Ah, você chegou!

— Oi mãe.

— O quê está fazendo aí? Porque não entrou?

— Ah, eu acabei de chegar.

— Estava fazendo o quê para demorar tanto? Estava fazendo o bolo?

— Nossa! Tá muito grossa, não acha?

— Entra logo garota.

Nossa precisava falar desse jeito.

— Kiara?

— O meu Deus! BENJAMIN!

— Sim, sou eu.

Benjamin era um amigo da infância, foi o primeiro garoto que eu chamei de amigo… E não podia acreditar que ele estava ali na frente depois de 4 anos.

— Você ainda continua com o abraço mais apertado do mundo.

— Aí, desculpe.

— Não peça desculpa, eu gosto.

— Então tá, me diz, por onde andou esse tempo?

— Bem, depois que eu fui embora daqui de Blumenau, eu viajei para outros lugares, mas eu não consigo me desapegar daqui.

— Você saiu de Blumenau, mas Blumenau não saiu de você.

— É isso aí.

— Pera aí, mas que horas você chegou aqui?

— Assim que você saiu para comprar o bolo.

— O quê? Pera aí, tá tudo muito confuso.

— Desculpa, eu vou te esplicar.

— Acho bom, mas antes senta lá, eu vou servir um pedaço de bolo para você.

— Tá bom.

Benjamin, me contou que ele e minha mãe estavam planejando isso, na hora que eu saí para comprar o bolo, Benjamin chegou e ficou me esperando.

— Kiara, eu fiquei sabendo que você e o Max terminaram.

— É, terminamos sim.

— É como você está?

— Eu… Eu estou bem.

— … Não precisa fingir ser forte na minha frente.

— … Doeu muito.

Naquele exato momento Benjamin, me abraçou, foi o meu consolador imediato.

Era como se eu pudesse ouvir as batidas aceleradas do seu coração, eu senti que ela não estava bem, parece que todos os dias ela estava sobrevivendo, tentando ser forte.

— Não precisa dizer que está bem o tempo todo.

— É bom ter você aqui.

Depois que me desmanchei em choros na frente de Benjamin, consegui me recompor, conversamos e sorrimos muito… No meio daquela conversa, eu contei para Benjamin que eu não estava sabendo o que fazer, depois que eu perdi o meu emprego, e ele acabou me dando uma sugestão, e eu gostei.

Para mais, baixe o APP de MangaToon!

novel PDF download
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!