Apresentação dos personagens...
Guilhermo Castellini..
Um jovem italiano de 28 anos, solteiro, formado em Economia, assumiu os Negócios da família a pouco mais de 2 anos. Atualmente vive em Londres com o pai Genaro Castellini.
Sophie Bergman.
Americana, de 20 anos. Foi levada pela mãe para alemanha, ainda bebê. Sempre foi muito feliz, amiga de todos. Gosta de dançar, pintar e tocar piano. No entanto, um incidente que aconteceu a 2 anos, a marcou profundamente, causando um trauma e... depois eu conto...
Genaro Castellini.
Italiano, tem 58 anos. Membro de elite no Conselho da Máfia... Ele abdicou da oportunidade de ser o presidente, quando teve a chance de concorrer, a pedido da esposa Helena, a quem tanto amava.
Dulce Castro.
Uma mulher gentil, enérgica e prestativa. Trabalha com a família Castellini desde quando Guilhermo ainda era bem pequeno. Genaro e Guilhermo a tratam com carinho e respeito, como se ela fosse da família.
Harold.
Chefe dos soldados mais fortes de Guilhermo. Ele tem 35 anos, tem treinamento militar, é especialista em armas; é leal e um bom amigo de Guilhermo, e em segredo, apaixonado por Greta.
Greta Brown.
Tem 25 anos. Ela foi acolhida por Genaro quando tinha 12 anos. Ele a livrou de um destino cruel e a criou como uma filha, com regalias e privilégios de uma, diferente das outras moças que foram treinadas por ele. Com o tempo, a menina se interessou por armas e passou a treinar com Harold; espera um dia se vingar dos que no passado destruíram a sua família. Atualmente é formada, e Genaro espera arranjar um bom casamento para ela, mas o que ele não sabe é que Greta, é apaixonada por Guilhermo.
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Guilhermo Malone Castellini, 28 anos. Ele é o filho mais novo de Genaro. Embora seja muito discreto atualmente, costumava ser alegre, dinâmico e brincalhão. Pois apesar de pertencer a Máfia desde que nasceu, ele é fruto de uma casamento feliz e de muito amor, entre Genaro e a adorada esposa Helena Malone.
O filho mais velho Enzo, estaria com 30 anos se não tivesse sido morto em combate a uns anos atrás. Genaro assim como a esposa, nunca superaram, mas ele escondia a dor, para ser forte e apoiar Helena. Já Guilhermo, sofreu muito com a perda do irmão, por isso, preferiu voltar para a Itália e passou anos se dedicando aos estudos e treinamento lá na Itália; onde vivia na companhia de Dulce , uma senhora amável e que foi a babá deles a vida toda.
Helena fez questão que Dulce o acompanhasse, para que ele não ficasse sozinho e nem perdesse a essência do lar, do que tinha em casa.
Assim, Dulce sempre o lembrava de casa e da família, com um prato muito apreciado pelos quatro, a música, o jeito como Helena mantinha a casa arrumada e com flores, o perfume da casa...Tudo para Guilhermo não esquecer quem era e nem o caminho de casa. Ele sempre chorava, e quando a dor apertava, ligava para os pais; no entanto, a voz da mãe, era a única coisa que o acalmava...
Ele e o Enzo eram muito próximos, melhores amigos melhor dizendo.
Então, mesmo com o noivado, compromisso este que ele não queria, mas aceitou; resolveu focar no estudo, já que a então noiva, que na época era muito jovem e pediu esse tempo, para se formar também.
Bom, sabemos que ela até foi para a faculdade sim, mas o que ela queria era outra coisa: tempo e diversão. Guilherme por sua vez estava mergulhado na dor, não era capaz de oferecer diversão a ninguém naquele momento.
Talvez, ele só precisasse da companhia e carinho dela, se ela se dedicasse a ele, tivesse o mínimo de empatia pela dor, ao invés de se jogar na bagunça como fez; talvez ele se apaixonasse por ela e retribuiria a atenção...
No entanto entanto, esse novado foi um erro, um verdadeiro desastre! E as coisas ainda ficaram piores...
No ano seguinte após se formar, ele sofreu outro duro golpe, e esse doeu ainda mais. A sua linda e adorada mãe, foi brutalmente assassinada, e, para piorar, teve a sua honra manchada; pois ela foi encontrada nua ao lado de outro homem.
Guilhermo quase enlouqueceu, pois ficou num terrível dilema. Estava entre o ódio, a dor, desconfiança e a mágoa. Era inconcebível que a sua mãe, uma mulher tão respitosa, simples e sensata, pudesse ter traído o seu pai. Ficou atordoado demais, tinha acabado de ir visitá-los, e estavam bem...
A princípio, chegou a pensar que foi o pai, dadas as circunstâncias em que Helena foi encontrada, poderia ter sido Genaro, por revolta, e vingança pela suposta traição.
No entanto, diante do desespero e sofrimento do pai, logo convenceu-se que não, enquanto ele acreditou que a mãe traiu o pai.
Porém, Genaro jamais acreditou em tal absurdo. Helena era uma mulher linda e gentil, uma mãe amorosa e esposa carinhosa, além de dedicada. Eles eram muito felizes e Genaro, acreditava no caráter ilibado e irrepreensível da esposa; ela era uma mulher honrada e Leal.
Só que a morte de Helena e o flagrante inexplicável, deixou Guilhermo amargo e desconfiado; também o fez deixar de acreditar no amor, mas se tornou frio e impiedoso. Excelente em tudo o que faz, principalmente sendo "O Mafioso" que estava destinado a ser; pois as duras cicatrizes em seu coração, não o deixavam lembrar do carinho, o sorriso e a ternura da doce mãe.
Por outro lado, Genaro não podia permitir que o filho continuasse confuso e cego pra a verdade, isso o estava consumindo em dor, afinal, ele amava demais a mãe e ela a ele. Então o homem astuto, desafiou o filho a descobrir a verdade. Guilhermo aceitou, pois detesta ser desafiado.
Encontrar o assassino de sua mãe, passou a ser o seu principal objetivo; Guilhermo fez disso, a sua missão de vida.
Ele estava obcecado, porém, isso teve que esperar, pois ao voltar, acabou descobrindo sobre a traição da noiva, Deyse Agustín; isso piorou ainda mais o gênio indomável dele.
Apesar da fúria, Guilhermo manteve a cabeça fria, parou a investigação da morte da mãe e foi atrás da verdade sobre o que realmente aconteceu com a noiva, e , na sua busca desenfreada pelos fatos, ele encontrou a doce Sophie.
É claro que ela não tinha nada a ver com a Deyse, mas era a irmã mais nova do amante da noiva, Thomas Williams. Este além de amante, era parceiro da Deyse, com ela tinha uma conta conjunta, para onde desviavam dinheiro, dinheiro esse da empresa em que ele Guilhermo era sócio.
Não bastasse isso, que pra ele já era imperdoável, Thomas se envolveu em dívidas no cassino do Armany, um Mafioso cruel e sem honra. Se Guilhermo não agisse rapidamente, Armany chegaria até ele; aquilo era uma bola de neve.
Não era a intenção dele sequestrar a Sophie ou usá-la para se vingar do Thomas, esse não é o perfil dele, mas considerou que ela era inocente e cairia nas mãos do Armany, o que seria pior que a morte para ela. Então ele mandou seus homens, nuna missão de resgate, e a tirou da sua fazenda, antes do rival.
Mas ele fez justiça a seu modo, e sua noiva traidora, imatura e insensata pagou, assim como todos os amantes dela.
Porém ao matar Thomas em Boston, Guilhermo descobriu pelo primo da Sophie, Christian Black, que ela, por algum razão não saia de casa. Isso explicava a reação que seu soldado Harold, informou que ela teve, e mesmo o jeito acuado dela quando ele , a visitou.
Guilhermo só pode voltar correndo. Tinha muitas dúvidas agora, rondando sua mente e uma sensação diferente dentro de si, que ele era incapaz de decifrar, também não se atentou para isso, procurou ignorar, tudo o que ele queria, era voltar logo...
Ele se sentiu mal, ao saber que a garota que acabara de resgatar e conhecer, tinha um sério problema causado por quem a deveria defender, mas ao invés disso, parece que ele destruiu a vida dela, deixando-lhe duras marcas na alma; por essa razão, ela o mencionou com tanta mágoa. Ele queria matar o Thomas outra vez. Só coube-lhe voltar correndo.
A missão de encerrar os laços com a ex noiva, estava cumprida, agora a missão era encontrar o assassino da mãe e fazer justiça, porém, inevitavelmente, já existia a missão Sophie...
Alguns dias antes...
Guilhermo acordou todo dolorido, após adormecer numa pequena poltrona, num quarto do hospital particular da "família"; estava acompanhando Genaro. Este foi baleado e o estado dele era crítico, perdeu muito sangue e precisou passar por uma cirurgia para remoção da bala. Isso após a emboscada que sofreram a dois dias...
Na ocasião, Guilhermo estava no que era um verdadeiro cenário de guerra, ele e os soldados selecionados por Genaro, feriram e mataram muitos da Máfia rival, mas perderam muitos deles também.
Ao se dar conta de que o tal homem que procuravam não estava lá e que foram enganados, Guilhermo ficou furioso; mais ainda ao ver que estavam cercados . Se protegeram cada um, atrás da uma pilastra, de um galpão abandonado...
— Não me olhe assim Guilhermo..
Ele apenas olhou feio para o pai e pôs o dedo na boca, pedindo silêncio, saiu de trás da pilastra e atirou em mais um, mas logo vieram outros, Guilhermo e Genaro estavam encurralados, não tinham por onde sair.
Porém, nesse momento, ouviram um verdadeiro bombardeio vindo de fora. Harold, o chefe dos soldados de confiança de Guilhermo chegou para dar apoio. Eles haviam acabado de voltar da Alemanha, da missão que ele os designou.
Foi a mansão Castellini para prestar contas a chefe. No entanto, assim que soube do confronto, ouviu quando um infiltrado falava confiante ao telefone, que "aquele seria na verdade o fim de Guilhermo".
Harold não pensou duas vezes, derrubou o intruso com um único soco, pôs a arma nas bolas dele e falou perigosamente baixo:
— Onde está o Guilhermo? Seu traidor desgraçado!
— Eu não sei.
Respondeu e literalmente borrou as calças, Harold apertou o gatilho enquanto o outro deu um tiro, porém foi só para o assustar.
— Vamos tentar outra vez. E eu garanto que esta próxima bala vai sair e fazer o maior estrago...
O homem quase perdeu a voz, mas conseguiu falar; eles o amarraram e trancaram no quarto do castigo, em seguida foram ao encontro de Guilhermo...
Então Harold e seus homens, invadiram a área e mataram todos, para o alívio de Guilhermo. Porém, um último, enviado por Harry, estava atrás de Guilhermo apontou para ele, disparou, mas Genaro viu e o empurrou, levando assim o tiro no lugar dele. Guilhermo se virou assustado e ao ver o pai no chão, sentiu um misto de raiva e desespero, ele descarregou a arma no sujeito, o matando...
Depois largou a arma e se agachou ao lado do pai, ainda consciente e que se esforçava para falar.
— Desculpa filho, eu fui irracional, me deixei enganar e nos coloquei em perigo...
— Se acalma pai.
Pôs a mão no ferimento no peito, na tentativa de estancar o sangue. E continuou:
— Só importa sua saúde agora, se velho teimoso. Respira e fica acordado, conversa comigo pai, nós vamos te levar ao hospital...
Genaro até tentou ficar firme, mas foi perdendo lentamente a consciência o deixando aflito; ele foi levado as pressas ao hospital particular.
Como perdeu muito sangue, Guilhermo teve que doar sangue para que fizessem a cirurgia. Felizmente a bala não atingiu nenhum órgão vital, mas ele teria que ficar em observação por causa do problema de coração.
Guilhermo não se feriu, mas ficou bastante preocupado com o estado de saúde do pai.
Depois que Genaro foi levado ao quarto, ele ficou com ele e passou a noite vigiando-o.
Pela manhã acordou dolorido, mas não ia deixar o pai, entrou no banheiro e ao sair, deu de cara com Harold.
— Bom dia senhor Guilhermo. Como o senhor Genaro está? E o senhor?
— Bom dia Harold. O meu pai está fora de perigo e eu, bom, eu mal dormi tentando raciocinar. Foi uma armação.
— Foi, na verdade uma... distração senhor.
Limpou a garganta e completou, enquanto Guilhermo revirou os olhos:
— A Deyse fugiu do bordel, enquanto você estava focado na busca do possível assassino da senhora sua mãe, alguém organizou um ataque ao bordel. Todos morreram, menos a Deyse. Toda essa missão foi orquestrada na verdade, para te manter ocupado...
— Ou me matar!
Respondeu Guilhermo ao se dar conta do que estava por trás daquele ataque, ele olhou para o alto, se virou balançando levemente a cabeça positivo, enquanto a xingava de todos os nomes baixos; chutou uma mesinha, assustando Harold, voltou a olha-lo e falou:
— Maldita vadia, mas isso não vai ficar assim, ela me paga! Desta vez eu vou resolver isso da forma clássica, como deveria ter feito desde o início.
— Ainda não sabemos pra onde ela foi senhor.
— Eu sei exatamente pra onde ela foi: Boston! Foi atrás do Christian Black e até onde sei, o Thomas Williams também está lá. Manda preparar o jatinho, vamos viajar ainda hoje. Vou matar dois coelhos com um tiro só!
Harold observou o olhar dele é perguntou:
— Posso fazer-lhe uma pergunta indiscreta?
— Faça.
— Ham... O senhor a amava?
Guilhermo olhou para o alto, suspirou e respondeu:
— Eu deixei de acreditar no amor, após o que aconteceu com a minha mãe. No entanto, eu tinha que me casar, já estava noivo e acostumado com a ideia de que ela seria a minha esposa. Eu a respeitei dando o tempo que ela pediu, fui discreto, enquanto ela ao invés de dizer que não queria se casar, preferiu me invergonhar...Gosto de pensar que ela foi ingênua , achando que esta era a melhor forma de se livrar de mim, mas na verdade, só estou me enganando, porque a Deyse sabia exatamente o que estava fazendo e não se importou nem um pouco. Eu não amava antes e agora a odeio com todas as minhas forças.
Harold juntou os lábios numa linha reta, então Guilhermo completou:
— Agora vá, faça o que te mandei, enquanto resolvo tudo por aqui; não posso perder tempo.
Falou discando o número no celular, porém antes de sair, Harold o chamou mais uma vez:
— Senhor, tem mais uma coisa...
Ele questionou com um olhar impaciente, então o homem se apressou em responder, se aproximou dele e falou:
— A a garota senhor, está aqui, nós a trouxemos, e a mãe também.
— Onde ela está?
— No seu apartamento senhor.
— Certo. Ela está bem? Não a machucaram não é?
— Não senhor, ninguém a machucou, apesar dela ter resistido e tentado escapar.
— Ela lutou foi? rsrs...interessante. Certifique-se de que ela estará bem segura.
Harold fez que sim e já ia saindo, então Guilhermo falou:
— Melhor, deixa que eu mesmo faço isso quando sair daqui.
Não disse mais nada, apenas fez um gesto com a cabeça, para que o homem ir cumprir com as ordens. Depois se inclinou sobre o pai e falou:
— Vai ficar tudo bem pai, eu vou resolver umas coisas, mas volto logo e prometo, que assim que estiver de volta, vou pegar o homem causou a morte da sua amada e senhora minha mãe. Te dou a minha palavra.
Genaro estava dormindo, mas apertou levemente a mão de Guilhermo, ele esboçou um sorriso e deu um beijo na testa do pai, saiu logo após isso. Deixando alguns de seus homens de prontidão.
Assim que saiu no corredor, foi cercado por seus seguranças até o carro. Ele entrou na Ferrari e seguiu para casa. Estava a ponto de surtar de tanta raiva. Ser um Mafioso tem lá os seus riscos e ele sempre teve esta consciência, mas não conseguia entender, porque algumas pessoas eram tão estúpidas em dispertar a fera dentro dele..
"Ham...talvez, você esteja sendo um Mafioso muito manso, ninguém leva a sério um Mafioso manso. "
Pensou e se viu parar em frente ao luxuoso edifício, onde tem um apartamento, ou melhor a cobertura. Ficou olhando por alguns segundos, por fim entrou na garagem; estacionou e após desligar o carro, pegou uma foto, a foto da garota. Olhou enquanto pensava:
" Parece que o seu destino e o do seu irmão, estão nas minhas mãos. Espero que o seu, seja diferente..."
Guardou a foto e saiu do carro confiante, entrou no elevador, que o levou direto ao décimo quinto andar. Entrou e encontrou dois de seus seguranças na sala, que imediatamente o cumprimentaram; ele apenas fez um gesto com a cabeça.
— Onde ela está?
— No quarto de hóspedes senhor.
Guilhermo assentiu e pode ouvir batidas insistentes na porta, que com certeza era a moça, ele seguiu para o quarto. Parou em frente a porta, pôs a mão na fechadura, não abriu de uma vez e não entendeu o porquê. Isso era novo...
Então balançou a cabeça e entrou no quarto de uma vez, porém estava escuro e antes que pudesse acender a luz, foi atingido de raspão por um vaso, afinal estava escuro. Porém ele pode sentir o calor, o perfume e a respiração dela perto dele, que no desespero o tentou golpear novamente. Ele segurou o braço dela facilmente fazendo o vaso cair e a segurou com força junto ao seu corpo, a imobilizado.
A garota começou a gritar e fazer força inutilmente para se soltar , então ele pôs a mão na boca dela pra a silenciar, mas mesmo assim, ela grunhia e não parava quieta e ainda o mordeu, o que o fez perder a paciência e rugir, enquanto a apertava em seus braços:
— Já chega! Você tem que se acalmar.
Ela extremeceu ao som da voz áspera e estranhamente calorosa dele, ficou em silêncio e parou de fazer força, estava apenas ofegante. Então ele falou bem perto do ouvido dela, suavizando a voz.
— Eu não quero te machucar.
Ela não disse nada, mas estava tremendo, ele ainda a segurava e pode sentir uma lágrimas tocar gentilmente sua mão e passar por ela, ele também sentiu o coração dela acelereado; causando-lhe uma sensação estranha, talvez fosse compaixão, já que ela era uma garota inocente...
Guilhermo não soube decifrar, mas sabia que aquele contato já tinha durado tempo demais, já estava pasando da hora de a soltar... Seu corpo lhe avisou!
— Tudo bem, eu vou te soltar...Ok?
Falou quase sussurrando, ela fez que sim com a cabeça, então ele tirou a mão da boca dela, e afrouxou o aperto lentamente; por fim a soltou e ela correu tropeçando para um canto. Finalmente a luz clareou o quarto, mas ela se agachou evitando o olhar e permaceu encolhida, feito um bichinho acoado.
Ele entendeu que ela só estava assustada, na verdade devia estar apavorada, afinal foi tirada tão de repente de sua casa e levada para outro país por estranhos, sem nenhuma explicação. E embora tenha sido levada com a mãe, neste momento, estava sozinha.
Ele olhou em volta e reparou que nada foi mexido, exceto a cortina que ela havia fechado; nem mesmo o prato de comida que foi servido para ela, foi tocado. Ele se aproximou e ficou irado.
— Que tipo de refeição é essa?
Perguntou parecendo bravo.
No entanto, ela escondeu o rosto entre os joelhos e chorou baixinho, o deixando sem reação. Ele não sabia o que fazer e nem o que dizer, o que era novo pra ele...
Sophie Bergman...
Sophie é uma jovem meiga, talentosa e delicada que vivia em uma fazenda, nos campos de Frankfurt, na Alemanha.
Ela ama música, ler; aliás ela lê muito e tem muitos livros, de todos os gêneros, na grande biblioteca da casa onde vive. O pai já falecido, fez questão de construir uma só para ela, ao perceber o interesse da menina por livros; isso a deixou tão feliz...
E após a morte dele, ela passou a ler um quase que por dia.
Também ama pintar ao ar livre e admirar a beleza ao seu redor, especialmente a da fazenda.
É uma garota simples e muito carinhosa. Vive cercada do carinho e proteção da mãe, a dona Ava(Eiva)Williams.
Ava se casou novamente com Matt Bergman, após a morte do seu primeiro marido e pai do filho mais velho, Thomas Williams. Matt era um homem bom, diferente do falecido marido. Era um pai amoroso e esposo gentil. Sophie era a sua princesinha, e ele a mimou todos os dias de sua vida.
Já Thomas não aprovava o casamento da mãe e nunca o aceitou, tão pouco reconheceu a Sophie como irmã, mesmo assim, ela o amava.
No entanto, ele foi viver a sua vida longe dos conselhos da mãe, montou a própria empresa e prosperou por um tempo, mas não durou muito...As vezes ele aparecia, mas só para esfregar na cara da mãe, o quanto a vida dele, segundo as regras e ensinamentos de seu cruel pai, era boa.
Ele não gostava da Sophie, nem um pouco e também não se importava com ela. Por isso, após a morte de Matt, ele não voltou para casa, mas foi ele mesmo o responsável pelo ataque a ela e as amigas, que a deixou traumatizada e com síndrome do pânico...
Por esta razão ela nunca mais conseguiu sair de casa; não confia nas pessoas, principalmente os homens.
O primo Christian pagou um tratamento psicológico, o que a ajudou bastante, também os estudos em casa, mas ela ainda não superou totalmente, por isso só fica com a mãe, evitando assim o contato com estranhos… As poucas amigas que tem, as vezes a visitam em casa, mas elas se falavam mais por mensagem e vídeo chamada.
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No dia da "viagem"...
Ava havia acabado de servir o almoço, e sorriu ao avistar Sophie deitada ao sol, sobre a grama alta, lendo mais um de seus romances preferidos...
Porém, um grupo de homens chegaram em sua fazenda sem aviso e entraram sem serem convidados, a abordagem não foi violenta, mas intimidadora o suficiente. Um homem alto e forte e de semblante carregado, se aproximou de Ava e apenas disse:
— Olá senhora Williams, a senhora está convida e sua filha, a nos acompanhar agora mesmo.
Ava o olhou confusa e perguntou com a voz trêmula:
— Mas por que isso? Não fizemos nada e não devemos nada a ninguém.
— A senhora não deve, mas o seu filho sim, e antes que tenha tempo de pensar o quê, outros virão lhes cobrar e acredite, não terão esta mesma cordialidade. Então não faça perguntas, apenas nos acompanhe agora.
Ava pensou e se lembrou de ouvir recentemente que Thomas estava com problemas, ele até pediu-lhe dinheiro emprestado, então tentou argumentar.
— Tudo bem senhor, se o problema for dinheiro, eu pago, mas não tire a mim e a minha filha, principalmente a minha menina, ela não...
— SENHORA NÃO ME FAÇA PERDER TEMPO!!
Gritou chamando a atenção de Sophie a assustando, fazendoo livro em sua mão cair e ela ser incapaz de o pegar. Ela se levantou e mesmo tremendo foi até a mãe e antes que chegasse, Harold completou:
— O seu filho as vendeu, e a sua fazenda também. Logo os credores virão, agora vamos!
— Eu não acredito em você!
Harold a olhou feio e respondeu:
— Não me importo, a senhora vem ou assiste-os levando a sua filha pra ser escrava...
Falou pegando no braço da mulher, que estava atordoada e completamente sem reação, esta última afirmação, lhe causou calafrios...Só de pensar em sua doce filha, sendo usada e explorada por vários homens, já a destruía por dentro. Ela estava com os olhos estatelados e com lágrimas, e foi incapaz de responder, seu coração doeu muito, por mais uma decepção que seu filho desnaturado lhe causou, envolvendo a própria irmã...
Ainda olhou para o lado, e viu como que em câmera lenta e ouvindo longe, Sophie gritando e esperneando desesperada, tentando se soltar dos braços fortes do homem que a carregava. Ava mal conseguiu balbuciar:
— Por favor, façam o que quiserem comigo, mas eu imploro, não machuquem a minha filha, não a machuquem …
— Não faremos nada senhora.
Assim, eles pegaram rapidamente os passaportes,documentos e algumas coisas básicas, e as levaram direto para o hangar, partindo rumo à Londres, já estava tudo arrajado.
Sophie não parava de chorar e nem gritar, ela olhava a mãe em choque e ficava ainda mais apavorada, não tinha noção do que estava acontecendo, então entrou em crise de pânico e chorou o tempo todo, até que Harold com muita dificuldade (já que ele tinha que ser gentil), lhe deu um calmante que a fez apagar. Quando acordou, se viu em um cenário diferente e sem a mãe...
Ela estava deitada em cama de casal muito confortável, olhou em volta e viu um quarto bonito, muito bem decorado; de longe se via que era de luxo, pois tudo ali era muito sofisticado.
No entanto, nada podia aplacar a dor e o desespero que ela estava sentindo; de repente foi tirada de seu amado lar, por pessoas que nunca viu na vida, e o pior, não sabia onde estava e não fazia ideia do que aconteceu enquanto dormia, tão pouco onde estava a mãe. A sensação era que estava exposta e totalmente vulnerável.
Apesar do choque, Sophie se levantou da cama assustada, e tentou abrir a porta, só para descobrir que estava trancada. Ela começou a sentir calafrios por todo o corpo e o ar lhe faltar, sem contar as pernas que eram como gelatinas; ela tentou gritar, mas parecia que a voz não era forte o bastante, mesmo assim, respirou fundo como a psicóloga a orientou, tentou juntar as forças que tinha e fez o seu melhor para bater na porta e gritar:
— Mamãe, mamãe! Aonde a senhora está? Por favor, alguém? Eu quero a minha mãe! Socorro!!
Gritou e bateu na porta, mas não teve resposta, assim, ela deslisou encostada na porta até o chão, caiu sentada, segurando os cabelos aos prantos de tão aflita.
Aquela foi uma das piores sensações na vida, era como estar no completo escuro. Mesmo assim, ela continuou batendo, até que após um hora, uma mulher jovem e uniformizada entrou no quarto, acompanhada de um homem alto, forte e com cara de poucos amigos.
Sophie correu para um canto e se encolheu, a mulher a olhou com desdém, parecendo fazer pouco dela e um fio de nojo na Expressão dela.
Sophie estava assustada e se sentindo indefesa, mas a ansiedade a dominava, então ela perguntou baixo e com a voz trêmula:
— On-onde está a minha mãe? Onde estou? Por favor me digam onde…
— Cala boca sua vadia estúpida.
Sophie se sentiu tão agredida, ela quase deu um pulo quando a mulher gritou, demonstrando a insatisfação, porém ela engoliu o medo e respondeu:
— Não sou isso senhora. Estou aqui contra a minha vontade. Por favor me ajude!
— kkkkkk Não se faça de sonsa! E outra, eu jamais ajudaria uma desqualificada como…
— JÁ CHEGA!
Interrompeu o homem, ele ouviu de Harold que era para trata-la bem, então seguiria as ordens , inclusive, ele estava com o grupo que a levou, então não era justo aquele tratamento, e o pior, Guilhermo não ia gostar, então ele completou:
— Mocinha, não se preocupe, esta segura é sua mãe está bem.
— Mas por que estamos aqui, nesse lugar que nem faço ideia?
Perguntou Sophie ainda no canto, o homem manteve a postura rígida e respondeu:
— Não posso responder as suas perguntas, apenas mantê-la aqui e segura.
Sophie se sentou na cama com as lágrimas escorrendo, não disse mais nada; então o homem se virou para a mulher e falou:
— Quanto a você, é bom tratá-la bem.
Ela o encarou com uma indignação no olhar, então ele completou:
— Você está aqui para isso, pra servir a garota. Agora vá, prepare algo decente para ela se alimentar.
A funcionária encarou Sophie com ódio, mas a moça não estava preocupada com ela, Sophie nem mesmo viu o olhar dela. Ela apenas se manteve encolhida, estava lutando para se manter calma, mas seus medos a bombardeavam por dentro.
Já a funcionária desceu revoltada, foi até a cozinha e preparou com todo o desgosto e ma vontade possível...
— Ela vai ver a refeição decente que eu vou preparar.. Ah tá!!
Pois é, o que ela fez, foi um jantar nada apetitoso, quando Sophie o viu, sentiu mais falta ainda da mãe. No entanto, a mulher jogou de qualquer maneira a bandeja no móvel próximo a cama e saiu do quarto, de nariz empinado e exibindo um sorriso de deboche. Sophie apenas chorou sem resposta, se perguntando o que havia feito de errado para merecer tal castigo. E foi assim por dois dias..
Porém, na manhã do terceiro dia, ela sentiu uma fragrância diferente, desconhecida; mais sofisticada e atraente de certo modo, ela não sabia porque, mas a cativou ao mesmo tempo em que a deixou em alerta...
— Será esse o chefe, o homem que mandou me sequestrar? Ai meu Deus, e agora, o que vou fazer?
Olhou para um lado e outro e foi aí que avistou um vaso de cerâmica; lutou para correr até ele, estava com as pernas tremendo de medo, pegou o vaso e viu a maçaneta girar lentamente... Sophie, estava com o coração disparado, correu para a porta e apagou a luz, respirou fundo e quando a porta se abriu, golpeou com toda a força, mas só o acertou de raspão; tentou outra vez, e... Era ele Guilhermo, que reagiu rápido e segurou o braço dela e puxou, de modo que a imobilizou facilmente.
Sophie ficou ainda mais nervosa e começou agritar e tentar se soltar, porém ele cobriu a boca dela com a mão a apertando com força; ela mordeu a mão dele, no desespero, mas só conseguiu o irritar. Ele a manteve presa e ordenou:
— Já chega! Você tem que se acalmar!
Falou com rispidez, o que a fez chorar esperando o pior, porém, ele suavizou a voz e disse:
— Eu não quero te machucar...
Foi o bastante para ela se acalmar um pouco, mas só um pouco, pois no momento em que se viu livre, correu novamente para o canto onde estava e se encolheu enquanto chorava, o deixando totalmente sem ação...
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