Retirei o meu terninho antiquado com um olhar desafiador no rosto e sorri para Dominic. Não desistiria daquilo que considerava certo, afinal, estava trabalhando naquele lugar por um motivo único: "Sobrevivência".
Ele podia humilhar-me o quanto quisesse. Se ele desejasse que eu entrasse na piscina fria, mesmo ciente de que poderia pegar um resfriado ou morrer de hipotermia, eu o faria sem hesitar. Estava cansada de ser tratada como uma boneca em busca de perdão por um pecado não cometido.
Vi os olhos de Dominic faiscarem de ódio enquanto percorriam o meu corpo, e senti um arrepio percorrer todo o meu ser.
Ao entrar na água gélida, uma sensação de choque percorreu todo o meu corpo.
A água, cortante como lâminas de gelo, me abraçou instantaneamente, fazendo-me arrepiar dos pés à cabeça. Cada centímetro da minha pele reagiu ao choque térmico, formando arrepios visíveis.
Os meus músculos enrijeceram-se, e o ar escapou dos meus pulmões enquanto o frio penetrava na minha carne. Era como se o inverno tivesse invadido o meu corpo, congelando-me por dentro. A dor inicial deu lugar a uma sensação entorpecente, e lutei para manter a compostura, sabendo que não podia demonstrar fraqueza diante de Dominic.
Procurei freneticamente o anel na água turva e gelada. Meus dedos tocaram algo frio e metálico, e a esperança brotou em meu peito. Com um movimento desajeitado, agarrei o objeto e o examinei: Não era o anel que Dominic havia dito ter lançado na piscina.
Continuei a procurar na água, mas ao olhar para o homem na borda da piscina com um sorriso cínico nos lábios. Logo percebi que a suposta busca pelo anel era uma mentira um jogo cruel que Dominic estava jogando comigo.
O desespero dominou-meu quando, ao tentar andar até a superfície, percebi que a piscina era mais profunda e maior do que eu imaginava.
Minhas pernas não alcançavam mais o fundo, como cometi tal imprudência, tentei ir para as bordas e depois voltar por onde vim e minhas forças começaram a desaparecer.
Bolhas de ar escapavam dos meus lábios enquanto eu lutava para manter a cabeça acima d'água. O pânico envolveu-me quando a água escura engoliu-me, e a sensação de afogamento tornou-se realidade.
Ate que senti um braço forte me envolvendo, puxando-me das profundezas da água escura e gélida. Era um resgate, uma segunda chance naquela situação desesperadora.
O mundo lá em cima parecia distante, obscurecido pelas águas que me haviam engolido. À medida que emergia, o frio penetrava em meus ossos, fazendo-me tremer violentamente.
O ar gélido que inalava cortava meus pulmões, mas era uma bênção em comparação com a asfixia iminente. A sensação do braço protetor que me segurava firmemente era reconfortante, uma âncora naquele momento de caos. Era como se a morte tivesse me tocado, e a vida, mesmo sob as águas gélidas, me puxou de volta para a superfície.
Envolta apenas por minha calcinha, sentia-me vulnerável e exposta, mas, ao mesmo tempo, grata pelo calor do corpo que me havia salvado. Seu abraço era como um escudo contra o frio que ainda me arrepiava. A sensação de proximidade, de confiança, era intensa, mas, sob essa gratidão, borbulhava uma raiva crescente por ter sido enganada por Dominic.
Enquanto estava nos braços dele, com os olhos fechados, não pude evitar pensar no afogamento. As memórias da água escura me assombravam, e o som das bolhas e a sensação de desespero persistiam em minha mente. A raiva que crescia em mim era como um fogo interior, queimando com a determinação de confrontar aquele que havia orquestrado aquele cruel jogo.
Cada vez que o vento pairava sobre nós e com os olhos ainda fechados, revivia a agonia de lutar contra a água escura e implacável. O som de bolhas se formando à minha volta ecoava em meus ouvidos, e a sensação de desespero permanecia cravada em meu peito. Mesmo fora da água, a lembrança daquele momento era assustador.
Enquanto estava nos braços dele, minha mente divagava sobre as intenções de Dominic. Não conseguia deixar de pensar que ele talvez quisesse realmente me ver morta naquela piscina. Seus olhos brilhando de ódio e sua disposição em me submeter a água congelante eram provas da sua crueldade.
A sensação de vulnerabilidade e exposição que experimentei enquanto abraçada em sua proximidade contrastava fortemente com a raiva que crescia dentro de mim. Ele queria me destruir, mas eu estava determinada a não ser vítima da sua sede de vingança.
Aquele momento, nos braços dele, era um divisor de águas, uma virada em minha determinação de confrontar Dominic e garantir que a justiça prevalecesse.
Parecia que o tempo tinha parado em algum instante e eu ainda estava nos braços de Dominic, imersa em meus pensamentos, ouvi sua voz rouca perguntando se eu estava bem. Eu estava tão envolta na minha própria turbulência emocional que apenas consegui sussurrar um "sim" hesitante em resposta.
Então, de repente, sua boca se fundiu à minha num beijo torrido, ardente e surpreendente.
Aquele gesto inesperado me tirou dos meus pensamentos e fez meu corpo reagir de uma maneira que eu não poderia prever. Aquele beijo carregado de intensidade e paixão, num momento tão inusitado, mexeu com minhas emoções e deixou-me dividida entre a raiva e a atração, tornando a situação ainda mais complexa.
Minha reação instintiva foi rejeitar aquele gesto, empurrando-o com brusquidão. Fui tomada por uma mistura avassaladora de emoções, e a raiva em relação à sua crueldade prevaleceu naquele momento. Sem pensar, me afastei dele e corri, deixando-o para trás à beira da piscina.
Parei um momento para recuperar o fôlego, tremendo de frio e de emoção. Minhas mãos estavam trêmulas enquanto eu tentava pegar minhas roupas de forma atrapalhada.
Antes de sair em disparada olhei uma última vez para o homem molhado à beira da piscina, sentindo uma sensação de traição e confusão.
Nada fazia sentido naquele momento, e no meu íntimo eu sabia que aquilo era só o começo.
Cheguei ofegante ao banheiro do luxuoso escritório e, com as mãos trêmulas, tentei tirar o máximo da água do meu corpo e comecei a vestir minhas roupas.
A sensação de alívio ao sentir o tecido seco contra a pele gelada era imensa. Enquanto me vestia, refleti sobre a estranheza de toda a situação e sobre as intenções de Dominic. Olhei para o reflexo no espelho, tentando entender o que estava acontecendo.
Enquanto Isadora estava perdida em seus pensamentos no luxuoso banheiro.
Um homem solitário permanecia à beira da piscina, encharcado e absorto em seus próprios pensamentos.
Seu olhar era frio e distante, como se estivesse distante de tudo ao seu redor. As gotas d'água escorriam de seus cabelos desgrenhados e do rosto tenso, refletindo o contraste entre a água gélida e a aparente frieza em sua expressão.
Era como se ele estivesse à beira de um abismo, e seus olhos vazios escondiam segredos profundos e perturbadores.
Dominic cerrou os dentes ao refletir sobre o beijo que compartilhou com aquela mulher, ao mesmo tempo em que se repreendia por tê-la beijado. Ele se questionou o que o havia levado a tomar tal atitude inesperada.
Ponderou sobre a ousadia de Isadora, que parecia não se importar em estar nua diante dele. Embora estivesse usado de artifícios para fazê-la encontrar um anel inexistente, ele não hesitaria em jogá-la na piscina como punição por sua tentativa de enganá-lo.
Primeiro, ela havia penetrado sorrateiramente em sua empresa e, em seguida, cativado a atenção de seu avô. Tudo isso alimentava sua desconfiança de que ela não passava de uma caçadora de fortunas.
As curvas exuberantes de Isadora poderiam enganar até o mais virtuoso dos homens, mas Dominic se via como uma exceção, alguém que não se deixaria iludir por uma mulher comum.
Ele tinha plena consciência de que o acordo de casamento seria apenas o começo de uma série de desafios que os aguardavam. Dominic tinha como único aliado seu avô, Robert, e esse vínculo tornava tudo ainda mais complexo.
Dominic acreditava que Isadora era a amante de seu avô, especialmente devido à proximidade e ao carinho que ele demonstrava por ela, chamando-a de Isis. Essa suspeita alimentava ainda mais seu desdém por Isadora e reforçava sua determinação em puni-la por suas ações.
Estava confuso quanto à necessidade de se casar, e acreditava que isso devia ser uma ideia de Isadora para se apossar da fortuna da família Diamond.
A suspeita de que Isadora estivesse tramando algo para beneficiar-se financeiramente só aumentava sua desconfiança e ressentimento em relação a ela.
Também tinha em mente que gostava da companhia de Cristine, e ele lembrava que havia prometido almoçar com ela. Precisava explicar sobre o casamento, esclarecendo que era puramente uma questão de negócios e uma forma de seu avô transferir o restante do patrimônio para seu nome e, assim, deixá-lo em paz.
(Cristine retirada da Internet)
Casaria-se com Cristine, se não fosse pelas condições impostas pelo próprio avô em sua herança.
Dominic não conseguia compreender por que seu avô era tão contra Cristine. Ela o satisfazia como homem, e isso deveria ser suficiente. Além disso, quem sabe ela não lhe daria alguns filhos?
Ele não desejava ter apenas um filho, pois ser filho único havia sido uma experiência solitária e desafiadora para ele. Almejava uma família e, em Cristine, via uma oportunidade para isso, afinal, essa solidão nunca fora algo que o agradasse.
E também testemunhou sua mãe destruir seu pai pouco a pouco. Desde cedo, ouviu dela que era um filho indesejado, e ela o abandonou, mantendo relações com diferentes homens.
Seu pai sucumbiu ao alcoolismo, e ambos se desgastaram com o tempo. Sua mãe encontrou um fim trágico em um acidente com seu amante, enquanto seu pai sofreu complicações devido ao abuso de álcool e o deixou aos 16 anos.
Seu avô tornou-se sua âncora durante esses anos difíceis, ensinando-lhe a ser resiliente. Agora, parecia que o velho estava agindo de maneira mais gentil. Até arrumou uma noiva para ele, embora Dominic não soubesse que havia um acordo por trás desse casamento planejado.
Dominic tinha consciência de que a família de Isadora já fora altamente prestigiada, mas em algum momento, todo o glamour se desfez.
E o pai dela estava agora confinado a uma cama de hospital, dependendo da ajuda do avô de Dominic para sobreviver. Intrigado e determinado a descobrir a verdade, Dominic pediu uma investigação sobre o passado da família de Isadora.
O que mais o perturbava era que parecia que alguém havia apagado completamente a história da família de Isadora, como se quisessem enterrar os segredos do passado. No entanto, Dominic estava decidido a desvendar o que realmente havia acontecido, não importasse o que.
Dominic se ergueu à beira da piscina com seu olhar habitualmente frio e, em seguida, dirigiu-se ao luxuoso escritório, onde havia um quarto que ocasionalmente usava para descansar. Ali, ele trocou de roupa e colocou as peças antigas em uma sacola.
(imagem retirada da Internet)
Pretendia entregar as roupas a Isadora para que fossem enviadas à lavanderia, afinal, ela claramente não deveria entrar na piscina se não sabia nadar.
Um turbilhão de pensamentos o assaltava. Dominic, que normalmente lidava com seus inimigos de forma implacável, agora se sentia tolo com as punições que havia aplicado a essa mulher.
Talvez aquilo fosse suficiente, uma vez que ela viera de um berço de ouro. Dominic tinha a impressão de que Isadora sequer sabia como limpar uma mesa, e essa incerteza o deixava desconcertado sobre como lidar com ela.
Quando Dominic estava prestes a chamar Isadora, ouviu risos vindos do lado de fora. Era a voz de seu avô que se misturava aos risos de Isadora. Um sentimento avassalador o invadiu, e ele acreditou ser ódio, acreditando que Isadora estava se insinuando para um homem mais velho.
Dominic não hesitou e abriu a porta de uma vez. Assim que colocou o pé para fora, um silêncio repentino pairou sobre o ambiente, e dois olhares se voltaram para ele.
Robert, Dominic pronunciou com iminente indiferença.
Enquanto observa seu avô desfrutando de uma xícara de chá e alguns aperitivos com sua secretária, ou talvez fosse mais apropriado chamá-la de "noiva". As rugas de raiva eram visíveis entre as sobrancelhas de Dominic.
- Estava apreciando a companhia de Isis, minha filha, Robert falou ao se levantar, enquanto Isadora assentiu com um gesto de cabeça.
Ambos entraram na sala, e antes que Dominic fechasse a porta por completo, ele falou com um tom arrogante para Isadora trazer um café para ele. O comando cortante de Dominic reverberou na sala, criando uma tensão palpável no ambiente.
Isadora ergueu seu rosto e, com uma voz suave, respondeu: "Sim, senhor". No entanto, ela não pôde deixar de se perguntar como alguém tão autoritário e gutural poderia ter um avô tão terno e carinhoso como o Sr. Robert. Era como se estivessem em lados opostos de um espectro emocional.
Enquanto Dominic era o seu tormento, o Sr. Robert era seu protetor. Ela sabia que, se não fosse pelo carinho e consideração que o Sr. Robert tinha por seus pais, ela teria sucumbido há muito tempo. Era uma complexa dualidade de sentimentos e relações que permeava a vida de Isadora.
Isadora se levantou com uma graciosidade tranquila, determinada a cumprir a ordem de Dominic. Ela se dirigiu à pequena copa adjacente, onde a luz tênue criava uma atmosfera aconchegante.
Pegando uma xícara e uma colher, Isadora decidiu improvisar, acrescentando um pouco de água ao café velho e já coado que encontrou. A mistura era uma tentativa de criar um café fresco, e ela sabia que não seria a perfeição, mas pelo menos seria uma resposta ao comando de Dominic.
Após o improviso, colocou a xícara no micro-ondas e observou enquanto as ondas de calor reviviam o café. Era uma cena que representava a peculiaridade de sua relação com Dominic, repleta de desafios e soluções criativas para lidar com o humor dele.
Isadora sentiu uma repulsa tão intensa por Dominic que, em um momento de adversidade, não resistiu à tentação de cuspir no café que estava preparando para ele. Era uma pequena revolta silenciosa que, de alguma forma, a ajudava a aliviar a tensão que ele despertava.
Em contraste, com uma gentileza e respeito que mereciam, ela preparou um chá fresquinho para o Sr. Robert. Ele era a única pessoa naquele local digna de sua verdadeira atenção e apreço.
Era a maneira de Isadora de mostrar gratidão por sua consideração e amor pelos seus pais, bem como a proteção que ele lhe oferecia naquela empresa tão desafiadora.
Isadora bateu suavemente na porta do escritório e ouviu um sonoro "entre," que soava meio impaciente por estar sendo interrompido. Ela entrou silenciosamente na sala e depositou as xícaras na frente dos dois homens que estavam presentes. "- Obrigado", o Sr. Robert falou com um grande sorriso nos lábios, e Isadora respondeu com um singelo sorriso silencioso.
No entanto, do outro lado da mesa, a irritação era visível no rosto de Dominic. Ele apenas olhou para a xícara de café com desdém e declarou que parecia estar fraco. "- Saia", Dominic ordenou a Isadora de forma áspera.
- Como você pode falar assim com sua futura esposa? Robert interveio em defesa da moça.
- Isso não diz respeito a você, Dominic respondeu com dureza.
Mas Robert, visivelmente furioso, não se conteve e soltou: - Você... Não ouse, seu filho ingrato. Não brinque com o seu mais velho.
- Ou o quê? - Dominic provocou, tomando outro gole do seu café, que, aliás, estava horrível.
Seu avô, do outro lado da mesa, parecia prestes a explodir a qualquer momento e, com irritação na voz, disparou: - Seu bastardo! Chega! Você acha que não reparei seus cabelos molhados? O que você fez?
Dominic respondeu com um sorriso cínico no rosto, e isso foi o bastante para seu avô atirar a xícara em sua direção. Dessa vez, Dominic não desviou. Seu avô costumava atirar coisas nele ou acertar sua canela com a bengala, mas era uma forma de saber até onde o neto era capaz de chegar.
- Seu bastardo! Você deveria ter desviado, - Robert falou enquanto observava o sangue escorrer da testa de seu neto.
- Você não parecia preocupado quando me acertou com a xícara, Dominic comentou e deu um suspiro. Embora não tivesse reclamado, a dor do impacto era suficiente para fazer uma pessoa comum derramar lágrimas.
- Isso não vai se repetir, mas você merece mais do que um corte na testa, seu avô respondeu impaciente.
- Não importa, Dominic replicou com desdém.
Robert, inicialmente contendo-se para não continuar tratando seu neto de forma áspera, logo considerou o fato irrelevante e mudou de assunto: - Você já falou com ela sobre o casamento?
- Achei que fosse ideia de vocês, Dominic retrucou, arqueando uma sobrancelha com uma expressão questionadora.
- Apresse-se e faça isso. Você sabe que, caso ela não aceite, uma pessoa arrogante que está nessa sala acabará na miséria, o Sr. Robert insistiu.
- Como você pode ser tão preocupado com isso? Parece que não nos conhece... Dominic riu é pensou que ela imploraria por um casamento com, logo o seu avô não precisava se preocupar com isso.
- Espero que essa proposta seja tratada até amanhã, seu avô lhe deu um ultimato e não escondeu o seu tom de preocupação.
- Claro, melhor o Sr. ir descansar, pois tenho muito trabalho a fazer, Dominic respondeu de maneira fria, ignorando seu avô enquanto mergulhava nos documentos sobre a mesa.
Robert levantou-se com uma sensação de tristeza, lamentando ter um neto tão ingrato. No entanto, alimentava a esperança de que tudo mudaria quando a adorável Isis se tornasse parte da família. Ele ansiava por sua companhia e, talvez, a chegada de bisnetos maravilhosos que pudessem preencher o vazio deixado por Dominic, um neto que parecia carecer de respeito pelos mais velhos.
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