NovelToon NovelToon

Novo Dia

Capítulo 1

Meu sono é interrompido por um feixe de luz que consegue atravessar a persiana branca da janela, incidindo sobre mim.
Não consigo distinguir que horas são, mas preciso me levantar. Antes que Sarah venha me dar sermão.
Ainda sonolento me sento na beira da cama. Minha cabeça está doendo, e sinto que estou meio tonto.
Fico alguns minutos olhando para o chão, esperando a situação passar.
Nesse momento, começo a me lembrar da noite anterior.
Mesmo com os recentes avisos do governo para não sair de casa, o pessoal da faculdade decidiram fazer uma festa.
E sendo um dos representantes da turma, não poderia faltar.
Além disso, meus amigos me chamaram também. Então eu decidir ir.
A princípio meu objetivo era apenas ficar conversando com a galera e se distrair um pouco. Mas assim que meus amigos chegaram, perdi a linha.
Acabei extrapolando na bebida.
Só isso que me lembro. Para ser sincero, nem sei como cheguei em casa. Será que foram os alienígenas?
Enquanto penso sobre a hipótese de alienígenas terem me abduzido sinto uma ânsia de vômito, que me faz levantar da cama e ir na direção do banheiro.
Dessa forma, fico parado na frente da pia quando começo a por para fora tudo que residia no meu estômago.
* tosse *
NovelToon
Eu tinha esquecido o quão desconfortável é essa sensação. Por sorte saiu apenas líquido, nada sólido.
Terminando de vomitar, olho para o espelho e vejo que meu rosto está bem pálido, com meus lábios ressecados.
Pelo visto, não é só meu estômago que está uma merda.
O tom avermelhado dos meus olhos me faz parecer um maconheiro. Com esse meu cabelo de palha todo bagunçado.
Diante disso, abro a torneira e molho meu rosto. Feito isso, retorno ao quarto e pego uma camisa que está pendurada em cima da cama.
Preciso comer algo. Minha barriga está completamente vazia depois de ter vomitado.
Saindo do quarto, começo a caminhar pelo corredor, onde passo pelo quarto da minha irmã, Sarah.
Será que ela está acordada? A porta do seu quarto ainda está fechada. Além disso, não sei que horas são, então vou ser um bom irmão e vou deixá-la dormir um pouco mais.
Descendo as escadas, caminho até a cozinha — que está arrumada. Isso quer dizer que Sarah ainda não acordou. Estranho, normalmente ela acorda cedo para ir à escola.
Desde que ela passou a morar comigo aqui no Rio de Janeiro, ela sempre acordou cedo para fazer o café da manhã para nós dois.
Já que nossos pais moram em Portugal.
Na geladeira tinha um calendário, sinalizando que hoje é sábado.
Ah, esqueci que era sábado.
Agora entendo o motivo dela não ter acordado ainda. Pelo visto vou ter que fazer o café da manhã.
Quanto a isso, coloco uma caneca com água para ferver no fogão.
Onde está meu celular?
Será que eu esqueci ele na festa ontem?
Saindo da cozinha, vou até a sala, que está com todas as cortinas fechadas. Aproveito para abri-las e ver como está o dia.
Uma vez abertas o sol invade iluminando todo o ambiente. No lado de fora, noto que não tem quase ninguém na rua, e que está completamente vazia. Exceto pelo cachorro que está deitado perto de uma árvore.
Nem mesmo a dona Marta e a senhora Lizandra estão na rua fofocando. Será que hoje é feriado e não estou sabendo? Enfim, preciso achar meu celular. Saindo de perto da janela caminho em direção ao sofá, onde o encontro.
56 mensagens não visualizadas.
Isso tudo? Nossa... espero que ninguém tenha morrido. Assim que desbloqueio a tela vou verificando as mensagens. A maior parte são dos meus amigos perguntando sobre o que aconteceu ontem à noite.
Vou excluindo até que uma delas chama minha atenção. É do meu amigo Thiago, no qual diz o seguinte.
"John, preciso da sua ajuda. A situação aqui no centro da cidade está um caos. É carro parado por todo canto, há várias pessoas brigando e saqueando comércios. Estou em um mercado que fica do lado da faculdade. Meu carro quebrou e não consigo sair daqui. Por favor, me ajude."
Faz exatamente meia hora que ele enviou esse texto para mim. Espero que isso não seja mas uma das brincadeiras do Thiago. Se não ele vai ver...
Sem pensar muito retorno à cozinha para desligar o fogão, e logo em seguida vou correndo até meu quarto, onde coloco uma roupa mais adequada. Antes de sair, pego minha mochila que está em cima da escrivaninha.
Antes ir, preciso informar minha irmã. Enquanto caminho até o quarto, noto que a porta, contrariamente ao que imaginava, não estava fechada.
John
John
Sarah? Está acordada?
Assim que entro, vejo que Sarah não está no quarto.

Capítulo 2

Entrando no quarto a primeira coisa que vejo é a cama vazia.
Saindo de perto da porta vou andando para o interior do cômodo.
John
John
Sarah?
Sem resposta.
NovelToon
Tem alguns livros espalhados em cima da sua escrivaninha.
Para onde ela foi?
Pelo que tudo indica ela saiu às pressas para fazer alguma coisa.
Já que não estou vendo sua mochila.
Aparentemente estava com pressa quando saiu. Sério, o que ela foi fazer para não ter me avisado? Poderia pelo menos ter deixado uma mensagem avisando. 
Espero que ela esteja bem. Pois agora preciso sair para ajudar Thiago.
Saindo do quarto, desço para a sala, pegando a chave do carro. Dou uma última olhada ao redor, certificando-me de que não esqueci nada.
Minha mochila está pronta, meu celular está no bolso, e estou com 120 reais no Pix. Saindo de casa, novamente vejo a rua completamente vazia. 
Não só isso, mas o silêncio também. Nem mesmo o som do rádio, que o pessoal costuma ligar pela manhã.
O silêncio, no entanto, é interrompido por uma voz que surge não muito longe de mim.
Assim que me viro vejo meu vizinho, o senhor Assis, de quem era a voz. Ao mesmo tempo que o vejo, reparo que o carro dele está na frente da minha garagem.
Assis
Assis
Ei John! Como é bom te ver, garoto!
Ele então sai da frente do portão da sua casa e vem caminhando até mim.
John
John
Ah, como vai o senhor? Está tudo bem com Ryan?
Ryan é o filho mais novo de Assis.
Ele então para na minha frente estendendo sua mão para me cumprimentar. 
Logo começo a sentir o forte cheiro de cigarro vindo dele.
Odeio esse cheiro.
Assis
Assis
Sim, estamos bem. Tanto Ryan quanto a mim. E você John? Está melhor de ontem?
Ele questionou, levantando as sobrancelhas com uma expressão curiosa.
Sua pergunta não me deixa dúvidas de que ele sabe de alguma coisa que aconteceu ontem. Talvez possa ser útil essa conversa afinal.
John
John
Estou, mas o senhor poderia me dizer o que ocorreu ontem à noite? Não consigo me lembrar muito bem.
A expressão então curiosa de Assis se desfaz com a minha resposta. Acho que quebrei suas expectativas de fofoqueiro. 
No entanto, ele parece de certo modo, estar interessado em me ajudar a descobrir.
Assis
Assis
Esses jovens de hoje..., mas eu lhe entendo John. Tem que curtir mesmo. 
John
John
Desculpa interromper, mas poderia me dizer que horas são?
Sem dizer nada ele apenas inclina o braço para eu ver as horas. E já havia se passado vinte minutos desde que resolvi me arrumar para sair. Não posso perder mais tempo.
Assis
Assis
Vejo que está com pressa, então serei breve. 
Assis
Assis
Ontem à noite, você chegou tarde em seu carro, acompanhado por uma jovem mulher.
Assis
Assis
Ela te deixou na porta de casa e estacionou o carro na garagem. Devo dizer, ela era notavelmente bela, até mais do que a jovem Sarah.
No fim de sua fala, Assis retira um cigarro do bolso.
Não fazia a mínima ideia de quem ele estava se referindo quando disse “Jovem Mulher”, e que essa pessoa veio comigo no carro?
Não me recordo de nada disso. Mas seu comentário no final me deixou levemente incomodado.
John
John
O que você disse da minha irmã?!
Minha reação repentina assusta Assis.
Assis
Assis
Desculpa, pela expressão. Não queria ofendê-lo, mas foi isso que aconteceu ontem. Espero que isso o ajude a lembrar.
Dito isso, ele caminha até a calçada por conta da fumaça do cigarro.
John
John
Vou sair agora, tem como retirar o carro do senhor?
Disse caminhando em direção ao portão. Ele então faz um sinal de ‘ok’ com as mãos e, assim que termina de fumar, retira seu carro. 
Com o carro no lado de fora. Saio do veículo para fechar o portão, quando Assis volta a falar comigo.
Observando-o agora, em suas roupas casuais, nem parece que ele é um enfermeiro.
Apesar de ser um fumante, ele desafia a idade com sua aparência jovem, uma façanha impressionante para alguém de 45 anos.
Assis
Assis
Ei John, é impressão minha ou a rua está pouco movimentada hoje?
Comentou Asiss se escorando no capô do carro.
John
John
Também notei isso, estranho, não é? Sobre isso. Você sabe o que está acontecendo no centro da cidade?
Perguntei me afastando do portão e indo em direção ao carro que está parado no acostamento.
Assis
Assis
Não, por quê? 
John
John
Parece que tem uma confusão acontecendo por lá agora. Um amigo me enviou uma mensagem desesperado pedindo para eu ir buscá-lo.
Assis
Assis
Essas coisas sempre acontecem naquele lado da cidade.
Disse Assis, descendo do capô do carro e caminhando em minha direção. 
Assis
Assis
No entanto, já que você está indo para lá, é bom ter cuidado. Aliás, já que está indo, você poderia fazer um favor para mim?
John
John
Se der para eu fazer, claro.
Assis
Assis
 É coisa simples. Preciso que compre alguns remédios. 
Ele então retira um envelope do bolso.
Assis
Assis
Aí está o nome dos remédios e o dinheiro. Qualquer coisa você pedo pedir ajuda para o farmacêutico.
Dito isso ele vai aos poucos se afastando do carro.
John
John
Espere!
Assis
Assis
Uhm?
John
John
Por acaso, você viu Sarah saindo de casa hoje?
Assis
Assis
Não
Terminado nossa conversa saio com o carro em direção ao centro da cidade. Espero que Thiago não fique com raiva pela demora.

Capítulo 3

Depois de certo tempo dirigindo na avenida principal que liga a região onde eu moro até o centro notei algumas coisas estranhas no caminho. 
Na pista ao lado, um grande número de veículos parados por conta do engarrafamento.
No céu, os helicópteros da polícia e da imprensa circulam de forma incessante. Seja lá o que estiver acontecendo a coisa é realmente séria. Espero não ter que enfrentar nenhum problema assim que chegar no centro.
Enquanto fico pensando nessas questões, uma ambulância passa por mim, e logo atrás vinha uma viatura do BOPE. Isso já aconteceu três vezes em menos de uma hora. Não só a polícia, mas os militares também estão na rua.
No entanto, em todas as viaturas do BOPE, havia sempre um saco plástico preto na parte de trás, marcado com um símbolo de risco biológico. Embora eu não seja um especialista, parecia-me que eram os sacos usados para colocar os mortos para autópsia.
Essa situação está afetando meu psicológico. Felizmente, estou quase chegando ao centro. Durante o trajeto, observo as pessoas na calçada, todas usando máscaras, com um olhar de preocupação estampado no rosto.
A última vez que vi as pessoas com essa expressão foi durante a guerra... Onde o sentimento de medo e insegurança na população era comum. Dou graças a deus por não ter sido chamado para servir naquela época. Talvez eu nem estaria aqui hoje se tivesse ido.
Mas pelo visto não sou o único preocupado com toda essa situação que está acontecendo agora.
(...)
Assim que chego na cidade encosto o carro em frente a uma lanchonete que costumo frequentar. No entanto, não é só por isso que parei aqui, e sim por causa da internet. Vou ver se consigo ligar para o Thiago.
5 mensagens não visualizadas
Desbloqueando a tela do celular vou logo olhar as mensagens. Sendo uma delas do próprio Thiago e outra dos meus pais. Irei ler cada uma em ordem.
“John, caso esteja vindo, saiba que estou no mercado — Bom preço — que fica próximo da faculdade. Já fomos nele uma vez, assim que você passar em frente vai lembrar. Tome cuidado, as pessoas não estão normais!”
“Oii filho, estou acompanhando as notícias e vi que aquela doença está ficando cada vez pior. Você e sua irmã estão bem? Não saiam de casa sem usar a máscara. Hoje estou de folga, vou sair com seu pai daqui a pouco para fazer compras. Me mande mensagens viu? Bjs!”
Terminando de ler as mensagens envio uma mensagem para minha mãe, contando que está tudo bem. Logo em seguida guardo o celular e saio de dentro do carro. A melhor forma de chegar até o mercado é ir correndo.
Ajusto rapidamente o meu tênis e posiciono minha mochila confortavelmente nas costas, preparando-me para a corrida que está por vir. 
Com determinação, começo a correr, sentindo o vento bater no meu rosto. Em questão de minutos, chego ao mercado, ofegante e exausto. Me dou conta de que estou completamente fora de forma para esse tipo de atividade física.
Bem que Sarah me alertou uma vez, tenho que cuidar melhor do meu corpo... preciso me exercitar mais. Essa máscara também não me ajuda muito. Enquanto fico parado recuperando meu fôlego noto que o mercado está lotado de gente.
Um mar de pessoas se aglomera, agarrando itens freneticamente e enchendo seus carrinhos até a borda.
A entrada é um emaranhado de veículos, seus porta-malas escancarados revelando caixas repletas de produtos. Vendo isso sinto um alívio por não ter vindo de carro.
Em meio a essa situação caótica decido entrar.
Ao adentrar o mercado, me deparei com um cenário ainda mais caótico do que o exterior.
Carrinhos de compras estavam espalhados de maneira desordenada, enquanto pessoas se apoderavam de produtos sem pagar. Além disso, disputas acaloradas surgiam quando mais de uma pessoa desejava o mesmo item. 
Enquanto isso, os atendentes dos caixas assistiam à situação com desespero, sem saber como intervir ou o que fazer a seguir.
Evitando todo esse caos, caminho pelos corredores na perspectiva de encontrar Thiago. No entanto, é no setor de cereais que encontro alguém conhecido.
Vestindo um casaco branco e tênis da Jorlan. A pessoa está usando sua mochila para pegar os produtos da prateleira sem pagar. Pela sua altura e fisionomia magra só podia ser uma pessoa.
John
John
Thiago!!
Ele então se vira para mim com uma cara de espanto.
Thiago
Thiago
John? Puta merda..., pensei que você não ia vir.
Dito isso, Thiago deixa cair no chão algumas barras de cereais que ele estava segurando.
John
John
Posso dizer que a situação lá fora não é das melhores. Aliás, que merda está acontecendo?
Thiago
Thiago
Escute, antes de explicar qualquer coisa precisamos sair daqui. Esse lugar não é seguro.
Thiago então me puxa pelo braço para acompanhá-lo.
Sem dizer nada apenas sigo ele.
Enquanto percorremos os corredores para sair do mercado, somos abruptamente interrompidos por uma cena grotesca.
Uma pessoa, de forma inesperada e violenta, começa a morder outra, arrancando pedaços de sua pele. Isso tudo na nossa frente.
Depois de morder a vítima, a criatura se vira para nós, seus olhos fixos nos nossos. Com uma velocidade surpreendente, ela começa a avançar em nossa direção.
No entanto, antes que pudesse nos alcançar, um disparo corta o silêncio. A criatura é neutralizada e cai ao chão, imóvel.
O sangue respinga em meu tênis, manchando-os. De repente, três militares surgem, disparando contra a multidão que se dispersa do mercado. 
Nesse instante, Thiago tira uma pistola do bolso.
Um confronto direto está por vir.

Para mais, baixe o APP de MangaToon!

novel PDF download
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!