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Indomável

A mocinha e o moribundo

— Moça, compra uma bala para me ajudar por favor. — ofereço para a mulher em um Range Rover ja esperando que seu vidro subiria ignorando minha existência.

Não seria a primeira ou a última, não havia motivos para desistir de tentar por está certeza.

— Olá, qual o seu nome? — o sinal abre e me perco nos olhos da mulher.

Uma morena de cabelo liso, de rosto fino e nariz pequeno, muito bonita, melhor, encantadora.

— Vamos para o acostamento. — ela me remove de meus pensamentos. Assim que me afasto e ela manobra o carro. — Está todos os dias aqui? — as únicas reações que consigo ao lado dela são rígidas, assenti então. — Quanto custa essa mercadoria que você tem ai?

— Comprei mercadoria o suficiente para fazer cem reais. Já vendi- — antes que eu dissesse o valor ela me entregou uma nota de cem escondido.

Há outros garotos no semáforo, além de Mateus e Nicolas, os meus amigos que vieram comigo. Alguns maiores de idade de de índole ruim, estão sentados comendo ao canto. Mas como ela raciocinou essa situação?

Já vi vários menores sendo agredidos e arrancados o que conseguiu depois de um exaustivo dia de trabalho no sol quente e humilhante.

Enquanto os vagabund0s ficavam fumando em um beco próximo aqui.

Ainda aturdido com a situação encaro os olhos da moça que sorria docemente. Nunca vi dinheiro fácil assim.

— Ainda não respondeu a minha pergunta. Qual o seu nome?

— Gu-Gustavo. — o rosto dela se iluminou com aquilo.

— Gustavo, eu sou alérgica a doces. Então, eu deixo você ficar com os meus. Mas por hoje, volte para casa. Diga aos amiguinhos também. Essa área vai ficar bem perigosa. — assenti.

Obedecendo a moça aviso os outros que haviam vindo comigo. Ainda bem que estávamos apenas nós três hoje, as vezes alguns irmãos de Mateus vem com a gente ajudar. Não sei o que vai ocorrer mas não acredito que ela mentiria para mim.

Aviso também outros moleques dali, os que me ouviram ótimo. Os que não, só pedi desculpas a moça e ela agradeceu indo se encarregar dos teimosos.

Os dois que estavam comigo, também resistiram sobre.

— Não posso ir embora, Gustavo. Eu não vendi nada até agora. Se eu chegar em casa assim eu vou apanhar do meu pai de novo. Arthur vai fazer um bico hoje a noite. - Matheus diz.

— Pois é, cara. O remédio da minha mãe acabou ontem, e eu só fiz metade do dinheiro. — Nicolas também reclama. O sinal fecha de de novo. — Anda mano, a gente tá perdendo dinheiro.

O remédio da minha mãe é sessenta,eu já havia feito vinte reais...

— Quanto você tem? — pergunto ao Nicolas.

— Tenho quarenta.

— Eu te dou o resto, somando o que eu preciso com o que você precisa, dá oitenta. Sobra... — conto nos dedos. — Quarenta. Dá para você Mateus?

— Dá duas porções de cr4ck daquele desgr4çado. Sei que a minha avó que vai ter que comprar a comida mesmo, e o Arthur está fazendo extra. Pelo menos ele vai passar uns três dias longe de casa. Amanhã posso vender e comprar algo para meus irmãos comerem, ou ajudar com o gás.

— Fechou então. Você vem para minha casa. — Mateus assente e antes de seguir o para casa, fomos comprar o remédio para mãe do Nicolas e para minha.

Somos três moribundos desafortunados, um cenário bem comum na nossa comunidade, mas tem momentos que encontramos familias mesmo que tão pobres quanto nós, são invejáveis.

Porque os pais fazem de tudo para que os filhos não passem o que a gente passa. Existe o outro polo dividido em classes e situações, o pai do Mateus que o faz trabalhar para sustentar o vício dele nas drogas, uma grande maioria. Tendo também casos como o meu e Nicolas, mães solteiras incapacitadas de trabalhar que também é um bom percentual desse circo de horrores.

Mateus, treze anos, tem quatro irmãos, três de uma mulher, ele de outra e seu irmão de outra. Todas deixaram eles com avó, com apoio, devido a violência que elas sofriam ao ponto de ficarem a beira da morte.

Prometeram voltar assim que conseguissem um emprego, duas morreram no processo e a mãe de Mateus a única viva não pode sair da pr0st1tu1ção presa em um contrato e implorou de joelhos a ele perdão por não poder os tirar da merda.

Ele lida com tudo bem, ele é o segundo irmão. O irmão mais velho dele, Arthur, trabalha em uma borracharia e ajuda com a casa para o menores estudarem pelo menos o básico e não ficar tão pesado para avó deles recentemente viúva.

Nicolas, quatorze anos, filho de mãe solteira com câncer no fígado. Era uma cachaceira nata que a doença converteu em crente. Aposentada mas ainda assim o tratamento é caro, então ele trabalha para ajudar a comprar os remédios para ela pagar a comida e o aluguel com o salário mínimo que recebe. O pai dele foi comprar cigarro, se é que entendem.

Tenho menos do que falar sobre ele, pois é filho único tem bem menos envolvidos na situação dele. As vezes a mãe dele pega umas roupas para lavar, não pode fazer faxinas, isso é o que ela diz. Minha mãe diz que ela prefere viver na miséria do que levantar a bunda do sofá, que sempre foi uma típica preguiçosa, elas se conhecem desde a infância. Quem sou para julgar? Ninguém.

E eu, Gustavo, tenho treze anos. Minha mãe é cadeirante devido abusos sexuais e agressões do pai dos meus irmãos. Ela ficou paraplégica e toma remédios para dores na coluna, só meche as mãos. As vezes quando compro linhas, ela faz crochê e vendemos. Sempre que sobra um dinheiro eu dou um jeito para conseguirmos um extra.

Não é santa, afinal, eu sou a prova. Ela lutou muito para estar viva hoje.

Sou filho de um deslize dela, ela era casada há cinco anos. Conheceu meu pai na escola, que meu ex-padrasto deu a oportunidade para ela estudar. E ela ia ao banheiro cometer adultério todas as noites.

Meu pai, sumiu assim que surgiu a gravidez. A minha mãe já tinha dois filhos, não teve coragem de abortar. Se viu numa rua sem saída e contou para ex-marido. Durante a gravidez ele não fez nada, até eu completar meio ano de vida.

Ele começou com os abusos. Não digo que foi merecido, justo, é como disse antes não sou ninguém para julgar as razões alheias. Sou grato, assim como ela, por ele nunca ter me batido ou me culpado por nada.

Nunca me excluiu da família ou ensinou meus irmãos fazerem, e quando eu pedi para ele ir embora que eu ia dar um jeito de manter eu e ela vivos, ele saiu de casa com meus irmãos.

Ele disse que pesava no coração deixar uma criança tomar a frente da casa, que eu poderia ir com ele.

Mas quem cuidaria da minha mãe? Meus irmãos mais velhos sumiram e os mais novos precisam estudar. O ambiente já estava catastrófico e sufocante, e eu não iria deixar minha mãe para morrer. Então eu disse a ele que prefira que ele fosse embora do que ver minha mãe morta, e que meus irmãos com toda certeza concordavam.

Ele se foi no dia seguinte enquanto estava trabalhando. Cheguei, minha mãe estava na cama dormindo, suja, tadinha. Foi quando eu percebi que tomei a melhor decisão e prometi me dar o máximo para ver ela comer, beber, banhar e ter a dignidade minimamente restaurada.

Minha mãe sofreu com ida deles, afinal, cinco dos seus seis filhos se foram repentinamente, não ouvi mais sobre nenhum deles. Só espero que eles tenham a oportunidade que eu não tive, e que tenho orgulho de ser irmão por parte de mãe apenas. Porque independente minha velha é a minha rainha. Afinal nenhum ser humano é perfeito.

Minha mãe não pode se aposentar, mesmo com a invalidez nítida não foi aprovada pelo INSS, pois nunca trabalhou na vida. Recebe bolsa família, uma grande mixaria, mas paga o aluguel do barraco que vivemos, menos um gasto para eu pagar.

Me viro com bicos. Sai da escola. Faço de tudo um pouco porque não dar para viver de venda de bala no semáforo. Mesmo passando fome por dois a três dias em média, o remédio não falta ou pelo menos o pão com leite para minha mãe, isso é o bastante. Dou com todo o prazer, independente dos erros, ela que me trouxe ao mundo e me deu permissão para estar vivo.

Mesmo que o mundo seja esse lixo onde existem os rejeitos e os recicláveis, eu amo e agradeço todo dia acordar porque eu tenho fé que Deus vai me dá a recompensa. Que seja na terra ou no céu, a hora vai chegar.

Preto de cabelo duro, favelado largado, roupas aos trapos. Mas nunca avião ou projeção para o crime. Talvez um dia, se não houver mais opções, eu considere esse suicídio.

— Mãe estou em casa. — coloco a caixa de balas sobre a mesa e Mateus coloca a dele ao lado.

— Chegaram cedo. Vieram comer? — nego. Nem esperava que tivesse comida em casa. — Acho que tem arroz de ontem. — os meus olhos e o de Mateus brilham com essa fala.

— Queremos comer! — digo. — Também queremos um pote para o Mateus colocar algumas balas e levar o resto para casa. Amanhã eu devolvo a ele.

Beijo a testa da minha mãe e vou para cozinha, ainda tem um resto de gás que comprei há dois meses. Essa é a vantagem de nem sempre ter o que cozinhar... Piada merda.

— Gustavo, por que a caixa tá cheia de conseguiu o dinheiro do remédio...? — eu podia ver a preocupação em seu olhar.

— Mãe, essas balas estão vendidas. Só que eu as ganhei de quem as comprou. — ele me olha confusa. — A moça disse que era alérgica a doces, e disse que a avenida ficaria perigosa que era para gente sair dali. Dividi com o Mateus e o Nicolas o dinheiro. Por isso só trouxe o remédio.

Tanto eu quanto Mateus ficamos apreensivos dela brigar.

— Tia, eu posso devolver o dinheiro.

A minha mãe olha para ele horrorizada e nega.

— Se Gustavo escolheu fazer isso ele tem os motivos dele. Eu comi, estou com o meu remédio, as contas estão pagas, se você oferecer um prato de comida para meu menino é o suficiente. Faz dois dias que ele não come. Ele pensa que eu não sei, me gambela e fica esperando eu terminar de comer, dizendo que já comeu. Sabe o que sinto falta Mateus? — ele nega. — De poder me levantar e colocar a goela abaixo. Me dói ver meu menino assim. — reclamo minha mãe e Mateus concorda com ela. Ela completa. — Não sou mais um tipo egoísta meninos. Sei o que seu pai faz, Mateus. Tem um pote ao lado do fogão a lenha, use ele para colocar as balas.

Abraço a minha mãe.

— A senhora quer banhar? — pergunto.

— Agora não filho. Quero ajuda na limpeza da casa, vocês fariam para mim? Já lavei os copos que tinham.

Eu e Mateus concordamos. Depois que comemos o arroz começamos a limpar a casa.

O daqui bom é a luz ser no gato menos um imposto.

— Quer uma mãe? — digo pegando uma das balas para mim, dando uma para Mateus, da minha caixa. O pai dele conta uma por uma da caixa dele.

— Quero. — entrego para ela.

— Vou dar banho na senhora. Vou sair com o Mateus. Vamos ver se o Arthur tem alguma coisa para gente fazer, quem sabe a gente não consegue dez reais? — digo empurrando a cadeira dela.

Minha mãe vai conversando, ela ficava mais radiante com meus irmãos mais novos, porque eles passavam o período fora da escola brincando com ela. Agora como eu trabalho o dia todo, sempre que tenho um tempo deixo ela falar, e comentar.

Mateus que sempre vem aqui também me ajuda animar ela.

Quando termino de dar banho e vestir ela a levo para sala.

— Vem com a gente tia. Só fica nesse barraco sufocada. Vamos ver as ruas. — Mateus convida e olho para minha mãe as mãos agitadas de animação.

— Não quero atrapalhar vocês.

— Não vai. — falo indo pegar a bolsa dela.

Nós fomos até a borracharia onde Arthur trabalha. Geralmente o dono tem uns serviços pequenos e avulsos e pede para mim e Mateus fazer. Dependendo ele paga em dinheiro, ou um lanche, uma marmita. Sempre válido, e gostamos muito de ir fazer algo lá.

— O que fazem aqui? — Arthur pergunta saindo de debaixo de um carro. — Não eram para estar no semáforo? Cadê tuas balas Mateus? Não dá motivo para aquele desgr4çado, eu vou trabalhar a noite no bar!

— Está na casa do Gustavo. Fala boa tarde pelo menos. — ele aperta minha mão e beija a da minha mãe como cumprimento.

— Meninos chegaram na hora certa! — o dono diz e eu podia ver cifrões nos meus olhos e nos de Mateus.

Eu tenho sido eu

— É sempre bom ver os dois, são animados e prontos para o trabalho. — ele desceu o olhar encontrando o da minha mãe. — Quanto tempo, Vanessa. Como sempre, linda. — a minha mãe agradece. — Vamos ao trabalho. Hoje vai render uma grana boa para vocês.

Deixo a minha mãe parada num local qual ela fica observando o movimento na rua. Estamos perto da saída da baixada do morro, é uma área mais urbana e tem um tráfego bem diferente e ninguém a conhece o que a deixa bem a vontade.

Eu e Mateus começamos a fazer o que o senhor nos atribuiu. No fim do expediente ganhamos cinquenta reais e temos que voltar amanhã para terminar. Mateus entregou o dinheiro para Arthur, mas ele negou.

Disse que era para ele passar no mercado e comprar leite e açúcar porque tinha acabado na casa deles. Que era para ele evitar que o pai dele visse.

Nós passamos no mercado e colocamos algumas sacolas no colo de mamãe, e carregamos nos braços as outras. Comida é tão cara, mas amo gastar com ela.

As nossas casas eram próximas, corri na minha para deixar as coisas que comprei e peguei a caixa dele de balas. Subimos um pouco mais.

Eu carregando mainha nas costas e Mateus trazendo a cadeira dela com as coisas logo atrás.

— Dona Tereza! — chamo a avó dele que logo abre a porta e um sorriso recebendo a nós dois. — Quanto tempo minha filha! Você nunca sai de casa. Coloca ela aqui, Gustavo. — a senhora coloca uma almofada no assento fundo do sofá para que sente minha mãe.

O pai de Mateus estava deitado no sofá dormindo. Aproveitando isso nós dois fomos guardar as coisas.

— O que era aquilo Mateus?

Parece que um botão de acionamento no cérebro do pai dele foi ativado, na hora ele acorda e já vai em direção aonde ficava as balas. La dentro os quarenta reais que conseguimos fazer.

— São algumas coisas que Arthur mandou vó. Ele disse que estava sem leite e açúcar e mandou eu trazer. Ele depois foi para o- — ele da um salto para trás assustado e eu entro na frente do pai dele.

— Por que não continuou lá até vender tudo Mateus? O que eu te falei!? — pragueja. — Você tá mentido. Você usou o meu dinheiro para comprar aquelas porcarias.

Todos não conseguem evitar o desgosto ao olhar para cara dele. Ele realmente pensa que pode agir assim?

— Na minha frente não, Urias. — minha mãe encara o homem. — É bem capaz de eu voltar andar se você pensar tocar nesse menino. Ele passou o dia todo no sol quente para te dar dinheiro para sustentar essa sua pouca vergonha. Pega logo o dinheiro e some. Dá um pouco de paz para sua família. Se fizesse como Matías seria melhor ainda.

Matías é o ex-marido da minha mãe.

Eu podia ver o desespero de dona Terezinha. A incapacidade de poder fazer algo para deter o filho. Sempre vendo o neto ser maltratado.

— Você acha que esse seu vara pau me assusta, Vanessa? Eu quebro ele no cacete também! — ele vem em minha direção.

— Já chega, Urias! — dona Tereza grita. — Vai embora. Eu não aguento mais você o dia todo nesse sofá e os meus meninos trabalhando. Quando seu pai estava vivo você não fazia nada disso, seu vag4bundo sem vergonha! Sai da minha casa! E se eu souber que fostes importunar Mateus ou Arthur enquanto trabalha, ou os meninos pequeno na escola. Eu mesma falo para se encarregaram de ti. Agora saia de minha casa.

— Só por que essa gentinha está aqui? — Urias age como se ele fosse o certo. Não sou de tomar partido, mas esse cara é um arr0mbad0.

— Você só me faz passar vergonha. Que bom que eles que estão aqui, porque se fossem outros eu não saberia onde enfiar a cara. Agora saia. Se você voltar, Arthur vai te tirar na base de pau. Porque saberes bem que ainda não o fizesse porque num deixei.

Urias pega o dinheiro e sai sem mais nada.

— Gustavo fique aqui. Me deixe em casa e volte. Não deixe dona Tereza sozinha. Os meninos vão chegar logo, será ótimo que um de vocês fossem os encontrar no caminho.

— Quem vai ficar com você querida?

— Eu dou conta sozinha. Gustavo trabalhou na avenida de manhã e o fim de tarde com Mateus na borracharia. Conseguiram uma mulher de bom coração hoje cedo na avenida, e trabalharam na borracharia assim teve dinheiro para comprar meu remédio e comida, sem contar que já limparam a casa para mim. Eu não tenho nenhuma necessidade, estou satisfeita por hoje. Até saí.

Dona Tereza olha para mim e Mateus com orgulho e olhos lacrimejando.

— Não. Tenho um espaço bem grade na minha cama, filha, dorme comigo que assim ninguém fica fora do conforto. Você fica aqui, não vai passar a noite só naquele barraco. Venha me ajudar com a janta. — transfiro minha mãe para cadeira de rodas e dona Terezinha a leva para cozinha.

— Vou encontrar os meninos. Fique com elas, se ele voltar você dá conta de conter ele melhor que eu. — assenti e fiquei na porta da cozinha vendo minha mãe sorri como não a via a meses.

Mocinha bonita do semáforo, o dia que te encontrei é um dos melhores da minha vida.

A comida sendo feita e o cheirinho gostoso de tempero de vó, cheirinho mais gostoso do feijão quentinho, o arroz soltinho, carne de panela. Nem sei quando será minha próxima refeição digna após essa.

Ouço a porta abrir e era Mateus e seus três irmãos mais novos, Guilherme, Tadeu e Linda, a única menina. Muito fofa, fazendo jus ao seu nome.

— Vão tomar banho. Vou ajudar vocês com a tarefa depois.

— Que horas que Arthur chega? — pergunto acompanhando com o olhar os pequenos irem até a cozinha, depois para o quarto.

A família deles é grande, mas por ter três provedores a situação é boa, sem luxos claro. Fazendo três refeições ao dia, e tem muitas coisas deixadas pelo o avô dele. Que também era um ótimo homem.

— Depois das duas. Por isso vó está fazendo carne. Ela sempre que tem visita ou quando Arthur trabalha até tarde dá um mimo.

— Não sou muito exigente. Se encher minha barriga já tá bom.

— Gustavo, você deveria parar com isso. Não é como se você fosse um símbolo de gordura corporal com armazenamento para meses, sem preconceito, você está me entendendo.

— Quer dizer que pessoas mais gordas não ficam doentes por não comer?

— Ficam, mas o corpo funciona por bem maior parcela de tempo que o seu. Você é um magrela de 1,70 de altura cara.

Mateus tem até a sexta série, eu sei escrever e ler e algumas contas básicas para mexer com dinheiro, fiz escola até o quarto ano. Nesse quesito nunca afronto, e ele nunca se exibe. Éramos para estar na oitava série... Que vida!

Volto meu foco.

— Fatos irrelevantes. Para mim é importante ver o rosto da minha mãe cheio, a beleza dela renovada. Ela feliz. Porque ela é a única família que eu tenho. — ele diz que entende mas que ainda assim é errado.

Não quero estar certo. Quero ser eu.

— Mateus, podemos assistir um pouco antes de fazer a tarefa?

— Pode. Preferem antes do jantar ou depois?

— Depois. — os três dizem em uníssono.

— Está bem.

Eles sentam para assistir novela mexicana e por Deus, fazia um bom tempo que eu não via televisão. Fiquei inerte com os sons da casa.

— Vovó quer ver o jornal, Linda. Vamos mudar o canal.

Então ouço a intro do jornalismo da região.

Tendo nostalgia dos dias com meus irmãos. Mas quando chego ao ápice de relaxar a minha mente é perturbada pelas lembranças dos gritos da minha mãe e as súplicas de todos nós ao meu padastro. Abro os olhos

”Operação policial na avenida xx, está tarde no Rio, terminou em tiroteio entre policiais e traficantes que carregavam um caminhão com drogas de Brasília até a Baixa do Sapateiro. Nossos repórteres teve uma conversa com a chefe da operação, Tenente Alana."

Tenente Alana: A operação foi planejada desde a constatação de saída do caminhão do perímetro da capital. Não houve interceptação da carga pois a intenção era pegar eles no último tráfego antes de entrar para a Baixa.

Só fico ouvindo a reportagem.

Foi por isso que a moça mandou a gente sair de lá. Ela deveria ser uma das polícias na operação.

— Ou, Gustavo. Essa não é mulher que estava falando contigo?

Olho para televisão com impulso grande no corpo.

— Que desespero é esse filho!? — minha mãe pergunta. Sinto minha cabeça pesar pelo ato repentino. — Tá vendo, Gustavo! — sinto ela se aproximando.

Olho para teve encontrando os olhos da morena agora de farda, colete, um coque bagunçado. Que linda.

”Sabemos que muitos jovens ficam nessa região vendendo balas. Vocês evacuaram eles? Ou fizeram parte do pânico de fuga?”

Tenente Alana: Eu mesma me encarreguei da evacuação deles. Nós isolamos a área mantendo a via exclusiva para a passagem somente do caminhão. Assim que fizemos a abordagem. Tentaram subornar os agentes por serem apenas dois na blitz, o resto de nós escondidos. Assim que o caminhão estava parado, sem risco de fatalidades desnecessárias damos início a operação.

”Houve feridos? O que define como fatalidades desnecessárias?”

Tenente Alana: Três responsáveis pelo carregamento mortos e outros foram detidos, sendo dois em estado grave encaminhados ao hospital. Do nosso lado tivemos dois feridos.

”Uma pena que haja mortos. A polícia não conseguiriam apenas os ter detidos?"

Tenente Alana: Detemos uai. Queria que gente fizesse o que? Retribuir chumbo com flor? Levasse tiro sem falar nada? Primeiro que toda ação gera uma reação. Não fomos nós que começamos o tiroteio Se houvesse rendição eu nem teria permissão de sacar a minha arma.

”Mas, Tenente-”

Tenente Alana: Eu não estou te ensinando a fazer o seu trabalho. Quer palco? Faz show. Mas não tenta ganhar audiência com falas minhas, que a sua emissora é conhecida por apoiar e dar moral para bandido na minha zona de opinião. Beleza? Se me dá licença eu tenho que terminar meu trabalho.

— Sinto dó é das famílias. — minha mãe diz fazendo carinho na minha cabeça.

— Estão vendo meninos? Eu sei que é sofrido o que fazem, mas nunca tenha que está nessa dúvida de opinião. — dona Tereza diz dolorida.

Ela perdeu um filho para o crime e o outro para as drogas.

Tanto eu quanto Mateus refletimos aquilo.

— Maninhos, não vão tomar banho? — Linda pergunta. — Estão com cheiro de gasolina. Nós vamos jantar daqui a pouco. Devem estar cansados.

Afago o cabelo da garotinha.

— Quem vai primeiro? — pergunto.

— Eu vou. — Mateus levanta.

Sinto falta dos meu pequenos. Eles também me faziam essa pergunta. Se eu estava com fome, se eu queria água, ou se gostaria de ajuda com a mamãe.

Minha mãe teve seis filhos sendo três destes, meninas, uma mais velha que eu e as outras eram mais novas e eram super atenciosas e meu irmão pequeno também.

Meus irmãos mais velhos saíram de casa aos 18 anos. Não deram notícias nem a mãe ou ao pai deles. Sumiram.

— Gustavo. — olho para minha mãe. — O meu rapaz, se sente bem? — ela acariciar meu rosto.

— Melhor do que nos últimos meses. Me sinto em paz pela primeira vez depois de muita agonia.

Ela beija minha testa.

Mesmo com tudo para fazer me arrepender, eu só vejo o que tô a minha decisão vale a pena.

Depois de tomar banho, nós jantamos. A avó de Mateus deixou a comida guardada dentro do forno quente para quando Arthur chegar estiver pelo menos morna.

Ele não mexe com o fogão por ser desajeitado e fazer barulho demais com as panelas quando chega assim tão tarde. Explicou ela.

Eu dormi no sofá da sala, era mais próximo do quarto de dona Terezinha. Mateus ficou com as crianças no quarto.

— Gustavo. — sou saculejado. Abro os olhos e vejo Arthur. — Por que está aqui? Aconteceu alguma coisa? — ele visivelmente preocupado.

Me levanto, e o acompanho até a cozinha. Mateus me pediu para tirar as panelas.

Ele disse: ”Aquele panaca vai acordar todo mundo se o fizer.”

— Seu pai foi expulso de casa hoje. Deixar a minha mãe se preocupou em deixar sua avó e os meninos sozinho e pediu para eu dormir aqui. Mas aí ficamos os dois. Espero que não incomode. Por causa disso.

Ele abraça-me como agradecimento.

— Pode dormir no quarto eu fico na sala. Eu quero ser o primeiro a dar de cara com aquele cuz@o quando ele entrar aqui de novo. Isso se ele tiver bolas de metal.

Rir com sua fala e ele abriu um sorriso grande.

— Como sua mãe está? — pergunta colocando a comida. — Quer mais? — nego.

— Minha mãe está bem. Acredito que melhor que antes, sem querer ser egocêntrico.

— Eu não observei muito hoje na borracharia, mas ela parece ter ganhado peso. A última vez que a vi estava de olhos fundos. — assenti.

— Ela se conformou com a ida de todos, e entendeu que era melhor assim. Come e toma os remédios direitinho. Como só tem ela em casa, eu levo algumas coisas em espécie de mimo para ela se cuidar. Estamos levando a vida.

— E você garoto?

— Eu tenho sido eu, Arthur. E está tudo ótimo.

Eleições fáceis

Abro a porta do quarto e Mateus se assusta dando um pulo da cama.

— Está devendo e eu não estou sabendo? — pergunto indo até a cama.

— Arthur chegou? — ele se senta recuperando o fôlego.

— Sim. — falo me acomodando com o braço embaixo da cabeça como travesseiro. — Ele já jantou. Guardei a comida na geladeira e vim deitar. Ele falou que ia dormir no sofá para ser o primeiro a ver o pai de vocês caso ele voltar.

— Só conversaram sobre isso?

— Não. Falamos sobre mim também. Nada muito mirabolante.

— Mano Gu. — sinto a mão de Tadeu. Viro-me para ele. — Quando o Ricardo vira brincar com gente de novo? — meu peito aperta com aquilo.

— Eu não sei, pequeno. — percebo lágrimas em meus olhos. Mas está escuro então não foram percebidas por ninguém além de mim.

Ricardo e Tadeu brincavam muito juntos.

Por ele ser o único menino das crianças lá em casa, ele sempre vinha brincar com Tadeu e Guilherme. Assim como Linda ia brincar com Dafne e Rafaela.

— Sente falta deles?

— Nem tanto. Só estou cansado hoje. Mas fico feliz por eles. Vamos dormir. — pego ele no colo e coloco ao meu lado na cama com o travesseiro pequeno que a avó fez para ele.

Mateus ainda queria perguntar algo mas resolvo fingir que não sabia de tal, já que ele também não protestou. Eu realmente só quero dormir agora. Vou ter que acordar em menos de três hora e voltar ao semáforo.

Receber ignoradas, e persistir sorrindo. Porque eu tenho uma mulher que depende de mim, uma que eu nunca vou poder trocar ou substituir. Mãe é única, seja biológica ou de criação. Mulher que se torna mãe de verdade, você nunca pode trocar ela por outra.

O feixe de luz no meu rosto me desperta. Abro os olhos com calma me adaptando.

Hora de levantar, Gustavo. Passarinho que não deve a ninguém já está acordado a muito tempo. Penso.

Quem eu devo? O governo. Afinal, se eu não pagar ele eu perco o mínimo da dignidade de vida que tenho.

— Acordou, Gustavo. — dona Terezinha anuncia. Mateus ainda dormia e Arthur estava tomando café da manhã. Ele deve descer para borracharia agora também.

— Bom dia. — digo indo até minha mãe que pestanhava na cadeira. — Com sono ainda, mãe? — sorri para ela.

Ela me dirije o olhar e abre um grande sorriso.

— Já comeu? — ela assente.

— Aqui o seu, filho. — dono Tereza me entrega um prato com cuscuz.

— Obrigado. — sento no sofá ao lado da minha mãe.

— Está na hora de cortar o cabelo. — a minha mãe diz passando a mão na minha cabeça.

— Se eu conseguir o dinheiro eu corto, se não, sem problemas. — ela o puxa como repressão. — Aí! — engulo o cuscuz rasgando a garganta. Encaro minha que vira o rosto emburrada. — Tá bom, eu vou cortar. — dou-me por vencido e ela sorri.

— Seria ótimo se fosse um pouquinho mais ambicioso, querido.

— A cobiça leva à morte muitos, não quero ser parte desse grupo.

— Eu entendo, mas ainda assim...

— Vai deixar sua mãe em casa e descer para avenida? — Arthur muda de assunto e agradeço internamente por isso.

— Vou. Me ajuda a descer a cadeira dela? — ele concorda e nós terminamos de comer em silêncio.

Eu não julgo ninguém, eu não perturbo o mundo de ninguém. Então quero que o meu seja no mínimo respeitado, assim como todos eu tenho as minhas razões e não falto com a educação independente de quem seja.

Eu aceito ser tudo se for necessário para sobreviver.

Portanto, dentro de mim, é algo que nunca vou fazer com ninguém é julgar. Essa capacidade e função não é minha.

Levo o meu prato para pia e sou impedido de lavar. Não insisto, ou seria expulso à tapas de lá. Quando me preparava para sair junto de Arthur, Mateus acordou.

— O dono falou que quer vocês na borracharia as 14. — Mateus assente.

— Te encontro na avenida. — fala comigo. Concordo e abaixo para minha mãe subir nas minhas costas.

Arthur desceu as escadas com a cadeira antes de mim. Nem coloquei minha mãe na cadeira de novo, ia ter que subir mais uma remessa até em casa.

— Vanessa, você sabe que Gustavo tem se alimentado de fé? — Arthur solta e reviro os olhos.

Minha mãe deita no meu ombro, comentar isso com ela só a faz sentir culpa.

— Dias de luta e dias de glória, Arthur. O mais importante é o conforto da minha rainha. Ela já sofreu muito. Das minhas mãos ela terá tudo do bom e do melhor. — sorri. E sinto o abraço da minha coroa.

— Cabeção. — sussurra inconformado.

Pode mandar mais comentários que me tentem ao arrependimento vida. Eu vou respondê-los com a maior satisfação.

Mas, sei que ele queria apenas que ela brigasse comigo, para ver se eu parava com isso. A prova foi o pequeno xingamento inofensivo que disse.

Eu amo comer, mas eu sei que muitas vezes minha mãe foi privada de comer como tortura. Ao ponto de ter alucinações, eu já a vi desse modo. Com isso em mente, se der para apenas uma pessoa, quem é prioridade é ela. Sem qualquer dúvida, irmão.

Deixo minha mãe na cama na dela. Ela não queria estar acordada e estava cochilando quando estava a trazendo.

— Devo chegar às 18. — beijo seu rosto e a cubro.

— Eu te amo tanto meu filho. Perdoa a mãe por fazer você passar por isso. — ela diz com a palma no meu rosto.

— O meu maior prazer é ver-te sorrir.

— Mas meu menino não tem culpa de nada. Não deveria passar por isso.

— Mãe. — fixo em seu olhar. — Eu estou bem. Agora, eu tenho que ir trabalhar. Quer linha para passar o tempo e vendermos umas bolsas? — pergunto arrancando um sorriso dela, que assente.

— Corte o cabelo. Se não, não farei bolsa nenhuma. — balanço a cabeça concordando.

— Te amo. — beijo seu rosto de novo. — Se cuida. Volto de tardezinha. — dou-lhe outro beijo e saio.

Chego na sala e pego o pote com as balas do Mateus e a minha caixa com as que sobrou ontem. Quando saio, tranco a porta e jogo a chave em cima da mesa pela janela para minha mãe pegar quando acordar.Arthur estava me esperando escorado na parede com um cigarro entre os dedos.

— Sua avó ver isso ela vai te matar.

— Eu só fumo de vez em quando. Não se preocupe, Gustavo. Tomei nojo de maconh4 por causa daquele bunda mole que engravidou minha mãe causando minha existência.

— Pai é mais fácil de dizer. — brinco descendo as escadas.

— É asqueroso também quando se refere a Urias.

Nós rimos.

Me dou bem com Arthur assim como com Mateus. Eu sou um tipo de pessoa que gosta de entrar e sair, e ter a bem-vinda para voltar novamente.

Graças a Deus eu não causo má impressão em ninguém e me dou bem com todos.

Passo palas ruas da Baixa, sou conhecido por causa da minha mãe, e não sou perturbado. Sempre bem educado, independente da idade. Isso foi uma coisa que Matias e minha mãe não admitia para nenhum de nós, a falta de educação com os outros.

Nem mesmo na rua por causa do meu tom de pele ou minhas roupas eu não vejo desconhecidos esconder pertences ou algo do gênero.

Talvez seja pela minha cara mansa, como diz Nicolas.

O importante é que não tenho que temer pela minha vida, igual muito nego da minha idade já se esconde ao ver uma moto passando com medo de morrer.

— Chega aí, Gustavo. — ouço o tio. São sete da manhã e o boteco dele já está cheio.

Todos o conhece. É vendedor de droga desde quando se entende por gente. Assim que me ver tenta me puxar para o negócio, toda vez.

 Mesmo sabendo o que é, eu vou. Arthur me acompanha de cara amarrada.

— O que você quer com ele, Tião? Malandro véi como você, coisa boa não é. — Arthur com sua delicadeza, não me surpreende. Em nem ao senhor Tião, que só sorri para ele e dirije a atenção a mim.

— Bom dia, garotos. Devem estar indo trabalhar. Quer fazer uma entrega para mim na avenida não? É só colocar debaixo das balas. — ignora Arthur, que rosna com o convite.

Ele com toda certeza odeia drogas. Por que ele estava fumando? Não o entendo.

— Tio, procura outro. Vem outros molecotes aí belê? Eu não posso me arrsicar. Sou o homem da casa e minha mãe é deficiente, posso mexer com essas paradas não.

— Tenho orgulho de você garoto. Seria duzentos reais. — ele diz como última esperança.

Não me sinto tentando e me nego de imediato.

Ele se dá por vencido. Me deseja um bom dia, boas vendas e me libera.

— Dá a impressão de que um dia você vai fazer uma merda dessa falando daquele jeito.

— Nunca diga nunca, ou o carma pode fazer você pagar sua língua. Eu prefiro dizer que: "Enquanto eu puder trabalhar de verdade, eu não considero o suicídio."

— Esse é o meu garoto. — ele passa o braço no meu pescoço e bagunça o meu cabelo.

Chegamos na saída da Baixa e estavam Nicola e Mateus me esperando.

Cumprimento Nicolas e entrego o pote para o Mateus.

— Coloca pra mim, mano. — abro o pote e coloco.

— Que balas são essas? — o irmão dele pergunta.

— Ontem ele não vendeu nada. Mas teve uma operação na avenida, e a moça, chefe da operação comprou as minhas balas. Eu dividi o dinheiro com eles dois. Esse é o resumo.

— Quero detalhes, Gustavo.

Faço uma cara de preguiça mas ele não cede. Começo a explicar tudo do início de novo, tim-tim por tim-tim.

No final de toda a história ele me pergunta:

— Ela era gata? — franzi o cenho.

— Para que você quer saber disso? Se fecha maluco. — ele gargalha.

— Vou usar o celular do Wesley. Vou procurar essa Tenente Alana que deixou nosso Gustavinho com o coração balançado.

— Deixa de ser idiota, Arthur.

Mateus e Nicolas se juntam a zombaria.

Poxa, isso tudo só porque eu falei que fiquei abobado na presença dela? Deve ser completamente compreensível, uma mulher como aquela, toda perfeita. Eu nunca cheguei perto de nenhuma mulher além das minha irmã e minha mãe, algumas tias e vovós também.

Agora, uma princesa foi a primeira vez que vi daquela idade. Toda delicada, igual Linda, Dafne e Rafaela.

Depois de Arthur segue para borracharia nós três fomos para o sinal principal da avenida. Ele é um pouco mais longe da baixada onde estávamos ontem.

Quando era por volta de meio-dia, eu havia feito trinta e sete reais. A marmita é 15 e o corte de cabelo 20... Mas tenho que comprar a linha da mamãe.

Desisto da marmita. Tem comida em casa, eu como quando chegar. Eu tomei café hoje, não tenho que me preocupar tanto.

Um carro preto blindado para no semáforo, nós três nós entre olhamos, quem será o sortudo? Nicolas corre até lá, s ele é o vencedor dessa corrida.

É mãe, por hoje é isso que eu vou conseguir apenas. Como eu disse cedo, dias de luta e dias de glória.

— Gustavo! — escuto uma mulher me chamar.

Quando me viro, era a tenente, desta vez no banco do carona do carro que Nicolas chegou primeiro.

— Muito obrigada pela ajuda ontem. — ela debruçou-se sobre a janela me dando um sorriso grande e branco como se fossem de papel seus dentes.

— Eu que agradeço. — me curvo um pouco. E constato Nicolas correndo até mim todo sorridente. O sinal abre.

— Nós veremos de novo. — ela pisca e o carro segue o destino.

— Mano, vamos almoçar. Nós três! — diz passando o braço pelo pescoço meu e de Mateus.

— Suas balas? — Mateus pergunta.

— Vendi todas. Minha mãe tinha trago mais um pacote ontem, eu tinha duzentos reais em balas na caixa essa manhã. Podemos comer de self-service no restaurante da tia Jô! — sorri com aquilo.

Mais uma vez, a bondade da moça faz estes moribundos sorrirem e festejarem.

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