Luiza
4 anos atrás
Acordei cedo, animada, era o dia do meu casamento, logo ouvi minha mãe e irmã na porta, falei que entrassem que eu já estava fazendo minhas higienes.
Joana : Bom dia filha, aí estou tão feliz finalmente o tão esperado dia do seu casamento meu amor.
Ana : Aí mana, tô tão feliz por você, você será tão feliz, vai ver como é ótimo ter alguém do seu lado, como seu companheiro.
Ana era minha irmã mais velha e estava extremamente feliz pelo casamento, a dias que nessa casa o assunto era sempre esse.
Minha irmã se casou a 3 anos, mas vive mais aqui em casa que na casa dela, ainda mais agora depois de saber que irei me casar.
Ela me deu dois sobrinhos lindos, que eu amo mais que tudo nessa vida, João que tem 3 anos. Sim, ela se casou grávida, e a Antonella, de 11 meses.
Minha mãe sempre achou que eu seria a que teria filhos primeiro, já que minha irmã sempre foi a mais quietinha e recatada, e eu a porr* loca da família. Conheci o Bryan numa festa, onde meu cunhado nos apresentou, e acabamos nos aproximando. Sinceramente não sei se é amor verdadeiro, mas gosto dele.
Vesti uma roupa qualquer já que teria que me trocar depois, e logo já fomos todas para o salão. Não me deixaram nem comer nada com medo que eu não coubesse no vestido, revirei os olhos, imagina ter que se casar e ainda por cima com fome.
Luiza : Se eu desmaiar antes do sim a culpa é de vocês.
Ana : Coloca uma salzinho em baixo da língua bebê.
Chegamos no salão que havia sido fechado para nós, eu, minha mãe, irmã, e minha amiga, que seriam minhas madrinhas. As moças do salão foram direto fazer maquiagem, penteados e unhas nas três, deixando eu por último, que seriam todas pra cuidar somente de mim.
Ficamos oito horas no salão, eu já estava com a bunda quadrada, e não aguentava mais que continuassem mexendo em mim, era duas no cabelo, uma na maquiagem e uma nas unhas, estava ficando louca. Quando enfim, terminaram, e eu já estava com o meu vestido. Minha nossa eu estava extremamente linda, quase nem me reconhecia. Não que eu não fosse linda, eu tinha curvas maravilhosas, um corpo de dar inveja em muitas, um cabelo castanho bem claro, quase loiro, olhos verdes, 1.69 de altura. Mas agora eu tava mais linda do que nunca.
Joana : Filha, você está maravilhosa.
Ana : Mãe, segura o choro que se tu borrar a maquiagem estamos lascadas.
Saímos dali e fomos de limosine direto para igreja, chegando lá, depois de uma certa enrolação, entrei na igreja. E lá estava ele, Bryan, extremamente lindo no altar, com um smoque cinza escuro, maravilhoso. Ele estava mais lindo do que no dia em que o conheci. Ele tinha 1.88 de altura, pele bem clara, cabelo castanho bem cortado, olhos castanhos mel, barba muito bem aparada e desenhada, corpo muito bem desenhado, já que malhava muito. Ele era um importante CEO, e tinha empresas em 8 países diferentes com a matriz na Alemanha, que era de onde a família da sua mãe era.
A igreja estava linda, com flores para todos os lados, tapete vermelho, violinistas tocando a marcha nupcial. O casamento foi perfeito, tudo estava lindo. E no fim minha mãe não se conteve e borrou toda a maquiagem de tanto chorar. Mas eu não esperava menos, tendo em vista que ela quase morreu de tanto chorar no casamento da minha irmã. A única coisa que teve no casamento da minha irmã que no meu estava fazendo a maior falta era meu pai. Ele era a pessoa mais maravilhosa desse mundo, com a mente super aberta. Eu sempre dizia que ele estava mil anos à frente do seu tempo. Minha irmã teve o privilégio de entrar na igreja de braços dados com ele. Ele morreu a 1 ano, num trágico acidente, e ainda é extremamente triste não te-lo ao nosso lado mais. Entrei na igreja de braços dados ao meu cunhado, que era também um amigo de infância. Crescemos juntos, eu, minha irmã e ele, e no fim os dois acabaram se apaixonando. Pra mim ele era como um irmão mais velho, que eu amava mais que tudo, e amei saber que faria parte da família. Também amei entrar na igreja de braços dados com ele, mas ainda assim daria tudo pra que fosse meu pai ao meu lado, mas fazer oque, a vida nem sempre é como queremos.
Depois do belo casamento veio a festa, com um bolo tão grande que eu só pensava que iria sobrar tanto bolo que meus netos nasceriam e ainda teria bolo desse casamento kkkk. Apesar de ser extremamente exagerada, até eu, vi que aquele bolo era o cúmulo de imenso, mas ok, estava tudo extremamente lindo, e eu não mudaria nada de lugar e apesar de gostar de coisas mais simples, aquele casamento facilmente seria o sonho de qualquer menina de 12 anos que sonha em se casar.
Dançamos por horas e nos divertimos horrores, e no fim fomos pra nossa tão esperada lua de mel. Não que eu estivesse me casado virgem, mas o Bryan era bom de cama, então não via a hora de te-lo de novo. E agora poderia o ter sempre, e só pra mim.
Luiza
Dias atuais
Acordei, me lembrando daquela data, que foi um dia tão incrível, e que hoje parece ser algo que não teve tanto significado assim. Hoje fazem 4 anos do meu casamento, e sei lá, parece que não fiz a escolha perfeita. Não me entendam mal, meu marido não é um homem ruim, apesar de ter certos preconceitos, e isso sim me irrita muito, mas não é isso, ele parece que não tem mais interesse em mim, não sei se tem outra, ou se foi o casamento que caiu na rotina. Minha irmã está casada há 7 anos e fala que o fogo entre os dois é imenso, tanto que hoje eu tenho 5 sobrinhos, João, Antonella, Miguel, Beatriz e Alice. É gente, minha irmã não brinca em serviço kkkk. Mas sei lá, até hoje não engravidei, mas também não sei se quero, meu marido anda tão indiferente quanto a mim, vive na empresa ou em viagens, as vezes até vou junto, mas não que isso mude algo, pois vou pra passear sozinha e curtir hotéis de luxo, mas ele mesmo vive enfurnado em reuniões, nem aí pra mim.
Bryan tem dinheiro e eu posso ter tudo, absolutamente tudo, já que ele é uma das maiores fortunas do mundo, mas parece que pra ele eu sou só mais uma na vida dele, não significo nada, é assim que me sinto. Sexo mesmo, é uma vez por mês e olhe lá, só quando me insinuo muito pra conseguir, já cheguei a esperar ele de lingerie, extremamente sexy, que qualquer um que visse me pegaria e me faria sua a noite toda, e ele simplesmente passar por mim e ir dormir como se eu nem mesmo estivesse ali.
Aí você pensa que tudo isso começou agora, só que não, tudo começou uns dois meses após o casamento e está cada vez pior. Já não sei mais oque pensar, está tão difícil viver assim.
Fiz minhas higienes, e desci almoçar, sim, almoçar, porque acordei já era 12:30, desde que me casei, ando bem nem aí pra vida, acordo tarde, durmo tarde, as vezes passo horas vendo séries ou gastando no shopping pra tentar me distrair.
Luiza : Bom dia Maria, tudo bem?
Maria : Bom dia Filha, como você dormiu? Senta aí que já vou servir o almoço.
Maria é nossa empregada e é quem mais me tratava bem, ela praticamente criou o Bryan, e gosta muito de mim. Desde que nos casamos o que me fez me sentir melhor foi saber que Maria estava aqui pra cuidar de mim já que nos casamos e nos mudamos pra Alemanha, é poisé, estou longe da minha família, embora as vezes minha irmã pegue as crianças e venha me visitar, mas não é sempre, e minha mãe vem menos vezes que ela. Oque faz eu me sentir ainda mais abandonada. O bom é que a Maria é como uma mãe, e cuida muito bem de mim.
Notei que Maria não estava bem nessa manhã.
Luiza : Estou bem Maria, mas estou notando que você não está, oque aconteceu?
Maria : Está na cara né minha filha? Está difícil disfarçar.
Luiza : Me conte oque aconteceu, posso te ajudar em algo?
Maria : É meu filho querida, meu único filho.
Uma lágrima escorreu enquanto ela falava.
Luiza : Abaixa o fogo pra comida não queimar e senta aqui comigo, vamos conversar.
Maria : A comida já está pronta querida, já ia desligar, mas se sirva, não fique preocupada comigo.
Luiza : De modo algum, desligue tudo e sente aqui conversar comigo, oque aconteceu?
Maria quase não falava de sua vida pessoal, e como ela morava conosco, dificilmente tinha contato com sua vida lá fora.
Maria : Aí querida não quero que se preocupe com minha vida pessoal, você é minha patroa.
Luiza : Acima de sua patroa sou sua amiga, e me preocupo verdadeiramente com você.
Maria : Tá bem, já que insiste.
E assim ela se sentou pra conversar comigo.
Maria : Meu filho é uma boa pessoa querida, com um coração enorme. Mas moramos em uma zona muito carente, e além de ele ser destratado pela nossa situação financeira...
Luiza
Ela fez uma pausa.
Maria : Desculpe querida, jamais quis falar mau do meu salário, não é isso.
Luiza : Maria, não ligue pra isso, se acha que ganha pouco aumentamos seu salário, no momento tudo que me importa é saber oque está acontecendo.
Eu realmente não estava ligando pra ela falar que sua situação financeira não é lá essas coisas, pois se fosse ela não estaria conosco não é mesmo?
Maria : A verdade é que meu filho é orgulhoso e não aceita muito a minha ajuda, somente no básico e ainda assim com muito custo.
Ela fez uma pausa e voltou a falar.
Maria : O problema é que meu filho, além de sofrer pela situação financeira, ele sofre também por ser negro, e nesse país onde quase todos são polacos de olhos azuis, é extremamente difícil darem oportunidades pra negros.
Luiza : O pai dele é negro?
Perguntei, já que Maria era extremamente branca.
Maria : Sim, me apaixonei por um negro que trabalhava numa casa próxima a dos Jhonsons, engravidei, e depois que nasceu passei a criar meu filho na casa deles, até que a senhora Yasmin não quis mais saber de meu filho pelas dependências da casa. Uma criança como ele poderia trazer uma má imagem pros convidados, assim ela disse.
Luiza : Isso é um absurdo, aff minha sogra também chega a ser ridícula com aquele preconceito dela... racista ridícula.
Ficava estressada com esse tipo de coisa.
Maria : Não quero fazer sua cabeça contra ninguém querida.
Luiza : Jamais fará Maria, aquela ali eu odeio desde o dia que conheci.
Maria : Oque eu acho mais absurdo é o fato do pai do Bryan ser negro, e ela simplesmente andar de nariz empinado só por ter um filho branco igual a ela.
Luiza : O pai do Bryan era negro? Eu não sabia disso.
Maria : Sim, e um ótimo homem, ele que me contratou e me trouxe pra cá, para trabalhar com a família e ajudar a criar o senhor Bryan.
Luiza : Como pode uma família que tem um negro como parte dela, ser extremamente racista como essa, isso é estranho.
Maria : Quando o senhor Estevão era vivo, eles eram diferentes, mas depois tudo mudou. A senhora Yasmin mudou extremamente quando ele faleceu. Não sei nem como me deixou continuar trabalhando na casa. Por eu ter um filho negro. Mas enfim, acabei conseguindo uma casa em um bairro carente, e uma amiga me ajudou a criar meu filho.
Luiza : Vejo que essa situação não é recente Maria, e hoje especialmente que você não está bem, oque mudou na situação de vocês?
Maria : Meu filho, por não conseguir oportunidades de emprego, anda se metendo em coisas que não deve, se é que a senhora em entende, e acabou que está jurado de morte no local que vivemos. Eu juro que ele é um bom garoto, mas tem tomado decisões erradas. Eu precisava tira-lo de lá e arrumar a ele um emprego bom que pudesse pagar um apartamento pra ele viver.
Luiza : Posso pagar o apartamento pra ele.
Maria : Ele jamais aceitaria ser bancado, e isso é uma das minhas maiores dificuldades, como disse até o meu dinheiro ele tem dificuldade em aceitar, ele fala que tem idade suficiente para trabalhar e se bancar. E que meu dinheiro é meu, que tenho que ter um futuro melhor, já que ele não quer que eu trabalhe pro resto da vida.
Luiza : Realmente ele parece ter um bom coração, mas então Maria, porque não traz ele pra trabalhar aqui?
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