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A Pessoa Errada

•Damn it

Ninguém nunca me disse que faculdade de artes visuais poderia ser tão cansativo assim. Os resquícios de tinta colorindo minha roupa branca e as manchando novamente, mais um dia comum para mim. As aulas normalmente são tão monótonas, nada de novo que eu não tenha visto antes, rabisco os cantos da folha, o lápis deslizando pelo papel branco e formando mais um rascunho de um corpo masculino, minha paixão para desenhar veio daí. A idéia de que eu poderia desenhar o que eu quisesse apenas imaginando e colocando tudo em uma folha branca, me deixa tão satisfeito, pensar que minhas fantasias podem virar algo a mais. Os desenhos da aula e as anotação cobrindo folhas e mais folhas, sobrando os cantos que me distraiem durante as aulas.

Quando o professor termina, as vozes ficam mais frequentes, todos tão visivelmente exaustos assim como eu. Guardo com pressa meu caderno e estojo, despedindo-me dos outros como de custume e correndo para saída para me encontrar com o meu namorado. O sorriso bobo surgindo no meu rosto sem que eu não perceba isso, olho constantemente para o relógio, esperando o horário diário que nos vemos.

As pessoas se aglomerando na entrada da faculdade, mais vozes invadindo a minha mente, mas nada me tira da cabeça poder encontrar com o meu namorado também, nada poderia dar de errado. Ou poderia? Eu vi a sua silhueta logo a frente, escorado ao lado da escada do segundo andar, mas com uma garota ao seu lado. Eu vi seu sorriso enquanto conversava com meu namorado, minha felicidade desapareceu no mesmo instante, ainda mais quando vi os dois se beijarem na minha frente.

— Jack...

Fechei os punhos de raiva, paralisei no meio das pessoas, eu mordia os lábios ao ponto de poder sentir o gosto do sangue fresco na minha boca. As lágrimas se juntaram nos meus olhos, mas nada parecia acontecer. As vozes desapareceram da minha cabeça e eu me sentia vazio, não pode ser real né? Meu namorado me traiu com a garota que eu mais odeio.

O que mais queria era ir até eles e acabar logo com essa farsa de namoro! Mas, algo me dizia para seguir o meu caminho para casa e deixar para resolver isso outro dia, com mais tranquilidade. Sou capaz de fazer uma loucura quando me tiram do sério, ele não merece minha raiva ou meus sentimentos por ele e isso acabou hoje.

Passei direto entre as pessoas, disfarce perfeito, mas doloroso pela cena que acabei de ver. Nem mesmo tive coragem de encarar aqueles dois juntos. Saindo da faculdade, esperei que os carros passassem na frente para eu e os demais passassem para o outro lado, quando estava atravessando a rua, um carro preto parou na minha frente e me deu um susto, mais um passo e eu estaria no caminho para os Céus.

— Ei! Qual foi!? Aqui é faixa de pedestre, seu idiota!

Bati contra o vidro do carro. Mal dava para ver a pessoa que estava lá dentro, logo o vidro se abaixou e nossos olhos se encontraram.

— Desculpe, Alisson. Quer uma carona?

Paralisei na hora, minha expressão se fechou. Outra pessoa que não suporto.

— Não quero. Tenha cuidado da próxima vez, Max!

O repreendi, cruzando os braços sob o peito. Mal suportava olhar nos seus olhos novamente.

— Deixe de ser assim, sua casa é meio longe da faculdade e é difícil para ir a pé. Vamos, entre.

Ele sorriu amigavelmente para mim, odeio o seu sorriso cínico. Como pude suportá-lo por tanto tempo assim? Mas, não queria negar que queria sair logo daquele lugar, o mais longe possível de Jack.

— Abre a porta.

Ordenei ainda com raiva, ele destrancou a porta para mim e entrei no carro. Comparado com o clima de fora, o seu carro estava fresco, o vento entrando no carro e o ar-condicionado ligado, dando um clima melhor nesse calor insuportável.

— Vi Jack com a Sarah. Vocês terminaram?

Ele me perguntou, manejando o carro com uma mão. Olhava fixo para entrada da faculdade, onde ainda os dois estavam juntos.

— Isso não te intere...

Paro de falar no mesmo instante. O seu corpo inclinou-se para cima de mim, parecia que iria me beijar ali mesmo. Virei o rosto para o lado, evitando contato com ele.

— O que foi? Você esqueceu de pôr o cinto.

Max afastou-se com um sorriso, achando engraçado a minha expressão.

— Eu poderia colocá-lo sozinho.

Respondi a ele, o meu rosto esquentou só de seu corpo estar perto do meu, o que deu em mim? Ajeitei o cinto e olhei brevemente para ele enquanto dirigia em direção a minha casa.

— Gosta de encarar os outros?

Aquele sorriso surgiu no seu rosto de novo, prestando atenção no volante, mas brevemente para mim também.

— Cala a boca.

Resmunguei, cruzando os braços sob o peito e olhando de novo pela janela. O vento batendo contra meu rosto e bagunçando meu cabelo, que nostalgia.

Já fazia um tempo que não andava de carro, esqueci de como era bom fazer isso. Apoei meu braço na janela do carro e fiquei olhando as coisas passarem, as pessoas andando, crianças brincando, tudo normal como sempre. Por um momento, fechei os olhos e um sorriso bobo surgiu no meu rosto. Não vi o tempo passar, sentia apenas o vento bater e me refrescar, o sol entre as nuvens, não havia tantas, todas juntas cobrindo o sol como se fosse protegê-lo das coisas.

Senti quando uma mão me envolveu pela cintura e me puxou para si, mantive os olhos fechados, acreditando ser um sonho. Cheguei em casa?

Abri os olhos quando finalmente senti o cheiro agridoce de um perfume.

— Max!

Gritei com surpresa. Os seus braços me envolviam, sem intenção de machucar. Apenas me soltou quando chegamos no meu quarto.

— Você dormiu no carro. Tive que carregá-lo.

— Por que não me acordou então!

Questionei, irritado com ele. Me ajeitando na cama e o encarando por repostas.

— Você estava num sono tão bom. Sorrindo como um bobo.

Ele disse em tom brincalhão, tocando o meu nariz como se eu fosse uma criança.

— Já me deixou em casa. Pode ir já.

Gesticulei com a mão, apontado em direção a porta do meu quarto.

— Não se preocupe, eu já estou indo. Tenho que ir a um lugar antes de voltar para casa.

Max pegou do bolso o seu celular, de capa preta, a mesma que toda vez o vejo usar. Parecia estar conversando com alguém, um sorriso de canto surgiu em seus lábios quando uma notificação chegou para ele. Fiquei tão curioso para saber o que ele tinha recebido, mas me contive. Isso não era da minha conta.

— Vou indo então. Se precisar, me liga. Você tem meu número salvo, não tem?

Ele digitou alguma coisa no celular e o guardou no bolso da calça novamente.

— Tenho.

Respondi, encarando o bolso da sua calça. Outra notificação chegou, mas por estar no bolso dele, não pude ver com clareza o que lhe foi enviado.

— Bom, até amanhã Alisson.

Acenou para mim, deixando meu quarto e fechando a porta. Ainda estava tão intrigado com quem ele poderia estar falando, mas isso não me preocupava tanto. E sim, a traição de Jack.

— Que dia mais horrível...

Me joguei para trás, a cama macia ao me deitar melhorava tudo. Encarei o teto por alguns minutos em silêncio, com tantos pensamentos.

— O mais sensato a se fazer seria mandar uma mensagem para ele. Será que explico o que vi na faculdade?

Disse para mim mesmo, ainda olhando para o teto. A sua reação poderia não ser a melhor, Jack não é do tipo que aceita ser deixado mesmo estando errado.

— Não. Melhor não.

Levantei-me rápido e sentei na cama.

— Não vou fazer isso. Vou deixar isso do jeito que está... preciso relaxar, sair um pouco deve me ajudar.

Suspirei, largando todo a tensão do meu corpo. Nada melhor do que dar uma saída e aproveitar um pouco fora de casa. Silenciei o celular e o desliguei, depois fui tomar um banho quente para tirar o sono que eu ainda tinha e coloquei uma roupa mais confortável. Guardei o meu celular no bolso e segui em direção a um bar que eu costumava frequentar.

•Ride

As aulas estavam tão entediantes, eu já sabia de tudo que cada professor explicava para todos nas aulas. Fácil demais, nunca tive dificuldade para entender as coisas que me passavam. Costumo sentar no canto, onde fica a janela da sala de aula, escondido, mexo discretamente no celular. Admito que não há muito o que ver, mas é uma distração que tenho durante as aulas.

Uma notificação chegou, e a minha curiosidade despertou no mesmo instante para ver.

...Fúria(online)...

Não se esqueça, durante a madrugada temos algo para fazer! Te espero lá.

— Ah é. Havia me esquecido disso.

Um sorriso de canto surgiu entre meus lábios e li novamente a mensagem de "Fúria", ou melhor dizendo, de Thay. Não a respondi, não havia necessidade. Ela sabe que eu iria, tenho que ir. Na verdade, não tenho a opção de não ir.

Passou-se mais algum tempo, não sei ao certo, não calculei, mas as aulas terminaram e eu pude finalmente guardar as minhas coisas e ir embora daquele lugar. Não é tão ruim, apenas algumas pessoas que não suporto de ver.

As vozes se misturando na minha mente, me fazem perder o pouco de paciência que tenho, mas não ouso fazer nada. Peguei a chave do meu carro e me apressei até chegar a garagem da faculdade. Ligando o carro, olhei brevemente para entrada. Os meus olhos fixaram em Jack e Sarah, um leve ar de confusão surgiu no meu rosto.

— Que estranho. Jack e Alisson terminaram? Jack não era gay? O que diachos esse cara está fazendo junto com a Sarah?

Falei para mim mesmo, com um sorriso pequeno enquanto os observava. Vi quando Alisson passou, mesmo estando um pouco longe da entrada, pode perceber seu jeito inqueito. O babaca do Jack fez alguma coisa para ele?

Sem demoras, entrei dentro do carro e joguei minha mochila para o banco de trás. Manusei o carro e sai da garagem, em frente, os outros passavam na faixa de pedestre que havia por perto da entrada da faculdade, quando vi que Alisson ia passar também, andei mais um pouco com o carro e parei em sua frente. Sua surpresa era visível, mesmo que não pudesse ver direto que era eu quem estava no volante do carro. Abaixei o vidro e nossos olhos se encontraram brevemente, com um sorriso amigável no rosto.

— Desculpe, Alisson. Quer uma carona?

— Não quero. Tenha cuidado da próxima vez Max!

Me respondeu irritado, cruzou os braços sob o peito. Uma típica reação que ele tem com algo ou alguém o irrita. Admito que esse seu jeito é atraente para mim.

— Deixe de ser assim, sua casa é meio longe da faculdade e é difícil para ir a pé. Vamos, entre.

Insisti, ainda de cara fechada comigo. Não era como se eu fosse morde-lo. Sorri amigavelmente para ele, talvez pudesse dar certo.

— Abre a porta.

Foi direto, sua voz soou com rispidez. Não tinha como negar isso, eu sabia que ele não suportava ter que ir pra casa a pé. Destranquei a porta do carro e ele entrou.

— Vi Jack com a Sarah. Vocês terminaram?

Perguntei manejando o carro com uma mão, dei uma breve olhada novamente para entrada da faculdade. Onde ainda estava aqueles dois. Os olhos de Alisson já me diziam tudo.

— Isso não te intere...

Olhei para ele, antes mesmo que terminasse de concluir a sua frase, inclinei meu corpo para frente do seu e coloquei o cinto para ele. Seu corpo paralisou e virou o rosto para o lado oposto do meu, como se estivesse pensando que eu iria fazer algo com ele.

— O que foi? Você esqueceu de pôr o cinto.

Me afastei com um sorriso no rosto, achei graça de como agiu quando aproximei meu corpo do dele.

— Eu poderia colocá-lo sozinho.

Respondeu irritado, ajeitando o cinto enquanto falava.

Saindo logo da entrada faculdade, em direção às ruas e estradas, a sensação do vento batendo no meu rosto enquanto dirijo é tão bom. Mas sei que tem alguém que me encara.

— Gosta de encarar os outros?

Perguntei, prestando mais atenção na estrada, mas dando uma breve atenção para Alisson. Sorri de novo para ele, gosto quando vejo que isso o incomoda e o deixa tão esquentadinho.

— Cala a boca.

Ele resmungou cruzando os braços sob o peito novamente. Odeio quando me pede para calar a boca, sorri forçado a ele e continuei a dirigir o carro normalmente. Ele voltou a olhar para janela enquanto eu mantinha a rota para chegarmos na sua casa, via o vento bagunçar o seu cabelo e o jogar para trás, trazendo um clima tão bom. Apoiou sua mão na janela e ficou daquele jeito até o final da viagem, não se mexia, percebi quando havia dormido quando olhei para o retrovisor do lado da janela em que estava. Manobrei o carro na entrada da casa dele, sai do carro e dei meia-volta. Abri a porta e com cuidado o peguei nos braços, ainda dormindo e com um sorriso bobo no rosto, o que deve estar sonhando? Eu o carreguei até quase chegarmos no seu quarto. Quando de repente abriu os olhos e me encarou espantado.

— Max!

Alisson gritou, que desnecessário ter feito isso. Um pouco mais e eu o deixaria cair dos meus braços. O carreguei até o quarto e o deixei na cama.

— Você dormiu no carro. Tive que carregá-lo.

— Por que não me acordou então!

Me respondeu irritado, que jeito mal-humorado ele tem. Está assim mais do que qualquer outro dia que o vi. Ajeitou-se na cama e começou a me encarar como se esperasse que eu lhe dissesse alguma coisa para ele.

— Você estava num sono tão bom. Sorrindo como um bobo.

Falei com um tom doce. Toquei a ponta do seu nariz, como se fosse uma criança. Um sorriso no meu rosto, gosto de vê-lo dessa forma, mesmo que ele me odeie sem razões óbvias.

— Já me deixou em casa. Pode ir já.

Continuou, gesticulando com a mão e apontou em direção a porta do seu quarto.

— Não se preocupe, eu já estou indo. Tenho que ir a um lugar antes de voltar para casa.

Peguei o meu celular no bolso da calça, mais notificações haviam chegado para mim e eu nem tinha visto.

...Fúria(visto 10 minutos atrás)...

Volta logo pra cá antes que eu mande o Yamura para o inferno!

Sorri quando li a mensagem de Thay e a respondi.

...Fúria(visto 10 minutos atrás)...

^^^Já vou. Tenha mais um pouco de paciência com o Yamura e não o mate.^^^

— Vou indo então. Se precisar, me liga. Você tem meu número salvo, não tem?

Mandei a mensagem para Thay e guardei o celular no bolso da calça novamente.

— Tenho.

— Bom, até amanhã Alisson.

Acenei para ele como despedida e fechei a porta do quarto assim que sai, deixando o quarto dele.

Fui direto para meu carro e parti para me encontrar com Thay e Yamura, não posso ficar um segundo longe que algo acontece. Acelerei o carro e fui até o nosso ponto de encontro de todas as noites.

— Demorei?

Clamei, forçando um sorriso a eles, mas no fundo queria bater em alguém. Haviam gastado tanto com bebida e Yamura parecia fora de si.

— Por isso me mandou mensagem?

Perguntei a Thay, observando como Yamura estava. Completamente caindo de bêbado, como sempre fica ao beber demais. Nem mesmo se fosse proibido de beber, ele pararia, sempre dá um jeito de arranjar uma garrafa de bebida.

— E o que você acha?

Me respondeu com ignorância, sem um pingo de paciência. Thay tinham motivos muito óbvios para estar irritada daiqlea forma e, por dentro, eu também estava furioso com Yamura.

— Peça para alguém vir aqui e levar o Yamura. Ele está dormindo?

— Eu acho que sim.

Thay levantou o rosto de Yamura de cima da mesa, de olhos fechados e boca semi-aberta, caiu no sono de tanto beber.

Passou-se um tempo e Yamura havia sido levado por alguém até nosso local fixo para descansar. Fiquei com Thay no bar para beber um pouco, distrair um pouco antes do que iríamos fazer mais tarde durante a madrugada. Yamura iria com a gente, mas por um certo motivo, ele não iria mais.

•Aphrodisiac

Estava tão distraído e acabei esbarrando em uma pessoa. Um homem caindo de bêbado que estava sendo carregado com ajuda de outra pessoa até em casa, ou achei que era, não fazia ideia de onde poderiam ir, não é.

— Ah, me desculpe. Meu amigo aqui bebeu muito.

Ele carregava aquele homem com cuidado, parecia estar dormindo, mas estava sendo levado mesmo assim.

— Não tem problema. Não é melhor chamar um táxi?

Sugeri amigavelmente.

— Obrigado, mas não precisa. Eu levo ele de carro.

— Ok, então.

Olhei o homem carregar o outro pela roupa, quase caindo para leva-lo até o seu carro.

— Zen chama o Max! A "fúria" tá atrás de mim!

O homem bêbado dizia cambaleando, quase caindo no chão. O outro o segurava e puxava para seu lado para não bater de cara na parede do seu lado esquerdo.

— Para de falar coisas sem sentido. Max está com a Thay! Vamos para casa.

— Não quero...

Olhando isso, para os dois, processei o que aquele homem bêbado havia dito antes. Corri até eles, enquanto um colocava o outro para dentro do carro, estava para entrar no carro e irem embora, mas fui mais rápido.

— Espera!

Coloquei a mão na porta do carro, impedindo que entrasse.

— Com licença, mas eu preciso ir.

Pressionou a maçaneta, querendo abrir a porta do carro.

— Vocês conhecem o Max?

— Max Frost?

Ele me perguntou, apenas confirmei com a cabeça que sim.

— Sim, e daí?

Não era a resposta que estava esperando. Aqueles dois, conheciam mesmo o Max? O típico cara que eu simplesmente odeio, eles o conhecem, mas nunca os vi na faculdade ou junto com Max. Tirei a mão da porta e o cara entrou no carro.

— Uh.. ei, posso saber o seu nome?

— Zen Yuan.

Respondeu, já manobrando o carro para sair. Os vi indo embora e não disse mais nada, observei o carro deles até que não pudesse mais vê-los, estava tão pensativo agora.

— Um estrangeiro...

Murmurei para mim mesmo.

— Estou pensando de mais em Max, que loucura!

Passei a mão pelo cabelo, o jogando para trás. Fui em direção ao bar, seguindo o caminho de antes.

Ainda é estranho ver que tem um segurança na entrada do bar, me pergunto sempre o por que disso. Passei sem problemas para dentro do bar, são só caras bebendo e conversando, uma certa nostalgia passa por mim todas as vezes que venho beber aqui. Sempre sozinho, peço um copo de shop, a mesma coisa, até amizade com o barmen acabei fazendo. Pessoas com gostos parecidos sempre ficam juntas, mas nem sempre como amantes.

Não sei quanto tempo eu passei bebendo e falando com barmen, meu rosto estava queimando, era tão óbvio que eu já estava ficando bêbado.

— Rick, trás mais um pra mim.

Pedi, enquanto brincava com um dos copos vazios na mesa. Minha visão parecia começar a ficar turva, mas não ao ponto de me deixar atordoado.

— Você bebeu demais, melhor ir para casa, não acha?

Rick me sugeriu amigavelmente. O copo que pedi estava ao seu lado, mas não se atreveu a me entregar. Antes que eu o respondesse de volta, senti uma mão no meu ombro e uma voz masculina surgiu.

— Me trás um shop.

A voz estava tão perto e a mão em meu ombro, olhei em direção a pessoa que agora já estava sentada ao meu lado.

Um cara alto e bonito, admito, era meu tipo. Mas não seria o certo trair Jack com alguém que nem conheço. Irônico dizer isso sabendo que Jack acabou me traindo com uma garota da faculdade.

— Tudo bem?

Me perguntou com um sorriso, pegando a bebida da mão de Rick.

— Sim...

Respondi sem tirar os olhos dele, me perguntava se aquele cara tinha namorada, minha mente estava uma bagunça depois de tanto beber.

— Não parece.

Me olhou enquanto terminava de virar o seu copo de shop de uma vez só. Ainda sorrindo para mim de um jeito amigável.

— Te pago uma bebida, quer?

Ele ofereceu. Eu estava um pouco sóbrio ainda, mas o pensamento de ter visto Jack com Sarah não saiu da minha cabeça, então, por isso, acenei em confirmação e aceitei que pagasse uma bebida para mim. Chamei Rick e pedi mais dois shops, dois copos pequenos e cheios de álcool.

— Não acho que devia beber tanto.

Rick me entregou o copo em um gesto sutil, não hesitei em pegar a bebida e a tomar de uma vez só.

— Não estou muito bêbado.

Coloquei o copo de volta na mesa, o olhando com um sorriso no rosto.

— Qual o seu nome?

— Thian. E o seu?

— Alisson.

— Seu nome é um pouco diferente, não é daqui né?

Levantei uma sobrancelha com curiosidade. Me nenhum momento deixava de olhar para ele, ele também não. Uma troca de olhares sem sentido, talvez.

— Não sou. Vim da Áustria.

— Um pouco longe daqui...

Minha voz vacilou e repentinamente senti meu corpo começar a ficar mais quente do que o normal. Mais do que deveria ficar com alguns copos de shop.

— Primeira vez que vem aqui?

Perguntei normalmente e coloquei a mão em frente a boca, o ar quente da minha respiraçãome deixou incomodado. Cheirava a puro álcool, obviamente.

— Sim. Acho que não a sua.

— É, não é.

Tentei disfarçar ao máximo o meu desconforto, cada segundo que passava, mais o meu corpo parecia que estava queimando.

— Está tudo bem? Você parece um pouco mal.

Encostou sua mão no meu ombro, me encarando com preocupação. Minha visão começou a ficar mais turva e as coisas estavam começando a ficar embaralhadas na minha frente, me deixando confuso com tudo.

— Ei, Ali! Melhor ir para casa. Você bebeu demais.

Ouvi a voz de Rick do lado do meu ouvido, sua figura estava tão distorcida para perceber que era ele.

— Eu te levo para casa.

A voz de Thian surgiu, e então, envolveu a sua mão por trás do meu pescoço para eu poder me apoiar nele.

— Cuidado no caminho.

— Deixei o dinheiro das bebidas no balcão, eu vou levá-lo.

— Está bem.

Thian e Rick conversavam. Eu mantinha o olhar ao redor do bar, minha visão bagunçava tudo a minha volta. Me deixando com tontura, meu corpo está queimado, estava ofegante. Por um momento fechei os olhos, vagamente eu via onde Thian estava me levando, se era para fora do bar ou sei lá para onde.

Não sei, mas poucos minutos depois, nos paramos. Estava apoiando no ombro de Thian e ainda muito atordoado e a minha visão estava embaçada, ouvi uma voz diferente, mas aparentemente familiar para mim.

Com quem Thian estava conversando? Pensei, tentando reconhecer a pessoa, mas só conseguia ouvir as vozes. Outra silhueta apareceu, não sei quem, mas era a figura de uma garota, a quem eu não reconhecia também.

— Por que está levando ele?

— Ah, eu não posso?

— Não, não pode. Pensei que estava fora do país, o que veio fazer aqui?

A voz, estranhamente era familiar para mim. Os dois conversavam como se odiassem, quem era?

— Em breve você vai saber. Agora me deixa passar.

Thian tentou avançar enquanto eu me mantinha apoiado ao seu lado. A pessoa entrou na nossa frente e impediu.

— Ele não vai com você. Me dê ele, eu levo ele pra casa.

Aquela pessoa sugeriu, por acaso eu o conhecia? Não conseguia formar o seu rosto, minha visão estava tão turva para poder reconhecê-lo naquele momento.

— Ele é seu namorado por acaso?

— Não te interessa.

— Thian, você não deveria estar aqui. Não venha causar de novo. Entrega esse garoto para gente!

Uma voz feminina, o tom irritado com Thian. Quem poderia odiá-lo? Não conseguia nem mesmo formar o rosto daquela garota também, tudo embaçado ainda. E o calor que eu sentia ainda me deixava tão mal e sufocado.

— Está calor...

Ofeguei tentando tirar a minha camisa para aliviar o calor que eu sentia, a minha respiração estava acelerada e minha visão turva. Isso obviamente não poderia ser efeito de apenas alguns copos de álcool, tinha algo a mais.

— Isso não parece efeito de álcool.

A garota disse.

— Voce acha que eu o droguei?

— Não acho, tenho certeza.

O cara respondeu a Thian, me puxou pelo braço, me trazendo para mais perto de si. O seu corpo estava um pouco gelado, tão bom do jeito que estava. Desejava sentei esse toque de lado, da sua pele fria se chocando contra o meu corpo, quente e gelado, apesar de não ser uma cosia exatamente boa, era o que eu queria naquela hora. Sentir o gelado do seu corpo e que dissolvesse todo o calor que irradiava do meu corpo.

— É afrodisíaco.

Ele colocou a sua mão no meu rosto, percebendo o quão quente eu estava. Sua mão gelada, me encostando, me deu um choque pela temperatura diferente do que estava meu corpo.

— Thian, já causou de mais com isso.

A garota disse irritada.

— Thay, vou levar o Alisson para casa.

Como esse cara sabia o meu nome? Quem era ele? Não tinha como recusar, o meu corpo não reagia da forma que gostaria que reagisse, então apenas aceitei o que estava acontecendo e fui com aquele cara. Ele envolveu o seu braço por trás do meu pescoço e me fez se apoiar nele com cuidado, me ajudando para andar. A garota que estava com ele ficou para trás e ele se dispôs para me levar embora, não sei por que não me deixou com Thian.

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