Estou no meu novo apartamento aqui em Paris após ter conseguido me especializar em designer de moda com os meus próprios méritos.
— Filha tem certeza disso? — minha mãe me pergunta, enquanto um dos meus irmãos me ajudam com as caixas da mudança — Sabe que poderia ser muito mais simples se nos deixar te ajudar com essa nova etapa na sua vida.
— Mãe não quero que me contratem porque sou filha de Faina Mikhailov e dos irmãos Brec, os maiores e mais poderosos mafiosos da Rússia e Nova Iorque, por terem medo do que meus pais podem fazer por ser filha de quem sou. Ser reconhecida como Darya Mikhailov-Brec em toda a minha adolescência atrapalhou qualquer amizade verdadeira e relacionamento que eu poderia ter. — digo deixando a caixa com meus produtos de higiene no canto perto da bancada da cozinha que divide a sala.
Ela solta uma respiração profunda.
— Aceite pelo menos que Yakov fique aqui com você, não gosto de ter de deixar sozinha em um país distante.
— Não é tão distante assim, e eu não preciso de um dos meus irmãos — sou trigêmea dele e Vasily — no meu pé o tempo inteiro por mais que eu o ame. Já basta o Vasily, eu sei que ele manterá seus olhos de olho em mim mesmo estando ele na Rússia boa parte do tempo, chefiando a máfia — reviro os olhos, porque conhecendo o meu irmão, ele fará isso eu implorando para que me deixe seguir sozinha sem precisar da ajuda de ninguém, mesmo eu sabendo me defender muito bem. Por mais que eu tenha escolhido seguir por um caminho totalmente diferente dos meus pais.
E fui treinada toda a minha vida com eles, a lutar, a manejar uma arma muito bem. Eu e os meus irmãos praticávamos Krav Maga entre nos três e ensinamos os menores também quando esses já tinham idade suficiente para isso.
Claro, que isso ele teve que puxar dos nossos pais, esse excesso de cuidado e proteção, todos os garotos da escola tinham medo se aproximar de mim, por já carregar dois nomes dos meus pais, mas pior ainda por causa dele. Já, Yakov era o que apaziguava a situação e ajudava-me a ter os meus encontros escondidos de Vasily e os nossos pais.
— Só me sentirei segura se um dos seus irmãos ficar aqui com você. Alice iria adorar ficar aqui em Paris, ela sempre foi uma romântica incurável — ela tenta mais uma vez empurrar alguém para ficar aqui comigo.
— Mamãe, sei me defender muito bem, se esquece que sou sua filha? — ela continua me olhando, não vai desistir — Alice tem a Yelena, as duas são inseparáveis. Yelena está vivendo muito bem em Nova Iorque, jamais deixaria os pais para viver aqui e Alice, jamais ficaria longe de sua gêmea idêntica.
As duas juntas são terríveis, ter as duas aqui seria um caos.
— Tudo bem. Você é tão teimosa quanto eu o Hunter — sorrio — Mas é mesmo preciso esconder sua verdadeira identidade?
Ela pergunta isso porque eu decidi viver aqui como apenas Elizabeth Hailov e não como Darya Mikhailov-Brec, não é porque tenho vergonha de quem sou filha ou da minha família, mas porque não quero carregar o peso que esse sobrenome tem. Quero ser apenas Eliza, uma jovem formada em moda em busca de um emprego que conseguiu pelos próprios esforços, vivendo em um novo país, bem longe da máfia, de onde meus pais e meus irmãos fazem parte. Uma pessoa comum, vindo de uma família grande — sendo uma garota de trigêmeos, com mais quíntuplos como irmãos mais novos, uma mãe amorosa que se casou com cinco homens maravilhosos que tenho como meus pais, independente de qual deles seja o meu pai biológico, amo eles como igual — e bem sucedida. É só isso que todos precisam saber, sem que eu tenha que envolver a máfia da minha família.
— Independência, mãe, é tudo o que quero, além de escrever a minha própria história. Nunca quis fazer parte da máfia e quero seguir assim. Sem falar que se souberem quem eu realmente sou, é capaz de eu correr mais perigo ainda, em algum lugar deve haver uma máfia francesa — ela passa as mãos pelos meus cabelos, seus olhos verdes não tão diferentes dos meus — apesar dos meus serem uma mistura de verde e azul que às vezes nem sei qual a cor realmente são eles —, me olham com lágrimas nos olhos.
— Tudo bem. Você já é uma mulher adulta com os seus vinte e quatro anos. Estou orgulhosa de você — ela me abraça — Mas isso não quer dizer que não estarei te ligando todos os dias, eu e os seus pais, e sempre terá um dos seus irmãos vindo aqui te visitar.
— Aceito isso — correspondo o seu abraço, a apertando em meus braços.
— Nossa, que momento mais lindo — Finnian meu irmão mais novo de dezoito anos, diz parado na porta, um dos quíntuplos que os meus pais tiveram após mim, Vasily e Yakov.
— Não fique com ciúmes e nem adianta porque todos sabemos que o preferido dela é Yak — Alexander diz saindo do quarto após deixar a última caixa.
Os dois são idênticos, o que muda é a cor dos olhos, de Fin são verdes iguais os da mamãe e o do Alex é cor de âmbar igual ao do papai Landon, ambos se parecem bastante com nosso pai, mas tem o sorriso malandro de dad Zachary.
Então nunca saberemos ao certo.
Espera, deixa eu explicar: Minha mãe Faina Mikhailov-Brec era uma mafiosa russa que enganou os meus pais se fingindo de uma adolescente inocente para roubar eles e eles eram os mafiosos ingleses, os irmãos Brec: Hunter, Landon, Lennon, Zachary e Nathaniel. O que ninguém esperava era que minha mãe fosse se apaixonar pelos irmãos e se envolver com eles. Mas isso é outra história.
Mas quem se importa quando somos todos uma família e estamos felizes assim?
— Isso é uma calúnia! Amo todos igualmente, assim como amos os pais de vocês — minha mãe se defende, dando um tapa no braço de Alexander, que resmunga.
— Não mesmo! — eu e Fin respondemos juntos.
Rimos enquanto ela finge estar ofendida e tentar bater em nós três. Amo a minha louca família e confesso que sentirei falta de ter isso todos os dias.
Após ter passado na Angelina — uma cafeteria aqui de Paris, me deliciando com o Hot Chocolate deles com famoso Mont Blanc & Mille Feiula recomendado pela minha mãe —, agora me encontro no prédio onde fui contratada como a designer deles.
Não é nenhuma Louis Vuitton ou Chanel, Saint Laurent, Gucci. Mas o que isso importa se um dia terei a minha própria marca? No momento estarei trabalhando para a Laquintinie Boutique de Vêtements.
Assim que entro no prédio fico deslumbrada pela beleza do lugar, tudo é muito lindo e limpo e cores claras. Sigo direto até a recepcionista e mostro a ela o meu crachá que recebi ontem para ter o meu acesso.
— Senhorita Hailov, seja bem-vinda a Laquintinie Boutique de Vêtements — olho para o nome em seu crachá: Camille Leblanc e agradeço mentalmente que eles falam inglês, já que o meu francês é péssimo.
— Obrigada — sorrio.
— Me acompanhe, eu lhe mostrarei a sua sala — ela se levanta saindo de trás de sua mesa, me levando para um corredor que nos traz até um elevador.
Quando as portas se abrem, alguém passa por mim ao telefone esbarrando em meu ombro e não é preciso entender francês para saber que ele está xingando a outra pessoa do outro lado da linha.
— Je veux savoir comment elle a réussi à entrer dans monappartement? Je lui ai déjà dit qu'il lui était interdit de mettre les pieds dans mon immeuble, bon sang!
Ele parece puto, embora gostoso. Mas ainda é um mal-educado.
O cara de gravata bem alinhada e terno com o caimento perfeito, para e olha para trás, me encarando entre as portas do elevador, seus olhos castanhos me fuzilam minutos antes das portas se fecharem de vez. Talvez eu tenha deixado as últimas palavras escaparem da minha boca em voz alta. E porra, além de mal-educado ele é lindo e charmoso demais. Seu perfume amadeirado deixou a pequena caixa de metal impregnada com o seu cheiro, forte e amadeirado.
— Quem era aquele? — pergunto para a Camille — Não esquece, prefiro não saber.
Tudo o que eu não preciso agora é me envolver com alguém no meu ambiente de trabalho, ainda mais que ainda nem comecei.
Ela apenas abre um pequeno sorriso e me mostra todo o prédio até chegarmos à minha sala.
— Aqui é o seu mais novo lar, espero que esteja do seu agrado e ali é onde a sua equipe trabalhará em conjunto com a senhorita — ela aponta para a sala através da porta de vidro do outro lado da minha.
— Pode me chamar de Eliza, nada de senhorita, devemos ter mais ou menos a mesma idade. Nada de formalidades. — ela sorri amplamente.
— Tudo bem, Eliza. Vou te apresentar a sua equipe e sua própria secretária que se encontra atrasada mais uma vez.
Assim que saímos da minha sala, uma ruiva de cabelos lisos até a altura dos ombros entra esbaforida, deixando a sua bolsa em cima da mesa perto da porta da minha sala.
— Amélie, esta é a senhorita Hailov — Camille diz, olhando para a ruiva, que tem o rosto corado — Espero que seus atrasos, a partir de agora, tenham acabado.
— Perdão pelo atraso, meu ônibus quebrou — ela me estende a sua mão em um comprimento — É um prazer ter a senhorita a nossa empresa. — sorri para mim calorosamente.
— Só Eliza, por favor — sorrio para ela apertando sua mão suada.
— Me desculpa por isso — ela seca as mãos em suas roupas.
Sou apresentada a toda a equipe no decorrer da manhã. Uma equipe bastante energética e animada, me fazendo me dar bem com todos eles e ficar ansiosa para começar a trabalhar aqui.
Chego em casa e encontro minhas irmãs jogando no sofá, comendo um dos meus salgadinhos. Reviro os olhos. As duas sempre foram o caos. Cabelos tão escuros e olhos de azul intensos quantos o do meu pai, Nathaniel. As duas arrasam corações por onde andam.
— E aí, como foi o seu primeiro dia? — Alice me segue até a parte da cozinha se sentando no banquinho de frente para a bancada.
— Nada de mais, hoje foi mesmo só para conhecer a empresa e a minha equipe — vou até a geladeira procurar por algo para comer.
— E não tinha nenhum gatinho por lá? Adoro homens de ternos. — Yelena diz do sofá.
— Não tive muito tempo para reparar nisso, não caço homens e sim a trabalhar — digo pegando alguns ingredientes para fazer um sanduíche para mim.
— Cara, você precisa transar — ela diz — Qual foi a última vez que você transou? Não vai me dizer que foi com o seu ex, aquele idiota?
Sim, foi com o meu ex, aquele idiota. Exatamente há seis meses. Minhas irmãs de apenas dezoito anos têm a vida sexual mais ativa do que a minha.
Não respondo, apenas reviro os olhos para as duas.
— Ah, não! Eu não acredito nisso, Darya — Alice me olha perplexa.
— Precisamos dar um jeito nisso! — Yelena diz se levantando do sofá e se aproximando de nós duas — Hoje é noite de sexta-feira e você só começa oficialmente na segunda não é? Então que tal se sairmos para curtir e conhecer os bares e boates aqui de Paris, conhecer alguns franceses charmosos e ter uma noite claud?
— O quê é claud? — pergunto.
— Liza você precisar aprender mais francês, ainda mais morando aqui. Eu quis dizer uma noite caliente, quente, fogosa…
— Já entendi — corto ela, antes dela continuar sua descrição de como uma noite hoje pode terminar. Apesar de eu não estar muito no clima para uma saída hoje, é melhor ter elas comigo nas ruas de Paris do que elas aqui dentro, destruindo o meu apartamento e comendo todos os meus salgadinhos favoritos — Tudo bem. Aproveitamos nossa noite de sexta-feira.
— É isso aí — Alice diz batendo na mão aberta de sua gêmea.
— Agora precisamos ver o que você irá vestir, embora entenda de moda e se vista bem, suas roupas são muito comportadas para o que pretendemos hoje, a qual é…
— Ter uma noite caliente — Yelena completa e as duas trocam olhares.
Estou ferrada.
Eu sabia que isso não seria uma boa ideia, ainda mais quando isso vem delas duas.
O taxista nos deixa em frente ao Le Rex Club e fico pensando em como elas descobriram este lugar em apenas poucas horas.
O local se encontra lotado e a fila para entrar é enorme. Já estou caminhando para o final dela, quando Yelena puxa o meu braço me levando para a entrada da boate.
— O que você está fazendo? — pergunto a ela, quando ela para em frente ao segurança, sorrindo charmosa para ele, tentando furar a fila enorme. As garotas da vez reclamam.
— Bonne nuit Cat. Je m'appelle Yelena — O.k. Está frase entendi, mas todo o que resto me parece embolado — Je suis ami avec Patrick Hughes.
Preciso mesmo aprender francês, ainda mais se estou querendo morar e trabalhar por aqui por um tempo indeterminado.
O cara sorri com a menção do tal nome, ele nos dá passagem para dentro do clube. Fácil assim.
— Como foi que você conseguiu isso? Pensei que usaria aquela técnica de piscar um olho, sorrir e morder os lábios que sempre usamos nas baladas lá de casa — Alice questiona a sua gêmea.
— Sabe aquele carinha que eu estava pegando na semana passada? — Alice assente — Então, ele tem amigos aqui e este amigo é o dono do clube, bastou um telefonema para que ele nos ajudasse hoje.
— Se lembra de agradecer ele depois.
— Ah, pode deixar que vou agradecer a ele muito bem. Na verdade, nós duas podemos fazer isso, eu falei de você e ele está doidinho para conhecê-la — Yelena pisca para a sua gêmea.
— Vocês duas ainda continuam dividindo homens? Isso ainda vai dar ruim um dia — digo para as duas, tentando passar pelos corpos suados e dançantes a caminho do bar, seguindo as duas.
— Darya, a mamãe é casada com cinco homens a mais de vinte e quatro anos e nunca deu ruim entre eles. Por que daria entre nós? — Yelena é a primeira a chegar no bar e se debruçar sobre ele, piscando para o barman que pisca de volta para ela e assim que vê a sua gêmea, seu sorriso se amplia.
— Nossos pais não são gêmeos, mas na máfia, eles podem dividir uma mulher para cada cinco homens. Tenho em vista lembrar-lhes que os nossos pais foram os únicos a terem sucesso, pois já estavam habituados a dividir as mulheres antes.
— Vamos dançar e chamar a atenção de alguns franceses — Alice diz, quando as duas apenas reviram os olhos, após passarem seus números para o barman e eu se puxada por elas para o meio das pessoas que se agitam na pista de dança.
Alguns caras aparecem e dançam conosco, mas nenhum deles me atraem, mas permaneço dançando com eles ao me divertir um pouco.
Depois do que parece horas, estamos de volta no bar, pés doloridos e boca seca.
Um moreno para ao meu lado roçando seu braço ao meu, e quando nossos olhos se encontram ele sorri e pisca para mim. Lindo e gostoso e o sorriso é a coisa mais sexy nele.
— Aceita uma bebida? — Alice me cutuca com o cotovelo, quando eu me demoro a responder a ele, o secando na cara dura. Rapidamente fico vermelha. Pelo menos ele fala inglês.
— O que me sugere? — pergunto a ele que sorri amplamente antes de pular o balcão e se misturar entre o barman.
— Você trabalha aqui? — pergunto para ele, vendo ele arregaçar as mangas de sua camisa cinza de marca cara e começar a preparar a minha bebida.
— Pode se dizer quem sim.
— E o seu chefe não briga com você por está sem seu uniforme? — aponto para os outros caras atrás dele uniformizado. Ele apenas me dar um sorriso de lado e uma piscadinha.
— Não quando o chefe sou eu — ele diz focado no que está fazendo, concentrado na minha bebida.
— Uau… Ele deve ser o Antoine Mallet, o amigo de Patrick — Yelena diz no pé do meu ouvido — Ele é um moreno gostoso, se você não pegar eu pego, mana.
Sim, um moreno gostoso, mas…
— Aqui está — ele coloca a bebida a minha frente — Espero que goste.
Pego o drink preparado por ele, mas antes que eu dê se quer um gole a mesma é retirada das minhas mãos e outra bebida e posta na minha frente, por outro barman.
— O que… — olho para Antoine que fica também sem entender até que o barman que trocou a minha bebida diz algo em seu ouvido e ele assente sem graça.
— Me desculpe, linda — ele pisca para mim se retirando para fora do bar e longe de mim.
O que foi que aconteceu aqui?
— Não acredito que você já espantou o cara — Yelena resmunga do meu lado.
— O que foi que você fez, Darya? — Alice me pergunta.
— Nada — dou de ombros e tomo a minha nova bebida, mas refrescante e doce. Ela torna a ser a minha bebida favorita.
Mas quem será que a mandou? Olho para todos os lados procurando a pessoa que a enviou, não percebendo nenhum suspeito.
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