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Grávida No Encontro Às Cegas

Um café da manhã tumultuado

Parecia uma manhã como qualquer outra naquela pequena casa amarela localizada na periferia. As mulheres da família Silva estavam reunidas para tomar café da manhã em uma mesa redonda simples no meio da cozinha como faziam todos os dias. A única diferença daquele dia era o assunto que percorria na mesa.

— Um encontro às cegas? Nem morta! Em que ano estamos? Já te disse que não quero me casar. Tenho muitos planos, casar não está na lista. — Liana gritou sem acreditar na proposta de sua mãe, que estava decidida a encontrar um marido para sua filha de todo jeito com ajuda da igreja.

Liana era uma mulher deslumbrante, que chamava atenção de todos ao seu redor por sua beleza. Os seus cabelos lisos e castanhos caiam até sua cintura, os seus olhos pareciam duas pedras de âmbar. Embora fosse recatada, fruto dos anos criada dentro da igreja. Ainda sim, era uma mulher decidida e forte, que não tinha medo de correr atrás dos seus sonhos

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— Não grite na mesa. Tenha educação. E sim, um encontro às cegas não vai te fazer mal e nem arrancar pedaço. Você já passou da hora de casar. É um homem maravilhoso. Neto da senhora Maria, lá da igreja não é de se jogar fora. Você precisa agarrar essa oportunidade. Soube que ele é um homem formoso, é médico! Um varão iluminado, nunca casou. Sabe como é difícil encontrar alguém tão perfeito assim? Em vez de fazer cara feia, deveria se ajoelhar e agradecer a Deus por essa chance. — Joana explicou para filha. Havia feito uma reunião na igreja no dia anterior com as mulheres da igreja para selecionar um pretendente para a filha.

— Não ia ser ruim um médico na família. Atualmente temos apenas desempregados. Sem contar que ele pode me apresentar um dos seus amigos. Um médico lindo e rico não iria cair mal na minha vida. — Dalila, irmã mais nova de Liana, brincou. Não tinha como não rir do desespero estampado no rosto da sua irmã, que tinha muita dificuldade de dizer não para a mãe. O fim da discussão todos daquela mesa já sabiam.

— Quieta, Lila. Não acha que é no mínimo estranho um homem com todas essas qualidades solteiro? Eu já disse que não quero me casar agora. Me formei há pouquíssimo tempo. Quero atuar como professora. Estou esperando apenas ser chamada no concurso. Sabe que demora. Casar agora pode bagunçar meus planos. — Liana tinha se formado em história a pouco tempo.

— Estou muito orgulhosa de você. Não posso negar. É a primeira pessoa da nossa família a entrar na faculdade e se formar. Você sabe o tamanho da festa que fizemos, mas minha filha, você já tem 22 anos. Está na hora de encontrar alguém. Sei que seu último namoro te decepcionou muito, mas confie em mim. Nem todos os homens são iguais. — Joana não sabia o que dizer para convencer sua filha.

— Sim! Tem uns piores que os outros. Sempre temos que achar o menos pior, que tenha dinheiro e beleza. Se vamos passar raiva, que seja de um homem bonito e com uma bolsa de luxo, reclamando da vida enquanto tomamos um drink em um iate. Deus me livre sofrer por homem pobre e feio. — Dalila sabia que as mulheres daquela família tinham o dedo podre quando se tratava de homens.

— Use sua boca para comer. Se apresse. Ou vai acabar chegando atrasada na aula novamente. Eu não aguento mais receber reclamações de você da escola. Fui mais esse ano na sua escola, do que todos os anos das suas irmãs mais velhas. Se continuar assim, já disse que te mandarei para o internato da igreja. — Joana ameaçou a filha mais nova, que diferente das irmãs que tinha uma personalidade mais recatada, costumava aprontar bastante.

— Me tira dessa. Eu não preciso estudar tanto. Preciso usar meu tempo para ficar muito linda. Casarei com um homem rico, que vai me mimar. Não preciso me preocupar com a escola. — Dalila explicou para mãe.

— Como é? Você acha mesmo que um homem inteligente vai querer alguém sem cultura alguma? — Joana Questionou a filha que olhava para as unhas.

— Como se estudo mudasse alguma coisa, se fosse assim, minha irmã não estaria solteira hoje. Se formou com honra na melhor faculdade que temos por aqui. Segue agora desempregada e solteira. Meu ponto é, sou bonita demais para isso. Minha beleza trará um homem lindo e rico. — Dalila explicou para a mãe que colocou a mão na cabeça.

— Não consigo enumerar quantidade de absurdos em uma frase só, mas resolvo o problema com você depois. Hoje minha atenção é de Liana. — Joana estava completamente focada no futuro genro.

— Mamãe! Não! Já disse que não irei. Não quero me casar. Ainda mais com alguém desconhecido. — Liana alertou a mãe. Queria acabar com aquela conversa o mais rápido possível.

— Aqui está as informações. O encontro será hoje à noite. Não se atrase. — Joana passou um papel com o endereço do restaurante, número de celular e o nome "Lucas M". — Aliás, eu já entreguei uma foto sua também, aquela que tinha na minha carteira. Eu não sabia como mandar pelo celular as que tinha. Era um pouco antiga, mas ele vai te reconhecer.

— Quê! Como assim, mamãe? Um encontro? Hoje? Como você concordou com algo sem nem me dizer nada. Não lembro de ter concordado com nada disso. — Liana levantou da cadeira chocada. — A foto da sua carteira? Aquela que eu tenho um bigode, as sobrancelhas juntas, um dente quebrado e o cabelo com corte de cuia depois do surto de piolho? Ahhh! Eu não vou para lugar algum. Definitivamente! Não irei. Entendeu? De forma alguma eu vou. Não há nada que faça para me obrigar a ir.

— Isso eu quero ver. — Dalila gargalhou, sua irmã não era o tipo de pessoa que conseguia dizer não para a sua mãe.

O início de uma disputa

Do outro lado da cidade, em um bairro nobre da cidade, a família Menezes estava reunida por um motivo diferente. O ancião havia falecido, todos estavam juntos, esperando a leitura do testamento que decidiria o futuro da empresa da família, aquele que foi escolhido para comandar o conglomerado que antes estava nas mãos do ancião.

O advogado organizou todos em uma sala, com uma televisão imensa. O ancião havia gravado um vídeo em vida, explicando como dividiria sua enorme herança. Sua família acompanhou ansiosamente cada detalhe dito pelo ancião que tinha uma personalidade justa, não havia deixado ninguém de fora. Por último e também o mais esperado, o momento de escolher o sucessor, aquele que estaria à frente da empresa.

"Meus queridos netos, Lucas e Henry, não é uma decisão fácil para mim escolher um sucessor para a empresa da família, na realidade, parecia algo bem chato, burocrático e sem graça. É frustrante ver uma família lutar entre si por poder, me incomoda bastante a ideia de ver vocês se matando entre si por essa vaga, mas eu sei que vão fazer de todas as formas, tenho consciência quanto todos vocês são ambiciosos. Por isso, decidi que iria fazer uma espécie de competição saudável entre vocês, mas prometo que será bastante simples. Estabeleci dois requisitos para quem vai se estabelecer como presidente da empresa. Primeiro, é importante que haja um compromisso sério com a família, é algo fundamental, um princípio que sempre deixei claro na empresa, um ideal que não quero que seja deixado de lado. Por isso, o casamento e a formação de uma família própria, com isso, quero dizer que vocês devem encontrar uma boa esposa e herdeiros. Isso será essencial para disputar o cargo. Em segundo lugar, a opinião e aprovação de minha esposa sobre a escolha da sua futura esposa de vocês é valiosas, pois ela é um pilar fundamental de nossa família e tem minha total confiança. Acredito que essas regras garantirão a continuidade da empresa com responsabilidade e harmonia familiar. Tenho certeza que minha esposa passará por momentos divertido vendo o desespero de vocês para conseguir casar e ter filhos. Estarei ansioso para ver os próximos passos de vocês. Se cuidem e mais importante, cuide de minha esposa ou venho puxar os pés de todos vocês. E esposa, deixo com você a responsabilidade de juíza. Estarei te esperando, mas pela primeira vez na vida, eu espero que você atrase muito para vir me encontrar, como sempre fez em toda nossa vida. Viva o suficiente para ver o que nossa família problemática crescer e se multiplicar, depois venha me contar tudo. Eu te amo. Ah! Deixei uma carta com o advogado para você. Te vejo no céu, meu anjo querido e amado "

— Não se preocupe, querido. Vou atrasar muito mais do que no nosso casamento. Tenho que colocar ordem nessa bagunça antes de partir. Espere com a paciência que sempre teve. — Antonella, avó de Lucas, disse recebendo a carta que seu marido havia deixado. Nela havia algo que não foi dito no vídeo, que apenas sua esposa deveria saber sobre aquela situação.

— Casar? Família? — Lucas não acreditava no que estava ouvindo. Nem sequer tinha namorada como poderia encontrar uma esposa tão rápido? — Essa cadeira vai acabar ficando vaga por muito tempo.

Lucas Menezes era herdeiro de um conglomerado de hotéis. Sua família era de prestígio e uma das mais ricas do Brasil. Era um homem alto, com um corpo tão bem definido que parecia ser desenhado a mão. Costumava usar roupas de grifes, um coque de samurai na cabeça e uma barba perfeita. Tinha um temperamento calmo, além de ser bastante sociável. Um dos solteiros mais desejados do país. Desde seu último relacionamento que fracassou completamente, jamais pensou em se envolver com mais ninguém.

A família começou a murmurar, estavam buscando uma solução para o problema. Não demorou muito para cada um partir para lado, se dividindo em duas partes prontas para lutar pelo comando da empresa. Os pais de Lucas e Henry já buscavam mulheres solteiras para noivar com seus filhos.

Já em casa, o pai e a mãe de Lucas já estavam fazendo uma seleção para que seu filho saísse em encontros. Não podia deixar que seu primo Henry famoso por sua irresponsabilidade terminasse com a direção da empresa que foi construída com tanto esforço e dedicação.

— Encontrei. Ela é perfeita. Tem uma boa família, educação e eles se conheceram quando mais novos. Ela estudou fora e fala vários idiomas. Será perfeito para as reuniões de negócios. — Fátima, mãe de Lucas colocou o tablet na mesa. Havia uma foto de uma linda loira de olhos azuis na tela. — Vamos marcar um encontro a cegas entre vocês.

— Minha opinião não conta? Sabem o que penso sobre isso, certo? — Lucas não estava nenhum pouco interessado em relacionamentos. Sequer olhou para o tablet. Não fazia qualquer sentido para ele aquela história. Acreditava que podia ter a empresa em suas mãos sem precisar seguir aquele plano.

— Claro que conta, mas você só poderá ter uma opinião depois de conversar com ela, certo? Peço apenas que encontre uma vez. Prometo que não irei insistir, caso ela te desagrade. Já pensou o que aconteceria com a empresa de o seu primo tomasse o controle? Sabe exatamente como funcionam as coisas quando se trata dele. E tenho certeza que nesse momento, sua tia já deve ter encontrado uma noiva para Henry. Sabemos que diferente do seu primo, você não vai casar com a primeira que aparecer — Fátima aconselhou seu filho, enquanto trocava mensagens com a mãe da mulher que se destacava no tablet. — Pronto! Marquei. Hoje à noite você vai se encontrar com ela. Vou mandar todas as informações para seu celular. Tenho uma intuição muito boa, sinto que a noite de hoje mudará toda sua vida.

— Quê? Como assim? Já? — Lucas estava paralisado. Não imaginou que sua mãe poderia fazer isso tão rápido. — Achei que tinha dito que eu não iria me casar com a primeira que aparecesse. Já mudou de ideia?

— Será que deve levar flores? Chocolate? — Fátima levantou buscando na internet opções. Seu filho balançou a cabeça olhando para o pai que não dizia nada naquela situação.

— Vá. Faça isso por sua mãe. Qualquer coisa pode dizer a ela que vocês se odiaram, que ela é uma bruxa ou qualquer coisa. Vamos encontrar uma forma de resolver isso de outra forma. Por enquanto, só faça o que sua mãe diz, isso acalmará seu coração.

Rumo ao encontro a cegas

Liana passou o dia inteiro tentando mudar a decisão de sua mãe, mas foi inútil. Sem escolhas, a única opção era ir encontrar o tal médico, ser o mais irritante possível e deixar que ele mesmo desista daquela loucura. Esse foi o plano que Liana definiu para sair daquela bagunça que sua mãe a colocou.

Estava terminando de se vestir quando sua irmã entrou no quarto e gargalhou. Não podia acreditar que sua irmã realmente sairia para jantar vestindo aquele tipo de roupa, mais parecia que estava indo ao culto.

— Você não vai encontrar um médico lindo, em um restaurante elegante, vestida desse jeito, né? Você não está indo para igreja, mas acho que nem para ela você vai com um vestido desse. Só te falta uma burca. Vem comigo. Eu vou te arrumar de um jeito que aquele cara vai ficar babando por você. — Dalila puxou sua irmã para seu quarto.

— Você acha mesmo que um menino bonito estaria encalhado? Deveria ter milhares de mulheres caindo aos seus pés. Esse tipo de homem não deveria está sendo arrastando pela avó em encontros as cegas. Não deve ser o príncipe que a mamãe está pintando. A roupa está ótima para ocasião. — Liana brincou, mas sua irmã fez careta.

— Não se sabe do futuro. E você não deveria pensar assim, você é linda e inteligente, mesmo assim está sendo puxada para isso. Segue sendo a tia encalhada. Então, não seja preconceituoso, ele pode ser desprovido de beleza, mas é médico, deve ter dinheiro. E se der tudo certo, não esqueça que eu te ajudei, me apresente os amigos ricos e bonitos dele. Entendeu? — Dalila disse enquanto tirava as roupas do seu guarda-roupa buscando uma que combinava com sua irmã.

Passaram um bom tempo trocando de roupas, até sua irmã finalmente gostar de uma delas. Para evitar mais atrasos, Dalila decidiu arrumar o cabelo e a maquiagem da irmã. Quanto finalmente estava pronta e se olhou no espelho, mal podia acreditar no que estava vendo era uma mulher totalmente diferente, sequer se sentia ela mesma.

— Esse vestido não combina em nada comigo. E o que ele vai pensar de mim se eu for usando isso? Mamãe disse que ele é da igreja. Não acho que ia gostar... — Liana iria mudar de roupa, mas notou que não estava somente atrasada, como também era uma forma perfeita para realizar seu plano de estragar todo aquele plano da sua mãe armou para ela. — É PERFEITO! Que tal um batom vermelho para finalizar esse look?

— O que um homem pensaria de uma mulher vestida assim? Vai pensar que é uma tremenda gostosa. — Dalila respondeu sorriso, se sentia a fada madrinha que tinha transformado a gata borralheira em princesa . — Quer que eu chame um Uber?

— Que? Óbvio que não. Vou de ônibus mesmo. O restaurante fica do outro lado da cidade. Seria muito caro a viagem até lá. Se eu for de ônibus vou chegar do mesmo jeito lá. E se ele achar ruim um pouco de atraso, a culpa não é minha. — Liana disse colocando o celular dentro da bolsa e o papel com as informações do seu parceiro de encontro às cegas.

— Sim, vai chegar no mesmo lugar, mas não com a mesma dignidade e nem com a mesma qualidade. O cheiro também não deve ser o mesmo, mas é com você. — Dalila nunca pensou que alguém poderia ir para um restaurante tão caro e ainda assim, escolher ir de ônibus, mas conhecendo a irmã, sabia que não adiantaria insistir, já havia sido uma grande conquista ter feito ela trocar de roupa.

— Besteira. Ele sabe de onde eu venho. Se não quisesse que eu pegasse ônibus, deveria ter vindo me buscar em casa. Não tenho carro. A única coisa que tenho é o cartão de passagem. Ele que lute. Não vou fingir algo que não sou para seu ninguém. Eu estou de boa no meu ônibus. Vou indo. — Liana não estava interessada em fingir ser o que não é, ainda mais em um encontro que ela sequer tinha interesse real.

Liana que já estava atrasada, teve que esperar vinte minutos na parada, quando finalmente o ônibus veio, estava completamente lotado, mas não tinha como esperar um próximo, teve que encarar aquele desafio. Demorou cerca de uma hora para chegar próximo ao restaurante. A parada era um pouco mais distante do que imaginou, chegou a se arrepender naquele momento por ir de ônibus, mas já era tarde para isso. Como estava atrasada, Liana saiu correndo do ônibus, atravessando a rua sem olhar para os carros.

— Já estou tão atrasada. Se eu der certo, ele nem vai estar lá. Ah! Minha mãe vai me matar se souber que não cheguei a tempo para esse maldito encontro. Tenho que correr. — Liana continuou correndo, tirando o celular da bolsa.

Com a pressa para chegar ao local do encontro. Liana atravessou a rua olhando a hora no celular e sem olhar os carros, nem sequer viu que um carro vinha em sua direção. Tudo aconteceu rápido demais, mas na mente de Liana parecia em câmera lenta, conseguiu ouvir a buzina do carro próximo dela, antes do barulho dos freios abruptos do carro e a luz do carro cegando seus olhos, impedindo sua visão.

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