Nova York fervilhando com a aproximação do Natal. Pessoas aglomeradas em lojas , comprando desenfreadamente presentes e decorações natalinas. Era um Caos na opinião de Brianna. Por isso ela sempre comprava seus poucos presentes antecipadamente. Sua assistente era a encarregada de comprar os presentes que a empresa dava aos funcionários e também contratar decoradores para entrarem no clima. Brianna gostava de ver seus funcionários alegres. Ela era CEO das empresas Joias Raras. Uma empresa campeã de faturamento internacional, que começou com o avô, passou para o pai e agora Brianna comandava. Seu pai decidiu aposentar-se e ela assumiu a presidência. Sua irmã, Katherine era a vice-presidente e uma das designers de joias mais exóticas. Brianna preferia as joias clássicas. As duas formavam uma dupla fantástica, mesmo sendo diferentes, lindas e inteligentes. Katherine era romântica, sonhava com o príncipe encantado e vivia se desencantado após o primeiro encontro. Mas ela dizia que ainda iria encontrar sua metade. Era talentosa, divertida e bondosa. Brianna era cética demais para acreditar em príncipes que só queriam uma submissa para realizar suas vontades. Era talentosa também e tão exigente que beirava a perfeccionista. Até adoecia quando um projeto não estava exatamente como queria. Seus designers auxiliares passavam noites sem dormir. Mas quando viam o brilho nos olhos de Brianna, sabiam que seriam recompensados.
Depois da festa natalina, Brianna dava férias coletivas de dez dias para todos e junto com Katherine ia ver os pais, que decidiram morar em Cape May, arredores de Nova York.
Brianna fazia questão de participar da festa natalina, mesmo porque se recusasse, Katherine não a deixaria em paz. Ela gosta do silêncio, de concentração e Kate do Caos, gritos e danças. Mas era uma vez ao ano e seus funcionários mereciam. Dedicados e leais. Mas Brianna só se permitia uma taça de champanhe para brindar com eles, ficava sentada conversando com sua secretária que, cadeirante não tinha como ir dançar. Elas eram melhores amigas. Desde a adolescência, quando Emily sofreu o acidente e perdeu o movimento das pernas. A familia de Brianna pagou todo o tratamento, melhores médicos, mas Emily foi condenada a cadeira de rodas. Mas ela sempre foi otimista, resignada e tendo Brianna como amiga, seguiu em frente. Fez faculdade de arte e fotografia. Assim que Brianna assumiu a presidência chamou Emily para trabalhar com ela.
Emily era doce e gentil. Kate dizia que só ela era capaz de suportar Brianna. Ela ria, maa era nítido o laço de afeto entre elas. Brianna implicava com Kate, dizendo que ela estava com ciúmes. Kate ria e apontava Alice, sua secretária e melhor amiga. As quatro riam.
A festa estava muito animada. Os funcionários felizes, cantando e dançando. Brianna pede a atenção. Era a hora do discurso.
_ Boa noite a todos. É com imensa alegria que brindo com vocês mais um ano de profissionalismo exemplar de todos. Agradeço a todos que fizeram parte de cada processo do nosso trabalho. O empenho de um é o incentivo para o empenho coletivo. Eu me sinto muito honrada por trabalhar com profissionais competentes e responsáveis. Desejo que no próximo ano sejamos ainda melhores. Quero agradecer a todos e também me retratar se na trajetória magoeei alguém. Acreditem, às vezes a pressão é muito e tenho que ser exigente.
_ E você é muito irmãzinha. Mas nós te amamos assim mesmo, não é pessoal?
Todos riem e aplaudem Brianna e Katherine.
_ Em nome dos funcionários, quero agradecer senhorita Brianna por tudo que a empresa nos proporciona. A senhora é exigente. Mas é justa e incapaz de prejudicar alguém. Nós somos gratos por tê-la como nossa presidente_ fala emocionado o chefe dos designers de joias infantis.
Todos aplaudem Brianna de pé.
_ E eu não mereço nenhuma palavra?
_ Senhorita Katherine, eu que fiquei com a honra de falar da senhorita.
_ E está esperando o que, Theo?
_Senhorita Katherine, a nossa vice-presidente merece tudo de bom. É uma pessoa especial que enquanto não coloca um sorriso na boca de alguém que esteja triste não sossega. A senhorita é como um raio de sol aqui na empresa. Meu colegas e eu queremos agradecer a senhorita pelos incentivos, pela força. E claro, estendemos nossos agradecimentos à senhorita Brianna.
Katherine e Brianna aplaudem os funcionários. E a festa prossegue. Era a hora do brincadeira do amigo secreto. Brianna ficou emocionada com o presente que recebeu de sua amiga secreta, Emily. E todos se divertiram muito.
_ Bem, pessoal eu sei que a festa está ótima. Mas Katherine e eu ainda iremos viajar. Então podem curtir até quando quiserem. Não se preocupem com a limpeza. Já contratei a equipe que virá amanhã. Aproveitem as férias. Um feliz Natal e um movo ano repleto de saúde.
Todos cantaram uma música natalina e elas se despediram. Brianna tinha convidado Emily. Mas ela iria ficar com a irmã que estava prestes a ter bebê. Despediram com muitos beijos e abraços.
Brianna foi ansiosa para casa. As malas estavam prontas. Só passar na casa de Katherine que morava casa ao lado no mesmo condomínio. Ela estava com muita pressa para chegar em Cape May.
Natal. Ethan odiava esse feriado. Trazia lembranças dolorosas que se obrigou a guardar no fundo do seu coração, se é que ele tinha um. Segundo Anne, a sua irmã caçula ele não tinha. Ele achou graça do comentário irado dela quando ele não permitiu a ela viajar com Sofhie, prima deles. Anne sozinha já era um pesadelo para ele cuidar, junta com Sofhie, iriam provocar desastres.
Mas seus tios interviram, alegando que ele estava sendo egoísta ao privar Anne de reuniões familiares. Ele podia se esquivar, mas ela era obrigada a passar o Natal sozinha porque ele era um lobo solitário? No fim Ethan viu que eles estavam certos. Anne amava as reuniões familiares, cresceu junto com Sofhie. Eram como irmãs. Muito justo que ficassem juntas. Ele decidiu ir embora mais cedo. Hoje era a festa natalina na empresa. Ele oferecia todos os anos, junto com o bónus de natal. Mas era só isso. Era rígido e muito exigente. Tratava a todos com educação, mas fazia com que uma barreira invisível se erguesse entre os funcionários e ele.
Quando chegou em casa encontrou Anne emburrada no seu quarto. Foi até lá com uma caixa enorme e entregou a ela, que mesmo zangada a recebeu alegre.
_ Anne. O Natal ainda não é hoje. Mas como você não estará aqui, achei que seria melhor entregar seu presente, maninha.
_ Quer dizer que posso ir?
_ Pode. Desculpe o ogro do seu irmão?
_ Claro. E você não é ogro. Teria que ser muito feio. kkkkk
_ Então acha que sou bonito, hein?
_ Um pouquinho. Só porque me deixou ir.
_ Sua Malvada. Mas Anne, por favor, nada de esquiar montanhas muito altas, e muito menos sozinha. Entendeu?
_ Sim. Pode ter certeza que serei obediente. E tenho um presente para você também.
Ethan recebeu o presente dela junto com um abraço apertado e beijos. Era um porta retrato dos dois, na comemoração dos quinze anos dela.
_ Espero que goste. É difícil escolher um presente para quem tem tudo.
_ Eu amei. E eu tenho tudo quando você sorri para mim. Quando está feliz. Eu amo você, pestinha.
_ Ah, que lindo! Eu também amo você, meu ogro preferido.
_ Voltei a ser ogro?
_ Brincadeira.
Ela foi arrumar as malas e depois chamou Sofhie em vídeo chamada.
_Oi. Advinhe quem está arrumando as malas?
_ Jura!!! Que bacana. O nosso Natal agora será fantástico. Obrigada Ethan.
_ Espero que esteja fazendo a coisa certa. Cuide dela.
A mãe de Sofhie, Julie chegou e garantiu a ele que estaria de olho nelas.
_ Confio nos seus cuidados, tia Julie. Não confio nessas duas pestinhas juntas.
_ Já até contratei seguranças para ficarem de olho nelas, Ethan. Você bem que podia vir conosco.
_ Obrigado pelo convite, tia. Mas eu prefiro a paz aqui.
_ Ethan, pense bem. Natal é tempo de rever a família. Já faz tempo que você se isolou.
_ Por favor tia. Não insista. Desejo a todos vocês muita alegria.
Deu um abraço forte em Anne e saiu. Chamou o motorista para que levasse Anne na casa dos tios.
Depois que ela se foi, Ethan pegou a garrafa de bourbon e se afundou na poltrona do escritório. Solidão. Silêncio. Paz. Era assim que queria. Tremenda babaquice reunir familiares que às vezes nem sabem da existência de um, para cantar músicas chatas. A família, como sempre iria fazer as mesmas perguntas "como estão as coisas", " você ainda não esqueceu", até quando vai ser um ermitão "?
Não tinha mais paciência. Pessoas intrometidas que não imaginam como é não poder viver o luto da maneira que sente, pois tem uma criança para cuidar. Ele até tentou, no início conviver com a família, elo bem de Anne. Mas o esforço resultou numa crise de nervos. Ele resolveu se isolar. Anne precisava dele inteiro. Era a única pessoa que poderia cuidar dela como os pais.
O álcool começou a entorpecer os seus pensamentos. Veio à memória o dia fatídico. A noite que levou os seus pais e a sua noiva grávida. Tudo culpa de um motorista bêbado que colidiu de frente em alta velocidade com o carro dos pais dele que foram buscar Adele, enquanto ele e Anne enfeitavam a árvore de Natal.
Ethan sentiu a dor bater no peito. Estava num pesadelo e acordou agitado e com lágrimas. Porra. Era assim todo ano. Esse ano foi pior, pois Anne brigou com ele porque não poderia comemorar o Natal com Sofhie, já que o ogro sem coração a proibira de viajar. Ele não queria era ficar sem ela. Morria de medo de perder sua irmãzinha. Mas entendeu que era egoísmo. Anne já estava mais madura e logo seguiria sua vida. Ela era uma adolescente tranquila, amorosa, aluna exemplar. Merecia se divertir.
Ele buscou outra garrafa de bourbon e apagou no sofá mesmo.
Brianna estava ansiosa para chegar em Cape May. Saudades. Mas dirigiu calmamente. Ao chegar, seus pais as receberam com abraços e muitos beijos. Brianna olhou ao redor.
_ Está lá no quarto, filha.
Ela sorriu feliz para a mãe e praticamente voou escada acima. Tentou se acalmar, abriu a porta devagar. Viu uma cabecinha loira recostada no travesseiro. Chegou pertinho e levou um susto.
_ Buh!
_ Que susto! Meu anjinho sapeca.
Ele deu gargalhadas e ela o pegou no colo.
_ Desculpe mamãe. Queria ver você rindo.
_ Oh, meu amor. A mamãe sempre ri quando está com você. Mas acho que está na hora de um certo rapazinho dormir.
_ Ah mamãe. Você acha que eu iria dormir antes de você chegar? Vovó disse que hoje ela deixaria eu ficar um pouco mais acordado.
_ Que bom que me esperou, meu amor.
Kate chega e fica emocionada ao ver os dois.
_ E eu não mereço abraço não?
_ Dinda Kate. Ela correu até ele e ele pulou no colo dela.
_ O papai Noel te entregou o meu presente?
_ Anthony_ ralha Brianna _ não podemos apressar o papai Noel.
Ele fez beicinho. Elas riram dele.
_ Vem meu querido. Mamãe vai contar uma linda história para você.
Depois que ele dormiu, Brianna deixou a luz do abajur de planeta acesa e desceu.
_ Ele cresceu mamãe. Está muito esperto. Muito obrigada por cuidar dele tão bem.
_ Que isso filha. Eu amo cuidar do meu neto. Ele é a luz aqui de casa.
_ É nosso amuleto da sorte, filha.
_ Ah papai, é tão bom saber que posso contar com vocês.
_ Sempre filha.
Eles ficam conversando até mais tarde. Brianna ainda passa no quarto do filho. Joga um beijo pra ele e vai para o seu quarto. Kate tinha saído para suas queridas baladas, com a amiga Luiza.Elas tentaram arrastá-la também, mas Brianna disse um categórico não.
Ela sorri tristemente. Houve uma época que também gostava de baladas. Era jovem, queria curtir a vida. Foi inconsequente. Fez escolhas erradas que a levaram para perto de pessoas inescrupulosas que sabiam que ela era herdeira de uma fortuna enorme. Fingiram uma amizade com ela que inocente acreditou neles. Iam para a balada e ela financiava tudo. Eles pediam dinheiro emprestado e nem se preocupavam em pagar. Ela não se importava. Confiava neles. Essa confiança a levou para o mundo das drogas. Ela foi até o fundo do poço. Foi expulsa da faculdade. Seus pais, amorosos mas rígidos a internaram numa clínica. Foi doloroso para ela. Mas com o apoio dos pais ela conseguiu superar. Fez todo o tratamento necessário. Quando recebeu alta, voltou para a faculdade, pois estava no último período.Dessa vez escolheu outra e se esforçava muito.
Um dia foi abordada por Lionel, um dos falsos amigos. Ele tentou se aproximar dizendo que estava arrependido de ter deixado tudo acontecer. Ela o expulsou de perto dela. Chegou assustada em casa e contou para seu pai. Ele contratou dois seguranças para proteger a sua filha. E também dois para proteger Kate, que estava no primeiro semestre da mesma faculdade de Brianna.
Um dia. voltando para casa, foi abordada por um carro escuro. Só teve tempo de se abaixar. Os seguranças tentaram desviar, mas os tiros foram certeiros. Cecília foi puxada do carro. Colocaram um capuz na sua cabeça e ela só acordou num galpão abandonado.
_ A bela adormecida finalmente abriu os olhos. Onde está sua arrogância agora, hein?
_ Onde estou?
_Longe da segurança do papaizinho.
_ Me solte, seu Imbecil.
Se eu fosse você, baixava a guarda. Está nas minhas mãos.
_ Logo meu pai chega com toda a polícia de Nova York.
_ Acho improvável. Ele não é vidente para descobrir esse lugar. E é muito difícil chegar aqui, viu.
_ Meu pai não vai descansar enquanto não me achar. E coitado de você, seu idiota.
_ Agora sou idiota. Mas antes você era louca por mim. Fazia tudo que eu mandava. Vivia se oferecendo para mim.
_ Não fazia isso por vontade própria. Você e seus comparsas me drogavam.
_ É mesmo? Pelo que me lembre você se divertia.
_ Eu estava perdida. Graças a meus pais recuperei a sanidade.
_ Virou santinha. kkkkkkk
_ Vá para o inferno!
_Você quem vai. Eu vou mostrar a você o inferno. Garanto que vai implorar por misericórdia.
Brianna sentiu o ódio nas palavras dele e ficou com medo. Ele era forte. Ela estava algemada. Estava à mercê dele. E para seu horror, a gangue chegou. Ela conheceu o inferno.
_ Vou dar a você o que tanto implorava, sua vagabunda.
Ele foi o primeiro a estuprá-la. Depois ordenou a três comparsas para se divertirem com ela. Além dos estupros contínuos, foi espancada por eles e pelas vadias deles. Ela perdeu a consciência. E ele estava certo. Não tinha como seu pai descobrir onde estava. Esse tormento durou a noite inteira. Quando ela ficava muito tempo desacordada, eles jogavam água gelada nela. Depois dos estupros coletivos, só Lionel que a usava. Os outros batiam nela.
Ela começou a desfalecer, e achou que estava morta ou louca, pois ouviu tiros. Mas não era sonho. Era seu pai com a polícia. No tiroteio, a guangue foi morta. Mas Lionel conseguiu fugir.
Brianna acordou no hospital. Seu rosto estava deformado de tantos murros. Vários cortes por todo o corpo. Gabriel e Cristina choravam ao ver o estado da filha. Mas ela estava bem fisicamente. O médico os avisou que Brianna queria vê-los.
_ Oi papai, mamãe. Desculpe.
_ Shhhh. Não diga nada filha. E você não tem culpa. Foi sequestrada.
_ Como o senhor me achou?
_ Coloquei um rastreador na sua pulseira.
_ Então é por isso que me pediu para sempre usar.
_ Sim. Demoramos a chegar porque o caminho estava em péssimas condições.
_ Mas chegaram papai.
_ Mas não pude impedir as atrocidades que eles fizeram.
_ Mas salvou minha vida. O que aconteceu com ...eles?
_ Infelizmente Lionel fugiu. O restante está no inferno.
_ Fu..giu?
_ Sim. Mas a polícia e meus homens logo vão encontrá-lo. Ofereci recompensa.
Brianna recebe alta. E uma semana depois , ao voltar para retirar pontos, é submetida à um exame endovaginal e descobre que está grávida. Ela fica em choque. Seus pais ficam nervosos.
_ Como vocês deixaram isso acontecer? Ela foi estuprada, obviamente deveriam ter dado a ela a pílula do dia seguinte. Seus incompetentes.
_ Calma Gabriel. Esbravejar agora não adianta. Você está assustando Brianna ainda mais.
O médico examinou Brianna. Viu que ela ficara estática desde a notícia. Ela estava em choque. Deu a ela um sedativo. Ele olhou para os pais dela.
_ Eu entendo o que vocês estão sentindo. Não sei o que aconteceu, senhor Gabriel. No prontuário consta que ela tomou sim a pílula do dia seguinte. É o procedimento habitual em casos de estupros. Mesmo quando a vítima está inconsciente, como era o caso da filha de vocês. Contudo não é cem por cento confiável, pois a pílula do dia seguinte só tem eficácia se for tomada no prazo certo. Não sabemos quando o horror dela começou exatamente.
_ Então, faça o aborto.
_ Gabriel, a decisão não é nossa. É de Brianna.
_ Você pensa que ela vai querer ficar com o fruto do horror que ela passou?
_Eu penso que não. Mas é ela quem deve decidir.
O médico concordou com Cristina.
_ Logo ela acorda. Vocês conversam. Estaremos aqui para qualquer decisão.
Brianna acordou. Era um pesadelo, claro que era. Mas ao ver os pais, teve certeza que não era. Começou a chorar convulsivamente.
Sua mãe a abraça e seu pai abraça as duas.
_ Por que eu fui tão burra? Tive ima boa educação. Tenho os melhores pais e mesmo assim fui para o caminho da destruição.
_ Não se culpe, filha. Errar é humano. Você é jovem. Todos fazemos escolhas ruins às vezes.
_ Eu arruinei a minha vida e a de vocês. E Kate? Vai ficar conhecida como a irmã da drogada estúpida.
_ Shhhh! Não fale mais assim de você. Eu não permito, ouviu bem. Você sempre nos deu orgulho. Errou mas foi forte e se reergueu. O sequestro não foi culpa sua.
_ O que vou fazer?
_ Eles deram você a pílula do dia seguinte. Mas ela não funcionou porque ninguém pôde precisar o tempo que aconteceu. Você pode fazer o aborto.
_ Aborto?
_ Sim.
_ Mas papai, nós somos católicos. E sempre conversamos sobre isso. Não somos a favor do aborto.
_ Eu sei filha. Em outra situação eu nunca aceitaria o aborto. Mas no seu caso não tem alternativa.
_ Eu preciso pensar papai. É uma vida.
_ Brianna, você acha que terá condições de amar essa criança? Toda vez que você olhar para ela, se lembrará do seu horror.
_ Eu sei que você tem razão, papai. Mas agora não tenho condições de me decidir.
Nos dias seguintes, Brianna fez várias sessões de terapia. Expôs seus medos. Suas angústias. Resolveu visitar o berçário. Viu tantos bebês. Seus olhos encheram de lágrimas. Quando virou para ir embora, encontrou uma mulher que também chorava. Ela tinha perdido o bebê. Ele nasceu com o cordão umbilical enrolado no pescoço. Ela estava inconsolável. Brianna foi para casa e chorou com sua mãe. Ela viu que não teria coragem de matar o bebê. Sua mãe a abraçou e deu todo apoio. Seu pai tentou ainda fazer que ela abordasse.
_ Gabriel. Você conhece nossa filha. E também há outra opção, Brianna.
_ Que outra opção, Cristina?
_ A adoção. Você pode ter o bebê e entregá-lo para a adoção.
Brianna pensou que essa era a opção. Mas no primeiro ultrassom que fez, ouviu as batidas do coração do bebê, soube que ficaria com o seu filho. No início, seu pai ficou zangado. Mas ela pediu que a acompanhasse na consulta que descobriria o sexo. Era um menino. Ele ouviu o coração do neto. E nasceu aí o amor dele. Quando Anthony nasceu, foi uma festa para todos. Katherine era a madrinha. E seu pai estava errado. Brianna olhava para o rostinho do filho e nunca o associava ao horror. Só havia amor.
Quando Anthony fez um mês de vida, Lionel foi preso. E assassinado na penitenciária. Os presos tinham o próprio código de honra, e não aceitavam estupradores. Brianna pediu à polícia que permitisse o exame de DNA. E Lionel era o pai de seu filho.
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