Estava deitada tranquilamente no meu apartamento, decidi aproveitar os meus últimos dias de férias descansando, já que quando as aulas retornarem não terei tempo para descansar.
Sou formada em Direito e trabalho como professora na Universidade. Apesar de ter apenas 29 anos, possuo um currículo invejável.
Meu plano de passar sábado à noite em casa foi totalmente arruinado pelo toque na campainha. Abri a porta e encontrei minha melhor amiga com um sorrisinho sapeca no rosto.
Kelly é aquele tipo de amiga que todo mundo sonha em ter. Ela faz piada de tudo, não se deixa abalar por opiniões alheias e sempre fica ao meu lado em todos os momentos, por piores que eles sejam.
— Por que você ainda não se arrumou? — Kelly me pergunta, entrando na minha casa como se fosse a dona e indo direto para o meu quarto.
— Eu te disse que não estava afim de sair hoje. — Eu falei e Kelly revirou os olhos.
— Por que será que isso vindo de você não me surpreende? — Ela falou em tom de deboche e revirou os olhos.
— É sério? Você precisa se divertir. A vida é curta demais e você não está aproveitando. Vai ser muito divertido, eu prometo. — Kelly falou enquanto escolhia uma peça de roupa para mim.
— Vamos! Vai ser muito divertido.
Foi isso que a minha melhor amiga disse. Vamos curtir e aproveitar os seus últimos dias de férias, afinal, só se vive uma vez.
Foi assim que a Kelly conseguiu me convencer a vir nessa boate, onde a maioria das pessoas que estão aqui tem praticamente metade da minha idade.
A boate estava cheia, e parecia que hoje seria uma noite agitada. O som da música invadia todos os cantos, e Kelly me arrastou pela multidão até chegarmos ao balcão do bar.
— Vai dançar comigo? — Kelly me perguntou enquanto pedia dois drinks para o garçom.
— Ainda estou bastante sóbria para passar por esse tipo de vergonha... vamos deixar isso para mais tarde. — Eu sugeri, e Kelly revirou os olhos.
— Então você bebe e eu vou dançar. — Kelly disse, me entregando os dois drinks.
Observei minha amiga caminhar tranquilamente até a pista de dança e juntar-se ao grupo de pessoas que dançavam e se divertiam. Eu observava atentamente os movimentos das pessoas ao redor. Entre os corpos que se moviam ritmicamente e harmoniosamente, uma garota em particular chamou minha atenção.
Meus olhos foram irresistivelmente atraídos por ela. Ela dançava maravilhosamente bem, seus movimentos eram perfeitos e cheios de vida. Cada gesto parecia ser uma extensão de seu ser, emanando uma energia contagiante e hipnotizante.
Eu não conseguia desviar meu olhar, como se estivesse sob algum tipo de feitiço. Meu coração batia cada vez mais rápido, como se estivesse acompanhando as batidas da música.
Eu a olhava intensamente e não sei como, mas ela percebeu que estava sendo observada. Ela levantou o olhar, como se buscasse encontrar alguém na multidão, e por um milésimo de segundo, nossos olhares se encontraram. Como uma adolescente que foi pega em flagrante, desviei o meu olhar imediatamente.
Senti minhas bochechas esquentarem de vergonha, então não me atrevi a olhar na direção dela novamente. Fixei meu olhar nos copos de bebidas dispostos harmoniosamente à minha frente e bebi os dois drinks deliberadamente em uma velocidade anormal.
Meu plano inicial de não voltar a observar a garota falhou miseravelmente, ela era um ímã que sempre atrai e prende meu olhar.
— O que estamos olhando? Kelly perguntou, sentando ao meu lado e fazendo um gesto para o garçom pedir bebidas.
— Não estamos olhando nada. Falei, e ela revirou os olhos.
— Ok... Então por qual daquelas garotas você está babando? Kelly me questionou.
— Não estou babando por ninguém, a única coisa que estou fazendo é observar as pessoas se divertirem.
— Não gosto disso, a ideia é você se divertir e não observar as outras pessoas se divertirem. Pensei que você tinha entendido o conceito pelo qual estamos aqui. Kelly falou como se fosse óbvio.
— Entendi o conceito muito bem... só não consigo colocá-lo em prática. Falei, e ela sorriu negando com a cabeça.
— Nossa, Ísis, você já foi bem melhor que isso. Ela falou, me provocando.
— Você também já foi bem melhor que isso, mas eu não saio por aí te julgando. Falei, e ela me olhou incrédula.
— Não olhe agora, mas a garota por quem você estava babando está vindo na nossa direção. Kelly falou, e eu virei o rosto, encontrando o olhar da garota sobre mim.
Por que será que sempre que alguém diz "não olha", a gente sempre acaba olhando?
— Boa noite, posso me sentar? Ela perguntou, apontando para o lugar vazio.
— Pode ficar à vontade. Kelly falou, e a garota assentiu.
A garota se sentou e pediu uma bebida ao garçom.
— Ainda bem que você veio se hidratar, já estava ficando preocupada com você - disse Kelly, me deixando sem graça e deixando a garota sem entender.
— Não leve minha amiga a sério, ela já bebeu demais - falei enquanto fuzilava Kelly com o olhar.
— É verdade, eu já bebi demais e estou bem hidratada. E você deveria fazer o mesmo, porque minha amiga está te secando a noite toda - apontou Kelly para mim e depois saiu, deixando meu rosto vermelho como um pimentão. A garota tentou segurar a risada, mas falhou.
— Sua amiga não é muito sutil, não é mesmo? - perguntou ela de forma divertida.
— Sutil como um coice de mula. Sabe o que é pior? O pior é que ela jura que está me ajudando - falei e pedi mais uma bebida.
— Não acho que você precisa de ajuda, pelo menos não para esse assunto especificamente - disse ela, ganhando toda a minha atenção.
— Eu sou péssima nisso, sou um desastre na verdade, e preciso muito de ajuda... Aliás, se você quiser me ajudar, eu aceito - falei e ela sorriu.
— Isso funciona? Quer dizer, se isso for uma cantada, foi péssima - ela falou.
— Ah, é mesmo? Então faz melhor - sugeri.
— Isso funciona? Quer dizer, se isso foi uma cantada, foi péssima. Ela falou.
— Ah, é mesmo? Então faz melhor. Eu sugeri.
— Eu posso fazer muito melhor. Você deixa? Ela me questionou, olhando em meus olhos enquanto um sorrisinho malicioso surgia em seus lábios.
Ela desviou o olhar para os meus lábios e depois voltou a olhar nos meus olhos com muita intensidade. Desviei o meu olhar para a sua boca e observei ela mordendo o próprio lábio. Isso, com certeza, foi a coisa mais sexy e fofa que eu já vi. Ela tem um jeito de menina mulher, que ao mesmo tempo que te seduz, te encanta e te fascina.
Acho que passei tempo demais encarando os seus lábios, porque ela gentilmente ergueu o meu queixo usando uma das mãos e fez com que eu voltasse a encarar os seus olhos.
Ela tocou o meu rosto suavemente e logo depois iniciou um beijo com delicadeza e sutileza. Aos poucos, dei passagem para que a sua língua passeasse na minha boca. Ela foi aumentando a intensidade do beijo.
O seu beijo tem gosto de menta misturado com outro sabor que eu não consigo identificar, mas é muito bom, chega a ser viciante.
Interrompemos o beijo para que pudéssemos recuperar o fôlego.
— Quer ir para outro lugar? Ela me perguntou e eu senti todo o ar sumir dos meus pulmões. Só se vive uma vez, então decidi aproveitar.
Decidi abandonar a razão e seguir apenas os meus instintos. Decidi aproveitar ao máximo essa noite, nada de pensar demais. Pela primeira vez na vida, vou seguir um conselho da Kelly e vou fazer algo sem pensar nas consequências.
"As pessoas vão, mas como elas foram, sempre fica."
Para mim, isso faz total sentido agora. Tivemos uma noite maravilhosa (pelo menos para mim foi). Eu sabia que a garota iria embora, o problema é que ela foi sem se despedir, e o pior é que nem sei o nome dela.
Sinceramente, depois de tudo que aconteceu ontem, eu esperava algo bem mais do que acordar sozinha em um quarto de hotel.
Fui despertada dos meus pensamentos por batidas na porta. Me enrolei no lençol e fui ver quem era.
— Bom dia, senhorita. Vim trazer o seu café da manhã. O moço, que aparentemente trabalha no serviço de quarto, disse.
— Bom dia. Acho que você está enganado, eu não pedi café da manhã. Eu falei, mas ele não me deu ideia e colocou a bandeja em cima da mesa que ficava perto da janela, que tinha uma vista linda para a cidade.
— Não há nenhum engano, a outra moça pediu para entregar o café da manhã aqui no quarto. Ele disse, me deixando surpresa.
— Ela está lá embaixo? Eu perguntei, e ele negou prontamente.
— Acredito que ela já tenha ido, ela pagou a conta e pediu para que trouxéssemos o seu café da manhã. Ele falou e depois saiu do quarto.
Decidi não ficar pensando muito em nada disso, tomei um banho e tomei o café da manhã. Estava cheia de fome. Já que ela deixou o café da manhã e a conta paga, ela podia pelo menos ter deixado um bilhetinho. Ou talvez tenha sido bem melhor assim.
Depois de passar em casa e mudar de roupa, decidi ir visitar a minha amiga que só me mete em problemas. Precisava conversar sobre tudo que aconteceu ontem.
— Me conte tudo e não me esconda nada. A Kelly disse assim que abriu a porta e já foi me puxando para a sala.
— E então, foi bom? Ela me questionou cheia de expectativa.
— Foi muito bom, ela tem um beijo muito bom e uma pegada maravilhosa. O melhor de tudo é que ela é mágica. Eu respondi e ela franziu o cenho.
— Ela é mágica? Como assim? Ela me perguntou sem entender.
— Quando eu acordei, ela simplesmente tinha desaparecido, ela me deixou lá sozinha. Dá para acreditar nisso? Eu falei com toda a minha incredulidade e a Kelly riu.
— Isso sim que eu chamo de uma reviravolta impressionante, você estava falando dela com tanta paixão que eu jamais iria imaginar que a sua noite tinha terminado assim. Ou melhor, eu jamais iria imaginar que o seu dia tinha começado assim. Ela falou ironizando a minha situação.
— E isso tudo é culpa sua, então muito obrigada. Eu agradeci.
— Não precisa agradecer, amigas são para essas coisas. Mas eu quero saber de tudo com riqueza de detalhes. Qual o nome da garota? Qual a idade dela? Ela é passiva? A Kelly fez um bombardeio de perguntas.
— Eu não sei a idade dela, também não sei o nome dela e definitivamente não, ela não é passiva. Eu falei e a Kelly me olhou como se eu estivesse ficando louca.
— Calma. Ela pediu, mas para ela que para mim. — Não acredito nisso, você foi para a cama com uma garota que você nem ao menos sabe o nome. Quem é você e o que você fez com a Ísis Beaumont que eu conheço? A Kelly me questionou eufórica.
— Eu apenas segui o seu conselho. Eu falei e a Kelly me olhou com aquela cara que diz "me engana que eu gosto".
— Eu não te aconselhei a fazer nada disso, mas fico feliz que você tenha feito. É muito melhor se arrepender de ter feito do que se arrepender por não fazer. A Kelly disse, e eu apenas concordei com ela.
- Eu não me arrependo, foi muito bom, e se eu tivesse oportunidade, eu faria de novo. Eu falei, e a Kelly sorriu maliciosa.
- Então você gostou mesmo da ruivinha, hein? A Kelly falou, tentando me provocar.
- A cor do cabelo dela não é ruivo, o cabelo dela é cor de mel. Eu falei, e a Kelly sorriu.
- Você não sabe nem o nome da garota, e agora quer dar palpite na cor do cabelo. Você é inacreditável. A Kelly falou só para me chatear.
- Eu posso não saber o nome dela, mas eu sei que a cor dos olhos dela é verde, sei que ela tem uma tatuagem na costela e também sei que o cabelo dela não é ruivo. Eu afirmei de forma convicta.
- Nossa, agora que você tem a descrição, é só mandar fazer o retrato falado. A Kelly disse de forma descontraída.
- Não seja palhaça, acho que eu nunca mais vou ver essa garota de novo. Eu falei, torcendo para que isso não fosse verdade. Eu quero muito vê-la de novo.
- Mas bem que você gostaria de encontrá-la de novo, né? A Kelly disse, como se lesse o meu pensamento.
- Se isso acontecer, eu não vou achar ruim não. Eu falei, e a Kelly achou graça.
Infelizmente, as minhas férias chegaram ao fim. Admito que senti uma certa frustração por isso, ou talvez a minha frustração seja por ter voltado naquela boate todas as noites e não ter encontrado aquela garota novamente. Confesso que até pensei que tudo aquilo foi a minha imaginação brincando comigo. Mas, de qualquer forma, agora é o momento de voltar à realidade e voltar para a minha rotina agitada.
Assim que cheguei na universidade, recebi muitos olhares. Engraçado que nenhum desses olhares me intimida, nenhum tem o efeito daqueles olhos verdes.
O sinal tocou e fui até a sala onde eu dou aula de direito penal. Os alunos já estavam acomodados em seus lugares e tinha algumas carteiras vazias. Caminhei em silêncio até a minha mesa e organizei os meus materiais sobre ela.
Fiquei de pé diante da turma para fazer a minha apresentação e, antes mesmo de começar, fui interrompida por toques na porta.
— Posso entrar? – A garota de olhos verdes profundos e cabelos cor de mel, que tomou completamente os meus pensamentos nos últimos dias, me perguntou, parecendo um pouco envergonhada.
Surpresa, perplexa, é assim que eu estava me sentindo. Mas eu não posso deixar o meu nervosismo transparecer, então decidi incorporar o personagem de professora séria e exigente.
— Como se chama, senhorita? – Eu a questionei, mas para sanar a minha curiosidade.
— Me chamo Ayla Mebarak. – Ela disse com as bochechas levemente coradas. Estava óbvio que ela estava envergonhada.
— Pode entrar, senhorita Mebarak, mas que fique claro que eu prezo muito pela pontualidade. Então, espero que atrasos como este não se repitam mais, e isso serve para todos.
A garota, que agora possui nome e sobrenome, concordou e caminhou até uma das carteiras que estava vazia.
— Agora que todos estão acomodados, vamos começar. Primeiramente, bom dia a todos. Me chamo Ísis Beaumont e serei a professora de vocês até a conclusão desse curso. Nesta universidade, temos o privilégio de fazer parte de uma comunidade acadêmica vibrante, que promove a excelência em todas as áreas do conhecimento. Encorajo cada um de vocês a abraçar essa oportunidade única de expandir seus horizontes e se desafiarem constantemente. Acredito firmemente que o processo de ensino é uma via de mão dupla e tenho certeza de que aprenderemos muito uns com os outros ao longo deste semestre.
— Quanto ao conteúdo do curso, meu objetivo é fornecer uma base sólida e abrangente, que permitirá a vocês compreender e dominar os conceitos fundamentais da disciplina. Além disso, desejo incentivar uma postura crítica e reflexiva em relação aos temas abordados, para que cada um de vocês se torne um pensador independente e capaz de aplicar o conhecimento em diferentes contextos. Para alcançarmos essas metas, utilizarei uma abordagem que integra teoria e prática, baseada em metodologias ativas de aprendizagem. Isso significa que teremos um currículo dinâmico, com aulas interativas, exercícios práticos, discussões em grupo, estudos de caso e outras estratégias que auxiliarão no desenvolvimento do pensamento crítico e na aplicação dos conceitos aprendidos. Como professora, estou comprometida em fornecer todo o suporte necessário para o sucesso de vocês. Desejo que cada um se sinta à vontade para trazer suas dúvidas, compartilhar suas opiniões e contribuir para um ambiente de aprendizado saudável e colaborativo. Acredito que a diversidade de experiências e perspectivas enriquece a sala de aula e nos desafia a pensar além dos limites habituais.
Depois da minha apresentação, dei a oportunidade para cada aluno se apresentar, para que pudéssemos nos conhecer um pouco melhor.
Acordei com o pé esquerdo. Tudo estava dando errado, parece que o universo estava conspirando contra mim. Acordei tarde, tive uma pequena discussão com meu pai, não tomei café da manhã e, para piorar, cheguei atrasada no meu primeiro dia de aula.
Pensei que não tinha como piorar mais, porém estava enganada.
"Nada é tão ruim que não possa piorar."
Foi justamente essa frase que me veio à mente quando vi quem era minha professora. Pois é, o universo não conspira a meu favor.
Minha professora não é ninguém menos que a mulher que eu "conheci" na boate. Ela estava ainda mais linda, seus cabelos agora estavam com algumas mechas platinadas e levemente ondulados nas pontas. Seus olhos castanhos intensos me analisavam, o que me deixou intimidada. "Teus olhos castanhos de encantos tamanhos são pecados meus."
Espero de verdade que ela não esteja com raiva de mim, espero também que ela não guarde mágoas e, principalmente, espero, para o meu próprio bem, que ela não seja vingativa.
Acho que talvez eu esteja exagerando, até porque, ao que tudo indica, a professora não sentiu nenhum desconforto com minha presença, também não me encarou por muito tempo e estava agindo de forma muito profissional. Não sei se fico feliz ou preocupada.
Assim que a aula terminou, fui a primeira a sair da sala. Eu sei que talvez esteja surtando à toa, mas eu preciso pensar em como vou lidar com tudo isso e também preciso pensar em uma forma de falar com ela sobre aquela noite e pedir desculpas pela minha falta de maturidade.
Eu não saio por aí ficando com pessoas aleatórias e não soube lidar com essa situação. Eu fiz a escolha mais fácil, que era sair sem ter que dar explicações e também queria evitar uma conversa embaraçosa.
— Ayla, espera um pouco... Parece que você está fugindo. A Esther se aproximou de mim.
— Mas é exatamente isso que estou fazendo. Eu falei e puxei minha amiga em direção ao refeitório.
Esther e eu somos amigas desde o ensino médio. Ela também estuda Direito e fazemos algumas aulas juntas, inclusive a aula de Direito Penal, cuja professora é a Ísis Beaumont.
— Do quê você está fugindo? A Esther me questionou assim que nos sentamos em uma das mesas vazias.
— Não é do quê, é de quem . Você se lembra daquele dia em que fomos àquela boate? Eu falei e a Esther fez uma cara pensativa.
— Deixa eu ver se me lembro... Hum, você está falando daquele dia em que saímos juntas para nos divertir e você sumiu do nada, só aparecendo no dia seguinte falando de como sua noite tinha sido incrível. A Esther falou. Realmente, minha noite foi incrível.
— Pois é, você se lembra... Acabei de encontrar a responsável pela minha noite incrível.
— Isso é ótimo! Agora vou poder comprovar com meus próprios olhos se tudo que você disse é verdade. Então me diga, qual é o nome dela? A Esther me questionou com expectativa.
— É a professora Beaumont. Eu falei e ri das expressões faciais que a Esther fez.
— Você ficou com a Ísis Beaumont? Ela perguntou, ainda perplexa. — Você disse que ela era bonita, Ayla, você mentiu para mim. A Esther falou indignada e agora fui eu que fiquei perplexa.
— E por acaso a Beaumont não é bonita? Eu a questionei.
— Óbvio que não, eu sou bonita, você é bonitinha, mas a Ísis Beaumont é uma deusa. Essa mulher é a perfeição em forma de gente. Queria ter a sua sorte, Ayla. - A Esther falou, colocando a mão no queixo e fazendo uma carinha triste.
— Caso você não se lembre, Esther, você é hétero. - Eu falei.
— Pela Beaumont, eu deixava de ser hétero. - A Esther falou, e eu sorri negando. Minha amiga é inacreditável.
— Mas e agora, o que eu faço? - Eu a questionei.
— Agora a gente muda de assunto porque o Ramon tá vindo pra cá. - A Esther disse.
Ramon é um amigo da Esther, ele é mais velho que a gente e é estudante de medicina.
— Bom dia, meninas. Como está sendo o primeiro dia de vocês? - Ele perguntou, sentando na cadeira perto da Esther.
— Tá sendo bastante interessante e muito revelador. E o seu, Ayla? - A Esther perguntou, olhando pra mim com um sorrisinho malicioso.
— Ainda estou tentando entender o que estou fazendo aqui. Porque pra mim tá claro que eu não nasci pra isso. - Eu falei, sendo sincera. Se não fosse pela insistência do meu pai, eu não teria me matriculado nesse curso. Preferiria mil vezes estudar artes plásticas, acho que combina muito mais comigo e é algo que eu gosto.
— Relaxa, Ayla, daqui a pouco você se acostuma. - O Ramon falou de forma gentil e tocou a minha mão que estava em cima da mesa.
— Ramon, você conhece a professora Ísis Beaumont? - A Esther questionou, curiosa.
— Todo mundo desse lugar conhece a professora Beaumont; ela é muito conhecida tanto pela sua beleza quanto pela sua indiferença em relação às cantadas dos alunos. Ela é inacessível. Eu seria capaz de mudar de curso só para ter aula com a Ísis Beaumont, ela é muito "boa", - o Ramon falou.
— E eu acho que a Ísis Beaumont seria capaz de pedir demissão só para não ter que dar aulas para você - eu falei de forma debochada.
— Calma, Ayla, para que tanta agressividade? Não me diga que está com ciúmes - o Ramon falou.
— Não se iluda, Ramon, porque se Ayla estiver com ciúmes, pode ter certeza de que não é de você - a Esther falou com um sorriso no rosto e eu a olhei com cara feia.
— Hoje vai ter uma pequena festinha lá na minha casa, vocês vão aparecer, né? - o Ramon questionou, mudando de assunto.
— Eu vou - a Esther disse animada.
— Eu já tenho um compromisso marcado, então não vou poder ir - eu falei, e os dois me olharam surpresos.
Normalmente, eu não nego convites para festas, mas hoje, além de ser segunda-feira, eu realmente já tenho compromisso.
— Sério? Você vai dispensar a festa por causa de um compromisso? - o Ramon questionou, incrédulo.
— Eu prometi para a Alice que hoje iríamos passar um tempo juntas, e ela disse que tem um assunto muito sério para falar comigo - eu falei, sorrindo, imaginando quais tipos de assuntos sérios poderiam ser.
— Desde quando você cumpre as suas promessas? Isso, para mim, é novidade - o Ramon falou em tom de provocação.
— Eu não cumpro todas as promessas que eu faço, eu só cumpro as promessas que eu faço à Alice - eu falei, me levantando da mesa e me despedindo da minha amiga.
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