Todas as manhãs as 06:00 AM, o som agradável do meu despertador tocando para me acordar pra um dia maravilhoso, me faz levantar calmamente e sigo em direção ao meu banheiro, onde faço as minhas higienes e depois de demorados 30 minutos, saio do banheiro e me arrumo para ficar deslumbrante antes de ir ao colégio, afinal, eu sou a rainha da Saint Grégory College.
Espera aí.
Eu vou esclarecer alguns pontos que eu posso ter cometido um certo equívoco:
1°\= o som do meu despertador não é nada agradável, tanto que eu taquei ele na parede assim que começou a tocar.
2°\= eu não me levanto calmamente, eu me levanto meio zombificada, sem vontade alguma de sair do quarto e com muita raiva do despertador.
E por fim, mas não menos importante.
3°\= meu nome é Victoria Saltzman e aos 17 anos, sou filha de um empresário de sucesso e uma atriz renomada, estudo em um dos melhores colégios de toda a cidade, sou como uma abelha rainha no colégio e em praticamente todos os lugares que vou, sou ruiva, 1,72 de altura e tenho olhos castanho claros.
Agora que já deixei claro isso, continuemos:
Depois de já arrumada, desço as escadas até a sala onde o café da manhã já está preparado apenas para eu e meu irmão gémeo Vincent. Meus pais são divorciados e ambos já seguiram com suas vidas, meu pai se voltou a casar com uma modelo que tem idade para ser minha irmã mais velha, já minha mãe, supostamente arranjou um namorado, mas como nós não temos uma relação próxima, eu não posso afirmar com certeza, meus pais não são lá muito presentes, pelo contrário, trabalham o tempo todo e nós aprendemos a viver sem a atenção, mas bom, cá estou eu sentada na mesa, com meu irmão mexendo em seu celular e nem notando minha presença.
Falando do meu irmão, diferente de mim, o mesmo tem os olhos verdes, apesar de ter a mesma cor de cabelo, tem 1,90 de altura, é integrante do time de basquete do colégio, é lindo (ele que nunca imagine que eu acho isso dele), mas apesar desse detalhe, ele não é um desses babacas que se acham e pensam que todas as garotas caem aos seus pés, na verdade ele namora uma nerdzinha sem sal amiga da outra nerdzinha irritante que está tentando roubar meu melhor amigo de mim. É, pensando bem, eu e meu irmão somos muito diferentes, se formos a analisar eu sou aquela figura inalcançável e invejada pela maioria das garotas, odiada por aquelas que querem se fazer passar por justiceiras e altruístas, e seguida por outras que reconhecem minha magnitude, eu quero ser a melhor em tudo que posso, mas meu irmão quer apenas existir, tipo, pra que só existir? Quem quer apenas existir e ser mais um rosto na multidão? Quem? Quem? Aff, acho que é por conta dessa falta de ambição dele que nós passamos 99% do tempo brigando, mas isso é normal entre irmãos não? Pelo menos dizem que sim.
•••
Durante o café da manhã, nós os dois não trocamos uma palavra sequer, e mesmo partilhando o mesmo carro, nossas vozes dirigidas um para o outro, não foram ouvidas em momento algum, estávamos ambos imersos em nossos pensamentos, e nos meus, James Goldberg fazia a ocupação efetiva.
James Goldberg, ou Jay, como todo seu ciclo de amizade o trata, é o meu único e melhor amigo, conheço ele desde que eu era uma criancinha tola e boba, ele é o único que me conhece verdadeiramente e o único com quem eu sonho em me casar e construir uma enorme família, eu posso agir como uma desalmada para qualquer pessoa, mas perto dele, (suspiro), perto dele eu não consigo ser a mesma, eu simplesmente deixo a minha parte mais humana e dócil sair ao de cima e talvez isso seja perigoso mas, eu simplesmente não consigo evitar tal sentimento, ele foi a primeira e única pessoa que já beijei e somos como o rei e a rainha do colégio então, talvez seja o destino.
Eu estou aqui, esperando ansiosamente para vê-lo, o que não tardará a ocorrer, já que ele sempre me espera na entrada do colégio, ou pelo menos esperava sempre, mas ultimamente tem havido algumas exceções, porém não me preocupo, tenho certeza que ele estará me esperando, essa é como uma tradição nossa, e o nosso motorista acaba de virar na esquina do colégio, o que aumenta as minhas expectativas em 1000%. O carro para na frente do enorme edifício da Saint Grégory, o cheiro de dor emanado pela relva recentemente aparada, preenche o ar assim que a porta do carro me é aberta e eu desço do mesmo, a leve brisa da manhã balança meus cabelos mesmo eles estando presos por um rabo de cavalo alto, passo as mãos pela minha saia a colocando melhor e seguro minha mochila, seguindo para o interior do colégio logo de seguida.
A primeira coisa que noto e estranho, é o facto de Jay não estar me esperando no mesmo lugar de sempre, pego meu celular no bolso da minha mochila e o verifico para ver se tem alguma mensagem dele avisando se vai se atrasar, ou se faltaria por alguma razão. Nada, nem uma chamada, nem uma mensagem, logo me preocupo com ele e disco seu número que não tarda a chamar, a primeira vez cai na caixa postal, a segunda e a terceira ele simplesmente corta a ligação, o que me faz ficar ainda mais preocupada com ele, pois ele não é de não atender as ligações e muito menos de se atrasar, mas ultimamente ele parece ser um desconhecido.
Jogo tais pensamentos para o fundo de minha mente e digito uma mensagem para ele, pedindo que me ligasse de volta, ou então viesse ao meu encontro no nosso lugar de sempre que era no jardim traseiro, onde sempre ficávamos antes de todas as aulas e também quando não tínhamos aula alguma. Enquanto eu seguia para o jardim traseiro, uma garota do segundo ano, veio me avisar que a diretora queria me ver urgentemente e lá fui eu para a sala da mesma, onde a diretora me pediu para participar da organização desse ano da feira para todos os estudantes e não estudantes, no dia da celebração da fundação do colégio, não recusei pois sei que sem mim, a feira se tornaria super fatela, já se notava pelos cartazes que eles espalharam semana passada pelo colégio, digamos que mais fatela impossível, parecem até aqueles desenhos feitos por crianças do pré escolar, que não entendem nada de arte, mas enfim, eu irei salvar esse baile. Olho novamente para meu celular e nenhuma resposta de Jay, o procuro por todo o colégio e nada dele aparecer, pergunto por ele para alguns estudantes e até acreditaria que ele faltou, mas algumas das pessoas para quem pergunto, dizem que o viram por aqui hoje, então ou ele está fugindo de mim, ou eu estou tendo que mudar minhas lentes de contato porque já não estão funcionando corretamente.
– Victoria?_ uma das garotas que vive me seguindo como uma subordinada, me chamou antes que eu curvasse pelo corredor em direção ao meu cacifo.
– o que foi?_ mesmo sem vontade alguma, me virei para olhar sua estrutura acanhada perto de mim.
– aqui estão os pincéis que você me pediu para comprar ontem_ de cabeça abaixada e braços esticados, a garota esperou eu pegar o estojo de pincéis e assim eu estava para fazer, quando vi uma cena um tanto repugnante e indignante. Jay estava sorrindo, abraçado a nerd que ele nem tinha notado até a um mês atrás, e ele caminhava com ela sob seu braço enquanto a mesma sorria de um jeito estranho como sempre.
– que?_ nem consegui formular uma questão e logo segui para perto dos dois que estavam próximos a entrada, ignorando totalmente a garota atrás com os braços estendidos. O som do salto de minhas botas batendo no piso, podiam ser ouvidos pelos estudantes, que logo prestavam atenção em mim, enquanto eu me aproximava do Jay e da ladra de amores_ que merda é essa?_ pergunto irritada e ambos me olham.
– Vic o que foi?_ ele pergunta descaradamente, me fazendo arquiar a sobrancelha indignada.
– o que foi? Sério que você vai mesmo me perguntar isso? Eu cheguei e não encontrei você, liguei várias vezes mas você não atendeu e nem respondeu as minhas mensagens, procurei por todo o lado e não te achei, agora você me aparece com essa garota?_ eu quase gritava tudo isso.
– eu estava com a Lenny, nada demais_ deu de ombros.
– nada demais?_ ri com incredulidade_ eu estava preocupada com você e você me vem com um nada demais?
– eu não pedi que você se preocupasse Victoria, eu estou bem, para de agir como se fosse dona de mim_ falou segurando na mão de sua amiginha e passando por mim.
– o que é isso Jay, sua nova amiguinha está mexendo com seus neurónios?_ cruzei os braços me virando para os encarar_ desde quando a gente se mistura com essa gente?_ falei com humor e o mesmo parou de andar, focando sua atenção em mim.
– primeiro, não fale desse jeito sobre ela, a respeite, ela é minha namorada e segundo, para de dar uma de minha dona, eu e você não temos nada, não precisa ficar me seguindo_ voltou a seguir seu caminho, me dando as costas novamente e seguindo para sei lá onde, junto da garota.
Minha namorada, minha, ele acabou de chamar aquele projeto de ser humano de minha namorada, ele...
Tomo noção de onde estou, os alunos todos me olhando e murmurando frases uns com os outros, minha mente tentando processar o que acabei de ouvir, meu coração com uma faca cravada e a dor querendo transbordar pelos meus olhos, na frente de todos. Não, não aqui e nem agora.
Caminho rapidamente até o banheiro e o tranco assim que entro, me olho no espelho e faço um pequeno exercício de respiração pra tentar expulsar as lágrimas que se aproximavam, eu não posso chorar, senão vou borrar minha maquiagem e principalmente, porque não vou mostrar fraqueza aqui em frente a todo mundo, isso deve ser uma partida ou do meu cérebro, ou de meu amigo, eu não devo ter escutado isso, eu devo estar delirando ou sonhando. Me belisco e sinto arder onde minhas unhas cravaram, então não, não é um sonho nem uma alucinação, só me resta que seja uma brincadeira.
Sai do banheiro após o soar do sinal e segui para minha primeira aula, eu pretendia tirar essa história a limpo, mas não podia colocar em causa meus estudos, afinal, eu quero ser a melhor nem.
•••
Durante as aulas, eu tentava me concentrar na voz irritante da professora de física, mas estava difícil, os outros alunos ficavam sussurrando e rindo, com seus olhares dirigidos a mim e minha mente tentando perceber o que acontecia. Isso se repetiu durante as aulas todas antes do intervalo principal, mas quando o sinal para o intervalo soou eu me senti até aliviada, caminhei rapidamente para procurar pelo Jay, ele precisa me explicar o que está acontecendo.
– sinceramente Jay, já estava na hora de você se afastar daquela garota_ ouvi a voz de Sirena antes deles me notarem atrás da parede que ficavamos encostados em nossos tempos livres_ ela era irritante_ eu fico meio confusa por ter encontrado a conversa ao meio.
– vocês viram a cara dela quando o Jay disse que eles não eram nada?_ se eu não estiver equivocada, e sei que não estou, essa voz era do Sean_ ela parecia que iria chorar_ riu com humor e várias outras risadas foram ouvidas.
– eu pagaria pra ver aquela cobra da Vic chorar_ Tati falou em meio a risada_ sem ofensas, ninguém mais suportava ela_ acrescentou.
– ela não era amiga de vocês?_ reviro os olhos ao ouvir a voz esganiçada daquela sonsa de nome Lenny.
– nossa amiga?_ ouvi Heidi rir_ aquela garota não tem amigos, ninguém suporta ela, nem mesmo aquelas pobres garotas que a seguem para todos os cantos, nós só a suportavamos porque vivia colada no Jay e é irmã do Vince.
– Vince você não deveria estar sei lá, defendendo sua irmã?_ a sonsa perguntou e sinceramente, eu também estou querendo saber a resposta.
– ela é minha irmã, mas eu não posso negar o facto dela ter merecido isso, ela vive pisoteando as pessoas, ela tinha que ser travada_ eu coloquei a mão na frente da boca, pra impedir que o som da minha indignação, revelasse minha posição.
– eu só fico feliz que agora eu posso me dedicar a minha namorada, e deixar claro para ela, que não existe e nunca existiu nada entre mim e a Victória, era tudo fruto da imaginação dela, apenas porque eu estava sendo legal com ela_ a voz inconfundível de Jay soou em meus ouvidos como se alguém tivesse pegado na faca já cravada em meu peito e a girado vezes sem conta_ eu te adoro Lenny_ confessou e um ownn coletivo foi escutado, me fazendo quase vomitar por conta deles.
– ei Vince, como você vai lidar com sua irmã, depois do que houve hoje? Certamente ela vai estar mais chata do que o costume.
– vou ignorar a existência dela, como sempre venho fazendo ué_ a resposta dele foi a gota de água para eu sair correndo de lá, e sumir entre a multidão de estudantes.
Eu fui até meu cacifo e quis levar minhas coisas e sair de lá, mas eu não podia fugir e correr o risco de tornarem esse assunto ainda maior do que seria, por isso, largo minha mochila de volta no cacifo e sigo para comprar meu lanche. Não restava muito mais tempo de intervalo, então eu segui para aproveitar o meu lanchinho e os últimos minutos do intervalo, no silencio da quadra de tênis que o colégio possuía, e lá me instalei.
– ora, ora, ora, eu nunca imaginaria a rainha da Saint Grégory aqui sozinha durante o intervalo_ Tyler, o garoto mais irritante de toda a face da terra, debochou ao me ver_ mas se bem que com toda a humilhação passada hoje, você arranjaria mesmo um lugar para se esconder_ acrescentou rindo.
– não tem nada de interessante pra fazer não?_ respondi com rudeza_ não é você quem dizia que sua vidinha medíocre é mais interessante que a minha?_ debochei_ pois bem, não me parece_ sorri de canto.
– realmente minha vida é muito prazerosa, mas pra falar verdade, pela primeira vez, alguém botou você pra baixo, e você não tem ninguém que goste tanto assim de ti pra vir te animar, e isso estranhamente me fez sentir pena de você_ cruzou os braços sorrindo de canto.
– oh Fell_ falei seu apelido como se estivesse falando com um bebê, e me levantei de onde estava sentada, descendo em direção a saída e por conseguinte a ele_ eu sei que você entende muito bem o que é não ter ninguém gostando de você de verdade, mas relaxa, eu não preciso que você sinta pena de mim_ o pacote de biscoito/bolacha (eu não vou ter esse conflito aqui) e a caixinha de suco, foram de encontro com o peitoral dele_ em vez disso, sinta pena de você mesmo, já que seu melhor amigo te abandonou para ficar com o povinho popular_ sorri cínica e sai do local, o deixando com os pacotes e finalmente nesse momento eu fui em direção ao meu cacifo, peguei minha mochila, e então pulei o muro na parte mais vazia do colégio, iniciando assim minha tão evitada fuga do colégio.
Eu caminhei por algumas quadras em direção ao único lugar onde eu poderia ficar sozinha e em paz, meu apartamento no centro da cidade, apartamento esse que minha avó me deu para que eu pudesse tirar um tempo de ser a garota perfeita. O trânsito nesta parte da cidade era movimentadíssimo, mas o ap no 21° andar, era algo que faria valer a pena essa caminhada de quase meia hora. Quando finalmente atravessei a rua, os olhares curiosos e aflitos das pessoas para algo atrás de mim, me fizeram me virar, para ver uma garota com vestes estranhas, rotas e totalmente sujas, parada em meio ao trânsito, e que caso ela não saísse já do meio da rua, sua vida veria seus últimos momentos. Sem muito pensar e talvez tendo a ideia mais estúpida de sempre, eu segui para o meio da rua com o semáforo quase abrindo, e por um triz, eu consegui tirar a idiota do meio da estrada.
– você está maluca?_ pergunto indignada.
– onde eu estou, que magia negra era aquela?_ a garota ou mulher, perguntou confusa e assustada, me fazendo revirar os olhos.
– garota do campo_ falei frustrada_ lá na sua vila não tem carros?_ arqueio a sobrancelha, cruzando os braços.
– o que são carros?_ seu olhar, emana curiosidade, mas minha paciência inexistente, me faz a ignorar.
– tanto faz, adeus_ começo a caminhar para longe dela, em direção ao meu apartamento sem olhar para trás.
Adentro o edifício e espero o elevador chegar, quando ouço o porteiro praticamente gritando com alguém, e me viro para ver quem era essa pessoa de tão baixo escalão, para que até um simples porteiro, gritasse com ela.
– eu não acredito_ reviro novamente os olhos, ao ver aquela garota maltrapilha na entrada do prédio.
– saía da frente_ a garota diz e estranhamente, o porteiro cai no chão perto da parede, saindo de seu caminho sem ela tocar nele, e aí ela vem até meu encontro_ olá de novo mocinha_ ela sorri para mim.
– o que você quer? Por que me seguiu?_ falo irritada.
– você me salvou, eu te devo a minha vida_ continuou falando com um sorriso nos lábios.
– não me interesso por sua vida, você não me deve nada, vá embora_ o elevador se abre e eu entro, mas a peste entra junto_ o que você quer?_ quase grito.
– te ajudar, eu sinto raiva e ódio crescendo dentro de você e isso me deixa fascinada_ se animou e eu soltei uma risada, sem humor algum.
– 99% das pessoas possuem ódio e raiva, vá atrás delas então_ cruzo os braços.
– não, eu quero você_ ela toca em meu braço e sinto uma descarga elétrica percorrer todo meu corpo, várias passagens de minha vida apareceram em minha mente, momentos marcantes e até cenas de quando eu era muito nova voltam para minha memória, incluindo coisas que eu nem devia me lembrar de tão pequena que eu era.
– ME SOLTA_ grito afastando meu braço de seu toque_ quem você acha que é pra colocar suas mãos em mim?_ pergunto enraivecida.
– bom Vic Saltzman, eu sou a Zora_ faz uma vénia_ a fada das vilãs_ um sorriso perverso aparece em seu rosto, e no mesmo instante, as roupas maltrapilhas que ela usava, se tornam limpas e um pouco melhores, mas não deixam de ser inadequadas para esse lugar.
– o que?_ a encaro confusa e incrédula, talvez hoje eu tenha tomado algum comprimido e esteja alucinando, isso explicaria muita coisa que me aconteceu hoje.
– isso mesmo meu docinho, e nossa eu acho mesmo que você precisa da minha ajuda, sua vida é uma lástima_ falou despreocupada.
– primeiro, como?_ apontei para seu corpo, perguntando silenciosamente como ela havia consertado a própria roupa_ e segundo, como?_ a incredulidade era muito evidente em meu rosto_ eu não estou acreditando no que meus olhos vêem, eu devo estar alucinando ou enlouquecendo_ esfrego meus olhos com os punhos cerrados.
– eu sou uma fada, posso fazer alguns truques, incluindo esse_ se referiu a consertar a roupa_ e também posso ajudar você com seus problemas, tal como fiz com outras garotas, belas e atoladas de problemas, tal como você_ sorriu e, sabe aquele momento dos filmes e contos de fadas, em que uma melodia começa a tocar no fundo? Pois bem, uma melodia, vinda de sabe-se lá onde, começou a soar.
♪ se você desejar...♪
– eu dispenso_ interrompi a cantoria, mal ela começou, entrando no meu querido apartamento.
– ei, eu nem sequer cheguei no refrão_ reclamou.
– não estamos em um musical_ me joguei preguiçosamente no sofá_ além disso, não estou interessada em sua propaganda_ procuro em minha mochila, por meu celular.
– ah qual é, uma música sempre convence as pessoas_ cruzou os braços emburrada_ você é pior que eu, tão amargurada_ reviro os olhos, me focando em procurar o contato de Kimberly, uma "amiga" digamos assim, que sabe sempre quando tem corridas de rua, seja de carros ou de motos, as quais as vezes, secretamente participo_ ei, presta atenção em mim_ fez birra me fazendo mais uma vez revirar os olhos_ qual é o seu problema?_ puxou o celular da minha mão.
– ei_ tentei pegar o aparelho, mas a mesma já havia se afastado.
– que coisa esquisita é essa?_ perguntou olhando curiosa para o meu celular, me fazendo soltar um suspiro e voltar a me jogar no sofá.
– olha, eu não estou tendo um bom dia, então por favor, devolva o meu celular_ falei calmamente.
– me fala qual o seu problema eu posso ajudar, sabe, se você não escutou eu sou uma fada_ sorriu, ainda com meu celular nas mãos_ já agora, pra que serve isso?_ começou a clicar descontroladamente em meu celular.
– ei, para com isso_ me levantei bruscamente, após escutar o som de uma chamada iniciada e corri para perto dela, tomando o aparelho de suas mãos_ que droga_ falei após notar que ela discou o contato de algum idiota e infelizmente, quando estava prestes a desligar, o garoto atendeu a ligação.
Isso me impediu de desligar a chamada? Não! Eu não me importei com isso, e desliguei a chamada sem dizer uma palavra sequer, pegando toda a mínima educação que possuo e a jogando ralo abaixo.
– não volte a fazer isso_ a repreendi irritada, e foi vez dela revirar os olhos para mim.
– minha nossa, qual é o seu problema, desde que conheci você eu só ouço reclamação e chatice, quantos anos você tem? 100?_ debochou se jogando de qualquer forma no sofá.
– o que você quer?_ cruzei os braços.
– agora sim, você fez a pergunta certa_ sorriu se sentando melhor no sofá_ eu preciso voltar para a minha dimensão, e para isso eu vou precisar da sua ajuda, ou melhor, de ajudar você a alcançar a felicidade_ sorriu.
– ta me zoando?_ pergunto indignada_ pede outra pessoa, eu sou feliz o bastante_ forcei um sorriso e me virei seguindo para a cozinha.
– acho que você não entendeu_ ela veio atrás de mim_ eu tenho que ajudar você, especificamente você_ cruzou os braços enquanto eu bebia um pouco de água.
– porquê eu?_ passei as costas da mão pelos meus lábios pra poder limpar as gotículas de água que tinham sobrado.
– porque sabe, naquele momento em que eu segurei seu braço e tal, eu acabei fincando sem querer uma ligação de fada madrinha e protegida com você_ forçou um sorriso me fazendo a olhar indignada.
– O QUE?_ gritei_ como você foi fazer uma coisa dessas, pra que? Ah meu Deus, você só pode estar brincando comigo, que droga_ comecei a andar de um lado para o outro.
– e tem uma coisa, se eu não conseguir ajudar você a alcançar a felicidade, eu não poderei voltar para a minha dimensão e você não vai se livrar de mim_ parei de andar e me virei para ela.
– aí minha nossa_ usando o dedo indicador e o polegar, massagiei minhas vistas, mas foi uma péssima ideia pois minhas lentes de contato quase saíram_ ok, então você está dizendo que, eu tenho que te aturar até que você consiga ir para sua "dimensão"_ fiz aspas com os dedos_ e enquanto você estiver aqui, você irá fuxicar na minha vida, achando que eu preciso achar a felicidade?_ a encarei acenando com a cabeça_ ok, você pode me passar essa garrafa de água?_ pedi e então a mesma me passou a garrafa de água_ oh, que estranho, isso me fez feliz, que legal, agora você pode vazar_ sorri.
Ao olhar para ela, a mesma me encarava incrédula e isso quase me fez rir, mas me contive_ não é assim que funciona_ falou indignada_ não é tão simples assim, você não pode fingir felicidade_ cruzou os braços.
– se eu bem me lembro, você disse que era a fada das vilãs, agora porque está vindo com esse papinho de felicidade? Ou melhor, eu nem sequer sou uma vilã, porque tenho que te deixar fuxicar na minha vida?
– aff Vicky, só alinha nessa que ao fim, ambas sairemos vitoriosas, que tal?_ revirou os olhos.
– pela primeira vez, eu tenho que concordar com você, mas enfim_ segui de volta para sala_ se vamos fazer isso, vamos ter umas regras básicas_ me sentei no sofá e peguei meu celular.
– pode me passar um pergaminho e uma pena para que eu anote nossas regras?_ se sentou na poltrona próxima a porta.
– toma_ passei um caderno e uma esferográfica para ela.
– o que é isso?_ olhou enojada para meu material_ eu pedi uma pena e um pergaminho_ falou óbvia.
*Regra número 1: você tem que aprender a viver na actualidade;
*Regra número 2: nada de mexer com meu celular;
*Regra número 3: você só pode mexer com a minha vida, quando eu pedir.
– suas regras não fazem sentido_ reclamou ainda mais indignada do que no início_ como eu só poderei te ajudar quando você pedir?_ reclamou.
– eu não quero você se metendo em coisas que eu posso resolver.
– eu aceito todas as suas regras se você mudar a terceira_ cruzou os braços.
– e o que seria?_ arquiei a sobrancelha.
– eu posso mexer com a sua vida quando eu souber que você precisa de ajuda, mesmo que você negue_ falou convicta, e eu soltei um suspiro.
– ok, eu vou pensar no seu caso_ me levantei_ cadê meu celular?_ comecei a procurar pelo aparelho.
– aquela coisa mágica que acende uma luz e faz uns barulhos estranhos?_ perguntou mordendo a ponta da minha esferográfica.
– não morda a minha esferográfica_ falei seria e ela afastou o objeto de sua boca_ agora, voltando ao assunto anterior, você viu aquela "coisa mágica?"_ ela assentiu_ e cadê?_ perguntei óbvia.
– você foi com ele para a cozinha, deixa que eu vou lá pegar_ foi pra lá.
– não precisa, eu vou_ segui ela.
– está meio sujo, deixa limpar.
– nãããããão_ falei, mas infelizmente, foi tarde demais e ela jogou meu celular no lava louças_ o que você fez?_ choraminguei pegando meu celular e vendo a água escorrer dele de volta para o lava louças.
– você me assustou com aquele grito e escorregou_ deu de ombros.
– a vontade que eu estou tendo de te esganar é tão grande_ a olhei, mas estranhamente eu não estava com raiva dela por ter jogado meu celular na água, nem sequer triste eu estava_ você tem sorte que eu tenho todas as minhas informações guardadas na cloud_ sai da cozinha em direção ao quarto.
– desculpa_ veio atrás de mim.
– se vamos conviver, você precisa se vestir melhor_ apontei para suas roupas e logo voltei a me concentrar em procurar as roupas que eu queria no guarda roupa.
– eu me visto bem_ reclamou mostrando seu vestido ridiculamente horrível, mas logo revirou os olhos ao ver que eu a encarava com a sobrancelha arqueada_ ah qual é_ cruzou os braços e logo se jogou na minha cama.
– regra número 1_ a lembrei sem nem sequer me virar, mas logo tive que o fazer, pois encontrei a roupa que eu procurava_ aqui está, vista-se com isso, nós vamos sair_ falei pegando outra peça de roupa e seguindo para o banheiro para me lavar e vestir.
Tomei um banho rápido e coloquei uma calça jeans azul escura, meus Vans pretos, uma blusa na cor rosa, mas por cima coloquei uma camisola de capuz preta, meu boné na mesma cor e então saí do banheiro, voltando para o quarto.
– minha vez_ a mesma passou por mim correndo e logo bateu a porta atrás de si.
Fiquei olhando para a decoração do meu quarto e naquele momento, todo o peso dos acontecimentos de mais cedo, caiu de volta em meus ombros. Meu apartamento me foi oferecido pela minha avó quando fiz 15 anos, foi um presente secreto, o qual a única pessoa que sabia da existência, além de minha avó, era o garoto que eu considerava meu melhor amigo, até o dia de hoje. Quando mais nova, eu fui sequestrada duas vezes e por isso meu pai proibiu explicitamente que eu saísse de casa, ou então, eu tinha que ser acompanhada e vigiada por guarda-costas 24 horas por dia, mas então, em um dia depois das várias brigas dos meus pais antes de sua separação, eu tinha uns 11 anos na altura, acabei fugindo de casa, peguei um táxi e segui para casa da minha avó. Fiquei lá o final de semana inteiro e minha doce avó, me manteve por perto e cuidou de mim, então quando completei 15 anos, ela me deu de presente esse apartamento, na intenção de me dar um lugar pra descansar de ser uma Saltzman de vez enquando.
No momento, o que trouxe de volta todas as lembranças daquela humilhação de mais cedo, foram as fotos no pequeno mural do quarto, onde tinham várias fotos de mim junto com o Jay em várias das nossas saídas, em vários anos diferentes e até mesmo quando nos conhecemos aos 09 anos, tinham tantas memórias ali, fotos carregadas de significado, mas apenas para mim, pois pelos vistos, para ele eu era só uma perseguidora que queria destruir seu relacionamento.
– como eu sou idiota_ falei com a voz embargada e logo comecei a arrancar as fotos em que o garoto que me tirava o fôlego estava. A cada fotografia arrancada, uma parte de mim era estilhaçada e uma lágrima escorria por meu rosto, e quando dei por mim, eu já estava chorando no chão enquanto amassava e espalhava as fotos no chão, com meu coração estilhaçado em mil pedacinhos distintos_ eu te odeio James, te odeio tanto_ falei com a voz embargada e então senti braços me acolherem em um abraço reconfortante.
Eu não queria que ela me visse dessa forma humilhante e horrenda, mas estranhamente, eu não conseguia parar de chorar, não conseguia conter as lágrimas e voltar a minha pose de durona. Durante momento algum, ela disse alguma coisa, mas eu me senti confortável com aquele silêncio, então quando me senti melhor, as lágrimas cessaram e eu me levantei após o afastamento da mesma_ por favor, finja que isso nunca aconteceu_ falei limpando meu rosto com um lenço que a mesma me passou.
– do que você está falando?_ forçou uma cara de confusão e sorriu, me fazendo esboçar um mínimo sorriso_ já agora_ caminhou em direção as fotografias no chão e logo apanhou uma delas_ esse é o idiota que fez seu dia ir tão mal?_ arquiou a sobrancelha e me olhou.
– ele mesmo_ terminei de limpar meu rosto e peguei um pequeno estojo de maquiagem.
– e quem são esses?_ em meio a minha maquiagem, arranjei um segundo para prestar atenção nela, e a vi apontar para uma foto de quando eu tinha 6 anos de idade.
– são o meu irmão gémeo o Vincent, a Delawere minha prima, e o Tyler, melhor amigo do meu irmão_ voltei a prestar atenção na minha makeup.
– vocês eram tão fofos_ nesse momento tive vontade de revirar os olhos, mas me contive pra não estragar o que eu estava me esforçando pra terminar.
Me levantei após a finalização do processo de maquiagem e logo olhei para a mesma_ vamos lá, eu preciso de um celular novo, e você, de umas roupas melhores_ apontei para ela e depois segui para a sala.
– falando em roupas, eu estou achando essas muito desconfortáveis_ falou segurando a blusa caríssima da última coleção de verão como se não fosse nada demais_ elas são tão apertadas_ passou as mãos pela calça_ e nada práticas_ se remexeu na camisa.
– aff, vamos logo_ falei prendendo uma risada e então a mesma me seguiu até fora do apartamento.
– pra quê esse boné?_ falou quando adentramos o elevador.
– porque sim_ dei de ombros e então ela ficou ali, fazendo perguntas sobre tudo o que via pela frente, tentando compreender a "magia negra" envolta de tudo o que existia ao nosso redor.
– onde você estava Victoria Saltzman?_ oiço a voz imponente de meu pai, enquanto tentava entrar o mais silenciosamente possível em casa, o que pelos vistos não funcionou.
Viro meus calcanhares o mais lentamente possível e então olho para ele que de braços cruzados, me encarava parado próximo ao corredor que vai dar a cozinha_ eu estava no shopping, precisava comprar um celular novo_ dei de ombros.
– você estava comprando um celular até as 19:38?_ seu tom de incredulidade estava nítido, e internamente revirei os olhos.
– eu estava comprando um celular sim, mas decidi parar na praça de alimentação, por isso demorei_ forcei um sorriso e ele continuou me analisando_ posso ir agora?_ pergunto impaciente.
– amor?_ a voz de Claire, esposa de meu pai, soa e ouço seus passos, se transformando em minha deixa para subir as escadas e ir para o quarto.
Ao adentrar minha fortaleza, finalmente largo minha mochila em seu devido lugar, coloco meu novo celular sob a cômoda e o conecto no carregador, tomo um banho e me troco, depois aproveito para ficar deitada na cama e não fazer nada.
Um momento depois, escuto batidas na porta e o aviso de que o jantar estava servido, por isso me levanto e desço as escadas para seguir até a sala de jantar. Estavam todos a mesa, meu pai, Vince e Claire, então tomo o meu lugar e me mantenho em silêncio enquanto os mesmos conversam e se servem.
– como foi o dia de vocês?_ meu pai pergunta depois de um tempo em silêncio_ Vince?_ olha para o mesmo, que não queria falar nada, mas ao ouvir seu nome, sem levantar o rosto de seu prato, ele responde:
– o meu dia foi bom_ e terminou por aí, deixando o mais velho com uma certa cara de tacho.
– e você Vicky?_ sua atenção é direcionada para mim, e mesmo sem olhar para seu rosto, sei que ele me encara esperando sua resposta.
Por isso, mastigo o mais devagar possível e ao terminar o que estava em minha boca, sem vontade alguma respondo:_ bom_ e então volto a comer.
– bom? Só isso?_ ele insiste.
– sim, apenas bom_ dei de ombros despreocupadamente.
Ao perceber que não conseguiria puxar conversa com o Vince e nem comigo, meu pai se entretém em uma conversa com sua esposa e por vezes tentava incluir nós dois no papo, mas não dava certo e ele se contentava com a esposa, foi assim até que eu terminei de comer e me dirigi para o meu quarto. Preocupada com Zora, peguei meu celular e disquei o novo contato dela, enquanto ouvia chamar, me perguntava se as minhas explicações, os filmes que assistimos e tudo o que eu a instruí, estavam a ajudando a se adaptar ao meu apartamento, e se ela ao menos teria se alimentado com algumas das coisas que eu comprei para ela.
– hey, tudo bem?_ o pequeno objeto circular, que a mesma me implorou para levar, acendeu e pude ver a imagem da mesma.
– eu dei um celular para você usar_ reviro os olhos e sigo até a bola de cristal.
– isso aqui é mais prático_ ela sorri e acena para mim.
– você comeu?_ pego a bola de cristal e levo até a minha cabeceira, me sento na cama e então cruzo os braços.
– huhum_ ela assentiu_ eu estava indo agora ter meu sono de beleza e você?
– eu também vou dormir, amanhã tenho tanta coisa para fazer_ me deitei, tendo perdido a visão da mesma.
– ah, eu tenho uma surpresa para você_ falou animada.
– que surpresa?_ me levanto para poder olhar novamente para ela, mas em sua expressão, não tem como saber que surpresa é.
– até amanhã Vicky_ então ela desligou, ela nem sequer me deu tempo pra perguntar alguma coisa e já desligou.
Infelizmente, tenho certeza que essa garota está aprontando alguma coisa de errado, tipo, nem conheço ela a 24 horas mas ela já me mostrou que tem sérios problemas mentais e que sinceramente, não me vou livrar dela tão cedo, porém, ela me poderá ser de muita ajuda, quando eu for fazer da vida daquele idiota um inferno.
•••
Os olhares estavam focados em mim, enquanto eu seguia pelo corredor até meu cacifo, os alunos ficavam sussurrando coisas uns para os outros mas eu não estava ligando e nem tinha vontade alguma para tentar escutar o que era. Assim que terminei de pegar o que precisaria e deixar o que no momento era desnecessário, segui para sala e me sentei em meu lugar.
– Vicky?_ levanto o rosto para ver Bia me olhando trémula, esperando para ouvir o que eu queria explicar.
– eu quero que você me traga os planos da organização da feira, e que diga pra quem quer que o esteja organizando, que a diretora me colocou pra consertar os erros dela_ falei olhando para o meu celular e quando olhei para a mesma, ela estava acenando mais do que o necessário_ ah, e diga para aquela garota, a Fernanda acho eu, pra trazer os meus pincéis aqui_ novamente ela acena positivamente_ pode ir_ voltei minha atenção para meu celular enquanto a mesma se retirava da sala, e eu podia sentir o olhar de repulsa das amigas do Jay sob mim, me fazendo esboçar um sorriso de orgulho e continuar mexendo em minhas redes sociais.
Não demorou muito e o professor de literatura entrou na sala, cumprimentando todo mundo_ bom meus senhores, e senhoritas_ ele sorriu, o professor era bonitinho, mas não tanto pra ser digno de me chamar a atenção_ hoje teremos uma aluna nova_ ao anunciar isso, os murmúrios dos alunos começaram_ por favor, silêncio, e aqui está a nova aluna_ então a garota entrou na sala_ apresente-se por favor.
Só podia ser ela, Zora estava aqui e parecia apenas uma garota normal, pelo menos ela aprende rápido e sabe agir como um ser humano, mas por outro lado, que droga ela está fazendo aqui?_ meu nome é Zora Fairywood, tenho 18 anos e me mudei faz poucos dias para a cidade_ a mesma se apresentou e seguiu para se sentar em uma cadeira bem do meu lado.
– está fazendo o que aqui?_ sussurro para que apenas ela me escute.
– vim te ajudar_ sorriu orgulhosa de si mesma, e só não retruquei porque o professor começou a aula dele e eu foquei minha atenção na mesma.
Aula vai, aula vêm, finalmente o sino tocou e o intervalo nos foi presenteado. Cada aluno se levantou e se retirou da sala em silêncio (mentira, ninguém estava em silêncio), era barulho para todo o lado, desde vozes, risadas e até o som das cadeiras sendo afastadas pelos alunos.
– vamos para casa, finalmente_ Zora se levantou aliviada e sem conseguir me conter acabei rindo da inocência da mesma_ tá rindo de que?_ me olha intrigada.
– doce e inocente Zora_ analisei minhas unhas enquanto falava com certo deboche_ ainda falta a outra metade do período_ me levanto da cadeira e ela me olha incrédula.
– esse lugar ocupa 50% do vosso dia?_ sua indignação era super evidente.
– do NOSSO dia_ a corrigi enquanto ela vinha atrás de mim_ você quis se meter nessa alhada, então vai ter que se referir ao nosso dia, porque agora o seu também vai ficar preenchido por aulas_ dei de ombros, seguindo despreocupadamente até o refeitório, enquanto a morena atrás de mim, olhava em todas as direções e não parava de tagarelar sobre as coisas e suas funcionalidades.
Fizemos os nossos pedidos, ou melhor, eu fiz os nossos pedidos e depois seguimos para a quadra de tênis, onde mesmo sob relutância da fada, nos sentamos para comer, pois Lenny, Jay e o pessoal, estavam sentados na mesa principal e Zora estava mesmo a fim de ir lá, se sentar e causar algum caos na vida daquele povo patético e idiota.
– porquê você me tirou de lá?_ reclamou se sentando do meu lado_ eu queria preparar super partidas para o garoto_ cruzou os braços indignada.
– ao invés de você querer causar um escândalo, pode me ajudar com a minha vingança_ sorri de canto.
Um sorriso animado preencheu seu rosto_ então você se decidiu?_ seu tom de voz condizia demais com seu sorriso.
– eu pensei muito e então cheguei a conclusão de que ninguém mexe comigo e sai impune_ dei de ombros e me foquei em meu lanche.
– e quais são as ideias? Maçã envenenada? dedo picado?_ o sorriso em seu rosto se alargou ainda mais, porém minha indignação ficou evidente pela careta que fiz, enquanto um pergaminho e uma esferográfica surgiam do seu lado e começavam a anotar alguma coisa.
– não use magia em público_ suspiro_ e sério? Maçã envenenada?_ reviro os olhos_ por favor, actualiza seu portfólio garota_ reclamo e ela faz um muxuxu decepcionada.
– me dê uma ideia então_ cruzou os braços.
– eu tenho a ideia perfeita pra um começo_ sorri_ mas vou precisar da sua ajuda, considerando que eu tenho que ir pro meu treino de balé_ dei de ombros e a mesma assentiu freneticamente aceitando o meu plano, sem nem mesmo saber qual era.
•••
O meu ensaio de balé foi esgotante, a noite, secante, tive que passar meu tempo inteiro, me perguntando se o meu plano tinha dado certo, se Zora tinha conseguido fazer o que eu a instruí com precisão, ou se tinha realmente resultado na perfeição e eu podia finalmente começar a me vingar de Jay.
Ao amanhecer, me arrumar, tomar o café e ainda seguir para o colégio, meus pensamentos continuavam correndo para a pergunta sobre o início de minha doce e querida vingança. Por sorte, minha última aula antes do intervalo principal seria cálculo avançado e eu compartilhava tal aula com o mesmo, por isso quando vi ele com uma touca no cabelo seguindo para a sala, um enorme sorriso preencheu meu rosto.
– como sabemos se deu certo?_ Zora sussura do meu lado, depois de guardar seu material em seu cacifo e se aproximar de mim perto do meu.
– calma meu docinho_ sorri e fechei meu cacifo depois de pegar o necessário_ pode deixar que eu trato disso_ seguimos para a sala e lá nos acomodamos em nossos lugares.
Após a entrada do professor, Jay não tirou a touca e ainda não consegui ver se estava correndo do jeito que eu queria por isso, eu levantei a mão e o professor logo focou sua atenção em mim, assim como toda a turma.
– professor, segundo o código de estudantes do colégio, no número e secção b, não é proibido usar qualquer coisa que cubra nossas cabeças durante as aulas?_ falo despreocupadamente.
– sim senhorita Saltzman, mas onde quer chegar com isso?_ ele arqueia a sobrancelha.
– me parece que há um breve descumprimento dessa norma_ dou de ombros e o professor percebe do que falo depois de uma breve varedura de olhos nos alunos.
– senhor Goldberg, pode por favor retirar essa touca na minha aula?_ fala seriamente para o mesmo.
– erh, eu..._ Jay é interrompido.
– agora se faz favor_ Jay suspira mas logo obedece e a cena que vejo é um tanto que surpresa, mas satisfatória na mesma.
Eu dei para Zora tinta verde para colocar no shampoo dele, mas sua cabeça estava colorida igual um arco-íris, com tantas cores diferentes e até brilhantes_ eu achei que verde era sem graça, arco-íris é melhor_ Zora sussura no meu ouvido, e várias risadas são escutadas na turma.
– acho que uma das my little pony ficou para trás_ um dos garotos do Fundão fala em meio a gargalhadas e todo mundo acompanha.
– o colégio passou a aceitar as guerreiras do arco-íris_ outra voz zoou.
– parem_ o professor pediu mas ninguém obedeceu.
– guerreiras do arco-íris nada, é a própria princesa arco-íris_ mais alguém zoa e as risadas não pararam de ecoar.
Quando as risadas pareceram diminuir, Zora se levantou e todos a olharam meio confusos, até eu mesma. A fada caminha até Jay e com uma carinha de inocência, a mesma estende um lápis que na ponta tinha uma estrela.
– toma, você precisa mais disso do que eu_ o garoto a olha confuso_ afinal, todas as fadas tem uma varinha mágica_ e todos voltaram a rir, até mesmo o professor quase riu, mas se conteve e repreendeu todo mundo por estar fazendo bullying com Jay.
Assim que todos se calaram a aula prosseguiu, mas não deixei de notar o olhar furioso de Jay sob mim, me fazendo piscar para ele e logo voltar minha atenção para a aula.
•••
– foi você não foi?_ Jay veio até mim antes que eu saísse da turma e depois que o professor saiu_ você fez isso com meu cabelo?_ me olhou decepcionado e aqueles olhos cor de mel me transportaram para memórias boas, memórias que eu queria guardar, mas que descobrir o que ele realmente pensava de mim as fizeram se transformar em pó.
Afasto os pensamentos idiotas e no meu rosto um sorriso debochado surge_ que foi? Agora além de perseguidora sou pintora de cabelos?_ cruzo os braços.
– você misturou as tintas no meu shampoo não foi?_ sua expressão lentamente se transformou de decepção a irritação.
– porquê eu faria isso?_ o sorriso em meu rosto dizia totalmente o contrário.
– você é tão infantil, qual é seu problema garota?_ segurou meu braço com força, a medida que a irritação virava raiva.
– você é quem está me agredindo na frente de vários estudantes, e me acusando sem provas_ a calma em minha voz tinha a capacidade de o irritar ainda mais.
– Jay para, não vale a pena_ Sean o segurou mas o mesmo parecia não escutar.
– é isso mesmo que ela quer Jay_ Heidi falou perto do mesmo e eu sorri ainda mais para o mesmo, para depois ter meu braço solto de seu aperto.
A parte antes em aperto estava vermelha então analisando o local, voltei minha atenção para o garoto que seguia com os amigos para a saída_ James_ ele me ignora_ sabia que agressão da expulsão?_ pergunto sugestiva e o mesmo se vira para me ver sorrindo enquanto caminho para a porta de saída_ fica esperto mocinho_ passo por ele e vou até Zora que observava tudo da porta.
– nossa_ ela fala boquiaberta_ você é tão cruel garota_ seus olhos brilharam, literalmente brilharam ao olhar para mim_ porque você se arriscou assim falando que ele usava toca?_ me perguntou curiosa.
– porque nada é pior do que você saber quem fez isso mas não ter como provar_ sorrio vitoriosa_ já agora, vamos almoçar, estou faminta_ seguimos em direção ao refeitório.
– eu tenho tanto para aprender com você_ falou animada_ dessa vez a vitória foi sua_ ela fez uma pausa mas logo soltou um gritinho_ olha só, a vitória foi sua, Vitória_ falou pausadamente como todo mundo que espera que você entenda as piadas bobas o faz, e ao olhar para seu rosto, o sorriso parvalhão que esse tipo de piada traz estava presente me fazendo soltar um suspiro de indignação.
– você parece tão... adolescente_ sorri orgulhosa_ está indo bem_ dei de ombros continuando nosso caminho em busca de comida pra me reabastecer.
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