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Cicatrizes De Um Amor Quebrado

Capítulo 1

No dia em que Allison Sulliver recebeu diagnóstico de câncer de estômago, Justin Howard estava acompanhando sua "amada" na consulta de saúde do filho dela.

Nos corredores do hospital, o médico segurava o relatório da biópsia, com olhar sério.

— Senhora, os resultados dos exames saíram. É um tumor maligno em estágio 3A. Se a cirurgia for bem-sucedida, a taxa de sobrevida em cinco anos varia de quinze a trinta por cento.

Os dedos delicados de Allison apertaram a alça da bolsa, seu rosto pálido mostrando uma expressão grave.

— Doutor, se eu não fizer a cirurgia, quanto tempo me resta?

— De três meses a meio ano, varia de pessoa para pessoa. No seu caso, é melhor fazer duas sessões de quimioterapia antes da cirurgia. Isso ajudará a evitar o risco de infiltração, disseminação e metástase.

Allison mordeu o lábio com dificuldade.

— Obrigada.

— Por que está me agradecendo? Vou providenciar sua internação imediatamente.

— Não é necessário, não pretendo fazer o tratamento. Não vou aguentar.

O médico ainda queria dizer mais algumas palavras, mas Allison fez uma reverência respeitosa a ele e levantou-se da cadeira.

— Dr. peço que mantenha isso em segredo. Não quero preocupar minha família.

A família Sulliver havia falido, e apenas cuidar das despesas elevadas de seu pai, Northon Sulliver, já estava esgotando os recursos de Allison. Informar sua família sobre sua condição só pioraria as coisas.

O médico suspirou impotentemente.

— Fique tranquila, vou manter sua situação em sigilo profissional. Nos seus dados, consta que a senhora é casada, e seu marido...

— Doutor, peço que cuide bem do meu pai. Ainda tenho coisas a fazer, com licença.

Allison parecia relutante em abordar esse assunto e saiu apressadamente antes que ele pudesse responder.

O médico balançou a cabeça. Segundo os rumores, sua paciente era uma professora brilhante, também iniciou a faculdade de medicina mas abandonou a faculdade. A brilhante estudante parecia ter caído como uma estrela cadente, e agora estava cheia de cicatrizes.

Nos últimos dois anos, apenas Allison se ocupou dos cuidados de Sr. Northon. Mesmo quando ela mesma ficava doente, foi um desconhecido que a trouxe para o hospital, em nenhum momento seu marido apareceu.

Allison recordou o passado. No primeiro ano de casamento, Justin a tratava sinceramente bem. Infelizmente, tudo mudou depois que sua "amada" voltou ao país, grávida.

Quando ela estava grávida de seis meses, ela e sua "amada" caíram na água juntas.

Enquanto lutava, Allison viu Justin nadando desesperadamente em direção a Brenda Cargot. Brenda também entrou em trabalho de parto prematuro devido ao susto.

Allison foi resgatada mais tarde, o que atrasou o tratamento adequado, e, quando chegou ao hospital, o bebê já estava morto em seu ventre.

No sétimo dia após a perda do filho, Justin pediu o divórcio, algo que ela nunca concordou.

Agora, sabendo de sua própria condição de saúde, Allison já não era mais capaz de continuar insistindo.

Com as mãos trêmulas, ela discou o número dele. Após três toques, a voz fria e magnética dele veio do outro lado.

— A não ser pelo divórcio, não quero te ver. Diga logo!

Os olhos de Allison se encheram de lágrimas, Sua voz embargada. Ela engoliu as palavras que tinha preparado para contar sobre sua doença, quando a voz de Brenda interrompeu abruptamente do outro lado da linha.

— Amor, o exame do bebê vai começar.

As lágrimas que Allison segurou por tanto tempo finalmente caíram. Seu filho se foi, sua família estava destruída, enquanto ele construía uma nova vida com outra pessoa.

Tudo isso tinha que chegar ao fim.

Sem aquela voz de súplica que costumava ser tão humilde, a voz de Allison soou frágil, mas determinada.

— Justin, estou disposta a te dar o divórcio. Vamos nos divorciar.

Houve uma pausa perceptível do outro lado da linha, seguida por uma risada fria.

— Allison, que truque você está tentando agora?

Allison fechou os olhos e disse palavra por palavra.

— Justin, te espero em casa.

Quando desligou o telefone, Allison já tinha gasto toda a sua energia. Seu corpo deslizou pela parede, e a chuva forte do lado de fora invadiu, molhando-a. Ela segurou com força o telefone, mordendo a manga de sua roupa enquanto soluçava silenciosamente.

Justin olhou para o telefone que tinha sido desligado repentinamente, perdido em pensamentos. Um ano de guerra fria, ela havia resistido a não se divorciar.

Então por que de repente mudou de ideia hoje?

Sua voz tinha um tom choroso. Depois de olhar um pouco para a chuva torrencial do lado de fora da janela, Justin levantou-se e saiu da sala de diagnóstico.

— Justin, para onde você vai?

Brenda saiu correndo com o filho nos braços, mas só conseguiu ver as costas de Justin se afastando rapidamente. Seu rosto amável de repente se tornou sombrio e assustador.

"Aquela vagabunda, ainda não desistiu? Me espere, Allison, você vai se arrepender. ", pensou ela.

Justin não entrava no quarto do casal havia muito tempo. Ele pensou que Allison teria preparado uma mesa cheia de pratos que ele gostava, mas quando chegou, a mansão estava vazia, escura e repleta de silêncio.

As noites de inverno sempre chegavam cedo, e, embora fossem apenas seis da tarde, lá fora já estava escuro.

Justin olhou para as flores murchas e mortas na mesa.

Dado o temperamento de Allison, ela nunca permitiria que as flores murchassem assim.

Só havia uma possibilidade: ela não tinha estado em casa nos últimos dias e provavelmente estava no hospital o tempo todo.

Allison entrou, vendo o homem alto e bem vestido em pé ao lado da mesa. Um rosto bonito, frio como gelo, olhou para ela por um instante, e em suas pupilas negras havia um ódio profundo.

Allison, que tinha corrido da chuva para entrar, estava encharcada. Sob o olhar gelado dele, ela sentiu um arrepio nas costas.

— Onde você estava? -A voz fria de Justin ressoou.

Os olhos brilhantes de Allison agora estavam sem brilho. Ela olhou para ele de forma suave.

— Você ainda se importa se estou vida ou morta?

Justin riu friamente.

— Tenho medo de que se você morrer, não haverá ninguém para assinar o divórcio.

Uma única frase perfurou seu coração cheio de feridas. Allison entrou com seu corpo encharcado, sem chorar e sem fazer cena.

Surpreendentemente, sua emoção estava estável enquanto ela tirava um acordo de uma pasta.

— Não se preocupe, eu já assinei meu nome.

O acordo em preto e branco foi colocado sobre a mesa, e Justin nunca tinha achado a palavra "divórcio" tão gritante.

Ela tinha apenas uma exigência: uma indenização de dez milhões.

— Eu sabia que você não aceitaria se divorciar facilmente, então tudo é por causa do dinheiro.

Seu rosto sarcástico encheu seus olhos. Se fosse no passado, ela teria tentado se explicar, mas hoje ela estava realmente cansada demais.

Portanto, Allison permaneceu em pé, calmamente no mesmo lugar, e respondeu suavemente.

— Originalmente, eu poderia ter reivindicado metade da propriedade do Sr. Justin, mas eu pedi apenas dez milhões. No final das contas, eu ainda sou muito gentil.

Justin deu um passo à frente, sua alta figura cobrindo Allison. Seus dedos longos seguraram o queixo dela e sua voz estava fria e profunda.

— Do que você acabou de me chamar?

— Sr. Justin. Se o senhor não gosta desse título, ex-marido também pode ser, não me importo. Depois que você assinar o documento, poderá sair.

O rosto teimoso da mulher provocou a insatisfação de Justin.

— Esta é a minha casa, quem você acha que é para me mandar sair?

Allison sorriu friamente.

— Você está certo, Sr. Justin, fique tranquilo. Assim que recebermos o certificado de divórcio, eu vou sair daqui.

Ela se livrou da mão de Justin e encarou-o com olhos escuros e determinados. Sua voz saiu fria e clara.

— Sr. Justin amanhã às nove da manhã, traga o acordo de divórcio e sua identidade. Vamos nos encontrar no cartório.

Capítulo 2

Em uma noite escura, ela retornou sozinha e melancólica ao banheiro.

O vapor da água quente dissipou o seu frio, enquanto ela massageava os olhos inchados e entrava em um quarto. Ao abrir a porta, diante dela se revelou um quarto de criança acolhedor.

Ela tocou suavemente o móbile, e a música suave da caixinha de música encheu o aposento. A luz era suave e amarelada, criando uma cena incrivelmente aconchegante.

Contudo, as lágrimas de Allison transbordaram sem controle, escorrendo copiosamente.

Talvez fosse o seu pagamento, por não ter protegido o seu próprio filho, e assim, talvez a vida estava reivindicando sua vida.

Allison subiu na cama de bebê, que media 1,2 metros, encolhendo-se como um camarão. Uma lágrima do seu olho esquerdo cruzou para o direito e, então, deslizou por sua bochecha, molhando o cobertor do bebê sob ela.

Ela puxou uma boneca para seus braços e abraçou-a com muita força.

— Me desculpe, bebê, a culpa é toda da mamãe. A mamãe não conseguiu te proteger. Não tenha medo, mamãe estará com você em breve.- Ela murmurou.

Desde a morte da criança, sua saúde mental se deteriorou como uma flor delicada que murchava gradualmente.

Ela olhou para a escuridão impenetrável da noite e pensou que, desde que ela deixasse essa quantia de dinheiro para o seu pai, poderia então se reunir com seu bebê.

Na manhã seguinte, antes mesmo do amanhecer, Allison já estava pronta. Ela olhou para o próprio sorriso radiante na foto de seu certificado de casamento.

Num piscar de olhos, quatro lanos haviam passado.

Ela preparou um café da manhã saudável para o estômago, mesmo que ela não tivesse muito tempo de vida, ainda queria passar o máximo de tempo possível cuidando de seu pai.

Logo quando Allison estava prestes a sair, recebeu uma ligação do hospital.

- Sra. Allison, o Sr. Northon teve um ataque cardíaco súbito e já foi levado para a sala de emergência.

— Estou indo imediatamente! - Allison apressou-se para o hospital.

A cirurgia ainda não havia terminado e ela aguardava ansiosamente do lado de fora da sala de cirurgia, com as mãos juntas. Ela já havia perdido tudo e a única esperança restante era que seu pai ficasse bem.

Uma enfermeira ao seu lado entregou-lhe um monte de papéis.

— Sra. Allison, estes são os custos do tratamento de emergência e da cirurgia que surgiram quando o seu pai teve problema repentino.

Allison olhou os detalhes e ficou surpresa ao ver que era mais de duzentos mil. Os custos mensais do cuidado regular de seu pai já eram de cinquenta mil, e ela mal estava conseguindo acompanhar, trabalhando em três empregos. Ela havia acabado de pagar as despesas hospitalares deste mês e tinha apenas dez mil restantes em seu cartão. Como ela pagaria pela cirurgia?

Allison teve que ligar para Justin cuja voz soou fria do outro lado da linha.

— Onde você está? Estou esperando por você há meia hora.

— Surgiu algo urgente do meu lado e eu não posso sair.

— Allison, você acha que isso é uma piada? - Justin riu friamente. — Eu sabia que não fazia sentido você mudar de atitude tão de repente. Inventar uma mentira tão ridícula. você pensa que pode me enganar?

Esse homem realmente achava que ela estava mentindo.

— Eu não estou mentindo. No passado, eu não queria acreditar nisso e pensava que você tinha uma razão para me tratar assim. Mas, agora, eu vejo claramente que esse casamento já não é necessário. Estou disposta a me divorciar de você de boa vontade. A razão pela qual eu não apareci é porque meu pai teve um ataque cardíaco e precisa fazer uma cirurgia... - Allison tentou explicar.

— Ele morreu pelo menos? - Justin perguntou.

Allison achou estranho. Quem falaria assim?

— Não, ele está passando por cirurgia. Justin ,a cirurgia custou mais de duzentos mil. Você pode adiantar um milhão para mim? Eu prometo que vou me divorciar de Você!

Uma risada sarcástica ecoou do outro lado da linha.

— Allison, é melhor você entender uma coisa: eu quero que o seu pai morra mais do que qualquer um. O dinheiro eu posso te dar, mas somente depois que finalizarmos o divórcio.

Do outro lado da linha, veio o sinal de ocupado. Allison estava incrédula, lembrando-se de quando estava namorando Justin, ele ainda tinha grande respeito pelo pai dela. Mas, a malícia cheia de ódio que ela ouviu pelo telefone, agora não continha nem um traço de brincadeira.

Ele desejava a morte de seu pai? Por que?

Associando isso ao colapso da família Sulliver dois anos atrás, tudo começou a fazer sentido.

Seria apenas uma coincidência?

E se o colapso da família Sulliver tivesse sido causado por ele? Mas, afinal, o que a família Sulliver fez para merecer isso dele?

Allison não tinha tempo a perder pensando nisso, pois sua prioridade era angariar o dinheiro para o tratamento que custaria mais de duzentos mil.

A porta da sala de cirurgia se abriu e Allison se aproximou apressadamente.

— Dr. como está o meu pai?

- Fique tranquila, Sra. Allison. O Sr. Northon está fora de perigo. Contudo, ele está emocionalmente abalado, então evite expô- lo a qualquer estímulo adicional.

— Entendi. - Allison suspirou aliviada. — Obrigada, Dr.

Northon ainda estava inconsciente, e Allison perguntou à cuidadora.

— Meu pai estava bem mentalmente. Por que ele teve um ataque cardíaco repentino?

A cuidadora contratada respondeu apressadamente:

— O Sr. Northon estava de bom humor ultimamente. Ele até mencionou que desejava comer algo frito. Pensei em ir ao Restaurante lá embaixo para comprar uma porção de frango frito para ele. Quando voltei, ele já havia sido levado para a sala de emergência. Sra. Allison, sinto que a culpa é minha!

— Antes de você sair, ele viu alguém?

— Não. Antes de eu sair, o Sr. Northon estava bem. Ele até mencionou que você gostava do arroz de marisco. Então pediu que eu comprasse um prato para você. Quem poderia imaginar que algo assim aconteceria de repente?

Allison tinha a sensação de que havia mais nessa história do que aparentava. Ela pediu à enfermeira que cuidasse bem de Northon e dirigiu-se rapidamente ao balcão de enfermagem para verificar os registros de visitantes.

— Sra. Allison, ninguém visitou o Northon esta manhã. - A enfermeira deu-lhe a resposta.

— Obrigada.

— Ah, Sra. Allison, o Sr. Northon já pagou suas despesas?

Envergonhada, Allison respondeu com dificuldade.

— Eu vou pagar daqui a pouco, desculpe.

Ela saiu da estação de enfermagem, chamou um táxi e foi até o cartório.

Onde estaria Justin?

Desesperada, ela ligou para o número dele.

— Eu já estou no cartório, onde você está?

— Na empresa.

— Justin, você pode vir para o cartório agora para finalizar o divórcio?

Justin riu friamente.

— Você acha queo contrato de bilhões que estou prestes a assinar é menos importante do que você?

— Eu posso esperar até você terminar seu contrato. Justin, por favor, estou implorando, meu pai precisa urgentemente de dinheiro.

— Se ele morrer, eu vou cobrir as despesas do funeral.

Com isso, ele desligou o telefone. Quando ela ligou de novo, seu celular já estava desligado.

As gotas de chuva caíam densas como uma rede ampla que envolvia Allison, deixando-a sem fôlego.

Ela estava encolhida sob o abrigo do ponto de ônibus, observando as pessoas se apressarem na rua. Allison estava cheia de arrependimento.

Se ela não tivesse engravidado e priorizado seus estudos, ela já teria o diploma em mãos agora e não iria precisar se humilhar para salvar a vida do seu pai. Com suas habilidades e qualificações, teria um futuro brilhante.

Quem poderia ter previsto a falência da família Sulliver e a súbita mudança de atitude de Justin, aquele que a considerava tão preciosa? Num instante, ela havia perdido tudo.

Havia um ano, Justin mandou que tirassem dela todas as suas jóias e bolsas de grife. A única coisa de valor que ela ainda possuía era a aliança de casamento. Ela a retirou com determinaçãoe entrou decididamente em uma joalheria de luxo.

A vendedora a olhou de cima a baixo, avaliando a jovem encharcada vestindo roupas simples.

— Senhorita, você trouxe o recibo e o comprovante de compra?

— Claro. - Allison fez questão de não notar o olhar avaliativo da vendedora e baixou a cabeça, entregando-lhe o recibo.

— Certo, precisamos levar o anel para avaliação. Podemos entrar em contato com você amanhã sobre os detalhes?

Allison umedeceu os lábios ressecados, um tanto ansiosa.

— Eu preciso do dinheiro urgentemente. Seria possível agilizar o processo?

— Bem, vou fazer o possível. Um momento, por favor...

Antes mesmo de a vendedora pegar a caixa com anel, uma mão pálida e delicada foi pressionada sobre a tampa da caixa.

— Este anel é realmente bonito, eu vou ficar com ele.

Allison ergueu o olhar e deparou-se com um rosto que lhe causava aversão: Brenda.

Capítulo 3

Brenda trajava um elegante sobretudo branco feito de lã de cordeiro, haviam pérolas brancas penduradas enm suas orelhas que realçavam sua doçura e elegância.

O xale em seu pescoço, que provavelmente valia milhares de dólares chamou a atenção da atendente, que se aproximou rapidamente dela.

— Sra. Howard, o Sr. Justin não a acompanhou na escolha das joias hoje? Sra. Howard, os modelos mais recentes acabaram de chegar na loja. Cada um deles é perfeito para a senhora e as esmeraldas que a senhora me pediu para reservar finalmente chegaram. Experimente- as mais tarde, elas certamente combinarão com o seu tom de pele.

A atendente falava rapidamente, chamando Brenda de "Sra. Howard" a cada frase. Brenda sorriu e lançou unm olhar para Allison, cheia de satisfação, como que declarando sua vitória.

Todos sabiam que Justin a tratava como uma jóia preciosa, mas poucos sabiam que Allison era a esposa legítima dele.

Allison apertou o punho da mão que pendia ao lado, questionando por que, justamente naquele momento constrangedor, ela teve que encontrar a última pessoa que desejava ver.

Com gentileza, Brenda olhou para mão dela e indagou.

— Vender um anel de tão boa qualidade por dinheiro à vista pode resultar em perdas consideráveis.

Allison estendeu a mão e pegou a caixa do anel, seu rosto negro como carvão.

— Não vou mais vender.

— Não vai? Que pena. Eu realmente gostei desse anel e estava disposta a comprá-lo por um preço alto, considerando que nos conhecemos. Afinal, Sra. Allison, você não está precisando de dinheiro?

A mão de Allison ficou rígida no lugar. Sim, ela estava precisando de dinheiro, muito dinheiro.

Brenda percebeu isso e usou isso como sua arma para humilhá-la.

As atendentes ao redor se apressaram para intervir.

— Senhorita, esta é a noiva do Presidente do Grupo Howard. É raro a Sra. Howard se interessar por um anel. Ela definitivamente Ihe oferecerá um bom preço, assim você não precisará esperar pelo procedimento habitual para receber o pagamento.

Cada vez que a chamavam de Howard, era um lembrete irônico do fato de que um ano atrás ela tinha jurado a Brenda que não se divorciaria, algo que agora ela desejaria que tivesse feito.

Em apenas um ano, todos nas ruas sabiam de sua situação. Allison sentia que seu casamento com Justin era uma conspiração.

Vendo sua hesitação, Brenda sorriu brilhantemente.

— Sra. Allison, por que você não sugere um preço?

O sorriso triunfante no rosto dessa mulher repugnante estava deixando Allison enjoada. Ela respondeu com frieza.

—Não vou vender. Você não ouviu?

No entanto, Brenda não se intimidou.

— A Sra. Allison está claramente em uma situação difícil. Ainda se preocupa com a dignidade? Se eu fosse você, Sra. Allison abriria mão disso com prazer. Nniguém te contou que insistir de maneira patética não é bonito?

— Suas palavras são ridículas, Srta. Brenda. Você está se aproveitando dos outros para chamar atenção. Se gosta tanto de tirar proveito, por que não assalta um banco?

Enquanto discutiam, o anel voou para fora da caixa, descrevendo uma parábola no ar e caindo no chão com um som de "ding".

Allison se apressou para pegá-lo. O anel rolou diretamente até os pés de um par de sapatos de couro fino junto à porta.

Allison se inclinou para pegá-lo, uma gota de água caindo em seu pescoço, gelada e penetrante.

Ela levantou os olhos lentamente, encontrando um par de olhos frios e implacáveis. Justin ainda segurava o guarda-chuva preto aberto, as gotas de chuva caindo sobre sua cabeça.

O elegante sobretudo preto realçava a impecável postura dele.

Allison o encarou, relembrando o primeiro encontro deles. Quando ele tinha vinte dois anos, estava de pé no ensolarado campo de treinamento usando uma camisa branca.

Parecia estar no auge de sua juventude, eternamente gravado em sua mente de quando tinha quinze anos.

Ela usava um suéter de tricô, a textura felpuda destacando sua magreza. Seu queixo era afilado, como se tivesse emagrecido um pouco nos últimos três meses.

Ele era nobre e imponente, enquanto ela humilde como poeira.

O gesto de Allison para pegar o anel ficou congelado no lugar, e nesse momento de hesitação, o homem ergueu o pé e pisou no anel, passando por ela sem expressão.

Allison ainda estava semi-curvada. Esse anel havia sido projetado por ele pessoalmente, de acordo com as preferências dela. Não era extravagante, mas tinha um design único, sendo a única peça no mundo.

Desde o momento em que ele o colocou em seu dedo, Allison só o retirava para tomar banho, nunca o tinha tirado em nenhuma ocasião.

Se não fosse por sua desesperada necessidade de dinheiro, ela nunca teria recorrido a essa medida extrema. Mas o que ela considerava tesouro era considerado lixo aos olhos dos outros.

Ele não estava pisando no anel, mas em todas as memórias preciosas que ela guardava.

Brenda se aproximou, sorrindo, e explicou para ele.

— Justin, que bom que você chegou. Acabei de ver a Sra. Allison vendendo o seu anel enquanto eu escolhia jóias.

A expressão fria de Justin não mostrava emoção. Seu olhar gélido pousou no rosto de Allison que estava reprimindo sua raiva, e ele perguntou com frieza.

— Você quer vender esse anel?

Allison lutou contra as lágrimas, apertando os lábios para não chorar.

— Sim, Sr. Justin, você quer comprar?

Um sorriso sarcástico brincou nos lábios de Justin.

— Lembro-me de você, Sra. Allison, dizendo o quanto esse anel era importante para você. Parece que seu amor não passava de palavras vazias. Coisas sem coração são lixo para mim.

— Tem razão, Sr. Justin, porque o homem que me deu era um lixo, exatamente como esse anel.

Justin olhou para ela, com uma expressão mortal de desprezo.

— Talvez ele resolveu a deixar o lixo no devido lugar.

Allison estava prestes a responder quando uma dor ardente em seu estômago ativou seus nervos. A medida que o tumor crescia cada vez mais, a dor, que antes era leve, se transformava em uma dor lascinante.

Ela observava o par perfeito em preto e branco sob a intensa luz branca, como um casal idealizado. Um homem e uma mulher feitos um para o outro.

De repente, ela perdeu a força para argumentar. Um homem que mudou de coração não se importaria, mesmo que ela arrancasse o coração do próprio peito e entregasse a ele.

Allison suportou a dor e pegou o anel, retornando calmamente ao balcão para pegar a caixa e o recibo.

Diante de Justin, ela não queria parecer fraca. Mesmo que estivesse quase desmaiando de dor, ela ainda mantinha passos firmes.

Ao passar pelo lado de Justin, ela soltou uma frase sem emoção.

— Assim como o Sr. Justin, eu costumava considerá-lo precioso. Agora é apenas uma pedra que pode ser trocada por dinheiro.

Justin percebeu que algo não estava certo. O suor escorria da testa lisa de Allison, e seu rosto estava pálido como papel, como se estivesse se esforçando para conter a dor.

De repente, sua mão grande agarrou o braço dela, e sua voz soou baixa.

— O que está acontecendo com você?

Allison afastou a mão dele com um movimento brusco.

— Não é da sua conta.

Ela não olhou para trás novamentee, em vez disso, ergueu a coluna com determinação, desaparecendo de sua visão.

Justin continuou olhando fixamente para figura dela se afastando.

Mesmo que tivesse sido ele quem a deixou, por que seu coração ainda doía?

Allison encontrou um canto vazio e, com pressa, tirou um analgésico do seu bolso. O médico receitou vários analgésicos para ela. Uma forma de experimento na qual ela tomava.

Ela sabia que todos os tratamentos e medicamentos contra o câncer tinham efeitos colaterais, então ela só tomava os analgésicos que ele lhe entregava para o estômago, que teriam pouco efeito.

Mas, eram melhor do que nada.

Olhando para a chuva torrencial lá fora, ela pensou se só havia aquela opção.

Era a última pessoa que ela queria encontrar, mas por causa de seu pai, ela tinha que arriscar. Caminhando lentamente, ela caminhou na chuva, parecia que uma tempestade estava caindo sobre ela. Justin e Brenda passaram por ela e o homem pôde observar a mulher na chuva com os ombros curvados, o rosto abatido identificando que ela estava chorando. Ele desviou o olhar, mas seu peito doía. E ele não entendia o motivo.

Allison voltou para casa primeiro e se arrumou, já que estava um pouco desalinhada. Então, ela pegou um táxi até a mansão Cargot.

Mais de um ano atrás, ela havia recebido uma ligação de fora do país, após mais de uma década sem contato, ela não sabia como ela estava agora.

Observando a suntuosa mansão, parecia que ela estava indo bem nesses anos.

Após explicar sua visita, um dos empregados a levou até a sala de estar.

Sentada ali estava uma mulher elegante, tão bela quanto Allison se lembrava.

— Ally. - Os olhos bonitos se voltaram para ela.

Mas a palavra "mãe" simplesmente não saía dos lábios de Allison.

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