Amor,por favor se acalme. Me ouve ...
- Não me pede calma e não me toca por favor, sai daqui,vai embora,eu te odeio!
Repasso esse dia mil vezes na minha cabeça. Todas as palavras ditas, todas as expressões,exatamente tudo,nos mínimos detalhes. Aquele que eu intitulei , o pior dia da minha vida. O dia que eu morri,assim como o dia que eu renasci.
Me chamo Celina Gomes, tenho 36 anos, e agora eu vou provar para vocês,que só amar,não é o suficiente.
Carnaval de 2008 . 15 anos antes do ocorrido...
Eu,na época com 18 anos, viajei com meus pais e duas amigas para passar o carnaval em uma ilha paradisíaca , a ilha do sol. Eu tinha acabado de concluir o ensino médio, experimentando uma certa liberdade,já que na minha cabeça havia me tornado adulta. Estávamos a dois dias na ilha, eu estava ficando com um carinha que já havia ficado antes, primo de uma das minhas amigas. Ele estava de passagem por lá. Estávamos na praia, nós quatro, esperávamos meus primos que chegariam mais tarde para ficar conosco naqueles dias. Lembro como se fosse hoje, a primeira vez que os meus olhos se cruzaram com os dele.
Celina - Ei, eles chegaram. Vamos até o atracadouro buscá-los!
Tati - Claro,vamos logo!
Lari - Claro, vamos logo não é Tati?!
A Tati ficava com um dos meus primos, e estava ansiosa para vê-lo. Arrumamos nossas coisas e caminhamos até o atracadouro,onde avistamos meus primos acompanhados de alguns amigos que não conhecíamos. Eles vieram até nós.
Celina - Ei, vocês demoraram. Vieram nadando!
Caio - Acabamos encontrando uns perdidos no caminho. Rsrsrs
É claro que já havia notado que eles não estavam sozinhos. E havia notado mais ainda em um dos rapazes que estava com eles. Alto,forte,corpo escultural. Tinha um gosto meio duvidoso para roupa, vestia uma camisa estilo turista quando volta do Havaí,mas nem isso conseguiu me fazer deixar de prestar atenção nele.
Caio - Esses são João, Henrique e Diogo, mais conhecido como Diogão.
É, o Diogão era o carinha que eu não conseguia parar de analisar. Mas eu disfarcei bem, afinal, eu estava com um outro Diogo ao meu lado, mais especificamente,segurando a minha mão. Eles tinham o mesmo nome, o garoto que eu estava ficando e o que eu não conseguia parar de olhar.
Nós os cumprimentamos, e o João,que era irmão do Diogo brincou que aquele cumprimento havia sido muito rápido,e eu que estava doida para chegar perto do irmão dele de novo,voltei para cumprimentá-lo novamente com dois beijinhos no rosto de cada.
Assim que terminamos as apresentações, conversamos mais um pouco e seguimos para a casa onde estávamos. João, Henrique e Diogão ficaram um pouco antes,na casa dos tios ,onde seus primos e tios os esperavam. Nós,andamos mais um pouco com Caio e Tales,até a nossa casa.
Fui o caminho todo pensando em como o Diogo havia me chamado atenção. Primeiro pela altura, eu tenho 1,73m e até ali eu havia encontrado poucos garotos maiores que eu. Inclusive o último cara com quem eu havia tido um rolo meio sério, era bem menor, e aquilo meio que me traumatizou. O Diogão, ele ganhou esse apelido por causa do tamanho,tinha ganhado minha total atenção ,mas não parecia ser recíproco. E talvez isso, tenha me deixado mais vidrada nele.
Não me levem a mal, eu estava ficando com o Diogo,que eu conhecia a muito tempo. Ele era primo da Lari,mais velho que eu . Nos conhecemos quando eu ainda era uma criança e ele nunca havia me dado bola. Era uma paixonite platônica,até que uns meses antes nos encontramos em um passeio ,e acabamos finalmente ficando ali naquele único dia. Uns meses depois quando fomos para a ilha, ele estava em uma ilha vizinha e apareceu lá, a gente ficou novamente. Não tínhamos nenhum compromisso,só dois jovens que queriam estar juntos, sem expectativa nenhuma de um lance mais sério futuramente. O Diogo não era o tipo de cara que queria compromisso e eu estava vindo de dois "relacionamentos" caóticos,ainda fingindo que estava tudo bem, mas lá na frente vocês vão entender melhor sobre isso.
Passamos uma semana na ilha, Salvador meu amor, aqui o carnaval dura o mês inteiro e muitas pessoas conseguem ter folga no trabalho por oito, dez dias nesse período. Era o nosso caso.
No mesmo dia da chegada dos meninos, acabamos nós encontrando na praça. Eu estava com o Diogo, que iria embora no outro dia, o Diogão não me deu bola,óbvio.
No dia seguinte, depois que o Diogo foi embora, meio que propositalmente, eu dei um jeito de encontrar o Diogão por acaso na praia. O Caio me ajudou sem saber, já que foi ele que me disse onde eles estavam.
Tati - Celina, porque nós vamos por aqui? Por lá é mais perto!
Celina - Amiga, deixa de ser preguiçosa! Anda!
Eu havia arrastado as minhas amigas para onde os meninos estavam. Um paredão de pedras, eles davam saltos em direção ao mar.
Henrique - Olha só, e ai meninas,como estão?
Lari - Bem e vocês?
Henrique - Melhor agora! Topam dar uma caída?
Celina - Nem pensar,tenho amor a minha vida!
Diogão - Vem, eu te seguro!
Meus olhos brilharam ao ouvir ele falar diretamente comigo. Não consegui nem disfarçar. Mas tentei.
Celina - Tá doido, muito alto!
Naquele momento, vi o Henrique vir na minha direção. A Tati e a Lari,já haviam corrido e o filho da mãe tentava me pegar,para me jogar a força dali de cima. Corri, mas foi em vão, ele me alcançou .
Celina - Henrique, não faz isso!
Eu tentava me soltar,mas ele era mais forte. Foi quando o Diogão gritou lá da água.
Diogão - Deixa ela Henrique, ela consegue pular sozinha. Vem Celina, eu te seguro!
Henrique me soltou,e sem pensar duas vezes eu pulei. O Diogão me segurou como prometido,e ali a gente ainda não sabia, mas nós havíamos acabado de nos apaixonar.
Depois daquele primeiro contato mais próximo,eu e o Diogão não nos vimos mais ,na ilha. Ele precisou ir embora no dia seguinte, precisava trabalhar. Ele tinha 22 anos na época, e já era bem responsável.
Já em casa, navegando pela internet,acabei recebendo uma solicitação de amizade,no antigo Orkut. Era o Diogão,e eu quase tive um Mine infarto ali. Aceitei imediatamente, e dali logo partimos para o saudoso MSN, conversamos por algum tempo naquele dia,mas nada demais, só coisas do dia a dia mesmo.
No dia seguinte, o Henrique que era primo do Diogo, veio até o local onde eu trabalhava na época. Ele e o Diogo trabalhavam juntos, e ele me falou que depois que nos conhecemos,o Diogo tinha perguntado bastante de mim, e que queria me vê. Henrique morava no mesmo bairro que eu, e insistia que o Diogo apareceria em breve por lá. Não levei muito a sério, a gente tinha conversado e ele não tinha expressado nada a respeito daquilo. Mas ,umas semanas depois,aquele encontro realmente aconteceu. Aniversário de 18 anos do meu primo Caio, e o Diogo apareceu lá com os primos. Seria ótimo, se o meu ex ,que era amigo do Caio,não tivesse aparecido por lá,e a burra aqui, acabou ficando com ele, antes do Diogo chegar. Mais uma vez, ficamos só na troca de olhares e indiretas.
Achei que tinha perdido minha chance com o Diogo ali,ele sumiu um tempo das redes sociais, até que no mês seguinte ele voltou a aparecer no meu bairro. Era aniversário do irmão do Henrique,primo do Diogo, eu e minhas amigas fomos convidadas. O Henrique estava namorando com uma de minhas amigas a algum tempo, e naquela época era bem comum garotas da nossa idade, saírem para todo canto juntas. Então o convite era meio que estendido a todas.
Chegamosna festa,um churrasco durante o dia, o Diogo já estava lá. Inesperadamente,ao vê-lo meu coração acelerou,como a muito tempo não fazia. Ele sorrio na minha direção, e eu não sei como não detreti ali na frente dele. Um sorriso perfeitamente lindo! Mas não passou disso, trocamos olhares, conversamos em grupo,mas nada além disso. Até que minha amiga, a namorada do Henrique,me chamou para irmos buscar algo. Cheguei no lugar que ela havia me arrastado, e o Diogo estava lá, foi aí que entendi o que estava tomando. Henrique e Manu tinham armado para que nós dois finalmente ficássemos sozinhos.
Ele saíram nos deixando ali, nós dois um pouco sem jeito, sorrisos sem graça.
Diogo - Finalmente sozinhos!
Celina - Finalmente!
Foi só o que conseguimos falar, pois o Diogo me puxou pela mão e me beijou,nos beijamos. Um beijo que encaixou totalmente,um beijo cheio de química,um beijo que eu jamais vou esquecer.
Já era noite, ficamos pelo resto da festa juntos,nos despedimos e a sensação era de querer ficar mais. Dali em diante, nos passamos a conversar todos os dias, e o Diogo sempre prometia ir me ver novamente. Ele até foi mais algumas vezes, meus pais já conheciam ele, nós não tínhamos nenhum tipo de relacionamento firmado,não havíamos conversado sobre aquilo. Naquela época,o ficar era assim, bem descompromissado. Mas eu queria bem mais que só aquele descompromisso, só que comecei a achar que o Diogo não estava tão interessado assim. Ele começou a não ir aos encontros que marcavamos,sumia repentinamente,sempre cheio de desculpas, e eu acabei perdendo o ânimo naquela relação. Acabamos nos afastando depois de alguns meses, mantendo contado esporádico apenas nas redes sociais. No ano seguinte eu entrei na faculdade,estava experimentando uma liberdade ainda maior, mudei de cidade com os meus pais,ainda estava perto de Salvador,ia todos os finais de semana ver meus amigos. Perdi o contato com o Diogo,até que no meu aniversário de 20 anos, recebi uma ligação quando estava a caminho da faculdade. Até me assustei quando vi o nome dele no visor.
📳Diogo - Oi sumida! Meus parabéns!
📳Celina - Obrigada! E quem sumiu foi você!
Conversamos um pouco,mas logo cortei o papo. Não queria criar expectativas novamente. Ao final da ligação ele fez uma promessa.
📳Diogo - Logo apareço para te vê!
Não dei muita importância,afinal ele era o rei dos perdidos. E eu tinha razão, um mês se passou e eu já nem lembrava mais daquela promessa. Estava com um horário vago na faculdade,esperando o transporte para voltar para casa. Eu morava na região metropolitana,e estudava em Salvador, ia e voltava no ônibus que a prefeitura disponibilizava. Meu celular tocou, vi o nome dele .
📳Diogo - Quero te vê! Estou no bar aqui na frente, está em aula?
Ele estava lá, e como obra do destino eu tinha tempo livre e poderia vê-lo. Pensei em fazer charminho, mas resolvi ir. Assim que nos encontramos, ele m beijou. E foi como na primeira vez, mágico.
Diogo - Senti sua falta!
Celina - Eu também!
Conversamos,ficamos até a hora do meu ônibus passar. No dia seguinte ele me ligou, combinamos de nos ver no final de semana seguinte em Salvador,em uma festa. Foi decepcionante,esperei por horas e ele se quer mandou uma mensagem falando que não ia. Fiquei frustrada, magoada, decidi que nunca mais o veria novamente. Ele tentou entrar em contato no dia seguinte, não atendi. Dois dias depois, me mandou mensagem no MSN,pedindo desculpas e explicando que teve uma crise de enxaqueca. Fui bem fria,estava decidida a não ter mais nenhum tipo de relacionamento com ele. Até quê.
🖥️Diogo - Vamos tentar pra valer?
🖥️Celina - Como assim?
🖥️Diogo - Tentar sério,nós dois!
🖥️Celina - Tá, vamos tentar então!
E foi assim, que eu e o Diogo, começamos a namorar em 2009. Meu primeiro namorado, de verdade.
Mesmo morando em cidades diferentes,, eu e amigo nos víamos todos os finais de semana. Ou eu ia para a casa dele, ou ele ia para a minha. Nossas famílias logo se tornaram amigas, nossos amigos passaram a ser amigos do casal,nosso relacionamento seguia lindamente,sendo construído diariamente.
Lembro o dia que eu falei que o amava, o Diogo até se assustou. Estávamos no telefone durante uma ligação, eu estava na faculdade e ele no curso técnico que fazia na época. No intervalo ele me ligou, e ao nos despedirmos naturalmente saiu.
📳Diogo - Vou desligar agora, a aula já vai começar.
📳Celina - Eu também preciso ir "mow" ...
📳Diogo - Do que você me chamou?
Fiquei gelada, saiu tão naturalmente que nem tinha percebido que o chamei daquela maneira.
📳Celina - De amor? Rsrsrs
Estava totalmente sem graça,ele sorriu,parecia meio nervoso.
📳Celina - Eu preciso ir mesmo, professor já entrou na sala. Amanhã nos falamos, boa noite, te amo.
📳Diogo - Eu também te amo, boa noite!
Desliguei rápido,meu coração parecia querer sair pela boca. Eu havia dito que o amava, e ele respondeu dizendo que me amava também. O resto da aula, eu estava flutuando, nada além daquele eu te amo, ocupou meus pensamentos.
Nós sempre fomos muito diferentes em personalidade. Enquanto o Diogo era totalmente tranquilo, eu sempre fui um furacão. Mas um sempre completou o outro e assim os anos foram passando e nós,mesmo com todas as diferenças e discussões normais de um relacionamento saudável,seguiamos juntos, cada vez mais firmes.
Quando completamos 5 anos de namoro, em 2014, o Diogo me surpreendeu com um dos momentos mais incríveis da minha vida. Eu havia saído da faculdade e ido direto para a casa dele, na época eu já havia mudado de faculdade e estava cursando odontologia. Cheguei cansada, naquele dia acabei apagando no sofa assistindo filme. Os pais dele haviam viajado, e o irmão estava na casa da namorada, estávamos sozinhos em casa. No dia seguinte, passamos o dia em casa, e a noite fomos ao cinema. Notei que ele parecia ansioso, estava meio agitado, mas não falei nada. Assistimos ao filme, e depois fomos até o nosso restaurante japonês favorito. Sentamos, fizemos o nosso pedido e enquanto aguardávamos peguei o celular para responder a mensagem de uma amiga.
Foi bem rápido, guardei o celular e voltei a atenção para o Diogo novamente, que estava sorrindo com uma caixinha vermelha nas mãos. Meu coração acelerou.
Celina - Amor, o que é isso?
Diogo - Abre!
Abri aquela caixinha com as mãos tremendo. Dentro ,uma par de alianças de ouro, lindas, do jeitinho que eu tinha sonhado. Olhei para ele,que sorria sem parar. Sem me dizer nada, ele tirou a aliança da caixa e colocou no meu dedo, me entregou a dele e eu fiz o mesmo,colocando em seu dedo. Nos beijamos,meio tímidos, e sem nenhum pedido formal ajoelhado e com um buquê de rosas na mãos, o Diogo, o meu grandão, acabava de se tornar meu noivo.
Lembro de cada detalhe daquele dia, jantamos e eu não conseguia parar de olhar para aquela aliança, voltamos para casa onde tivemos uma noite de amor incrível. Éramos nós dois, mas parecíamos diferentes. Depois de ter tido dois relacionamentos abusivos, muito tensos, eu tinha desistido totalmente do amor. Quando conheci o Diogo, ele ,sem saber, me tirou do fundo do poço. Nós construimos um amor lindo,e eu voltei a acreditar que o meu sonho de infância de casar,ter filhos poderia se concretizar. No início do nosso namoro,muitas pessoas disseram que não dariamos certo, que éramos muito diferentes e que aquele namoro não duraria três meses se quer. Mas ali estávamos nós,5 anos juntos e agora noivos, planejando um futuro,uma eternidade.
Combinamos que nos casariamos depois que eu me formasse, faltava dois anos e era o tempo de organizarmos tudo. O casamento, nossa casa , as finanças.
Nossos pais, nossas famílias receberam aquela notícia com muita alegria. Ficaram um pouco chateados por termos noivado sozinhos, sem uma festa, sem o clichê dos noivados de antigamente. Mas o Diogo não era muito romântico,ele tinha a forma dele de expressar os sentimentos e o seu amor por mim. Esse sempre foi um ponto de choque entre a gente. Eu sempre fui muito romântica e me jogava de cabeça nos meus relacionamentos. Sempre sonhei em ganhar flores, chocolate. Amava declarações públicas de amor, mas acabei "acostumando" com a linguagem de amor do Diogo. Que mesmo não sendo um príncipe encantado no cavalo branco, sempre foi muito amoroso,carinhoso e fiel ao que sentia por mim.
Depois do nosso noivado, nosso amor só se fortaleceu cada dia mais. Nos organizavamos para comprar nossa casinha, inicialmente um apartamento pequeno, para iniciarmos nossa família assim que nos casassemos. Tudo corria bem, até que no início de 2015 uma nuvem negra pousou em cima da minha família, e a minha vida até lá ali perfeita ,cheia de alegria e de planos,tomou outro rumo.
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