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A Delegada Do Morro

CAPÍTULO 01

CAPÍTULO 01

MARINA

Acho que todo mundo conhece alguma menina patricinha, que vive uma vida de princesa morando em mansão, com carros de luxo, que esbalda viagens, roupas importadas e perfumes caríssimos.

Pois essa não é a minha realidade, não que eu julgue esse tipo de pessoa, afinal eles tem algo que a maioria não possui, grana. O dinheiro movimenta o comércio, o sistema, o mundo. E exatamente pelo dinheiro, que meu pai se tornou o dono do morro do Alemão, o senhor Lourenço, conhecido pelo vulgo MATADOR, entrou nessa vida para dar o que comer a mim e a minha mãe.

Ele sempre foi assim, um homem dedicado a família, que foi demitido do emprego que tinha a muitos anos atrás, por uma injustiça, simplesmente por ele ser de periferia, e sabe o que lhe restou? Absolutamente nada, NADA mesmo. Ele saiu de lá com uma mão na frente e outra atrás, e não tinha mais para onde recorrer, ele então entrou nessa vida, e hoje é o que chamam de DONO DA PORRA TODA.

Meu pai gostou dessa vida, por que ninguém poderia mandar nele novamente, e no caso ele é o chefe.

Mas é como eu sempre digo, nada nessa vida é fácil, ele começou por baixo, teve que subir cada degrau, e sabe o que trouxe para ele? Uma das piores cenas da nossa vida, ver minha mãe ser baleada na nossa frente. Dona Mara era uma mulher incrível, uma mulherona de 40 anos, cabelos castanhos de olhos da mesma cor, uma mãe exemplar para sua única filha, no caso eu.

Meu pai ficou arrasado, ele teve um surto e matou o cara que o feriu daquela forma tão cruel, ele foi até o fim, tomou o morro do jacaré com pudor e frieza, subiu o morro rival ao lado dos seus parceiros, até hoje ele os tem. Eduardo vulgo DUDU e Patricio vulgo PC.

A diferença é que Patricio assumiu o morro do jacaré e teve um filho chamado Marcos, que assumiu o lugar de Sub do morro do meu pai, e seu vulgo é PLAYBOY.

Marcos era um bom Sub mas sempre ficava no meu pé, ele assumiu quando tinha 18 e eu tinha 16 na época que morava lá. Confesso que eu era apaixonada por ele, não sei explicar, só sentia que tinha que ficar com ele, mas foi antes de tudo acontecer.

Bom, hoje estou longe do Rio de Janeiro, nem tão assim, moro em São Paulo, por ironia da vida, depois que minha mãe morreu, eu resolvi seguir a minha vida longe do morro e de tudo que me faria lembrar dela, e com apoio do meu coroa, eu vim para cá, estudei, entrei na faculdade, me formei em direito e hoje sou delegada da federal.

Como eu disse ironia demais, meu pai o dono do morro, e eu a melhor delegada do meu batalhão. Mesmo eu sendo a melhor, jamais entregaria a polícia o homem que me deu tudo, e proporcionou estar onde estou e ser quem sou hoje. Estou atuando a 3 anos, e estou a 9 anos longe do Rio.

Mas confesso que minha vida está vazia, eu ultimamente me sinto triste, longe da minha única família. Queria visita-lo, como estou para sair de férias na semana que vem acredito que farei isso. Eu nem sei se meu próprio pai me reconheceria, estou diferente, treinei muito e tive mais corpo, além de ter algumas tatuagens mais nada que me mudasse tão radicalmente, exceto o meu cabelo preto, mais o pior para mim seria se eu não mais o reconhecer.

Me bate uma neura de repente, minha mãe morreu tem um pouco mais de 9 anos, e foi justo no período em que se aproxima, e toda vez eu ligo para meu pai e ficamos um escutando a respiração do outro, até não aguentar mais e chorar. Todo ano é do mesmo jeito, e pela primeira vez passaremos juntos.

Estou no meu apê, sentada no sofá mandando umas mensagens para o batalhão, um peixe grande foi preso recentemente e todos estão feitos formiguinhas, quando acham um grão de açúcar, ou quando são espantadas e correm para todos os lados tentando se salvar. Estava uma grande euforia no batalhão.

Decido ligar para meu pai, e avisar a grande notícia.

MATADOR: Oi minha boneca, que milagre ouvir sua voz.

MARINA: Oi pai, tô ligando para te avisar que vou ir te ver semana que vem.

MATADOR: Ainda não morri, para que venha.

MARINA: Para com isso pai, sabe que me esforcei muito para chegar onde estou.

MATADOR: E eu matei para caralho para chegar onde estou, e mesmo assim não fiquei longe da minha boneca nem por um segundo quanto mais por 9 anos.

MARINA: Sabe por que não voltei.

MATADOR: Eu sei, queria ter ido com você, mas não sairia do aeroporto. Filha eu me culpo todos os dias pelo mal que fiz a você e sua mãe, eu deveria ter insistido mais em ser pessoa do bem.

MARINA: Pai, eu não o culpo de nada, você sempre nos deu o melhor, mesmo da forma errada. Eu te amo.

MATADOR: Quer matar seu velho mesmo né? Eu também te amo boneca.

MARINA: Vou ter que desligar, afinal para tirar férias preciso deixar tudo ajeitado por aqui.

MATADOR: Tá certo, até mais. Beijos boneca.

MARINA: Até logo pai, beijos.

Termino a ligação, pego minhas coisas e desço, afinal tem muito o que fazer durante esse dia e toda essa semana.

UMA SEMANA DEPOIS…

Desço no aeroporto do Rio de Janeiro, e cá estou, nesse calor de matar qualquer um, inclusive a mim que não estava mais acostumada. Avisto uma folha com meu nome, segurada por um homem de barba preta e cabelos da mesma cor, olhos castanhos, bem forte até, acredito que seja um dos vapores do meu pai, confesso que o cara é bem gato, além de ser todo tatuado.

Me aproximo e o vejo me olhar de cima a baixo, ele fecha a cara logo ao me encarar.

PLAYBOY: A madame é a Marina?

MARINA: Sim sou eu, e madame é o caralho.

PLAYBOY: Relaxa patricinha, fica de boas ai.

MARINA: Você só está piorando as coisas, falando assim. Vamos logo tá legal?

PLAYBOY: Você que manda.

Ele me dá um sorriso sarcástico, pega as minhas malas e sai andando na frente, eu fico sem acreditar na ousadia do sujeito, mas é abusado mesmo né.

PLAYBOY: Quer que eu te carregue igual suas malas?

MARINA: Já estou indo.

Otario mesmo esse daí, até parece que me conhece ou tem noção de quanto pode sofrer pela ousadia comigo, meu pai não o perdoaria.

Entramos no carro, e ficamos em silêncio o caminho todo, depois de um tempo, avisto a entrada do morro, fortemente protegida por homens armados, alguns não são homens, são garotos ainda.

PLAYBOY: Bora JEFIN abre essa porra aí.

Ele fala colocando a cabeça para fora do carro.

JEFIN: Calma ae fi, não é assim não.

Um menino fala de costas para nós, ele estava pegando algo da mão de outro menino.

PLAYBOY: Como é comédia? Tá pensando que é o que seu merda, para falar assim comigo?

Ele sai já apontando a arma na cabeça do menino, eu saio em contrapartida tentando amenizar a situação.

JEFIN: D-Desculpa ai cara. Eu não sabia que era você.

MARINA: Foi um mal entendido, abaixa essa arma por favor.

PLAYBOY: Acha que vai chegar aqui dando ordem? Se eu não ensinar a lição pra esse filho da puta, todos eles vão pensar que podem subir em cima de mim.

MARINA: Já conheço a lei do morro, mas não conheço você.

PLAYBOY: Não sabe com quem fala é princesinha? Sou o Sub dessa porra.

MARINA: Marcos? É você?

PLAYBOY: Quem é você garota, da onde me conhece?

MARINA: Não achei que fosse ficar irreconhecível assim, até mesmo para você. Sou a filha do MATADOR, esqueceu que a filha dele se chama MARINA?

Marcos não diz nada apenas me olha novamente, de cima a baixo, surpreso.

MARINA: Vai Marcos libera ele, para subirmos, preciso descansar, não quero passar minhas férias aqui torrando no sol.

PLAYBOY: Agradeça aquela ali pela sua vida, que não se repita em.

Sinto o menino tremer de medo, e soltar o ar depois que o Marcos se afasta dele. O vejo me olhar e com um cumprimento de sua cabeça, eu entendo que ele quis me agradecer.

Volto para o carro junto com o Marcos, e eles nos dão passagem para entrarmos no morro, confesso que muita coisa mudou, e o morro não está nada mau.

PLAYBOY: Aí Marina, me chame de PLAYBOY, não quero comédia espalhando meu nome por aí.

MARINA: Tá bom.

Falo revirando os olhos, fazendo o Marcos soltar um riso anasalado. Eu havia me esquecido do quanto ele é bonito, mas desvio o olhar, por que não vou dar esse gostinho pra ele.

Chegamos numa casa em que eu reconheceria a distâncias, a minha antiga casa, que por sinal, a única coisa que não mudou em tantos anos, meu pai havia conservado tudo por fora, todo o designer que foi pensado pela minha mãe, ele deixou tudo como ela sempre quis.

Avisto o meu pai na porta da casa enorme, e corro para abraçá-lo, ele já estava limpando as lágrimas que insistiam em sair, a saudade era tanta, que também tive que me conter. Marcos estava se aproximando com as minhas malas.

PLAYBOY: Trouxe sua encomenda.

MATADOR: Obrigado, agora pode ir ver o restante das encomendas que estão para chegar.

PLAYBOY: Pode deixar, fé. Até mais bebezinha.

MATADOR: Fé aí.

MARINA: Até mais, Marquinhos.

Falei para provocar mesmo, já que ele me pediu para não chamá-lo pelo nome, e eu havia pedido para não me chamar de bebezinha nunca mais, resultado foi vê-lo sair de cara fechada e desfazer o sorrisinho de deboche dele em segundos.

Meu pai carrega as malas e me conduz para dentro, a casa estava intacta, sempre foi muito linda. Ele me leva ao meu quarto, que não mudou nada também, e deixa as minhas coisas nele.

MATADOR: Meu amor, sei que não nos vemos a tempos, e queria mais do que tudo ficar aqui com você, mas aproveita e descansa, pois seu pai precisa sair por um tempo, vou mandar uma companhia daqui a pouco para você.

MARINA: Está tranquilo pai, pode ir. Não se preocupe.

MATADOR: Te amo boneca, está mais linda do que nunca, eu volto para jantarmos juntos tá.

MARINA: Tá bom. Também te amo pai.

Ele sai e eu resolvo explorar esse quarto que a nove anos eu deixei de chamar de meu, e vejo que tudo está como eu havia deixado. Arrumo minhas roupas no Closet, e parto para um banho, como conheço esse lugar, e sei que faz muito calor, trouxe minhas roupas mais leves, pretendendo comprar mais por aqui. Minha estadia será de um mês, vamos ver o que me aguarda no morro.

Espero que a partir de agora, somente venham coisas boas.

CAPÍTULO 02

PLAYBOY

FLASHBACK -

Parece que foi ontem que vi de perto uns dos piores pesadelos do homem que considero meu segundo pai. Lourenço com vulgo MATADOR viu a morte da sua mulher de perto, não só ele mas a filha dele também. O TROVÃO, dono do morro do Jacaré, assassinou a patroa a sangue frio.

MATADOR passou uma semana se drogando na boca, e ficando doidão, todos tinham medo do que ele fosse capaz de fazer, e a filha dele, bom a mina ficou muito mal, ela não comia e só sabia ficar chorando no quarto.

DUDU: Nós temos que fazer alguma coisa porra.

PC: Mas o que? O filha da puta do TROVÃO veio aqui e fez uma merda muito grande. Ainda saiu vivo dessa porra.

DUDU: Vamos pegar o desgraçado.

PC: Mas tem a menina do MATADOR, ela não tá bem, fora que Lourenço muito menos, tá enchendo o cú de droga.

DUDU: Eu vou lá dá um jeito no Lourenço e você, pede seu filho para ver a Marina.

PC: Por que meu filho?

DUDU: Por que eles se implicam mas acredito que ele vá conseguir fazer ela comer né.

PC: Tomar no cú mesmo, tá bom. Fé aí.

DUDU: Fé irmão.

Meu pai me mandou ir até a casa do MATADOR, e falar com Marina. Eu nem sei se aquela mina vai querer me ver mas, vou tentar. Chego lá e já me dão passagem, entro na casa e vou para o quarto dela, a mina estava bem mal mesmo, ela sempre foi bonita, tinha um corpinho maneiro, mas agora estava mais magra, e o rosto bem abatido.

PLAYBOY: Qual foi Marina, vai ficar nessa porra o dia todo?

MARINA: Não estou com papo, vai embora.

PLAYBOY: Só se comer alguma coisa, e tomar um banho antes né.

MARINA: Só quero ficar aqui, pode ir.

PLAYBOY: Não vou sair daqui pirralha.

MARINA: Só temos dois anos de diferença idiota, me deixa em paz Marcos.

PLAYBOY: Eu sei que não tá fácil, mas precisa reagir gatinha.

MARINA: Deixa que da minha vida, cuido eu.

PLAYBOY: Beleza, eu deixo sim. Sabia que seria uma perda de tempo vir aqui lidar com uma adolescente mimada.

Enquanto eu estava saindo, Marina tenta avançar em cima de mim, e eu aproveito para agarra-la e consigo segura-lá com facilidade, do jeito que estava magrinha foi de boas.

MARINA: Me solta Marcos, ME PÕEM NO CHÃO.

Ela gritava e tentava se soltar mas foi falha, já eu por sua vez a segurava cada vez mais forte, estava começando a ter mais corpo, entrei na academia então já pegava mais peso do que ela estava pesando no momento.

A levo para de baixo do chuveiro, e ela acaba desistindo de tentar escapar, a vejo começar a chorar como se não houvesse amanhã, eu nessa hora a abraço e me molho junto com ela.

PLAYBOY: Sei que não está fácil pequena, mas você precisa reagir, sua mãe não ia querer te ver nessa situação. Precisa ao menos tentar viver.

MARINA: Eu não consigo.

PLAYBOY: Consegue sim, não estará sozinha.

Eu beijo sua testa e consigo fazê-la tomar banho e comer, nunca precisei dar banho numa mina antes, e ainda mais nessa pirralha.

Depois disso, alguns dias, para ser mais exato, teve invasão no morro do jacaré, e ali eu conheci o MATADOR de verdade. Ele estava com sangue nos olhos, quando pegaram o filha da puta do TROVÃO, ele foi torturado até a morte, não pense que foi torturas leves, por que não foi. O cara teve as bolas cortadas, e teve que ver os cachorros comer, um médico foi chamado para que ele não morresse naquele momento, e foi feito uma “cirurgia” para estancar o sangramento, fora os choques que levou de pequenas cargas, para que não morresse, mas estava fritando ele, ficou assim por dias até o MATADOR cansar e atirar bem na cabeça dele, não satisfeito ele desfigurou seu rosto com vários tiros. E esse foi o fim do TROVÃO, e o começo do reinado do meu pai, que assumiu o morro após.

E eu passei a ser o Sub do morro do alemão, assumi uma baita pica. Mas fé que vou conseguir.

A mina filha do Lourenço foi embora, ela queria estudar em outro estado me parece, e nunca foi revelado para onde ela havia ido, mas tá de boas, ela tem que viver a vida dela mesmo, longe de todo o caos. Espero que onde ela estiver, que fique tudo bem.

DIAS ATUAIS -

Estou terminando de fazer umas cobranças, tem pau no cú achando que esse morro é bagunça, que pode pegar as drogas tudo e vai ficar tudo bem se não pagar. Eu nem vou falar nada, vou cobrar e se não tiver grana, paga com a vida mesmo, tô nem aí.

Estava indo para o último da lista, quando MATADOR passa a fita no rádio que precisa que eu vá na boca.

Deixei o último para FRAJOLA, e fui até na boca. Chegando lá já entro sem bater mesmo, gosto de perturbar as ideia desse coroa.

MATADOR: Qual é porra? Sabe bater não caralho?

PLAYBOY: Solta a fita logo, tem porta não sei pra que.

MATADOR: Tenho que botar mais respeito logo nessa porra, neguin fica achando que pode mandar.

PLAYBOY: Fala logo, sabe que comigo é de boas.

MATADOR: Sei. Preciso que vá no aeroporto agora, buscar um pessoa para mim, quero respeito com a Marina em.

Marina, será que é a filha dele?

PLAYBOY: Falo chefe, fé aí.

MATADOR: Fé.

Pego o carro e sigo para fora do morro, na contenção tem os moleque armados, já avisto o JEFIN, aquele moleque se acha o chefe dali, fica mandando nos menor e já estou de saco cheio dele.

JEFIN: Vai sair PLAYBOY?

PLAYBOY: Não é o que parece porra? Olha só, se eu pegar você mandando em algum moleque aqui sem permissão, eu mesmo vou te passar tá entendendo?

JEFIN: Sim PLAYBOY, eu não faço essas coisas não fi.

PLAYBOY: Fi é o caralho, abre essa porra aí.

Ele abre e eu parto, poucas vezes saio do morro, não por que não posso, eu não tenho passagens pela polícia e pouco me conhecem, então posso andar pelas ruas, não tão de boas por que né, o pai é bandido.

Chego no aeroporto, e pego um papel e caneta no guichê, escrevo o nome da mulher, e fico aguardando. Segundo o MATADOR, o avião dela já pousou no Rio. Fico fixo olhando para as pessoas que estão saindo, e avisto uma mulher que puta que pariu, linda demais, os cabelos pretos, os olhos verdes claros e uma boca carnuda que me deu vontade de beijar.

Ela se aproxima de mim e eu a analiso por inteiro, que corpo, ela é gostosa. Mas fecho a cara por que nem sei quem ela é, vai que é uma das peguetes do MATADOR.

Eu já mando um “madame” e ela logo me xinga, deu vontade de rir. Ela nem sabe com quem está falando, e já está tirada assim. Mas me deu mesmo foi vontade de continuar provocando a peste, ver essa mina com raiva, deixa ela mais bonita.

A levo pro morro, e mais uma vez vejo a marra do JEFIN, meu sangue ferveu e eu ia matar ele ali mesmo, mas a mina não deixou, e foi aí que eu descobri quem se tratava, era a porra da Marina, a desgraçada estava mais gostosa do que nunca, vi os moleques encarando ela, e olhei sério pra cada um deles antes de entrar novamente no carro, JEFIN faz sinal com a cabeça para ela, e a mesma entra no carro também. Seguimos para a casa dela né, e logo que ela vê o pai, sai correndo para abraçá-lo, fazia tempo que não via o MATADOR chorar, e ver os dois juntos me deixou feliz, Lourenço se culpava muito pela morte da Mara.

Deixo as malas da pequena na porta, e me converso com MATADOR, me despedir da mina também mesmo sabendo que vou ver ela de novo. Além do mais, tenho que ir ver as outras encomendas.

Passo por lá e verifico tudo, estava nos conformes, então sigo para minha goma. Como sabem, meu pai não mora mais no morro do alemão, junto com minha mãe, eu tenho uma irmã que não quis sair daqui, então ela mora comigo, se chama Flávia.

FLÁVIA: Maninho que bom que voltou. Estava fazendo o almoço.

PLAYBOY: De Boas princesa. Te contar uma coisa, Marina está de volta sabia?

FLÁVIA: Não acredito!? Ela não me disse nada.

PLAYBOY: Tem o número dela é?

FLÁVIA: Por que? Quer pra você ?

PLAYBOY: Claro que não, só perguntei.

FLÁVIA: Sei, vou ligar para ela vir aqui.

PLAYBOY: Jaé.

Duvido que a patricinha virá, ela não vai sair da torre dela para comer com nois, conheço o tipo de mina como ela, esnobe pra caralho, umas até senta pro pai, mas outras te olham como se fosse superiores, só fico rindo da situação, até parece que se tivesse uma arma apontada pro meio da fuça, elas iriam ficar com a marra toda.

FLÁVIA: Ela topou, vai buscá-la vai.

Flávia diz entrando na sala, que porra, virei chofer da mina agora?

PLAYBOY: Caralho, ela não tem perna não fi?

FLÁVIA: Mete o pé logo Marcos, agora.

Duas mimadas na mesma casa eu não vou conseguir aturar, mas tô brocado e minha irmã faz uma comida boazona.

Saio e vou para o carro, que estava estacionado na frente de casa mesmo, subo o morro até a casa da madame, e a mesma já sai com um shortinho preto que deixou ela ainda mais delicinha, ainda mais com esse cropped verde, e vejo que tem tatuagens pelo corpo, queria muito vê-las mais de perto, se é que me entendem.

MARINA: Desculpa te fazer vir aqui, a Flávia não quis deixar eu ir a pé.

A filha da puta da Flávia me paga eu penso.

PLAYBOY: De Boas Mina.

MARINA: Vai ficar me chamando de mina agora?

PLAYBOY: De cara que não vai ser né fia, relaxa bebê.

MARINA: Você tá mudado.

PLAYBOY: Pai tá mais gostoso do que nunca né ?

MARINA: Tá mais retardado, falando merda o tempo todo.

Eu vou acabar com essa desgraçada, nem bem chegou quer sentar no camarote.

PLAYBOY: Respeita o Sub nessa porra.

MARINA: Respeita a filha do chefe, nesse caralho.

PLAYBOY: Tomar no cú ninguém quer né? Pagar de fodona aí quer.

MARINA: Eu não pago eu sou foda.

PLAYBOY: Falo nada.

Vejo ela sorrindo, e bateu uma neura na mente, que mina linda e que sorriso perfeito. Desgraça tô enfeitiçado. Posso não, muito menos por ela.

PLAYBOY: Chegamos vai na frente aí.

MARINA: Pra você ficar olhando pra minha bunda é?

PLAYBOY: De bunda tô bem abastecido, só mandar uma mensagem que brota na hora umas boas bundas para fuder e bater.

MARINA: Escroto.

PLAYBOY: Marrenta, vai mete o pé logo porra.

MARINA: Fala direito comigo Marcos.

PLAYBOY: Vai encher outro Marina.

Ela sai batendo pé, essa marrenta me paga.

CAPÍTULO 03

PLAYBOY

Estou sentado no sofá, quase surtando com as duas doidas na minha frente, rindo como duas hienas.

Eu não sei aonde eu sai de paz e tranquilidade em casa, e loucura somente na rua, para dois furacões em casa chamados MARINA e FLÁVIA.

Pior que nem vou falar nada, capaz de me deixarem sem almoço, ainda mais que estou brocado. Fora que estou puto, os caras praticamente deixaram escapar uma mercadoria, o MATADOR, está bem pior que eu, namoral, quero está na pele desses moleques não, pior que é foda, vai sobrar pra mim nessa merda.

PLAYBOY: Como é que vocês perdem de vista um CAMINHÃO!?

Falo no telefone com PH - longe das meninas claro - por que ele que ficou responsável por esse carregamento.

PH: Coé PLAYBOY, sabe que nóis não tem erro.

PLAYBOY: E isso foi o que? Declínio porra!?

PH: Foi os menor, tá ligado.

PLAYBOY: Não, não to ligado caralho, vocês tem 1 hora, para que essa mercadoria esteja no lugar onde deve, ouviu!? Antes de eu perder a minha cabeça a de vocês vai rolar, SE VIRA.

Eu sei que o MATADOR, não iria me passar, por que sinceramente, quem mandou o PH foi ele, além também do meu pai, ele não faria isso, mas poderia me punir sim, se fosse o caso. Só que o mandante foi o próprio Lourenço, eu to fora dessa, mas claro que vou ajudar né, os moleques morrem de medo de mim.

Entro de volta, puto da vida, por que eu não tolero erros por incompetência, se fosse algo maior que eles, iria dar um jeito, mas sei que PH vai dar os corre dele para recuperar a mercadoria.

FLÁVIA: Mano, o que houve que tá vermelho assim?

PLAYBOY: Assunto meu Flávia se mete não.

FLÁVIA: Credo, não tá mais aqui quem falou, vamos comer.

Sentamos na mesa, e o rango está posto. Uma bela lasanha, com arroz e uma coca de boas.

Como mais em silêncio, por que quero me acalmar mais, só que não dá com essas duas.

FLÁVIA: Marina, amiga o Marcos queria seu número.

MARINA: Por que ele mesmo não pediu?

PLAYBOY: Mentira essa fita aí, quero nada de ninguém não.

MARINA: Sério? Estava até pensando em te dar, mas já que não quer.

PLAYBOY: Dar pra mim, é outra coisa que conheço.

MARINA: Me poupe Marcos, você seria o ultimo desse morro, pra quem eu daria.

PLAYBOY: Não é que a bebezinha está ousada!? Sussega aí fia, que não quero nada de você não. Vou indo nessa, fé ai suas doidas.

MARINA: Falou o que não parou de me encarar desde que me viu com essa roupa, você só se faz. Tchau Marcos, melhor mesmo estarmos aqui sem você.

PLAYBOY: Olha como fala em, vou indo nessa.

Saio da goma em direção a boca, a bebezinha pensa que é a última bolacha do pacote, mesmo que ela seja uma bolacha bem gostosa, não vou dar moral não.

PLAYBOY: Qual foi? Deu pras mocinhas, ficarem de lero agora?

Falo me aproximando dos vapores que estavam na porta da boca.

LEOZIN: Qualé PLAYBOY, tá me estranhando?

PLAYBOY: Todo mundo já sabe, falta você assumir fi.

LEOZIN: Sou viado não pow.

PLAYBOY: Sei de nada não, bora mete o pé. Tu tem coisa pra fazer, não ficar de papinho aqui.

LEOZIN: Falo mano, fé aí.

PLAYBOY: Fé.

Entro e já me deparo com o MATADOR cuspindo fogo pelo cú, o cara está possesso.

MATADOR: Me diz que a porra do carregamento já foi encontrado!?

PLAYBOY: Apesar de eu não ter nada haver com isso, tu sabe né? Eu mandei o PH se virar, dei uma hora pra ele.

MATADOR: Uma hora é muito.

PLAYBOY: Então fala você pra ele. Eu passei a ordem e acho um tempo suficiente.

MATADOR: Não me testa PLAYBOY.

PLAYBOY: Fica de boa tio, acredito que PH vai resolver esse b.o.

MATADOR: Fé. Vai na contenção e verifica o que chegou lá, os muleque estão falando no rádio.

PLAYBOY: Fé.

Saio em direção a contenção, falar pra tu, muito merda isso de ficar indo fazer servicinho bobo.

PLAYBOY: Qual foi do bagulho?

GM: Qualé PLAYBOY, esse bagulho chegou aqui e não fazemo ideia do que é.

PLAYBOY: Abre essa merda aí.

GM: Tentamo abrir mas essa porra tá lacrada.

PLAYBOY: Não seja por isso.

Dou dois tiros no cadeado, e ele estoura todo.

Os muleque abre a caixa de ferro, e dentro tem várias munições. Me parece que é parte do carregamento que pedimos.

Passo a fita pro MATADOR que cola no mesmo instante.

MATADOR: Quem deixou essa porra aqui!?

GM: Não sei chefe, foi na troca de turno.

MATADOR: Agora ninguém sabe nessa merda. Leva essa carga pro galpão. Passa a fita pro PH.

Ele fala se direcionando para mim. Depois que os moleques se afastam de nós com a carga, o MATADOR e eu voltamos para a boca.

MATADOR: Essa merda tá estranha PLAYBA.

PLAYBOY: PLAYBA é o caralho. Tô ligado nisso aí.

MATADOR: O que o PH falou?

PLAYBOY: Falou que achou uma parte, e que tá voltando.

MATADOR: Vamo ter que interrogar esse comédia.

PLAYBOY: Ele nunca deu de traidor, vamo com calma.

MATADOR: Tô ligado.

PLAYBOY: Vou chegar lá na goma, quando ele aparecer avisa aí.

MATADOR: De boa, fé ai. Antes, PLAYBOY cuida da minha filha, você é de confiança e sabe que os cara vão querer vir nela, pra me atingir.

PLAYBOY: Porra babá agora tio? Mas fé, tô ligado nisso.

MATADOR: Faz isso por mim filho, sabe que te considero.

PLAYBOY: Beleza tio, farei isso por tu.

Saio de lá vazado pra goma, chego em casa me sentindo cansado. Não tenho dormido muito ultimamente, na verdade há anos.

Me deparo com as duas diabas conversando, elas me olham mas fingem que nem tô ali.

PLAYBOY: Tem casa não oh Marina?

FLÁVIA: Ela pode ficar quanto tempo quiser.

MARINA: Acho que ele tem razão amiga, fiquei muito aqui.

Lembrei que o tio pediu para que eu ficasse de olho nela, sozinha em casa não seria bom.

PLAYBOY: Tô zuando, pode ficar.

MARINA: Agora eu realmente quero ir.

Porra, pra que fui abrir a boca.

PLAYBOY: Eu te levo então marrenta.

MARINA: Não precisa, tenho essas perninhas que Deus me deu para andar.

PLAYBOY: Perninhas não é bem a definição.

Ela fica toda sem graça, a tempos que não a vejo que tinha me esquecido de sua beleza. A Marina é gata demais. Pena que nunca me deu bola, mas te falar, melhor assim, quero ficar apaixonado não. E Marina não é mulher para se usar e jogar fora como as putas do morro.

MARINA: Tá bora logo, quero ir pra casa.

Ela se despede da Flávia e seguimos para meu carro. Fomos em silêncio mesmo.

PLAYBOY: Entregue.

MARINA: Valeu PLAYBOY.

Ver ela me chamar pelo vulgo, não pegou bem pra mim não.

PLAYBOY: Marcos Marina, pra você é Marcos.

MARINA: Tá bom Marcos.

PLAYBOY: Marina, como você tá? Depois de tanto tempo?

MARINA: Como pode ver tô bem, me formei, tô no corre e tô de férias.

Realmente uma mulher foda, merece um cara bom pra ela, não esses vagabundos do morro.

PLAYBOY: Tô ligado, sua mãe teria orgulho pequena.

MARINA: Obrigada Marcos, eu espero que sim.

PLAYBOY: Confia no pai. Falando em pai, meus pais ficarão doidos pra te ver.

MARINA: Tô sabendo, vou organizar um almoço com meu pai, aqui em casa.

Ver ela chamar o lugar de casa me deu uma felicidade, será que ela ficará mais tempo aqui? Ou permanente? Tô viajando mesmo, pra que eu quero ela aqui.

PLAYBOY: Fecho, se me convidar eu colo aqui.

MARINA: Apesar de tudo, você está convidado Marcos.

PLAYBOY: Tudo o que bebezinho?

MARINA: Provoca não, sabe bem que a gente não dava muito certo antes.

PLAYBOY: Verdade, mas fiquei sabendo que tu dava mó moral pro pai aqui.

MARINA: Convencido. Mas depois que fiquei com uns caras em São Paulo, te esqueci rapidinho.

Filha da Pu… Tia Mara não merece.

PLAYBOY: Abre teu olho Marina, quero esses vagabundos de olho em tu não em.

MARINA: Sei me cuidar Marcos, relaxa aí.

PLAYBOY: Sabe que o morro não é o asfalto, e o tio pediu pra que eu ficasse de olho em tu.

MARINA: Você nem me conhece mais, nem sabe do que eu sou capaz.

PLAYBOY: Fala pra mim bebezinho, do que é capaz?

MARINA: Disso.

Ela se aproxima de mim e senta no meu colo, meu pau até deu uma pontada. Ela vem para me beijar mas sinto algo gelado na minha cabeça, ela começa a rir.

A desgraçada estava com minha arma apontada para minha cabeça.

PLAYBOY: Não brinca com isso Marina, não é pro seu bico.

MARINA: Nem percebeu eu pegando né Marcos, essa fica comigo.

PLAYBOY: Nem inventa, vai se machucar…

Ela não deixa eu terminar, em alguns segundos, ela tira todas as munições da arma, engatilha outra vez e atira em mim. Me deu um tesão ver essa mulher tão foda assim.

PLAYBOY: Porra bebezinho, assim você me complica.

MARINA: Fica esperto Marcos, eu não sou a Marina de antes.

Ela dá um sorrisinho e abre a porta do carro, na parte mesmo onde estamos. Ela sai me deixando com cara de bobo. Porra a mulher me desconcertou todo, além de deixar meu carro com as munições espalhadas, e o meu amigão bem vivo.

Fui pra casa rindo pakas do que rolou.

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