Me chamo Sofia vincent, tenho 19 anos. Moro em São Paulo, mas não sou daqui, sou da Itália. Vim de lá para cuidar da minha tia Ket, que está enfrentando um probleminha de saúde, mas nada muito grave. Assim que ela melhorar, estarei retornando para casa.
Estou completando cinco meses desde que cheguei em São Paulo e já fiz muitas amizades na nova escola. Inclusive, conheci um cara, e estávamos saindo, nos conhecendo aos poucos. Porém, terminamos recentemente, porque o descarado me traiu.
— Eu preciso mesmo ir a essa festa, Lili?
Sentei-me sobre a cama e olhei para a tela do meu celular, que anunciava uma mensagem do imbecil. Desde que terminamos, ele vem me enviando mensagens. Meu WhatsApp está repleto de pedidos de desculpas, mas não tive coragem de abrir. Agora, minha melhor amiga Lili está aqui no meu quarto, me aborrecendo, para irmos a uma festa em uma boate no centro da cidade. Confesso que não estou tão animada. Acabei de sair de um relacionamento, e minha vontade de sair de casa está zero.
— Vamos garota, levante esse traseiro dessa cama. Coloque uma camada de vergonha e pare de se sentir triste por aquele canalha, que não sabe o quanto você é importante. Ele não sabe o que perdeu, guria.
— Não estou afim Lili, é difícil passar por isso.
Reclamei ainda sentada no mesmo lugar.
— Quero te apresentar alguém muito importante, vamos. Você vai gostar, tenho certeza que vai me agradecer depois.
— Acho que nesse momento, o que menos preciso é conhecer alguém. Não acha? Além do mais Lili, eu não gosto de locais tão cheios, deveria ter escolhido um lugar mais calmo.
Fiquei no mesmo lugar, ouvindo Lili me convencer de todas as formas, que eu precisava sair um pouco. Que eu preciso deixar meu ex de lado, que preciso sair, arrumar novos amores. Depois de tanta luta e insistência, eu me levantei e fui tomar um banho. Escovei os dentes e me arrumei.
Enquanto eu me maquiava, pensei em tudo que ela disse. Realmente estava certa. Tenho que sair, me distrair um pouco, talvez com isso eu melhore nos próximos dias, e tire Lian dos meus pensamentos. Ele não merece nem uma gotinha das minhas lágrimas, tenho que ser uma mulher madura, como sempre fui. Apesar da minha idade, sempre mantive minha mente centrada e a cabeça no lugar.
Esses cinco meses que se passaram, eu fico muito triste, por estar distante da minha família. Minha mãe ocasionalmente tem me ligado, me mandando vários abraços virtuais, que se transformam em lágrimas sempre que conversamos por chamada de vídeo. Não vejo a hora de ir embora.
Eu já estava pronta, descemos para o ponto de táxi e seguimos para a boate. Estava cheia de pessoas, nunca havia ido a um lugar assim, tão lotado. Ah, se mamãe descobrir que estou por aqui, ela me esgana, me esfola e depois, joga meu lindo corpinho para os cães.
— Definitivamente, esse lugar não é para uma moça tão recatada como eu.
Lili me olha, balança a cabeça em negativa enquanto sorri, olhando para um lado e outro, como se estivesse procurando alguém.
— Não esquento com as suas paranoias, essas santinhas assim, são as mais perigosas.
Entramos e nos misturamos com mais algumas amigas que conhecemos ali. Lili me apresenta um ficante e o amigo dele. O cara era lindo, mas não fazia o meu tipo. Então, eu decidi ficar na minha, sem arrumar problemas para minhas costas, por essa noite. Longe de problemas, será melhor.
Dançamos um pouco enquanto conversamos com algumas meninas. Lili sumiu da minha vista. Parei de dançar um pouco e fui sentar no balcão. Pedi um drink para o barman. Enquanto ele não me servia, passei os meus olhos por todos os lugares, e nada dela.
— Aqui está, senhorita.
Peguei a minha bebida e tomei de um gole só. Terminando, eu decidi ir atrás de Lili. Caminhei por todo aquele lugar enorme, passando por meio das pessoas. Entrei por um corredor que dá acesso a algumas salas da boate. Acredito ser um escritório.
Bati na porta umas duas vezes, e só quando escutei um "Entre", foi que eu decidi entrar. Sei que era impossível Lili estar dentro do escritório, mas não custa nada saber, né? A curiosidade falou mais alto. Assim que adentrei o amplo espaço, os meus olhos foram imediatamente atraídos para duas mulheres nuas que dançavam com uma sinuosidade hipnotizante em torno de um pole dance, suas formas se moviam em um ritmo quase hipnótico. Subiam e desciam em um movimento sincronizado, criando uma atmosfera carregada de energia sensual. Fiquei com muita vergonha por ter entrado ali, sentindo-me como uma intrusa em um mundo completamente desconhecido.
Olhei para o homem parado diante de mim, envolto em uma aura de mistério e confiança. Estava na companhia de outro homem, mas este último não possuía o mesmo charme magnético. Seus olhos negros, penetrantes e desafiadores, me encararam enquanto tomava um líquido do copo, como se estivesse avaliando minha reação diante da cena inusitada.
— Perdão! Pensei que minha amiga estivesse aqui. — balbuciei, tentando encontrar alguma desculpa para a minha presença inoportuna.
Sem esperar por uma resposta, fechei a porta de uma vez, o coração ainda pulsando acelerado, e segui meu caminho sem olhar para trás, deixando para trás aquele encontro surreal."
Saí dali praticamente correndo, como o diabo corre, fugindo da Cruz. Porém, o homem dos olhos negros misteriosos me alcançou, e eu fui pega de surpresa quando, subitamente, fui virada para ele de uma vez, fazendo com que os meus olhos encontrassem os seus lindos olhos negros. Só o que dá ser tão curiosa.
— Por que entrou no escritório? O que procura? — quis ele saber. Seus olhos procuraram os meus, e senti as bochechas corarem no mesmo instante.
— Eu estava apenas procurando uma amiga, me perdoe por ter atrapalhado a conversa de vocês dois.
Olhei por cima do ombro dele, vendo que o outro homem, moreno, estava parado atrás.
— Ferrari, tem uma ligação importante para você no escritório — anunciou o homem moreno.
"Ferrari". Esse, com toda a certeza, era o sobrenome do lindo homem de olhos negros e misteriosos.
— Com a sua licença — pedi, saindo dali. Mas, dessa vez, não fui impedida por ele.
Refiz o mesmo caminho que eu havia feito poucos minutos antes e dei de cara com Lili.
— Onde você estava? Achei que haviam te sequestrado, já que não estava em lugar algum.
— Eu não poderia te levar para onde eu fui.
Lili contou toda astuta, e com aquela cara de safada que só ela tem. Eu já pude imaginar o que ela andou aprontando. Não vou nem perguntar, porque assim estarei me poupando dos detalhes sujos. Os meus ouvidos são santos, como eu.
— Eu queria te apresentar mais uma pessoa hoje. Porém, acho que ele não veio. Não o vejo por aqui. Ficaremos mais um pouco e depois vamos embora. A minha mãe já me ligou várias vezes e até me prometeu arrancar os olhos.
Lili me puxa novamente até a pista de dança.
— Tudo bem, Lili. Só mais um pouco, em? E largue de mão esse negócio de me apresentar aos seus amigos sujos e pervertidos, que nem você.
Ela riu alto, enquanto nos movíamos ao ritmo da música que tocava alto.
Nessa brincadeira, acho que ficamos por mais umas três horas dançando, bebendo e nos divertindo. Lili ainda estava ansiosa, esperando que o tal amigo que ela queria me apresentar aparecesse. Eu já havia esquecido dele, mas ela ficava o tempo todo atrás. Ela disse que queria tirar fotos de nós dois juntos e mandar para meu ex-namorado, para ele sentir na pele o que é ser traído. Eu nem liguei para o que ela estava falando. Era evidente que estava mais bêbada que eu e todos os bêbados da festa juntos.
Passei o tempo inteiro com aquela sensação de estar sendo observada, sendo vigiada por alguém, mas não tinha ninguém. A sensação de calor subindo ao corpo me deixava um pouco desconfortável. Quando eu já estava indo me sentar em uma das mesas vazias para descansar um pouco os pés, um homem alto, forte e vestido em um terno todo preto e ajustado veio até mim e disse que alguém estava à minha espera no escritório, pois queria muito falar comigo.
Imediatamente, eu me recordei do tal Ferrari, já que é o único escritório que tem aqui. Foi o que eu entrei sem querer, quando fui procurar por Lili. Mas a pergunta que não queria calar era: "O que ele queria conversar?"
Talvez, ele tenha achado ruim eu ter invadido o seu espaço e ainda não me perdoou por isso. Passou milhões de coisas na minha cabeça.
— Vamos embora! — Lili convida já saindo. O homem que eu acredito ser um segurança ainda estava ali em pé, esperando que eu o acompanhasse. Me levantei pedindo só alguns segundos a ele e fui até a Lili, pedi a ela que me esperasse só mais alguns segundos, que eu já estava indo. Ela faz uma careta engraçada e então se senta sobre um sofá dali e já conversa com um rapaz que estava sozinho também. Agora sei que terei um grande problema na volta em ter que convidá-la para ir embora. Porque quando ela pega uma amizade com alguém, pronto! O mundo se acaba e ela fica no mesmo lugar.
Ajeitei o meu vestido, peguei a minha bolsa de mão e segui o segurança até o escritório. O meu coração estava acelerado no peito. Sinto que a qualquer momento ele poderia estar saindo do peito. As minhas mãos começaram a soar frio e o nervosismo aumentou com força total. O segurança abriu a porta e logo fechou quando eu entrei. Dei uma volta pelo amplo espaço, não tinha ninguém. Nem mesmo as mulheres nuas estavam ali, achei estranho. O lugar é bem decorado ao gosto masculino e confortável. A porta foi aberta, e logo em seguida vi Ferrari passar por ela e trancou a mesma, me fazendo engolir em seco.
— Sofia. — Sua voz potente e sexy soou na sala, fazendo com que o meu corpo estremecesse só em ouvir meu nome sair dos seus lábios.
Olhei para ele, tentando esconder a ansiedade que me consumia. Seus olhos intensos capturaram os meus e um sorriso sutil brincou em seus lábios. Ele se aproximou com confiança, preenchendo o espaço entre nós.
— Estava ansioso para finalmente estar aqui com você, Sofia — disse ele, seu tom grave enviando arrepios pela minha espinha.
Eu engoli em seco, tentando manter a compostura. As palavras pareciam fugir de mim naquele momento tenso.
— O prazer é meu, Sr. Ferrari — respondi, buscando manter a voz firme.
Ele se aproximou ainda mais, sua presença dominando a sala. O calor da sua proximidade contrastava com o frio que sentia nas mãos.
— Espero que tenha se sentido confortável durante a minha espera — comentou, indicando um sofá próximo.
Assenti com um aceno rápido, tentando parecer mais calma do que realmente estava. O ambiente, embora decorado ao gosto masculino, oferecia certo conforto que ajudava a acalmar meus nervos.
"Ele ficou ali, me estudando com ímpeto, enquanto minhas pernas pareciam duas varas verdes tremendo em cima do salto. Eu não sabia por que ele havia me chamado, e por que eu. Mas confesso que a curiosidade me tomou por completo naquele instante."
Continuei ali, em pé, sem entender nada, e pior ainda, sem saber como o tal Ferrari sabe o meu nome, quando na verdade, eu não sei quem é ele. A única pista que tenho é o sobrenome que descobri por terceiros. Ao mesmo tempo que Ferrari é bonito, ele está rodeado de mistérios que me instigam.
— Sente-se Sofia, eu insisto. Não vou te morder.
Mantive-me firme, resistindo à insistência de Ferrari.
— Não, obrigado. Prefiro ficar de pé, não se preocupe.
Eu procurei manter a voz firme, escondendo a inquietação que fervilhava por dentro. Observei atentamente cada movimento dele, tentando decifrar seus próximos passos. Por mais que a situação fosse assustadora, não permitiria que meu medo se transformasse em submissão.
Me encolhi um pouco, sentindo um arrepio percorrer meu corpo. Eu queria muito saber como ele sabe meu nome, e por que trancou a porta. Eram tantas perguntas rondando minha mente que cheguei até a ficar tonta.
— Sofia... Sofia....
Ferrari começou a falar, aproximando-se mais ainda. Cada vez que ele se aproximava, eu dava alguns passos para trás, até que parei, por simplesmente não ter mais saída. Minhas costas encontraram a parede atrás de mim.
— Seu nome é muito lindo, Sofia. Tanto quanto você também é.
Disse ele, me encurralando na parede.
— O que quer? Fale de uma vez e me deixe ir.
Olhei para o lado e percebi que estava completamente sem saída. Mesmo que quisesse fugir, não conseguiria, pois seus braços fortes estavam na altura do meu corpo. Senti o bom cheiro do seu perfume amadeirado, a respiração pesada batendo contra o meu rosto.
— Bem, meu anjo, vou direto ao ponto. Não gosto de rodeios. Eu quero você, quero que seja minha.
Disse cinicamente, como se estivesse tratando de qualquer outro assunto.
— Você deve ser louco! Me deixe sair.
Tentei sair dos braços dele, porém foi em vão. Não tinha como medir forças com ele.
— Já te vi várias vezes. A primeira vez foi quando passei pela rua de uma escola e você atravessou a rua. Naquele momento, soube que te queria. Coloquei um dos meus seguranças de olho em você, e por coincidência, você veio parar na minha casa noturna essa noite.
Diante daquela situação, não sabia se chorava ou se batia nele. Como uma pessoa dessas podia colocar os seus cães na minha cola, e eu nem sabia disso? Pensava que estava andando livremente pelos lugares, quando na verdade, estava sendo seguida e vigiada.
Senti as mãos dele tocarem o meu rosto, massageando as minhas bochechas com o dedo polegar.
Esse homem é louco! Essa era a única explicação.
— Precisa se tratar, acho que não está tão bem da cabeça.
Empurrei ele para trás e caminhei até a porta. Não pude sair, pois a maldita chave não estava na fechadura. Comecei a me xingar mentalmente por ter vindo nessa maldita "boate".
— Eu quero você, Sofia, e eu vou ter. Nada e nem ninguém vai me impedir disso. Estarei atrás de você, sei os seus passos, o que você faz. Tenha muito cuidado, e mantenha os olhos bem abertos.
Veio até mim novamente, colando o seu corpo ao meu. Com a boca, ele explorou a pele fina do meu pescoço.
— Me solte, por favor!
As palavras pareciam não sair da minha boca, eu estava assustada. Mesmo que eu tivesse tido um namorado, nunca trocamos carícias, apenas beijos. Nunca deixei que o meu ex-namorado me tocasse daquela forma em que eu estava sendo tocada.
O meu corpo, novamente, foi encostado na parede. Senti as suas mãos fortes e quentes na minha cintura, mantendo-me no lugar.
— Me deixe ir...
A minha voz falhou no mesmo instante.
— Te darei uma semana, Sofia. Uma semana para você pensar em tudo o que posso te oferecer. Quando for minha, não te dividirei com ninguém. A sua vida será diferente ao meu lado, terá tudo o que quiser. Te tratarei como uma rainha. Lembre-se, tenho tudo o que eu quero. Não esqueça disso.
Disse Ferrari próximo aos meus lábios. Ele se afastou, ajeitou os botões do terno impecável que vestia, abriu a porta e saiu.
Me escorreguei na parede, sentindo as minhas pernas fraquejarem. Soltei a respiração pesada que estava prendendo e caminhei até o sofá. Fiquei ali por muitos minutos, tentando voltar para o planeta Terra, porque eu estava muito longe.
— O que foi isso?
Perguntei a mim mesma, sentindo o meu corpo tremer, quase caindo. As palavras dele não saíam da minha mente. Juntei as forças que quase me faltavam, peguei a minha bolsa e fui saindo.
— Senhorita, me acompanhe, por favor.
O mesmo segurança apareceu, me guiando até um carro preto que estava no estacionamento.
— A minha amiga, ela ficou no...
— Não se preocupe, já a deixei na casa dela. Está segura.
Disse ele, abrindo a porta do carro para que eu pudesse entrar. Seguimos para casa, que até o meu endereço ele sabia onde ficava. Não sei se foi a Lili que disse ou se foi o Ferrari que descobriu também. A única coisa que sei dizer é que agora estou literalmente lascada, com esse homem na minha cola. Parece que ele é louco e sádico. Tenho até medo do que possa acontecer.
Entrei em casa, minha tia estava dormindo no sofá. Caminhei até meu quarto, na pontinha dos pés, sem fazer nenhum tipo de barulho. Até que o abajur foi aceso, me fazendo parar no lugar.
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