_Este será realmente o meu fim...?_ perguntou Ariana sem forças\, prostrada em uma velha cama de campanha. Seu corpo já havia se deteriorado a tal ponto que agora não passava de um vegetal incapaz de se mover\, à beira da morte.

"Isso é uma merda... eu não queria acabar assim... eu só queria que Morgan me amasse... eu sou sua maldita esposa, mas ele nunca me deu um olhar carinhoso, apesar de eu ter salvo sua vida... ninguém neste maldito império me olhou com um pingo de simpatia... tudo foi uma merda e agora que não consigo sentir nada, eu só quero morrer..."

lamentava-se Ariana em seus pensamentos enquanto lágrimas brotavam de seus olhos e corriam por suas bochechas sem parar.

Uma vida miserável, essa é a única definição que se pode dar à vida de Ariana de Sia, esposa do arquiduque Morgan de Sia e princesa do império Wihann.

Ariana, sendo a última na linha de sucessão do imperador, a terceira filha e única mulher, e apenas pelo fato de ter nascido mulher e não homem como o imperador e a imperatriz queriam, Ariana nunca foi amada por sua família, até mesmo seus irmãos a ignoravam. Ariana foi criada por uma serva em seu próprio palácio desde que era um bebê. Como princesa, nunca lhe faltou nada material, pois, embora não fosse amada por seus pais, ela ainda era filha do imperador e nunca lhe faltaram luxos ou uma educação excelente. Ariana era uma princesa e foi criada como tal.

Embora o que ela mais desejasse fosse o amor de seus pais e irmãos, e sempre se esforçasse muito para ser perfeita em tudo, pensando que assim sua família ficaria orgulhosa, isso nunca aconteceu. Não importava o quanto se esforçasse para se destacar em todos os campos possíveis da sociedade, nunca recebia mais do que uma felicitação seca e sem emoção por parte de seu pai, ou até mesmo uma repreensão quando fazia coisas ou se metia em assuntos "que não eram para mulheres".

Tudo isso fez com que Ariana só piorasse em sua obsessão por ser perfeita. Ter crescido sem nenhum tipo de afeto a levou ao extremo de se sacrificar para agradar aqueles que ela queria e ansiava que a amassem também.

Mas tudo foi inútil. No final, nenhum de seus esforços teve resultados e, quando Ariana atingiu a maioridade, foi entregue em casamento ao jovem arquiduque Morgan de Sia, assim que este retornou da guerra, deixando de ser uma princesa para se tornar a arquiduquesa de Sia.

E embora Ariana conhecesse Morgan desde a infância e sempre tivesse sido apaixonada por ele, havia algo que a afligia muito, pois para ninguém era segredo que o jovem arquiduque era apaixonado pela rosa do império, a filha do duque Voran, a senhorita Lucia, que era amada por todo o império por ser uma jovem humilde e de bom coração, que era gentil com todos, independentemente de seu status. Muitos eram apaixonados por ela, mas os principais pretendentes eram Morgan e o irmão mais velho de Ariana, o príncipe herdeiro Stephan. Entre os dois, literalmente, eclodiu uma guerra pelo amor de Lucia, mas no final o vencedor foi Stephan, porque, para tirar Morgan do caminho, ele o enviou para a guerra na fronteira e assim ele pôde ficar com Lucia, tornando-a sua prometida e depois sua esposa.

E o segundo fato que a afligia era que ela nem sequer era vista como esposa. Ariana era apenas um remédio entregue a Morgan como recompensa por vencer a guerra.

Morgan foi amaldiçoado durante a guerra e essa maldição estava destinada a matá-lo, deteriorando seu corpo aos poucos.

Mas havia uma solução e essa era Ariana, ou melhor, seu sangue, já que Ariana era a última herdeira do chamado sangue milagroso que foi concedido ao primeiro imperador como uma bênção de Deus e herdado de geração em geração, mas com o tempo esse sangue foi se perdendo e depois de quase cem anos Ariana foi a única que o herdou.

Um sangue milagroso capaz de curar qualquer mal, doença, ferimento ou maldição.

E Ariana sabia que a única razão pela qual seus pais, apesar de não a amarem em absoluto, continuavam a mantê-la era por causa de seu sangue milagroso que poderia ser útil em algum momento, e esse momento chegou quando Morgan retornou vitorioso da guerra, mas com essa maldição, embora muitas vezes a tivessem usado para curar os príncipes ou os imperadores quando estes adoeciam gravemente.

Morgan também não a queria em absoluto, ele apenas a aceitou como o que ela era aos olhos dos imperadores, um remédio útil naquele momento. Em vez disso, passou a odiar Ariana pelo fato de ser irmã de quem lhe havia roubado a mulher que amava de uma forma tão suja. Então Morgan não se dava ao trabalho de esconder seu ódio por Ariana, não importava a situação, tornando Ariana motivo de chacota da sociedade como a esposa desprezada que só foi aceita pelo arquiduque como uma cura para sua maldição, e era óbvio que assim que a maldição fosse completamente curada, Ariana seria descartada.

Mas, apesar de estar ciente de tudo isso, Ariana ainda se agarrava ao seu amor por Morgan e, a despeito do desprezo dele, sempre se preocupou com ele e cuidou de seu bem-estar, fazendo todo o possível para fazê-lo feliz.

Mas tudo foi inútil. Assim que a maldição de Morgan foi curada, ele marchou para a guerra novamente, deixando Ariana sozinha à mercê de todos, sem nenhuma proteção.

Sem o arquiduque, ninguém respeitava Ariana, pois todos a consideravam a esposa desprezada que nem mesmo sua família queria ou respeitava. Ela não passava de uma inútil que não merecia nada.

Ariana, a esse ponto, já estava cansada de tudo. Naquele ponto, ela não se importava com mais nada e só ansiava por ter um pouco de paz em sua vida que era uma merda.

Tratada como uma plebeia dentro de sua própria mansão, as criadas abusavam dela, batiam nela e tomavam suas coisas, e ela não podia fazer nada, pois até mesmo o mordomo a odiava e a considerava uma vergonha como esposa do arquiduque, e quando Ariana tentou pedir ajuda à sua família, só recebeu mais golpes e foi trancada e proibida de sair do arquiducado. Afinal, ninguém se importava com o que acontecesse com ela, e os criados não perderiam os luxos que estavam desfrutando às suas custas por nada.

Os anos se passaram e ela foi vítima de todos os tipos de abusos naquela mansão, e Ariana, cansada de toda aquela merda, não queria mais sofrer e simplesmente se deixou morrer de fome na cama do porão onde a mantiveram trancada por mais de dois anos.

Os dias se passaram e seu corpo enfraqueceu a tal ponto que ela já não conseguia mais se mexer. A morte de Ariana estava próxima, mas ela nunca imaginou que nem mesmo em seu leito de morte a deixariam em paz.

Naquela noite, alguns guardas invadiram o porão e, como se fosse um animal, a arrastaram para fora, tirando-a da mansão, onde a esperava uma carruagem na qual a colocaram e a levaram embora.

Ariana não se importava com nada, então apenas permaneceu inerte e se deixou levar para onde quer que a estivessem levando.

A carruagem parou e Ariana foi novamente arrastada para fora, percebendo que a haviam levado ao palácio imperial. Continuaram a arrastá-la e ela só conseguia ouvir os murmúrios dos criados olhando-a com horror, assustados com sua aparência demacrada e moribunda.

Os guardas a arrastaram até um quarto onde a jogaram em uma cama e saíram, trancando a porta.

Ariana nem se importava com o que estava acontecendo. Seus pensamentos estavam perdidos. A essa altura, ela não conseguia sentir emoção alguma. Seu único desejo era morrer de uma vez por todas.

Alguns minutos depois, a porta do quarto foi aberta abruptamente, dando passagem a Stephan, que ficou chocado ao ver o estado em que Ariana se encontrava.

_O-o que diabos aconteceu com você...?_ ele conseguiu perguntar\, se aproximando.

Ariana simplesmente o olhou sem nenhuma emoção em seus olhos e não disse nada, apenas continuou observando o quão surpreso seu irmão mais velho estava.

_Por que me trouxeram aqui...?_ perguntou Ariana com sua voz fraca e desanimada.

Stephan olhou para ela com pesar e de repente se ajoelhou na beira da cama, segurando a mão de Ariana.

_Por favor\, irmã\, salve minha esposa!_ ele implorou\, fazendo com que Ariana entendesse tudo.

_Lucia está à beira da morte. O parto se complicou e agora sua vida está em perigo. Os médicos dizem que não há mais nada a fazer porque ela perdeu muito sangue e a magia de cura não funciona mais. Eles dizem que só um milagre pode salvá-la. Por favor\, irmã\, você pode salvá-la. Dê-me seu sangue\, por favor_ suplicou ele\, desesperado.

Ariana simplesmente desviou o olhar para o teto e mais uma vez pensou que queria morrer e sentir a paz absoluta da morte.

_Eu quero morrer e descansar de toda essa merda de uma vez por todas..._ ela exclamou fracamente\, surpreendendo Stephan com suas palavras\, mas naquele momento ele nem se importava com a condição de Ariana\, ele só queria seu sangue para salvar Lucia. Ela era a coisa mais importante para ele naquele momento.

A razão pela qual Stephan pedia o consentimento de Ariana era porque, sem seu consentimento, o sangue não teria nenhum efeito.

_Você pode pegar meu sangue... pegue tudo até a última gota... até me deixar sem vida... é a única coisa que eu quero... eu quero morrer de uma vez por todas... conceda-me isso como pagamento por salvar sua amada. Conceda-me a morte que tanto anseio..._ disse Ariana fracamente\, olhando para o teto.

Stephan, pela primeira vez, se perguntou seriamente o que diabos havia acontecido com sua irmã para que ela não quisesse nada além da morte, mas além de se importar, ele só se preocupava com sua esposa e se Ariana queria morrer, que fosse depois de salvá-la.

_Tudo bem_ disse Stephan com um nó na garganta e um estranho desconforto no peito que ele decidiu ignorar\, e imediatamente ordenou que o médico e seu assistente entrassem no quarto. Eles simplesmente ignoraram o estado de Ariana e\, com a ordem do príncipe\, o médico se aproximou e pegou o pulso de Ariana para cortá-lo e colocar um recipiente embaixo\, onde o sangue caía.

Com seu corpo debilitado a esse ponto, a mínima perda de sangue seria fatal, e Ariana sabia disso e ficou feliz por isso. Finalmente, ela teria um pouco de paz. A morte lhe daria a paz que a vida não lhe deu, e por isso ela se entregou a ela.

Um pouco mais de um litro de sangue saiu de seu corpo e nem uma gota mais fluiu, deixando Ariana completamente sem forças, sentindo sua vida se esvair aos poucos.

Ela simplesmente ficou olhando para o teto até que sua mente se apagou completamente e Ariana finalmente obteve o que tanto desejava: a morte, ou pelo menos era o que ela pensava...

_Isso deve ser uma maldita piada..._ diz Ariana sem conseguir acreditar no que via em frente ao espelho.

_Eu realmente voltei no tempo?..._ pergunta a si mesma enquanto toca o próprio rosto e cabelo; no reflexo, está vendo sua aparência de quando era criança.

Uma longa cabeleira ruiva e brilhante, uma pele pálida e leitosa com um tom rosado que a faz parecer suave e delicada, e dois olhos dourados que brilham como o sol, adornando seu rosto angelical de menina.

_Devo ter uns 12 anos, não é?_ Ariana continua se olhando no espelho sem poder acreditar. _Sinceramente, eu já tinha me esquecido de como já fui bonita assim, pareço uma boneca de porcelana... embora eu não me lembre de que meu rosto fosse tão inexpressivo... Suponho que essas sejam as consequências do meu passado... Sinto como se não tivesse emoções._

No passado, Ariana foi perdendo sua beleza aos poucos, até que dela não restou praticamente nada, apenas um corpo emaciado com o cabelo completamente arruinado e dois olhos apagados, sem brilho algum; sua beleza se perdeu por completo devido à vida miserável à qual foi submetida.

Depois de continuar se olhando no espelho por um tempo, Ariana finalmente se convenceu de que havia retornado ao passado, quando era criança.

Ela simplesmente se deixa cair no chão e fica olhando para o teto, pensativa, enquanto suspira profundamente.

_Eu realmente sentia falta de me sentir assim... sem nenhum fardo... sem dor... não sinto nada, e isso é realmente bom..._ diz ela, levantando a mão no ar, olhando para seus dedos pequenos e delicados.

Então, a pergunta surge.

_O que eu devo fazer agora?..._

É óbvio que ela não quer voltar a viver de uma forma tão miserável, mas também não é como se pudesse fazer algo para evitar esse destino; faça o que fizer, ninguém vai amá-la, muito menos ajudá-la. Se não o fizeram da primeira vez, por que o fariam agora?

_Eu deveria simplesmente fugir e pronto?... Pelo menos assim eu teria uma vida tranquila, além de que não acho que alguém se importe se eu desaparecer... Embora, se eu fugir, não vou poder me dar ao luxo... mmm, ou eu deveria me vingar?... Nah, não sirvo para isso, além do mais, não é como se eu guardasse rancor de alguém, ou melhor, não consigo sentir rancor, embora se desta vez eles cruzarem o meu caminho, não vou hesitar em acabar com eles... Eu me tornei uma maldita boneca sem emoções..._

No final, Ariana não decide nada e acaba adormecendo ali mesmo no chão, coisa que não fazia há vários anos, dormir em paz, sem nenhuma preocupação, já que por enquanto ela estaria bem, mas definitivamente faria algo para mudar o futuro...

Mas, infelizmente, esse sonho não durou muito, pois uma empregada entrou no quarto e, ao se deparar com Ariana caída no chão, pensou que ela havia desmaiado e se alarmou, criando um escândalo que a acordou.

_Princesa, a senhorita está bem?!!_ pergunta a empregada alarmada, sacudindo o corpo de Ariana como uma louca.

_Barulhenta, cale-se_ diz Ariana irritada, fazendo com que a empregada se cale por instinto, pois o tom e a aura intimidadora que Ariana emanou naquele momento eram aterrorizantes.

_Eu só estava dormindo, você não precisa fazer tanto barulho, Mari_ diz Ariana, olhando para ela com aqueles olhos inexpressivos que intimidavam tanto que era impossível manter contato visual.

"Que diabos está acontecendo comigo?", Mari se pergunta em seus pensamentos ao ver seu corpo tremer. "A princesa está aterrorizante, a culpa é toda daquele acidente."

Ariana se levanta e se dirige para a cama para se jogar nela; ela só quer continuar dormindo.

_Parece que a senhorita já está melhor, princesa. Fiquei muito preocupada depois do acidente_, diz Mari, voltando a si, pois é ilógico que agora ela tenha medo da menina que criou desde bebê.

_Qual acidente?_ pergunta Ariana sem saber a que ela se refere.

_A senhorita não se lembra? Ah, é lógico, você bateu a cabeça com força ao cair da escada_, diz Mari, fazendo com que Ariana procure essa lembrança em sua mente.

"Ah, já me lembro, uma vez me joguei da escada pensando que, se eu me machucasse, minha família se preocuparia e viria me ver, mas, ao contrário disso, ninguém se importou, já que, devido ao meu sangue especial, qualquer ferida é curada instantaneamente, mas apenas as feridas. Lembro-me de que tive muita febre e passei três dias na cama... Eu tinha 12 anos quando isso aconteceu, então eu realmente tenho 12 anos agora. Vejamos... Eu tinha 23 anos antes do retorno, então voltei 11 anos no passado, quando eu estava na minha fase mais estúpida, onde fazia qualquer coisa para chamar a atenção das minhas mães e irmãos... Não acredito que cheguei a me jogar de uma escada, sua menina estúpida... Bem, a primeira coisa que farei será parar de seguir minha família como um cachorrinho; se eles não me amam e me ignoram, não tenho que fazer o contrário, que se danem todos desta vez!!"

_Entendo... Não se preocupe, já estou bem, agora só quero dormir, por favor_, diz Ariana, bocejando e fechando os olhos.

_Está bem, vou notificar Suas Majestades de que a senhorita já está b_

_Não vai notificar ninguém_, Ariana a interrompe. _O fato de eles não terem vindo me ver depois do acidente ou enquanto eu estava doente só confirma que eu não importo para eles, então você não vai notificar ninguém. Não preciso informar o que acontece ou deixa de acontecer comigo a pessoas com quem eu nem me importo, isso só me faz parecer uma idiota_, diz Ariana em um tom frio que deixa Mari perplexa, mas ela entende

e fica feliz que talvez a pancada a tenha feito perceber a realidade e que ela não esteja mais implorando por amor a uma família que nem se importa com ela e a ignora o tempo todo.

_Está bem, vou me retirar. Descanse, princesa_, diz Mari e passa a sair do quarto, fechando a porta atrás de si, pensando que finalmente a princesa havia amadurecido e que, de agora em diante, se valorizaria mais.

Ariana apenas solta um suspiro e fecha os olhos, adormecendo novamente depois de um tempo.

Já faz uma semana desde que Ariana voltou no tempo para o seu eu de 12 anos e, por enquanto, ela se dedicou apenas a aproveitar sua luxuosa vida de princesa como nunca antes, sem se preocupar muito com o futuro, pois tem certeza de que, fazendo pequenas mudanças, as coisas mudarão.

E uma dessas mudanças é aumentar seu valor como princesa sendo reconhecida como um gênio.

Essa ideia surgiu porque hoje as aulas de Ariana seriam retomadas: etiqueta, história, matemática, dança, bordado, política etc. E como ela já possui todos esses conhecimentos, não está disposta a estudá-los novamente, isso seria estúpido, então ela mandou chamar todos os seus professores particulares para realizar seu plano de ser reconhecida como um gênio.

Matar dois coelhos com uma cajadada só: libertando-se de estudar e ganhando uma posição favorável que pode ajudá-la no futuro.

Se ela se envolver mais com os deveres da família imperial, poderá conseguir um cargo na corte ou um título que a dispense da obrigação de se casar, embora duvide que isso aconteça nesta sociedade machista em que nasceu, mas se ela ganhar algum poder, não terá mais que se preocupar em ter uma vida ruim, já que o poder é tudo aqui, quem tem poder tem uma boa vida garantida e, se no final ela for obrigada a se casar novamente com o arquiduque Morgan, não se deixará pisotear por ninguém e assumirá seu lugar usando seu próprio poder sem depender de ninguém.

No salão principal do palácio da princesa, todos os seus professores já estão reunidos esperando por Ariana enquanto se perguntam o que está acontecendo.

As portas se abrem dando passagem a Ariana seguida por Mari e elas se posicionam em frente aos professores.

Saudações à princesa imperial. Dizem todos em uníssono enquanto fazem reverência seguindo perfeitamente a etiqueta para com um membro da família imperial.

Os professores se levantam e olham para Ariana esperando sua explicação para reuni-los a todos, embora, assim como Mari, nenhum seja capaz de olhá-la nos olhos, aquele olhar inexpressivo e aquela aura intimidadora que ela desprende são aterrorizantes, é como se estivessem diante do próprio imperador, que é conhecido por ser um homem frio e cruel com todos, exceto com sua "família", onde Ariana claramente não se inclui, apesar de ser.

Vou direto ao ponto, não vou mais ter aulas com vocês. Diz Ariana, deixando todos surpresos.

O professor de história, o conde Marco, é quem dá um passo à frente e fala expressando sua discordância.

Desculpe princesa, mas essa decisão não é algo que lhe compete, Sua Majestade a Imperatriz nos contratou especialmente para educá-la como o membro da família imperial que ela é, então você simplesmente não pode decidir que não terá mais nossas aulas, nosso dever é educá-la e não pedir sua opinião, princesa. Diz ele claramente disfarçando seu descontentamento com a arrogância repentina que Ariana demonstra diante deles quando ela sempre se manteve em silêncio recebendo seu conhecimento.

Ariana percebe isso e olha diretamente nos olhos do homem friamente, fazendo-o se encolher, sentindo-se repentinamente diante de um predador perigoso.

Eu entendo seu ponto, conde Marco. Diz Ariana com uma voz fria e cortante. Mas não estou decidindo isso apenas por fazê-lo como se fosse uma menina ignorante, é claro que tenho um argumento que apoia o fato de que não considero mais seus ensinamentos úteis. Diz olhando para todos.

E você pode nos dizer qual é o seu argumento, princesa? Pergunta o conde.

Claro que sim, conde. Responde Ariana com um sorriso malicioso para então apagá-lo de repente e olhar friamente para todos os seus professores. Meu argumento é baseado no fato de que já possuo todo o conhecimento que vocês podem me ensinar e posso até garantir que estou em um nível de conhecimento superior ao de vocês mesmos, conde, e isso é graças ao fato de eu ser um gênio do conhecimento. Afirma Ariana com arrogância, deixando todos os professores estupefatos.

Por favor, princesa, pare com as brincadeiras ou serei obrigado a apresentar uma queixa a Sua Majestade a Imperatriz por seu mau comportamento e zombaria de nós. Diz o conde Marco olhando para Ariana com desgosto. Ele não consegue acreditar que aquela garota estúpida que nem mesmo seus pais querem seja tão arrogante. Parece que ele terá que lhe dar uma lição.

Acaso acredita que estou brincando, conde? Pergunta Ariana olhando para o conde friamente, fazendo-o se encolher mais uma vez diante de seu olhar, sentindo um arrepio aterrorizante.

Não pretendo que acreditem em mim e pronto, não sou tão ignorante. Continua Ariana. Por isso, proponho que vocês me façam um teste que o confirme, neste exato momento, vocês preparam o exame final de cada uma de suas áreas e eu responderei cada exame em menos de cinco minutos. Propõe Ariana. E se isso não lhes parecer suficiente, podem fazer um exame oral que o reafirme assim que eu terminar os exames escritos.

Os professores se entreolham surpresos e é o conde quem parece mais irritado, ele realmente não consegue acreditar na arrogância que essa pirralha desenvolveu. Parece que ele terá que lhe dar uma lição.

Muito bem. Diz o conde erguendo o olhar cheio de raiva. Faremos isso, princesa, mas se tudo isso acabar sendo uma piada imatura de sua parte, você terá que se responsabilizar por seus atos.

Claro, conde, eu já fiz minha proposta, é a sua vez. Diz Ariana.

Se você não responder a cada exame escrito em cinco minutos, terá que nos dar a cada um uma compensação monetária, além de ter que enfrentar Sua Majestade a Imperatriz assim que apresentarmos uma queixa e você não terá o direito de reclamar conosco quando for punida ou quando tiver que pagar nossa compensação. Declara o conde olhando para a princesa com escárnio.

Também podem ser ouvidas risadinhas dos outros professores.

Está bem, aceito suas condições, em troca, se eu ganhar, vocês mesmos se encarregarão de me apresentar a Suas Majestades como um gênio do conhecimento que não precisa de nenhum de seus ensinamentos e também terão que me pedir perdão de joelhos por sua falta de respeito para com um membro da família imperial. Diz Ariana olhando para eles seriamente.

Mas o conde, confiante de que isso é apenas uma brincadeira de uma menina imatura, ri debochado.

Está bem, princesa, se você passar no teste, juro em nome de Sua Majestade o Imperador que pedirei perdão de joelhos e beijarei seus pés na frente de todos no conselho imperial. Diz ele zombando, olhando para Ariana confiante.

E Ariana, em vez de ficar com raiva, sorri maliciosamente ao ver como o conde caiu completamente em sua provocação e agora ele não será apenas a escada que a levará ao reconhecimento como um gênio perante o império, mas também servirá de exemplo para todos que ousarem menosprezá-la.

Ela trouxe consigo um artefato de gravação onde as palavras do conde foram gravadas.

Ela tem uma coisa clara e é que nesta vida ela não se deixará pisotear por ninguém, não importa quem seja, quem ousar menosprezá-la sofrerá as consequências, não importa quem seja.

Afinal, não há nada mais perigoso do que alguém que não tem nada a perder e esse é o caso de Ariana, se ninguém se importa com ela, ela também não se importa com ninguém. Ela não hesitará em passar por cima de quem quer que seja para atingir seus objetivos, seja usando-os ou pisando neles, como será o caso do conde.

Bem, Mari, prepare tudo para que os professores comecem a preparar seus exames. Ordena Ariana a Mari.

Como ordenar, princesa. Responde Mari fazendo uma reverência antes de sair da sala.

Bem, vocês têm uma hora para preparar seus exames. Informa Ariana olhando para os professores com seu rosto inexpressivo e procede para sair da sala também, deixando os professores que começam a falar entre si e zombar da princesa dizendo que a farão engolir sua arrogância, mas o que eles não imaginavam era que seriam eles que o fariam.