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Amor Improvável

Prólogo

POV ALANA

- Você precisa de algo da rua? - Grito pra Caroline antes de sair de casa. Ela nega com um grito também. Estava muito ocupada com as papeladas do Ateliê

Pego minha bolsa e desço de escadas já que o nosso elevador tinha estragado, vou a padaria de sempre da nossa rua. Cumprimento alguns conhecidos no caminho e olho as horas, 14:35 de quinta feira. Já estava atrasada.

Corro voltando para o apartamento e paro no segundo andar na porta 204 dou duas partidinhas e uma senhora de cabelos pretos com fios grisalhos atende.

- Está oito minutos atrasada. - Ela diz seria, mas me dá espaço para entrar.

Olho para o meu relógio de pulso e já era 14:38, exatos oito minutos.

- Trouxe rosquinhas. - Sorrio levantando o papel pardo em minhas mãos. Ela faz uma careta.

- Rosquinhas de novo? Seu repertório tá ficando fraco. - Resmunga, mas eu sei que era brincadeira.

Bethany era uma senhora de 67 anos e era minha vizinha desde que me mudei, ela já mora nesse prédio a muitos anos, a gente nem se via até que um dia no meu primeiro ano, o prédio ficou sem luz, ninguém do meu andar estava em casa, desci até o segundo andar pelas escadas e a primeira porta que eu bati foi a dela, perguntei se estava tudo certo, mesmo estando com receio ela me convidou para entrar, a casa já estava com várias velas espalhadas.

No início foi muito difícil conversar com ela , ela era uma mulher muito fechada e desconfiada, era viúva a quase dez anos, perdeu o marido em um acidente de carro e esse era um assunto muito sensível pra mim, e por mais irônico que fosse, esse foi o primeiro assunto profundo que tivemos juntas e então eu percebi a conexão que tínhamos.

Ela era sempre tão sozinha, tinha dois filhos mas eles quase nunca vinham a visitar e conforme eu fui a conhecendo melhor vi o quanto isso a chateada, por isso combinei de passar a tarde com ela em todas as quintas feiras, que era meu único dia de folga e do jeito dela. Ela aceitou.

Ela tinha algumas manias e uma delas era a pontualidade, eu tinha que chegar sempre as 14:30, mas óbvio que se tratando de mim isso quase nunca acontecia.

- Larga de ser ranzinza. - Vou até a cozinha pegando a mesma tigela de flores de sempre, despejo todas as rosquinha dentro e sigo para a varanda.

Em cima da mesinha já estavam as duas xícaras com pires, uma ao lado de cada cadeira, coloco a tigela no centro da mesa e Bety chega logo em seguida segurando seu bule de chá.

- Quer chá? - Ela sempre pergunta.

- Claro. - E eu sempre aceito porque sei que ela gosta disso.

Ela serve a nós duas e se senta em sua cadeira, cruza a pernas e fica olhando pro céu.

- Alguma novidade? - Pergunta casualmente.

- Ah, você lembra do pastor alemão que eu falei que passou no pet shop a algumas semanas com a pata quebrada?

Ela acente com a cabeça e toma um gole do seu chá enquanto eu como uma rosquinha.

- Ele voltou ontem e já tirou a tala. Como pode a recuperação deles ser tão rápido? Eu demorei mais de dois meses para tirar o meu gesso. - Falo rindo.

- E ele nem vai precisar lidar com essa cicatriz igual a sua, o pelo dele vai esconder. - Ela ri também.

- Ai Bety, você me magoa assim. - Faço cara de quem estava ofendida. E passo o dedo em cima da marca no meu braço esquerdo.

- Você sabe muito bem o que eu penso sobre cicatrizes, sejam elas externas ou internas. São para não nos deixar esquecer do quanto somos fortes e para lembrar de tudo que já passamos. - Ela solta a xícara na mesa e me olha sorrindo. - E você tem as duas. - Ela estica o braço em minha direção e acaricia o meu rosto.

Bety tinha se tornado quase a minha terapeuta, já fazia quatro anos que tínhamos nossas reuniões semanais toda quinta e eu falava que isso era minha sessão de terapia, já que eu sempre desabafava com ela sobre tudo e ela sempre dava os melhores conselhos. Ou conselhos ruins ditos da melhor forma.

- E você? Alguma novidade, um passarinho verde me contou que você anda saindo para caminhar com o senhor Wood do primeiro andar. - Dou uma piscadinha pra ela.

- Mas não é possível mesmo, Sarah tem que parar de ser fofoqueira dessa maneira, não é só porque ela fica na portaria o dia todo que tem que falar o que acontece por lá.

- Para com isso, você precisa de um namorado. - Começo a rir, já fazia algum tempo que eu pegava no pé dela com isso.

- Ah e você não? Quando foi a última vez que transou em garota?

Quase cuspo o meu chá.

- Você tem uma boca muito suja para uma senhora sabia Bethany. - Franzo as sobrancelhas.

- Quem fala o que quer, escuta o que não quer. - outra mania dela era os ditados populares.

- Para a sua informação eu não preciso disso tanto quanto fazem parecer que é necessário tá. - Minto.

- É por isso que você sonhou com o menino que eu não devo falar o nome? - Ela arqueia uma sobrancelha.

Paro no momento em que escuto ela falar isso, Sonhei com Shawn no último mês, foi um sonho um pouco quente, ele batia na minha porta no meio da madrugada, brigamos como nunca havíamos feito antes e depois nos amamos da mesma forma. Acordei com os lençóis ensopados, e só a sensação de lembrar do calor do corpo dele depois de tanto tempo me fez pensar nisso por dias, até que um dia acabei contando pra Bety.

- Aí Deus, nunca deveria ter te contado isso, se arrependimento matasse eu estava a sete palmos abaixo da terra.

- É, mas não mata, então deixa de drama. Acho que deveríamos falar mais dele. - Ela pega uma rosquinha e morde devagar observando a minha reação.

- Mas nem por um decreto, Shawn está fora da minha vida a anos e assim que tem que ser. - Falo sem nem pensar.

- Uuuh, então estamos podendo falar o nome dele? - Ela provoca.

- Come essa rosquinha e fica quieta. - Falo carrancuda, ela não volta a falar mais nada sobre o assunto.

Shawn era tipo um assunto proibido, com quase todo mundo, ou pelo menos era assim que deveria ser, mas vez ou outra algumas pessoas insistiam em tocar no nome dele. Nada que envolvesse ele me deixava bem e eu deixava bem claro ao falar isso para todos.

Demorei muito tempo para superar tudo o que aconteceu naquele ano, e eu jurei pra mim mesma, que eu iria chorar tudo que eu tinha pra chorar, iria chorar de uma forma que nunca havia chorado na vida.

Falei pra mim mesma, vai doer muito, mas vai doer uma vez, pra nunca mais doer de novo. Shawn saiu da minha vida por escolha dele, mas permaneceria fora dela por escolha minha.

Afinal, se te machuca uma vez, a culpa é dele, se te machuca duas, a culpa é sua.

Esse era mais um dos ditados que Bety costumava falar, e esse eu gostava de levar ao pé da letra.

Mendes não passava de um garoto por quem eu me apaixonei perdidamente e que não soube me amar de volta, e eu merecia muito mais do que amar por dois.

Capítulo 1

POV ALANA

Acordo com barulhos insistentes de pratos e talheres na cozinha, olho as horas e era apenas sete horas da manhã, Caroline não tinha mais o que fazer essa hora não?

Me levando contrariando todos os meus instintos, pluma estava ao meu lado no momento que sai dá cama e sem querer derrubo o bichano, ele mia não aprovando a atitude.

- O que te faz estar acordada a essa hora? - Chego na cozinha esfregando os olhos.

Pluma sai do quarto tão inconformado como eu, mas no momento em que vê o pote de ração cheio ele corre até lá e se empanturra.

Caroline estava com uma cesta em cima da mesa, colocando várias frutas, sanduíches e suco dentro da mesma.

- Te acordei? - Pergunta como se já não soubesse a resposta.

Era sábado de manhã, eu havia trabalhado até a uma da madrugada então ela sabia que eu estava tentando dormir.

- Óbvio que não, estava acordada para ver o sol nascer. - Irônizo. - Pra que tudo isso? - Me sento no sofá e fico olhando em sua direção.

- Quero fazer uma surpresa pro Cameron, Vou levar ele pra fazer um piquenique, hoje é nosso aniversário. - Ela diz animada.

Não sei como eu pude esquecer, já que ela vinha falando disso nos últimos quinze dias.

Depois que eu sai do hospital recebi muito o apoio deles para superar tudo o que eu passei. Eles me ajudaram muito e passavam muito tempo juntos, foquei sabendo que até durante o tempo que eu estava no hospital ele já dormia aqui. Sinceramente não fiquei surpresa.

Acredito que isso fez eles se aproximarem mais ainda, porém veio o dia que Cameron teria que ir para a faculdade e mesmo assim eles se falavam todos os dias por ligação, Caroline insistia que era normal, ficando enrolando por um ano nessa “amizade” estranha deles.

Cameron veio passar uma semana aqui nas férias e no meio de uma brincadeira de verdade ou consequência eu duvidei que Caroline beijaria ele, Cam já estava pronto pra sair da roda quando Caroline aceitou, lembro como se fosse hoje, o garoto ficou paralisado como se não estivesse acreditando e então rolou o primeiro beijo deles.

Por esse motivo eu sempre brinco que sou o cupido deles, depois desse dia eles começaram a se envolver até que Cameron decidiu pedir transferência para a nossa faculdade e foi aí que o namoro sério começou de vez. Eles estão completando quatro anos juntos e a cada dia que passa acho eles mais perfeitos do que nunca. O tipo de romance de filmes que todo mundo deseja.

- Você é tão romântica que me vontade de vomitar. - imito uma ânsia de vômito.

- Para de graça, você também é, só insiste em não querer ninguém. - Ela fecha a cesta e me olha.

- Não quero mesmo, quero focar em conseguir o meu trabalho dos sonhos, o resto é só detalhe.

- Você não pode ter medo de se relacionar só porque não deu certo com, você sabe quem

Shawn era o meu Voldemort, era até engraçado a gente se referir a ele dessa forma, eu já estava tão acostumada a corrigir os outros a não faltem o nome dele que já era comum pra mim.

- Você sabe quem não tem nada a ver com isso, é a minha vida e são as minhas vontades, apenas.

- Tudo bem, Tudo bem. Vai ficar por casa hoje? - Ela muda de assunto.

- Vou sair mais tarde para tomar café com o Brad. - Me levanto do sofá quando vejo que ela pega a cesta na mão.

- Ok, divirta-se, eu vou logo porque não quero me atrasar.

- Aproveitem, feliz aniversário para os pombinhos, manda um beijo para Cameron. - Ela acena e sai porta a fora.

Aproveitando que eu já estava acordada mesmo, decido tomar um banho para descer a padaria, provavelmente mais tarde no trabalho iria me arrepender disso, mas isso seria problema para mais tarde.

...****************...

- Como foi a aula essa semana? - Pergunto a Brad.

Brad estudou comigo no primeiro e segundo ano da faculdade, depois disso ele trancou e retornou só agora que eu me formei. Brad também tinha um estúdio maravilhoso de tatuagens e me convenceu a fazer algumas, eu tinha tomado gosto pela coisa.

- Cada dia mais arrependido de ter largado naquele ano, só de imaginar que eu já teria me formado e a gente poderia estar trabalhando juntos. - Ele faz uma cara sofrida e da um gole no seu capuccino.

- Você falando assim parece que o meu trabalho é coisa de outro mundo, sou no máximo vista como auxiliar aprendiz.

Durante a faculdade eu trabalhei no Jack’s, eles me aceitaram mesmo depois de ter que esperar eu me recuperar do acidente para conseguir trabalhar, no início trabalhava apenas no horário da manhã, depois estudava o dia todo e trabalhava a noite. Eu sempre imaginei que depois de me formar seria muito fácil achar trabalho, mas para a minha decepção não foi assim.

Continuo trabalhando no Jack’s de sexta a domingo apenas no horário da noite, de segunda a quarta trabalho de auxiliar em um petshop da cidade, gosto disso porque já é algo para o meu currículo e aprendo na prática do dia a dia, é muito difícil fazer o próprio nome na medicina veterinária, precisava de um empurrãozinho.

Tento não me cobrar muito nessa questão, afinal, acabei de me formar e estou na minha área, só o fato de viver essa experiência três dias da semana já me fazia ter certeza de que era isso que eu queria para a minha vida.

- Você já está formada e trabalha no pet shop, já está muito encaminhada. - Insiste.

- Verdade, e no restante da semana sou bartender. - Sorrio sem mostrar os dentes.

- Para de achar defeito na sua vida, menina chata. - Ele da um empurrão no meu braço e eu começo a rir.

POV SHAWN

Acordei e Cameron já estava todo arrumado na sala se olhando no espelho.

- Uau que gato, se eu fosse mulher eu te pegava. - Lanço uma piscadinha.

- Desculpa, já sou comprometido. - Ele sorri.

- Exibido. - Sorrio também.

- Vou sair com Caroline, hoje é nosso quarto aniversário, ela disse que tem uma surpresa, eu também tenho uma, então vamos fazer uma “troca de surpresas” - Ele faz aspas com o dedo.

Não me lembrava de ver ele tão feliz assim, com a distância e nos falando sempre apenas por telefone ela difícil de conseguir saber de tudo, mas era inegável o quanto Caroline fazia ele feliz.

A campainha toca e ele vai atender. Era Caroline.

- Oi amor. - Ele a cumprimenta com um selinho e ela entra.

- Oi Shawn. - Ela sorri pra mim.

- Oi Carol, tudo certo? Já veio roubar o meu homem?

- Muito pelo contrário, vim pegar de volta o meu namorado que você está mantendo em cárcere privado a mais de uma semana.

Quando eu decidi voltar pra Toronto não queria ter que voltar pra casa da minha mãe, Cameron estava morando sozinho, então perguntei se ele gostaria de dois colegas de quarto. Eu e Zeus, meu husky siberiano. Cameron pareceu adorar a ideia e depois que eu cheguei ele ficou alguns dias por casa comigo.

E graças a Deus o condômino não tinha nenhum problema com cachorros. Eu teria apenas que passear diariamente com ele, o que já era comum pra mim, ele é muito tranquilo mas se ficar trancado num apartamento o dia todo acredito que ficaria mal humorado, então era o que eu estava prestes a fazer.

- Já entendi então, estou sobrando aqui, eu e Zeus vamos dar uma voltinha, aproveitem casal.

Coloco a guia no cão que me esperava pacientemente ao lado da porta e saímos, sempre costumavamos andar durante uma hora, porém costumava ficar aos arredores do prédio, mas dessa vez pensei em ir numa praça que Cameron comentou que passava muito tempo com caroline no início do namoro. Minto para mim mesmo que não estava fazendo isso por ser perto do apartamento de Alana.

Eu sai de casa sem comer nada então quando vi uma padaria ali por perto pensei ser uma boa pegar um café e algo pra comer, foi então que eu a vi.

O ar parecia ter faltado e meus pés estavam impedidos de continuarem a se mover, Zeus continuou a andar mas foi impedido abruptamente pela guia que eu segurava, ele se senta e me olha confuso.

Capítulo 2

POV SHAWN

Naquele segundo o tempo não parecia ter passado, por mais que nitidamente ela parecia mais madura, diga-se de passagem estava um mulherão, mas todo o nervosismo e ansiedade vir a tona apenas por lhe ver pessoalmente, tudo isso trazia em cheio o Shawn de cinco anos atrás.

Ela estava sentada em uma mesa, seu cabelo estava mais comprido, ela vestia uma calça jeans e uma camisa do ramones, ela estava rindo e não estava sozinha, um homem estava com ela, eles conversavam de forma animada e vez ou outra ela tocava no braço dele e ele não recuava, senti inveja daquele homem que eu nem conhecia, ele tinha o corpo repleto de tatuagens e só então percebi que existia algumas no braço de Alana também.

Não consegui evitar pensar que ele era o incentivador dos desenhos em seu corpo, o que mais será que ele era? Será que eu iria querer mesmo saber?

Sem nem pensar duas vezes, viro as costas e volto para o apartamento antes mesmo de completar a hora completa de caminhada, Zeus ficou uivando na sacada por uns dez minutos depois que chegamos até se distrair com alguns brinquedos.

POV ALANA

O trabalho no bar não era algo que eu gostava, apenas estava acostumada com ele, levando em consideração que já estava fazendo isso a alguns anos.

Enquanto estava atrás do balcão olhando aquele monte de gente bêbadas e suadas dançando tudo de qualquer jeito, não me dava a mínima vontade de me juntar a eles, aliás, trabalhar aqui me fez deixar de gostar de ir em festas, não que antes eu gostasse, apenas agora gostava menos ainda.

Mas não era cansativo, apenas barulhento. Entre servir um drink ou outro e escutar umas cantadas de caras que nunca vi na vida, eu conseguia até parar um pouco para apenas observar, geralmente eu ficava sozinha no bar, só tinha ajuda no sábado o noite quando chegava o horário de maior fluxo, que era o que estávamos no momento.

- Lana, consegue pegar mais gelo, acabou aqui. - Max pede, meu colega estava preparando um sex on the beach para uma garota e tive a impressão que paquerava ela.

Reviro os olhos mas não falo nada, vou pegar o gelo, volto com um balde cheio e posiciono do seu lado.

- Obrigada. - Ele diz ainda de papo com a garota.

Estava tão distraída olhando a cena que não tinha percebido uma figura um pouco distante na direção deles.

Shawn estava com uma camisa de botões preta por fora da calça e com os dois primeiros botões abertos deixando um pouco do peitoral amostra, era tudo que eu conseguia ver no meio da multidão, ele olhava todo o ambiente do bar, para todos que estavam dançando, sorria para algumas pessoas que passavam perto mas seus olhos curiosos pareciam procurar algo.

- Vou ao banheiro. - Falo depressa e nem espero a resposta de Max e já estava indo para a área dos funcionários.

Meu coração acelerou tão rápido que podia sentir ele bater sem nem por a mão ao peito.

Tudo bem, eu tenho que admitir que não era uma surpresa tão grande ver Shawn de volta em Toronto, considerando o fato que eu já sabia que ele tinha voltado, mas pensar na ideia de poder ver e de fato ver ele, são coisas totalmente diferente e existe um abismo entre elas.

A mais ou menos duas semanas atrás eu cheguei tarde do serviço, tomei um banho e me deitei, foi o tempo que tive até Caroline abrir a porta do meu quarto bem devagar, a luz estava apagava e eu já me encontrava embaixo dos lençóis.

Caroline as vezes vinha conversar depois que eu chegava em casa, mas nesse dia foi diferente. Parecia que eu sabia, que eu já sentia o que iria acontecer e o que ela iria falar, eu não precisei me virar pra ela e nem falar nada e ela se pronunciou.

- Ele está de volta. - Ela diz com um sussurro de voz.

Um nó se formou em minha garganta e um arrepio percorreu todo o meu corpo, ele estava de volta, depois de tanto tempo ele estava de volta. Não sabia o que pensar a respeito disso e muito menos como me sentir.

Prendo a vontade de chorar, eu não iria dar nem isso pra ele, nem que ele não soubesse, havia prometido pra mim que nunca mais choraria por ele. Caroline fecha a porta sem ter uma resposta minha, ela sabia que não teria mas também sabia que eu tinha entendido.

Nos próximos dois ou três dias eu tive algumas crises de ansiedade com a possibilidade de encontrar ele, quando isso não aconteceu, de certa forma parece que eu tinha esquecido e voltei a viver normalmente, sem a presença do fantasma do meu passado.

Isso até hoje.

Me apoio na pia do banheiro observando meu reflexo no espelho, eu estava pálida e qualquer um que visse diria que eu estava prestar a ter um ataque, o que de certa forma não era mentira.

O que ele fazia aqui? Será que veio por mim?

- Não não, larga de ser besta. - Me repreendo em voz alta por sequer pensar nessa possibilidade.

Eu não deveria mais pensar nele de forma alguma, ele deveria ser um simples estranho ao qual eu já colecionei momentos, nada mais do que isso.

Mas precisava estar tão mais bonito do que antes?

- Aí que ódio. - Abaixo a tampa da privada que algum dos rapazes deve ter deixado levantada e me sento sobre ela.

Eu tinha que voltar lá pra fora, mas estava com medo de dar de cara com ele, o que eu faria? Ou melhor, o que ele faria? Será que tentaria falar comigo? Não, ele não ia ser idiota de sumir por cinco anos e vir falar comigo como se não fosse nada.

Quando eu falava com Caroline sobre ele ter sumido por cinco anos ela sempre me chamava a atenção, dizendo que ele tentou falar comigo, para consertar as coisas

Bom, eu não diria que algumas mensagem consertassem tudo, se ele quisesse mesmo isso, ele teria voltado assim que soube que eu havia saído do coma, coisa que ele não fez, nem ao menos uma visita, aliás, nem uma ligação, apenas mensagem e isso pra mim nunca foi o suficiente.

Respirei fundo uma ou duas vezes antes de deixar aquele banheiro, quando cheguei ao bar meus olhos foram imediatamente para o lugar aonde eu o tinha visto, porém ele não estava mais lá.

Tudo pareceu ser tão irreal se cheguei a me questionar se eu tinha mesmo visto ele ou se era alguma pegadinha da minha cabeça, implorei para que fosse uma pegadinha.

POV SHAWN

Isso era um erro, ir ao local de trabalho dela sem avisar sendo que não nos falamos a anos, isso não era uma boa opção. Isso era loucura.

Tentei me distrair ao máximo possível quando a noite foi chegando, o fato de Cameron não voltar pra casa não ajudou muito a nao pensar nisso.

De uma forma bem sútil e nada comprometedora eu mandei algumas mensagens perguntando ao Cameron sobre aonde Alana andava trabalhando depois da faculdade, foi uma surpresa saber que ela ainda estava no mesmo bar.

Alana não saia da minha cabeça, lembrar dela na padaria mais cedo, lembrar do seu sorriso, eu só queria ver ela de novo.

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