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Simplesmente Você

capítulo 1

allan

- Que demônios passou na sua cabeça! Está louco! Ou quer de verdade me levar a um ataque cardíaco fulminante! Seu... irresponsável!

Marcos olha para o irmão com um misto de diversão e pena.

O pai está furioso com ele.

Também, pudera!

O que Allan achava que estava fazendo?

Só pode ter enlouquecido mesmo...

Thomas está furioso. Mesmo com Linda tentando acalmar o marido, se torna quase impossível.

Enquanto isso, Allan está com aquela expressão impossível de descifrar.

Milena está do lado do irmão, acariciando as sua mão, imobilizada por um gesso.

- Dói muito?

Ela pergunta com a sombrancelha arquiada.

- Não...tá tudo bem.

O pai está enfurecido.

-TUDO BEM?! VOCÊ QUER ME ENLOUQUECER ALLAN!

O homem começa a gritar feito um louco.

- Thomas! Já chega! Não está vendo o que está fazendo? Estamos em um hospital! Se controla!

- SEU FILHO...

- Ele é nosso filho! E se continuar gritando assim vou pedir pra que coloquem você pra fora,ouviu?

Marcos olha pra Milena e por pouco não deixa a situação pior do que está tendo um ataque de risos ali mesmo.

Ver sua mãe dando um esporro no pai se torna Ilário.

- Pai...vamos sair um pouquinho, tem que respirar.

O homem olha para o filho mais velho e respira fundo.

Vai sair um pouco, antes que pelo que é mais sagrado na vida, termine o serviço que Allan começou.

Linda balança a cabeça em sinal de resignação.

- Quer que te traga alguma coisa da rua irmão?

Olha pra ela e sorri.

- Obrigada irmã, o que quero...com certeza não vai conseguir me trazer.

Ela olha pra ele sem entender nada, dá de ombros e sai, deixando ele e a mãe sozinhos.

Linda se senta na cadeira próxima da cama dele.

Fica olhando para o filho, buscando alguma explicação pra tudo.

Calado ele permanece.

Ela quebra o gelo e começa.

- Sei que já ouviu muitas coisas de seu pai. E Allan, não consigo entender. O que passou na sua cabeça? Porque agiu dessa forma impensada? Porque nós odeia tanto?

Ele olha pra mãe.

Não.

Ele não os odeia.

Porque ela acha isso?!

- Mãe...

- Fazemos de tudo pra ver você e seus irmãos bem...mas, seu jeito impulsivo e sem controle...poderia ter se matado, já pensou nisso?

- Não quero me matar, nunca quis...foi um acidente.

- Pegar uma moto potente daquela no estado que estava? É tentativa de suicídio sim!

- Eu precisava sair dali mãe! Ou iria fazer sim...uma grande besteira, mas claro! Nunca ninguém está do meu lado!

- Allan! Não me trate como uma tola! Não sou, entendeu?

Ele sabe que está muito, mas muito encrencado. E nem sabem o resto da conversa...aí sim, seu pai vai arrancar seu couro sem piedade.

Ele começa a se lembrar do quando tudo começou...

"Maldita a hora que decidiu dar aquela esticadinha no barzinho com os amigos.

Se soubesse que sua vida iria entrar em parafuso daquele jeito, nem teria tomado a primeira dose.

Ah Allan, é só uma distração inocente, tentava lembrar...

Inocente!?

Não, Allan...não foi nada inocente.

Aqueles olhos azuis lindos vidrados nele, chamando...pedindo...

Ah, maldição!

Como uma mulher conseguiu fazer isso com ele!?

Justo ele!"

- Filho? Ainda está aqui ou saiu do corpo?

Linda pergunta com um sorriso.

- Desculpa. Estava muito longe mesmo.

- Ah meu querido...deve estar doendo muito, não é?

Ele olha para a perna engessada. Teve foi muita sorte de não se arrebentar inteiro.

- Como disse...está tudo certo.

- Porque Allan?

- Mãe...não quero falar. Por favor, respeite minha decisão.

- Seu pai está louco com você.

- Sei disso.

- Ele é assim explosivo, mas te ama filho...ficou desesperado quando ligaram do hospital avisando que tinha sofrido um acidente de moto. Ele quase morreu de susto.

- Me desculpa...

- Ah filhos...quanto mais crescidos...mais trabalho nos dão...

Ela o beija no rosto.

- Vou deixar você descansar um pouco.

- Está bem.

- Depois volto.

Ele apenas sorri, e fecha os olhos.

Está sentindo agora o efeito de sua loucura. O analgésico está perdendo o efeito, e começa uma dor latejante no corpo, mas vai suportar calado.

Ele bem que merece sentir isso.

Pensa com uma careta de dor.

" Ah...inferno! Tudo por sua causa! Ah...como vou fazer agora? Estou mais que encrencado! Muito ferrado mesmo!

Como fui me envolver com você?

Por que diabos tinha que ter cruzado meu caminho!

Como vou sair dessa roubada?

Todas as mulheres do mundo...e justo você ...essa não! "

Marcos entra no quarto com um sorriso perverso e um tanto divertido.

Ele volta para atormentar ainda mais o irmão que está realmente louco pra ficar sozinho.

- Allan, sei que não vai falar nem sobre decreto...mas cara! Pra ter enlouquecido desse jeito... só pode ter sido por causa de uma mulher...e parabéns pra ela! Conseguiu o impossível com certeza!

Te tirar completamente do chão!

Se não estivesse imobilizado, Allan iria pra cima do irmão.

- Não abusa de minha paciência!

- Me perdoa...mas, é impossível não tripudiar em cima de você.

- Esse gesso não vai ficar em mim pra sempre, então, não me provoca!

- Esse é meu irmão! Tá certo, não vou te zuar...mas, me diz valeu a pena?

A essa altura do campeonato, ele não sabe se sim ou não.

A última lembrança que tem dela... é sua expressão de surpresa, quando ele disse quem era.

Ela ficou muito pálida e sem reação, simplesmente saiu correndo pelo corredor do hotel, sem ao menos deixar ele se explicar.

Que explicação teria ali naquele momento?

Nenhuma...pelo menos, cabível.

- Marcos, por favor...estou com uma dor de cabeça descomunal. Preciso mesmo ficar sozinho.

- Cara, tudo bem, te entendo. Se precisar de mim, conte comigo. Sabe disso né?

- Obrigada.

- Quer um remédio?

- Não...vou ficar quieto. Já passei dores maiores pra um ser humano suportar.

- Nada é impossível de se reverter.

- Não tenho tanta certeza disso agora.

- Nunca te vi desse jeito.

- Vai tudo se resolver.

Respira fundo.

- Ok. Vou ver se consigo deixar o pai mais calmo. Depois a gente se fala, tudo bem?

- Tá.

Quando sai, Allan pensa em suas próprias palavras, e fica na dúvida, se realmente tudo se resolverá...de verdade.

capítulo 2

Rachel

Não pode ser! Ah meu Deus, não! Ele não!"

Ela até agora está estática.

Sabia que a vida realmente é cheia de surpresas, mas parece que foi sorteada.

Nunca sai.

E quando faz isso...ele!

Tinha que ter aparecido em sua vida.

E desse jeito!?

Bruno está olhando pra filha com a respiração tensa.

- Pode me dizer o que está acontecendo, Rachel?

- Quê?!

- Durante a reunião, estava em outro lugar, menos aqui no escritório. O que houve?

- Pai...

- Esperando não ter mudado de ideia quanto a viagem da próxima semana.

- Viagem?

- Esqueceu que estamos disputando uma conta importante contra os Parker?

- Ah...não, claro que não.

- Soube do acidente do filho dele?

- Acidente?

- O maluco quase se matou com uma moto.

"Ah Allan! Porque fez isso?"

Ela se senta derrotada.

Sente-se culpada. De verdade.

- Aquele playboy metido a besta.

- Pai! Coitado! Deve estar machucado...não tem pena dele?

- Não!

Rachel não consegue entender a raiva entre as famílias. E onde tem alguma coisa haver com isso, mas não vai questionar...não é o momento.

- Vou pra casa. Vem comigo?

- Não...vou a um lugar antes.

- Sair com a Kate?

- Não...outro lugar. Não vou demorar pai.

Ela pega a bolsa, a chave do carro e sai.

É uma grande loucura, sabe disso. Mas tem que falar com ele.

Precisa.

Quando entra no estacionamento do hospital, sente seu coração na boca.

Não era desse jeito que pretendia reencontrar Allan...

Deve realmente estar pagando por todos os pecados de vidas passadas, não tem outra explicação.

Na recepção, é recebida por uma mocinha simpática.

- Boa noite, em que posso ajudá-la?

- Ah, boa noite. Eu...preciso saber de um paciente...ele sofreu um acidente de moto mais cedo. Allan Parker.

- É familiar dele?

- Ah não. Eu...sou uma conhecida dele. Por favor, não vou demorar, prometo.

- Esse horário não é de visitas...mas, posso abrir uma exceção. Qual é mesmo seu nome?

- Eh... Rachel Miranda.

A moça anota no livro de visitantes, e deixa que ela entre.

A conduz até a porta do quarto dele quando é chamada pra atender um outro chamado.

- Ah me perdoa, pode ir sozinha?

- Tá bem.

Parada na porta, Rachel realmente está sem saber se segue adiante.

Seu coração está disparado e com a respiração acelerada.

Segura na maçaneta da porta e com uma batidinha leve, abre.

Ele está com os olhos fechados, mas não está dormindo.

Está com muita dor.

Insuportável!

Mas, não vai pedir remédio algum.

É sua penitência particular.

Quer sofrer.

De verdade.

- Já disse...não quero remédio...não quero nada! Só quero ficar aqui em paz! É pedir muito?!

Ele fala sem ao menos olhar pra quem está entrando, achando se tratar de uma enfermeira na troca de turno.

- Allan...

Ele abre os olhos e se surpreende.

- Quê!?

- Precisava ver você...

- Quer tripudiar? Ah...pode fazer isso. Não tenho como sair daqui...era tudo o que queria... não é mesmo?

- Eu...nunca desejei isso.

- Qual a parte não entendeu? Quero ficar em paz!

- Precisa me ouvir...

- Não preciso! Não quero! Sai daqui!

Ela respira fundo. Não, ela não vai sair dali.

Cruza os braços e fica o encarando em sinal de desafio.

- Até quando vai ficar agindo como um moleque mimado?

- De quê me chamou!?

Agora ele está de fato furioso.

- Moleque mimado e  arrogante!

Ele faz menção de tentar se levantar, esquecendo da perna imobilizada, e isso causa uma dor latejante nele que se contrai.

- Está doido!? Quer se machucar ainda mais?

- Quero...quero que saia daqui!

Ele fecha os olhos. Agora está de verdade uma dor insuportável, doendo até o fundo da alma.

E não é só a perna...é todo o resto.

Rachel se aproxima dele e tenta ajeitar os travesseiros pra que ele se apoie.

- Não preciso de sua ajuda!

- Por favor Allan...precisa me escutar.

- Você acaso tentou me ouvir quando pedi? Não...saiu correndo de mim, como se eu fosse a peste do fim do mundo! Então, agora quem não tem nada pra escutar sou eu! Vá embora!

- O quê queria? Que eu pulasse de alegria ao saber que o homem que estava comigo a minutos atrás era o meu pior inimigo no mundo dos negócios!? Acha que é fácil pra mim?

- Pareci seu inimigo? Em que parte, porque agora estou confuso quanto a isso.

Agora ele está sendo sarcástico.

Ela fica vermelha.

Claro que não.

Até antes de ela saber que ele era...quem era... Allan estava sendo o melhor homem do planeta.

Nunca tinha sentido tantas coisas ao mesmo tempo por um homem.

Perfeito!

Assim era como poderia classificar aquele ser maravilhoso ali com ela.

Mas, em questão de segundos, foi como seu mundo explodisse em milhões de pedaços sem chance de se juntar...

- Não me respondeu, Rachel Miranda!

- Não vim tratar disso com você.

- E o que quer? Saber se roubei seu projeto tão importante? Saiba...nunca faria uma coisa dessas...nem mesmo com você.

- Não pode ser mais humano?

- Eu!? Humano? Ah me faça rir!

- Que raiva de você!

Pare de agir como uma criança birrenta!

- Estou falando! Vai embora!

- Quer saber? Fiquei me sentindo culpada, quando soube de seu acidente, quis vir falar com você...te dar conforto, mas não merece nada.. de ninguém! Fique aí com sua arrogância!

- Eu não pedi que viesse!

- Estupido!

- Vá embora!

Ele franze a testa, e agora não consegue mais disfarçar a dor insuportável e geme forte.

Rachel se aproxima dele, e sente sua temperatura. Ele está ardendo em febre.

Teimoso!

Como consegue suportar tanta dor sem nenhum remédio?

- Vou chamar a enfermeira, ela tem que te medicar!

- Não quero remédio! Não quero você aqui! Que merda está acontecendo, que ninguém me escuta?

Ela o ignora e chama a enfermagem.

Quando a profissional afere sua temperatura, logo aplica uma medicação no braço dele.

- Ai!

- Larga de manha! É pro seu bem...

- Você é a última pessoa da face terrestre a querer meu bem...o que está fazendo ainda aqui? Já mandei ir embora!

- Pra começo de história, você não manda em mim... segundo, vou ficar até que sua temperatura fique normal. Então, conviva com isso!

A enfermeira dá um sorrisinho irônico.

Allan está de fato furioso.

Ninguém jamais o enfrentou dessa maneira.

Não sabe o que a mulher aplicou na sua veia, mas está a ficar sonolento e a dor menos intensa.

Seus olhos estão pesados.

Sem forças pra discutir.

Ela percebe, então arruma o travesseiro pra ele.

Fecha os olhos devagarinho e sua respiração fica suave...adormece com o efeito calmante do analgésico.

- Ele vai dormir um pouquinho, desde que saiu da sala de cirurgia, ele não conseguiu dormir nadinha. Ele é muito agitado. E nervoso. Seu namorado tem que tentar conter seus impulsos.

- Ah... desculpa, ele não é...meu namorado.

- Nossa! A discussão de vocês parecia de um casal de namorados...pode até não ser, mas fariam um belo casal.

- Está fora de questão...uma coisa dessas.

A enfermeira sai com um sorriso.

Rachel fica olhando pra Allan.

É lindo.

Mesmo sendo um poço de arrogância!

Vai esperar.

Quando ele estiver menos estável...volta conversar com ele.

Se aproxima dele, faz um carinho no seu rosto lindo, e sai.

capítulo 3

Se é possível coisa pior que estar preso em um hospital, pior ainda não ter autonomia para tomar as suas próprias decisões.

Claro que está louco pra sair dali.

Não aguenta mais aquela prisão de paredes brancas!

- Quanto tempo mais terei que suportar isso?

- Quem mandou sair correndo com uma moto pela noite como um Highlander?

- Marcos!

- Tem que ter paciência!

- Ah claro, paciência...tudo que não tenho neste momento!

- Me conta...o que a Miranda veio fazer aqui?

- Como soube disso?

- A enfermeira me disse. Aliás, disse que estava virado no Jiraya...porque foi tão estupido com ela?

Allan de verdade não está querendo falar a respeito desse assunto.

- Não quero falar a respeito.

- Cara! Você está azedo igual a um limão!

Allan olha atravessado pra seu irmão.

-  Se está aqui pra me tirar do sério, por favor, vai embora.

Marcos está curioso.

- Aconteceu alguma coisa entre vocês dois?

- O quê disse?

- Ué, está todo nervoso...

- Cara! Me deixa em paz!

- O pai está fulo com você... suponho deve ter acontecido alguma coisa de grave... não tem nada a ver com aquele contrato...tem?

- Não...nada a ver, e falando nisso. Quando vamos viajar?

- Você não vai.

- Mas é claro que vou! Estou nisso desde o começo. Dei meu sangue pra isso!

- Você está avariado...acha mesmo que tem condições de fazer a maratona de reuniões? Nem pensar Allan!

O olhar feroz dele não deixa dúvidas que não vai desistir.

- Nem se tivesse perdido um membro! Vou estar lá!

- Ainda acho...

- Saio desse hospital hoje mesmo!

- Vai se dar alta!?

Allan se apoia em um par de moletas.

Ele não está brincando.

Vai sair dali, nem que tenha que fugir.

- Que acha que está fazendo!?

- Indo embora!

- Mas...

- Se tentar me impedir...vai se arrepender.

- Doido!

- Se me conhece, sabe o quão doido sou. E já que está aqui, vamos logo embora...esse lugar está me deixando doente!

Marcos ri muito.

Não tem como manter o irmão lá contra sua vontade.

Pega todas as recomendações com o médico, e prometendo fazer tudo que está na orientação.

No carro, ele respira aliviado.

Marcos olha pra ele através do retrovisor.

- Acha mesmo que está livre? Espera ver o pai...ele vai te arrancar a alma do corpo!

- Penso nisso depois.

- Que coragem a sua de enfrentar ele...eu não ousaria.

- Tenho que fazer...e, tenho meus motivos.

Ele sabe.

Terá que tirar forças de onde não tem.

Enfrentar os Miranda… vai ser duro.

Por mais estúpido que tenha sido era a única forma de afastar ela de perto dele.

Está achando que se aproximou dela apenas por causa do maldito contrato!

Ele nem fazia ideia...

Era apenas a garota mais linda que ele vi...bem ali, ao seu alcance.

Quando entrou naquele bar, estava apenas querendo uns drinks, nada mais.

Meninas muito bonitas estavam dando bola pra ele.

Muito normal, ele estava acostumado com esse tipo de coisa.

Mas, queria algo a mais…

Gosta de conquistar.

E naquele momento, não tinha de verdade ninguém que despertasse seu interesse.

Estava se preparando pra ir embora, quando uma moça muito atrapalhada esbarrou nele, derrubando toda sua bebida, dando-lhe um belo banho de vinho.

- Ah por favor...me perdoa...

- A culpa foi minha... não devia sair assim de relance...parece que sua roupa também se molhou, não é mesmo?

Ela olha pra si mesma e ri.

- Verdade...

- Como resolver isso agora?

Ele sorri de forma sedutora.

- Bom se quiser, posso pedir pra alguém dar um jeito...

Sua camisa de corte italiano, manchada de vinho tinto? Já era! Mas, não vai deixar a moça angustiada.

- Tudo bem, não tem problema.

- Não há nada mesmo que eu possa fazer?

- Só uma coisa...e não vai poder me negar.

- O quê?

- Só te perdoo, se aceitar outra bebida, que eu quero pagar, tá bem?

- Assim me perdoará?

Ela está com um sorriso lindo.

- Vou fazer o possível pra que isso aconteça.

- Aceito.

- Ótimo. Estava bebendo o quê?

- Vinho...mas acho que já sabe disso.

Ele olha insistente para a boca dela. Que por sinal, está tentadora com aquele batom vermelho.

- Gostou do meu batom?

Ela fala de repente o deixando completamente sem graça.

- Deixei tão evidente isso?

Sorriso maroto.

- Não sabe esconder seus sentimentos...

- É mesmo? O que estou pensando agora, nesse instante?

- Hummm, como deve ser o sabor desse beijo...

- É tão direta assim?

- Com pessoas interessantes...sim.

Ele agora de verdade, está surpreso.

Está com um olhar delicioso.

Está sendo cantado? É isso?

- Me pergunto...o que faz sozinho aqui?

- Estou com amigos, que já se espalharam por aí, enfim abandonado.

- Como são malvadinhos eles , né?

- Eu que sou o malvado da turma...

- Não me parece malvado. Até bem bonzinho por sinal.

Ele ergue a sombrancelha.

- Qual é mesmo seu nome? Acredito que não nos apresentamos, srta...

- Rachel.

- Ah...

-  E você...quem é?

- Allan.

Ela olha pra ele cheia de interesse.

Começa uma música empolgante então ela o chama para dançar.

- Vem!

- Não creio que seja uma boa ideia...

- Por favor...

- Tá. Não me acuse  de pisar no seu pé depois.

Fala com um sorriso lindo.

Mas quando chegam no centro do salão, muda o ritmo. Uma música romântica toma conta do lugar.

A enlaça e puxa contra seu corpo.

- Esse ritmo eu domino. Então, agora eu sei como te conduzir.

É tão estranho...aquele homem tão lindo ali, a abraçando delicadamente e parecendo levá-la a outro mundo.

Com uma simples dança?

Imagine se tivessem trocado um beijo?

Ah, aquela boca dele...

É tentação pra caramba!

E tão próxima...

De repente, os seus lábios se tocam. Primeiro levemente, como se quisessem conhecer o terreno perigoso que isso os levará, mas depois…

O que é isso!

Uma sensação de liberdade e euforia toma conta deles, como se há muito tempo já se conhecessem... é um beijo delicioso como de um filme retirado das telas de Hollywood.

Quente e sensual.

Ela sente toda a sua volúpia.

E como está empolgado!

De verdade!

Suspiro longo e se afastando da zona de perigo, ela ainda consegue ver aqueles olhos azuis brilharem como as estrelas da noite pra ela.

- O quê...foi isso?

- Disse que não sei disfarçar meus sentimentos...e de verdade...me deixou completamente louco.

- Com um beijo?

- Isso foi mais que um beijo... só não sei explicar direito, mais tenho certeza que...foi mais que isso.

Ela sabe que sim. Mas tem que ficar longe de qualquer perigo.

- Aconteceu alguma coisa? Ficou séria de repente?

- Acho que preciso...

- Está fugindo de mim? É isso?

- Não...

- Porque, ao que me parece você que...bom, me deu abertura pra isso.

- Não estou fazendo isso. É complicado.

- Agora me deixou mesmo confuso.

- Posso te dar uma dica? Não faça algo que não vai conseguir levar a diante.

- Como é que é?!?

- Vou deixar pra lá. Não vale a pena...

- Está brigando comigo?

- Você mesmo que disse... não escondo meus sentimentos.

Ela cruza os braços.

- Sabe, gostei de você.

- Tenho a mesma opinião.

Fica a olhando atentamente e segura seu rosto entre as mãos.

Ele a puxa de volta pra seus braços. E o beijo que antes já era bom, fica mais que delicioso... é quase um atentado ao pudor o que eles sentem nos braços do outro.

Com a respiração oscilante, se afasta dele rápido.

- E agora? Ainda sou tão bonzinho o quanto pensou?

Que sorriso é esse!?

Ela pensa ofegando.

***

Marcos está olhando pra o irmão.

Já o chamou diversas vezes e no entanto parece estar em outro planeta...muito distante.

- Ei Allan!

- Quê!?

- Cara, está bem? Ficou com um jeito estranho... está com dor?

Sim.

Ele está.

E essa... ninguém e nenhum remédio vai poder curar.

Ele pensa com um suspiro triste.

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