Você já parou para pensar o quão imprevisível e surpreendente pode ser o destino?
Acredito que todos, em algum momento, já nos perguntamos sobre o nosso propósito nesta vasta existência.
Eu mesmo tinha planos e expectativas para o futuro. Imaginava uma vida ao lado da minha namorada, com dois gatos talvez.
Entretanto, a vida muitas vezes nos reserva caminhos inesperados, e o propósito mudou drasticamente diante dos desafios que enfrento agora.
Me encontro em uma cidade devastada, coberta por ruínas e um cheiro pungente de morte e desolação
O fogo cor púrpura consumiu tudo ao redor, deixando casas e ruas desabitadas.
Criaturas sombrias espreitam pelos escombros à procura de mais sangue. Elas sempre serão soldadas sem piedade.
Olhando o céu, obscurecido por nuvens negras, e raios sinistros cortam o horizonte, reverberando estrondos por toda parte.
Levanto as mão, enquanto uma chuva fina de Misa roxo, polui e infecta tudo ao cair no solo.
Um verdadeiro cenário de apocalipse, se posso dizer, se não visse com meus próprios olhos, talvez não acreditasse que fosse um armagedom causado por um único indivíduo, aquele cara ali.
No centro de toda essa calamidade, estou eu, Renier Kanemoto. encarando a criatura colossal responsável por espalhar a destruição por toda a cidade.
Trata-se de um Dragão Negro, maior que um edifício moderno. Olhos roxos brilhantes com uma malícia inquietante, a presença é avassaladora, como se tivesse sido gerada a partir da essência do medo.
Lidar com essa ameaça está se mostrando muito mais problemático do que jamais imaginei… é um desastre em pensar que me envolvi nesse tipo de situação, mas fazer o que, já me estou muito longe para jogar a toalha.
O Dragão estante suas asas arrastando com o ar tudo em volta, vendo Renier como inimigo.
Apontando uma espada desconhecida emanando uma energia, a aura emitida ao ver os cabelos de Renier para branco e vermelho nos olhos, deixa o dragão em alerta, se preparando para o confronto…
~0~
Em meio à semana na escola, sentado em minha carteira, os olhos vagam pela paisagem urbana lá fora, enquanto as nuvens passam lentamente pelo céu.
O tédio toma conta de mim, ignorando completamente o que está acontecendo na sala de aula.
Quatro anos se passaram desde que vim morar no Japão, mas a realidade é menos emocionante do que os mangás e novels que eu costumava devorar.
Pelo menos tenho uma namorada e uma melhor amiga, que é uma popstar famosa, tornando as coisas um pouco mais interessantes.
Não percebendo, som de passos se aproximando, olhando ao redor vendo os estudantes indo para suas casas. Sendo a amiga dele, Misuzu.
— Renier! Você está ouvindo? — a voz dela ecoa em um grito pela sala.
Olho para ela, a dona da voz alta, antes de responder. — Hun, Misuzu, sei que você é cantora, mas poderia baixar o tom um pouco?
— Isso foi rude de se falar, para alguém que estava perdido no mundo da lua agora pouco você não tem muita moral para responder dessa maneira, Ren. Não prestou atenção durante a aula, pelo visto, não é? — diz Misuzu, estando frustrada.
Uma garota encantadora, com cabelos loiros ondulados e olhos azuis expressivos.
Sua beleza sempre se destaca, mas quando está perto da Nyami ou de mim, sempre acaba ficando mais à vontade, deixando a visão de popstar que todos veem de lado.
Mostrando meu caderno, onde fiz desenhos engraçados e adoráveis, incluindo um dela como uma gata vestida como empregada.
— Heh, bem estava ocupado realçando sua verdadeira natureza.
Estico o braço tentando alcançar o caderno.
— O quê!? — irritada, Misuzu grita. — Colocarei fogo neste caderno!
— Não seja maldosa, Popstar. Gatos são fofos, apenas aceite sua natureza, Misuzu — brinco, mostrando-lhe outros desenhos.
— Hmph!… Você parece não saber o que é ser um gato! Eles não são tão fofos como você pensa… Gatos são ferozes predadores, e se alimentam de animais pequenos. Eu não sou fofa! — respondeu mal-humorada.
— Ora, não gosta de gatos? Não sabia disso. — perguntei, curioso.
Achando a brecha, puxou o caderno sorrateiramente, sem dar tempo para eu reagir.
— Peguei! Claro que gosto de gatos, apenas quis dizer que não deveria vê-los apenas sendo fofos, já que são mais perigosos e espertos do que você imagina.
— Já percebi, então gatinha astuta, vai mesmo queimar o caderno?
Questionei antes dela bater com o caderno na cabeça.
— Heh, você está andando de mais com a Nyami para me tratar dessa forma.
Folheando o caderno. — Algo me diz fortemente que você gosta de apanhar de mulher, está sempre provocando a Nyami, é incrível que você não tenha morrido até agora. — afirma Misuzu, suspirando.
Enquanto conversamos, Misuzu encontra um desenho de Nyami, minha namorada.
— Como eu disse, você gosta, talvez goste de mulheres que dominem você. Desenhar a Nyami dessa maneira mais sexy vai custar um dente do seu rosto. — respondeu Misuzu, alertando das consequências.
— Heh, vou arriscar, gosto de ver reações diferentes que mostra — Respondi ao comentário dela sorrindo. — Aah, por falar nisso, onde está a Nyami? Ela normalmente vem com você no final da aula.
Estalando os dedos, lembro o motivo pelo qual veio me chamar.
— Ah, sim, a Nyami está esperando no terraço da escola para falar com você. Sugiro que vá imediatamente para não deixar sua namorada esperando.
Faço uma reverência de soldado para responder.
— Sim senhora! Se mandam, obedeço. Então, verei ela.
Me preparo para ir encontrar Nyami. Misuzu, antes de passar pela porta, animada, sugere comentando.
— Aah, acho que esse momento pode ser perfeito para dar aquilo para a Nyami. Você está com ele na mochila?
Pergunto, inseguro, olhando para a mochila.
— Sim, para o momento perfeito. Mas e se ela não gostar? O que eu faço?
— Que o medo e a dúvida nunca ousem deter a incandescente busca por seus sonhos! Lembro-me bem das suas palavras quando nossos caminhos se cruzaram. Agora, eu acredito em você, mas é essencial que você também acredite em si para alcançar a grandiosidade! — o encorajando, Misuzu respondeu.
Rindo, digo. — Heh, Você ainda se lembra dessa frase depois de tanto tempo?
— Óbvio, não irei esquecer jamais. Afinal, foi você que disse. — respondeu Misuzu. — Se não fosse por ela, eu não teria aguentado e teria perdido o brilho e a emoção de subir em um palco. Aguentando até hoje. Então, ela é algo especial e importante para mim, assim como você foi durante toda a vida, Ren.
Determinado, concordo acenando com a cabeça.
— Obrigado, você está certa. É melhor eu não desistir, se não nunca saberei se vou conseguir. É melhor tentar e falhar do que não o fazer e descobrir que poderia ter sido melhor.
— Assim que se fala! Agora vai lá antes que a Nyami fique ainda mais brava! — diz sorrindo.
Me despeço de Misuzu e vou ao encontro de Nyami. Sei que a próxima hora pode ser um momento crucial para nós dois, e com a confiança inspirada por Misuzu, estou disposto a enfrentar o que vier pela frente.
Passando pela porta, gritando eufórica. — Boa sorte, Renier! Vocês são os melhores amigos que eu poderia ter!
Rindo, após ouvir essa declaração, corro pelo corredor em direção ao terraço. Estou nervoso, mas, ao mesmo tempo, feliz por ter a Misuzu e a Nyami na minha vida.
Meu avô faleceu cerca de dois meses atrás, e nunca conheci meus pais; ele foi quem me criou e treinou em várias artes marciais e estilos de esgrima, além de outras armas.
Fiquei bastante depressivo e, às vezes, nem comia ou dormia, mas a Nyami e a Misuzu persistiram diariamente, ajudando-me a superar a morte dele e seguir em frente.
Chegando a porta de ferro do terraço, respirando profundamente, tomando coragem o suficiente, abrindo-a cuidadosamente.
Olho ao redor e vejo que o local está completamente vazio, exceto por uma figura solitária de costas para mim, que parece estar olhando pelas cercas do lado de fora da escola.
Nyami Homura uma bela garota com cabelos longos e negros que caem em cascata até a cintura. Vestindo o uniforme da escola, parecendo estar sempre distraída com seus próprios pensamentos; o pessoal da escola não gosta dela, achando-a muito fria e indiferente, apesar de ser bastante bonita.
Apelidaram Nyami de “a rosa negra” na escola, comparando-a a uma rosa linda por cima, mas se você tenta segurá-la, acaba se machucando com seus espinhos.
— Seu namorado está aqui como você ordenou, Nyami! — comentei animado.
Notando que cheguei, ela se virou em minha direção. Em um olhar penetrante responde calmamente.
— Ainda bem… pensei que você fosse fugir de mim como sempre, já que é um assunto sério.
— Bem, conhecendo você, quando se trata de algo sério, é porque fiz alguma coisa, então estou perdido, prefiro dessa vez tomar uma atitude diferente. Dessa vez, fui mais corajoso encarando a fera. — respondo sorrindo.
— Entendo, ser corajoso às vezes pode acabar a custar a sua vida, então recomendo que você não seja tão imprudente. — Nyami alerta tendo algo oculto nesse comentário que não ele percebeu.
Não entendendo exatamente o que ela quis dizer, mas deixa para lá.
— Tenho algo que queria falar com você, é importante — digo calmamente.
— Entendo. Então… primeiro, eu queria discutir com você sobre algo, depois você fala sobre o seu assunto. Prometo ser rápida. — diz Nyami.
— Acho não haver problema. Pode começar, por favor, Nyami.
Meu coração está meio acelerado, mas percebendo que Nyami está um pouco diferente do normal; sinto uma atmosfera tensa no ar. Será que aconteceu algo.
— Você poderia se aproximar um pouco mais de mim? Somos namorados, então não precisamos dessa distância. — diz ela, com um tom meio entusiasmado.
Hesitando por um leve momento, nunca me sentindo apreensivo dessa maneira, me aproximo dela, ficando apenas a centímetros de distância. Mantendo o objeto na mochila, pronto para tirá-lo a qualquer momento.
Observando os olhos escuros que parecem distantes hoje.
— Então… o que você quer falar de tão importante?
Nyami olha profundamente estando séria.
— Renier, quanto tempo estamos namorando? — ela questiona.
Entusiasmado, respondo à pergunta de imediato.
— Faz quatro anos. Não tem como esquecer; você estava na chuva e precisava de ajuda no dia em que te conheci. Por sorte, você não ficou doente, e depois disso, por consciência, nos matriculamos no mesmo dia nessa escola e, no começo de novembro, começamos a namorar!
Nyami mexeu em seu cabelo soltando um leve suspiro sorrindo, enquanto seus olhos escuros estavam distantes por um leve momento.
— Já faz bastante tempo, não é mesmo? Foram realmente quatro anos incríveis ao seu lado, Renier. Você se importa em me abraçar? Quero sentir seu calor por agora… Depois você pode falar o assunto que você tinha para discutir. — pediu Nyami sorrindo.
Apesar desse sorriso, sua expressão e atitude tem me estranhando. Será que esse era o assunto urgente? Se certificando de que me lembrasse do dia em que nos conhecemos e namoramos?
Respondo com um sorriso e abraço Nyami, tendo cuidado com o objeto que ainda guardo em minha mochila. O calor dela é meio reconfortante, e realmente amo estar assim com ela.
— Claro, não me importo. Amo abraçar você.
Friamente sua voz ecoa abafado. — Realmente, isso é sempre ótimo. Não importa quantas vezes a gente faça, vai ser uma pena perder isso. — diz ela.
Rindo perguntando sem entender: — Haha, você está pedindo perdão pelo quê…?
Antes que eu pudesse terminar a frase, uma dor friamente intensa percorreu o peito, como se algo tivesse atravessado, o corpo estremeceu em choque.
— Você é o culpado por acabar assim, assim como todos que me traíram… Adeus, Renier. Te vejo por aí em algum momento. — diz ela com frieza no olhar.
Uma angústia inimaginável tomou conta. Não entendendo como ou o porquê que a garota que amo e em quem confiava poderia fazer algo assim. A lâmina negra surgindo em suas mãos não importava agora; queria saber o motivo dela estar fazendo isso. Ela mencionou traição? Será que fiz algo errado?
Tentando dialogar, mas as palavras simplesmente não surgem. Provavelmente o meu pulmão foi atravessado por aquela lâmina, me incapacitado de expressar os sentimentos, e pelo menos saber o motivo de tudo isso.
Lágrimas se formam enquanto me viro para a porta de saída do terraço, desesperadamente tentando escapar da situação terrível em que me encontrei. No entanto, de repente, senti algo perfurando meus pontos vitais pelas costas, então observando enquanto sangue saltava pela boca, meu coração estava visível sobre um espinho negro e outros vários projetados diagonalmente pelo chão.
Uma dor aguda e insuportável tomou conta. Os espinhos são puxados novamente, fazendo cair friamente sobre o chão gelado coberto pelo sangue escorrendo pelos buracos, perfurado pelos espinhos.
Tentando levantar, mas minhas forças estão se esgotando, rapidamente impedindo-me. Observando a cima, vendo o semblante de Nyami, me observando o olhar frio e indiferente em suas íris dos olhos agora roxos brilhantes, vejo o canto dos lábios enquanto ela morde amargamente… Como aconteceu tudo isso? Transformado-se em um ser tão impiedoso e letal.
Tentando buscar forças para manter a consciência ativa, minha mente é invadida por uma memória recente. Lembro-me da promessa que fiz à Misuzu recentemente, isso é o que chamam de buscar algo para agarramos a vida? Buscando logo essa promessa é cruel demais…
Gradualmente, minha mente começa a falhar. Estou lutando para não desistir, mas sei que é tarde demais. A escuridão começa a envolver-me completamente, enquanto sinto um frio terrível percorrer todo o meu ser. As memórias em minha mente se misturam em um borrão indistinguível, até que tudo não é sentido, apenas uma morte fria e solitária.
Continua…
Sinto-me como se estivesse afundando em um vazio profundo, incapaz de ver ou sentir qualquer coisa ao redor.
Em meio à escuridão, minha alma está em paz, mas meu coração carrega uma dor inexplicável, como se algo doloroso tivesse me ferido profundamente.
Porém, a memória não alcança(o quê ela não alcança?) para me lembrar o que é.
À medida que mergulhei mais profundamente nessa sensação desoladora, a pressão ao redor aumenta, como se estivesse carregando um fardo insuportável.
O vazio que sinto é quase palpável, como se algo vital estivesse faltando, algo que não consigo compreender e explicar.
No entanto, enquanto me entrego a esse vácuo de emoções, começo a perceber a luz acima, como o brilho suave da lua iluminando a noite.
Parece me chamar, transmitindo uma sensação de paz e calma que acolhe me aproximo dela.
~0~
Lentamente, abri os olhos, mas sinto-me cansado, embora não lembre de ter feito algo para acabar nesse estado.
Sentindo a maciez da grama fresca sob minhas costas, os raios do sol quente brincam por entre as folhas da grande árvore, me cobrindo com sua sombra.
Uma sensação de calmaria e conforto toma conta de mim, como se estivesse envolvido em um abraço protetor.
Respiro profundamente, o ar puro é agradável, deliciando-me com o perfume delicado que permeia o ambiente.
Sorrio levemente, grato por estar vivo em um lugar tão divertido, embora desconhecido.
Uma figura feminina de aparência misteriosa está sentada próxima a mim. Seus cabelos negros fluem como seda ao vento, e seus olhos azuis brilham com um encanto enigmático sob a luz do sol.
Vestindo uma armadura samurai tradicional feita de placas leves de metal que garantem proteção sem limitar a mobilidade.
A parte superior da armadura inclui um peitoral que se adapta bem ao corpo, decorado com padrões sutis inspirados na natureza e tradições japonesas.
A armadura tem um esquema de cores vibrantes, principalmente vermelho, branco e preto, refletindo sua personalidade apaixonada e corajosa.
As ombreiras têm formas elegantes sendo adornadas com símbolos do sol e da lua, simbolizando sua dualidade como guerreira.
E também para completar usando manoplas ornamentadas, destacando-se por sua presença marcante.
Ela me observa com curiosidade, parecendo tão intrigada com minha presença quanto eu com a dela.
— Bom dia, você finalmente acordou! Meu nome é Seraline Shuten, é uma grande honra conhecê-lo. — Sua voz é animada e alegre, contrastando com o ar misterioso ao seu redor.
Meu coração aquece com sua saudação, e respondo com um sorriso caloroso:
— Bom dia! Meu nome é Renier Kanemoto, o prazer é todo meu.
Ela tem disciplina de uma samurai, mas nunca encontrei uma garota no Japão como ela além de ser bonita é forte e tendo uma intensidade emanando do seu olhar.
— Sinto muito pela confusão, mas, afinal, onde estamos e como cheguei aqui? — Pergunto, ainda tentando compreender minha situação.
Seraline parece um pouco surpresa com minha pergunta e comenta: — Você não se lembra? Como chegou aqui?
Sinto um aperto no peito, uma sensação de que há algo importante que deveria saber, mas as memórias parecem inacessíveis, escondidas por uma névoa densa.
— Lamento, mas não consigo lembrar como cheguei aqui. Minhas memórias parecem turvas.
Sinto uma amargura em meu peito, uma dor emocional, aqueles casos de nossa mente esquecer, mas nosso coração lembrar, deixa uma grande frustração.
Ela parece pensar por um momento, seus olhos azuis percorrendo o ambiente como se buscasse respostas.
— Entendo… parece que algo estranho está acontecendo. Eu estava esperando por você e me senti guiada até aqui por uma força misteriosa. Parece que você também está perdido em meio a esse enigma.
— Perdido é uma boa palavra para descrever meu estado atual. — Suspiro, ainda sentindo uma sensação de vazio em meu coração.
Seraline continua, agora com um olhar sério: — Há algo que preciso lhe contar. Você foi trazido para este mundo por um propósito importante. Aqui, diferentes mundos estão em perigo, ameaçados por uma energia maligna chamada Dark, e criaturas sombrias conhecidas como Sombras espalham essa corrupção por onde passam.
Ela prossegue explicando a gravidade da situação e a importância de nossa missão. Sinto uma onda de determinação crescer dentro de mim.
— Então, estou aqui para proteger esses mundos?
Seraline assente com um sorriso confiante: — Sim, exatamente. Você foi escolhido pela sua habilidades especiais e poderosas que podem fazer a diferença nessa batalha contra as Sombras e a Energia Dark. Com dedicação e treinamento, você se tornará verdadeiramente poderoso.
Sinto uma chama de empolgação arder dentro de mim. A ideia de enfrentar essas ameaças e viajar por diferentes mundos é excitante e desafiadora.
— Então, como posso acessar esse poder?
Ela explica que o acesso ao meu poder especial talvez precise um tipo de encantamento ou frase específica, como não conhece esse poder não sabe o gatilho.
Com um sorriso brincalhão, compartilho com ela uma frase que aprendi em histórias:
— Pelos Poderes de Grayskull, eu tenho a força!
Seraline olha para mim, surpresa, se perguntando se algo deveria acontecer. Eu mesmo não tenho certeza do que esperar, mas acabo rindo de mim mesmo quando nada acontece.
— Parece que não funcionou. Achei que um raio de luz caísse do céu ou algo assim.
Ela também solta uma risada divertida. — Ainda assim, entendi o que você quis dizer. É como recitar encantos de feitiços para ativá-los, não é?
Exponho minha surpresa pela compreensão dela e, a partir desse momento, começamos a conversar antes de fazer qualquer referência estranha.
A conversa flui entre risadas e trocas de ideias, formando uma conexão especial entre nós.
Em meio à nossa animada conversa, de repente, me vejo lembrando de algo que não consigo explicar.
Flashbacks surgem em minha mente, mostrando cenas de meu mundo anterior, amigos, o vovô, um sentimento doloroso e amargo, sendo sentido como uma punhalada em meu coração.
Lágrimas começam a rolar pelo rosto, uma sensação de tristeza tomando conta de mim.
Preocupada, Seraline pergunta o que aconteceu, e eu tento explicar: — Sinto muito, Seraline. Lembro-me de algo do meu mundo anterior, mas não sei o que é. É como se houvesse algo importante, mas não consigo alcançar essa lembrança.
Ela coloca uma mão gentil em meu ombro, compreensiva.
— Não se preocupe, Renier. A transição para um novo mundo pode ser difícil, e essas memórias podem vir gradualmente. Estarei ao seu lado para ajudá-lo a lidar com o que vier.
O conforto que Seraline me oferece é reconfortante. Sinto-me atraído por sua personalidade gentil e seu sorriso radiante.
Enquanto nossa jornada se desenrola, tenho certeza de que esta amizade florescerá em algo mais significativo.
~0~
A floresta estendia-se diante de nós, repleta de majestosos pinheiros altos que pareciam tocar o céu.
O aroma de resina fresca perfumava o ar, criando uma atmosfera serena e acolhedora.
Enquanto a noite se aproximava lentamente, Seraline decidiu que seria melhor acamparmos ali, em vez de seguirmos diretamente para a cidade.
Ela acendeu uma fogueira habilmente, e nos sentamos ao redor do fogo crepitante, prontos para trocar experiências sobre nossos mundos.
O calor do fogo nos envolveu enquanto eu compartilhava algumas curiosidades sobre o meu universo.
Seraline ouvia atentamente, seus olhos brilhando com fascínio genuíno. Ela era uma guerreira disciplinada, mas também demonstrava grande curiosidade sobre tecnologias que jamais vira antes.
— Como um objeto tão pesado pode voar sem asas e magia? É algo realmente estranho, mas fascinante — comentou Seraline, colocando a mão no queixo, em uma pose pensativa.
Animado com a oportunidade de compartilhar mais informações, expliquei sobre o funcionamento do avião, as peças e mecanismos que o tornava capaz de voar.
Seraline ouvia cada detalhe, absorvendo o conhecimento com interesse genuíno.
— Um dia, levarei você para voar em um avião, Seraline. Tenho certeza de que irá adorar a experiência — prometi, vendo um sorriso de expectativa se formar em seus lábios.
Após algum tempo de conversa descontraída, perguntei a razão de termos escolhido acampar na floresta em vez de seguir direto para a cidade.
Seraline olhou para a fogueira enquanto explicava suas razões cuidadosamente.
— Decidi acamparmos para que eu possa explicar algumas coisas sobre esse mundo desconhecido para você, Renier. Aqui, há três tipos de seres: humanos, monstros e criaturas mágicas.
Intrigado, prestei atenção às explicações detalhadas de Seraline.
Ela descreveu como os humanos viviam no reino humano, enquanto os monstros habitam o território dos monstros, governado pelo Governante Demônio. Apesar de uma trégua aparente, Seraline mencionou suas preocupações sobre a estabilidade dessa paz.
— Entendo ser uma situação delicada. Guerras podem ser evitadas, mas também podem surgir futuramente — comentei, percebendo a hesitação em sua voz.
Mudando o foco para as criaturas mágicas, Seraline compartilhou mais informações sobre como elas viviam livremente em seu próprio território, evitando conflito com os outros seres.
— Estou curioso para conhecer alguma criatura mágica ou alguém do reino dos monstros durante nossa jornada — revelei, vendo o brilho de entusiasmo em seus olhos.
Seraline se surpreendeu com minha reação positiva aos monstros, considerando que muitas pessoas em seu mundo os temiam.
Expliquei que, se eles possuíam inteligência e capacidade de comunicação, não os considerava como meras criaturas malignas.
Em meio à noite que caía, a atmosfera tranquila da floresta nos envolveu. Os sons da vida noturna ecoavam, criando uma harmonia natural que nos acalmava.
Sentado ao lado de Seraline, observei enquanto ela preparava a comida com habilidade e destreza. Intrigado pela “Bolsa Dimensional” que ela usava para guardar os ingredientes, sorri e a elogiei por sua habilidade culinária.
— Você seria uma esposa incrível, Seraline. Seu futuro marido será um homem de muita sorte — declarei com sinceridade.
Ela ficou levemente envergonhada, mas logo se recompôs. Seraline explicou que seu destino sempre foi viajar entre mundos junto comigo, então aprender a cuidar de si mesma, incluindo cozinhar, era parte essencial de sua preparação.
Minha admiração por Seraline crescia a cada momento, e eu sentia algo especial por ela. Decidi ser sincero e expressar meus sentimentos, afinal morri, então tecnicamente meu relacionamento com Nyami acabou.
Me aproximando dela com ousadia, perguntei: — Seraline, você não, tem alguém em específico em mente? Gostaria de ser aquele que estará ao seu lado, desfrutando de sua companhia todos os dias?
Surpresa e nervosa, ela hesitou por um instante, mas, finalmente, respondeu com sinceridade:
— R-Renier, você não está brincando, certo? Essa é uma proposta séria?
Afirmei com seriedade: — Sim, Seraline. Estou falando sério, mas muito sério. Me apaixonei por você desde que a conheci hoje cedo. Quero estar com você, explorando cada canto desse universo. Gostaria de fazer você, minha esposa, se você aceitar.
As lágrimas se formaram em seus olhos, e ela respondeu com uma voz tímida, mas emocionada:
— Então, se você está dizendo, eu aceito ser sua esposa, Renier Kanemoto.
Consegui! Estendi minha mão para ela sorrindo de ponta a ponta, e ela a segurou com firmeza.
Nossos olhares se encontraram, e sabíamos que algo especial estava acontecendo.
— Prometo fazer você feliz, Seraline Shuten. Exploremos esse universo e vários outros juntos e enfrentar qualquer desafio que surgir em nosso caminho. Você é a mulher que desejo ao meu lado para sempre — declarei com sinceridade.
Uma mulher forte e determinada não poderia escolher alguém melhor ao meu lado. Ela sorriu, e um brilho de felicidade iluminou seus olhos.
— E eu prometo estar sempre ao seu lado, Renier. Com você, sinto que posso enfrentar qualquer adversidade. Somos uma equipe agora, enfrentando esse vasto mundo de mãos dadas — respondeu ela, emocionada.
Envolvidos pelo ambiente mágico e a atmosfera romântica, nosso pequeno acampamento tornou-se palco de um momento especial e inesquecível. Sob o céu estrelado e o calor da fogueira, demos início à nossa jornada como marido e mulher.
~0~
Agora sobre um assunto importante… Mesmo me apaixonando pela Seraline, eu fico pensando se fiz a coisa certa ao pedir sua mão em casamento tão de repente, considerando que nos conhecemos hoje. Claro, não me arrependo da minha decisão.
Enquanto ela corta o frango para o jantar, parece feliz. Ela está claramente contente por estarmos casados, mas seu rosto vermelho e as mãos trêmulas mostram que ela não está acostumada com essa nova situação.
Acho que ainda se vê mais como minha serviçal do que como minha esposa. Pode haver complicações em nossa relação, mas planejo mudar isso para ficarmos mais próximos e à vontade um com o outro.
Afinal, em um bom relacionamento, o casal se diverte sem receios ou medo.
Só nos conhecemos há um dia, então não temos intimidade suficiente, ainda nos comportamos mais como companheiros. Já tive um relacionamento que durou quatro anos, então posso afirmar que tenho experiência nesse assunto.
Acredito que Seraline nunca teve uma relação com o sexo oposto, pois ela mesma havia mencionou que mulheres fortes não são preferência para os homens desse mundo.
Provavelmente, sua força pode intimidá-los. É uma pena que alguns homens tenham ego tão frágil assim. Já vi muito assim em meu mundo.
Seraline é linda e muito dedicada. Suas reações são adoráveis, e apesar de ser forte e disciplinada, não está acostumada a ser tratada como uma garota é normalmente, o que a faz ficar nervosa e envergonhada ao receber elogios.
Seu instinto guerreiro é o que mais me atrai. Um dia, planejo lutar contra ela com espadas para ver sua força.
Mas algo me incomoda. Sinto que ela está escondendo algo, um segredo. Vejo que ela está constantemente pensativa e em conflito sobre isso.
Acho que ela está em dúvida sobre contar ou não, talvez com medo de que isso mude nossa relação ou convivência. Isso é problemático.
Conseguir perceber os verdadeiros sentimentos das pessoas é um dom que tenho desde que me lembro. Por causa disso, tive poucos amigos em minha vida, além de Nyami, Misuzu e meu avô.
Dado esse dom, sei que pressioná-la para revelar o segredo não é certo. Preciso confiar em minha esposa e permitir que ela se sinta confortável para compartilhar isso comigo quando estiver pronta. Então sei como fazer isso.
~0~
A noite na floresta estava serena, com o luar banhando o acampamento ao ar livre onde estamos atualmente.
A fogueira crepitava, lançando uma suave luz dançante sobre o cenário.
Sentados próximos ao fogo, compartilhando mais histórias do passado e planos, sei o que devo fazer para ter a confiança dela, após terminarmos de comer.
Seraline olhou para o céu estrelado, encantada com a beleza do universo.
Olhando carinhosamente, observo a expressão fascinada em seu rosto, apesar da aparência guerreira, ela também tem uma alma sonhadora e sensível.
— Você sabe, em meu mundo, costumamos observar as estrelas e fazer desejos quando vemos uma estrela-cadente —, disse com um sorriso.
— Estrela-cadente? Deve ser uma bela tradição —, respondeu Seraline, virando o olhar para mim.
— Sim, é algo especial. Mas temos algo parecido com estrelas cadentes também. Às vezes, acredito que temos um elo especial com o universo, pois conseguimos sentir as emoções das pessoas e das coisas ao nosso redor — com um brilho curioso nos olhos, confesso.
Seraline ficou intrigada. — Como assim? O que você quer dizer com 'sentir as emoções das coisas'?
Sorrindo, sabendo que era hora de compartilhar meu segredo, a habilidade única.
— Nasci com um dom peculiar, posso enxergar além das aparências das pessoas. Quando nos conhecemos, eu pude perceber sua alma guerreira e forte, mas também vi que havia algo em você que estava escondendo, um segredo importante.
Os olhos de Seraline se arregalaram ligeiramente, surpresa com a revelação.
— Você consegue ler os corações das pessoas?
— Sim, de certa forma. Mas não se preocupe, nunca usaria esse dom para te pressionar a contar algo que não está pronta para compartilhar. Confio em você e quero que se sinta à vontade comigo — garantindo, segurando sua mão gentilmente.
Ela sorriu, sentindo-se mais compreendida do que nunca.
— É um dom poderoso e raro que você tem. Acho que sou um livro aberto para você.
— Talvez — assentindo rindo. — Mas o importante é que estamos construindo nossa relação com base na confiança e respeito mútuos. Se quiser compartilhar seu segredo, estarei aqui para ouvir, mas também estou disposto a esperar até que você se sinta preparada.
Seraline sentiu um alívio acolhedor ao ouvir suas palavras.
Com meu dom posso sempre fazer as escolhas certas, sendo calmo e paciente, estou me tornando cada vez mais especial para ela.
— Sei que estamos casados há algumas horas, mas não poderia pedir por alguém melhor ao meu lado —, disse Seraline, olhando para meus olhos com sinceridade.
Sorrindo, tocando levemente seu rosto. — E eu também não poderia pedir por alguém melhor para ser minha esposa. Você é corajosa, dedicada e linda, tanto por fora quanto por dentro.
Com o coração aquecido pelas palavras, Seraline aproximou-se, selando um beijo suave e carinhoso, enquanto sentia afeto através dos nossos lábios quentes.
O calor da fogueira se misturava com a ternura do momento, nós nos sentimos conectados de uma forma profunda e significativa.
Enquanto o brilho das estrelas continuava a iluminar a floresta, abraçamos a noite, prontos para enfrentar o futuro juntos, com confiança, paciência e um amor que crescia debaixo das estrelas.
O segredo de Seraline ainda estava guardado, mas agora ela sabia que, quando estivesse pronta, seu marido estaria lá, pronto para ouvi-la e apoiá-la em qualquer momento.
Seraline deitou na minha frente, com a cabeça apoiada no meu ombro, enquanto eu estava a abraçando com uma das mãos na barriga dela e a outra nas costas.
E assim, caímos no sono, juntos, como um casal feliz.
Continua…
Guardamos tudo o que precisávamos e, em seguida, iniciaremos a caminhada pela densa floresta, ansiosos para finalmente sairmos.
Seraline mencionou que levaria pelo menos dois dias para atravessá-la completamente. Mal conseguia evitar imaginar se encontrariam coisas interessantes, templos perdidos, criaturas misteriosas e monstros – tantas possibilidades.
Seraline se aproximou, retirando uma katana negra de sua bolsa e colocando-a sobre as minhas mãos.
Intrigado, questionei o motivo daquele presente repentino.
— Para que essa espada, Seraline? — indaguei, curioso.
— Ela é um presente dos meus ancestrais. Minha mãe, antes de falecer, me disse para entregá-la a alguém que eu considerasse valioso em minha vida — respondeu Seraline com um brilho nos olhos. — Não gostou?
Retirei a espada de sua bainha negra e observei sua lâmina escura com estrelas brilhantes, como se estivesse contemplando um céu noturno.
É emocionante pensar que sou tão importante, colocou-a de volta na bainha e abraçando Seraline, agradecendo pelo presente.
— Ela é linda. Me sinto honrado por você confiar em mim e por ser considerado alguém valioso em sua vida. Prometo cuidar dela com todo o meu coração. Este é um dos melhores presentes que já recebi, Seraline. Eu te amo! — expressei seus sentimentos com sinceridade.
As palavras afetuosas de Seraline a deixaram levemente corada, e como forma de agradecimento, dou-lhe um beijo, algo que havia feito quando menos se esperava.
— Porque você não avisa antes de me beijar? É meio constrangedor quando não consigo reagir — disse Seraline, com um toque de timidez.
Com um olhar provocante, coloquei o dedo nos lábios macios dela e respondeu com um riso travesso:
— Porque é divertido pegar você desprevenida, e beijar seus lábios doces sempre. Adoro suas reações.
Curiosa e disposta a brincar, Seraline jogou-se sobre mim, nos derrubando no chão. Ficamos frente a frente, nossos olhos se encontrando, e ela demonstrando seu olhar apaixonado. Um sorriso se formou em meu rosto, por ter amado seu ataque repentino.
Seus cabelos negros caíram sobre os ombros enquanto colocava a mão sobre o rosto dela, sentindo o calor de sua pele vermelha e a maciez dos cabelos, e respondendo ao ataque dela.
— Você é a melhor coisa que já aconteceu na minha vida, Seraline. Quero ficar com você para sempre — declarei, demonstrando os verdadeiros sentimentos.
Os olhos de Seraline brilharam com emoção, e posso sentir a intensidade de seus sentimentos, mesmo sem a habilidade.
Os nossos rostos se aproximaram, resultando em outro beijo apaixonado. O momento era tão intenso que não queríamos nos separar.
Estávamos com a respiração ofegante e os corações acelerados. Seraline riu docemente, levemente envergonhada pelas palavras anteriores, e respondeu tocando seus dedos em seus lábios, devolvendo o olhar provocante que fazia apaixonar ainda mais por ela.
— Acho que teremos que esperar até a noite. Será mais divertido, afinal, você não poderá fugir de qualquer forma — brincou Seraline.
Surpreendido pelo comentário repentino sorrindo nervosamente pergunto. — C-Como assim não poderei fugir? O que pretende?
— A noite você descobrirá meu querido — respondeu maliciosamente dando-me outro beijo.
Seraline se levantou, puxando minha mão. Ela está mesmo se referindo a isso?
Abracei a espada. Ela acabou ficando mais ousada, sua personalidade estilo serva disciplinada mudou radicalmente.
— Então vamos sair logo desta floresta e cumprir nossa missão de derrotar a Sombra! — disse Seraline determinada.
— Sim, quanto mais cedo melhor! Assim poderemos explorar o próximo mundo, que talvez seja completamente diferente deste. É muito empolgante! — concordou entusiasmado.
Continuamos caminhando juntos, de mãos dadas, enquanto Seraline a apertava sorrindo.
O dia prometia ser repleto de aventuras, e ele estava certo de que, com ela ao meu lado, enfrentaremos qualquer desafio. Embora sinta uma grande densidade vindo de minha esposa. Heh será que acabará bem?
~0~
A vegetação ao nosso redor era exuberante, com árvores centenárias que se erguiam majestosas, criando um dossel verdejante que filtrava os raios do sol, fazendo os feixes de luz dançarem no chão coberto de musgo e folhas.
Caminhamos por um longo trecho na densa floresta, cercados por altas árvores que filtravam os raios de sol, criando um jogo de luz e sombra ao nosso redor.
O som de um riacho nos chamou a atenção, e paramos perto dele. A água corria cristalina, e eu me ajoelhei, estendendo minha mão para colher um pouco daquela preciosidade.
A fonte da água devia estar ao sul, talvez uma cachoeira ou nascente, pois a corrente fluía com tamanha pureza.
Provei da água, era deliciosamente doce e refrescante. Parecia intocada por qualquer poluição, e um sorriso de satisfação brotou em meus lábios. Seraline seguiu meu exemplo, inclinando-se para beber com as mãos em concha, seus lábios úmidos atraíam o prazer que a experiência lhe proporciona. Brincando com a água, acabei molhando os lábios dela, e com um gesto carinhoso, limpei-os com meus dedos.
— Seraline, você se molhou um pouco. Deixe-me secá-la. — Disse, tentando parecer carinhoso, mas com um toque de sedução no olhar.
Ela retribuiu meu gesto com um sorriso e um comentário bem-humorado. — Você sempre toma a iniciativa, não é?
Fingi estar surpreso, coloquei uma mão no rosto, como se estivesse constrangido. — O que posso fazer? Acho que meu charme é irresistível aos seus olhos.
Seraline riu e, para provocar, fazendo uma concha com as mãos, espalhando água no meu rosto com um olhar travesso. provocando, ela diz: — Ora, desculpe, acho que deixei escapar um pouco de água da boca.
Agora, o desafio estava lançado, não poderia deixar barato. Com um sorriso travesso, pus as mãos na água e lancei uma onda em sua direção, molhando-a por completo enquanto ela estava agachada. O clima de brincadeira estava instaurado, e rapidamente nos transformamos em duas crianças, rindo e jogando água um no outro.
Em meio às risadas, tropecei em uma pedra submersa e, sem querer, levei Seraline comigo para dentro do riacho, fazendo-nos cair juntos. Eu estava por cima dela, e nossos corpos estavam encharcados, mas nada importava naquele momento.
— He, desculpe, machuquei você? Bateu a cabeça, Seraline? — Perguntei, ainda rindo da situação.
Ela olhou para mim com um olhar carinhoso e disse: — Seu plano era esse o tempo todo, Renier? Mas, falando sério, acho que estamos nos divertindo como duas crianças na água.
Sorri de volta para ela e, com um olhar mais sério, respondi: — Era esse o objetivo, Seraline. Nossa vida não precisará ser apenas combater e enfrentar as sombras. Esses momentos de alegria e descontração também são preciosos e ficarão gravados em nossos corações.
De repente, uma voz tímida nos chamou a atenção. — Desculpem, estou atrapalhando vocês? Posso voltar outra hora quando terminarem o que estão fazendo.
Olhamos na direção da voz e nos deparamos com uma mulher de cabelos verdes, que pareciam se fundir à grama do solo. Flores adornavam seus cabelos, e uma orquídea azul enfeitava sua orelha. Sua presença era quase etérea, e uma aura de tranquilidade e doçura a cercava.
— Não se preocupe, você não está atrapalhando, – respondi gentilmente. – Posso ajudá-la em algo? Está perdida na floresta?
Ela se aproximou, com um sorriso encantador, e se apresentou: — Sintam-se à vontade para me chamar de Dríade. Sou a guardiã deste bosque e zelo pela natureza e sua magia.
Fascinado com a aparição dessa criatura mística eu a cumprimentei respeitosamente. — É uma honra conhecê-la, me chamo Renier Kanemoto, senhorita Dríade.
Os olhos de Seraline brilhavam de admiração ao reconhecer a figura diante de nós. — Dríade! É uma honra encontrá-la pessoalmente.
Ela se dirigiu com gentileza. — Renier e Seraline, um casal incomum. Não é todo dia que se vê um humano e uma garota da raça dos Onis juntos. Gosto da energia que emanam.
Ouvindo a palavra "Oni", Seraline se demonstra assustada e vulnerável, como se um segredo íntimo tivesse sido revelado. Estava trêmula, olhando para mim e, depois, para a espada em minhas mãos amedrontada. Aquilo me preocupou profundamente, e eu me perguntei o que estava acontecendo com ela.
Enquanto encaro Seraline, percebo o terror estampado em seus olhos, como se um mundo de incertezas e medos tivesse se aberto diante dela. Sinto o meu coração apertar por ver alguém que amo tão vulnerável e abalada.
Ao largar a espada no chão, deixo claro que minha intenção é protegê-la, não feri-la. Aproximando-me com passos lentos e suaves, ouço o eco dos meus pés pisando na água que encharca o ambiente, criando um som calmo e reconfortante. Quero acalmar o coração aflito de Seraline.
Quando finalmente chego até ela, abraço-a com força, envolvendo-a em meus braços e oferecendo o calor do meu peito. Sinto a fragilidade de seu corpo trêmulo, mas também a força interior que a habita. Neste abraço, quero transmitir-lhe todo o meu apoio, amor e compreensão, mostrando que estou ao seu lado, independentemente do que ela possa ser.
— R-Renier? Você não vai me matar ou fugir? Eu sou um monstro do território dos Rei dos Demônios, um Oni, então por que está me abraçando? — ela perguntou, com voz trêmula.
Enquanto mantenho Seraline em meus braços, sinto o seu corpo relaxar gradualmente, e o medo inicial dá lugar a uma sensação de segurança e proteção.
— Você é idiota? Achou mesmo que eu iria odiar você? Porque está com medo de mim? Sou seu marido! — respondi, abraçando-a com mais força.
As palavras saíram da minha boca em um tom calmo, mas por dentro, sentia meu coração acelerado. Não conseguia evitar sentir preocupação com o que ela estava pensando.
— Eu nunca me atreveria a machucá-la! Não importa se você é um monstro, um Oni. Você é quem eu amo, minha esposa. Nada vai mudar nossa relação. Se esse era o seu segredo o tempo todo, era algo que eu deveria ter feito você revelar desde o primeiro dia. Você é Seraline, e não vai mudar o que sinto por você.
Lágrimas começaram a encher os olhos azuis de Seraline, mas dessa vez, não eram lágrimas de medo, mas de alívio e gratidão.
— Desculpe, sou um fracasso como sua esposa. Eu deveria confiar em você, afinal é meu marido... Mas mesmo assim, escondi de você e ainda criei uma imagem de você se assustando e fugindo. Isso seria pior do que você levantar a espada contra mim. Desculpe, eu deveria saber que você não ia fazer isso, mas fiquei com medo.
Continuei acariciando seu cabelo negro, secando suas lágrimas e acalmando-a.
— Não a culpo, mas para o marido que ama sua esposa, descobrir um novo lado dela é a melhor coisa, pois assim a conhecemos melhor. Me faz amar você ainda mais do que antes. Então, confie em mim. Pode se abrir quando quiser. De agora em diante, é minha obrigação ouvi-la quando estiver com o coração pesado. Seria um fracasso como marido se não fizesse isso.
Seraline se entregou completamente ao abraço, sentindo-se protegida e amada. O cenário ao redor parecia testemunhar o momento de intimidade entre nós. O riacho próximo murmurava com alegria, enquanto os raios de sol, filtrados pelas folhas das árvores, criavam padrões de luz e sombra em nossas peles. A vegetação vibrante e colorida, enraizada no solo fértil da floresta, criava uma atmosfera de magia e misticismo.
Com a segurança do abraço reconfortante, Seraline permitiu-se mostrar a verdadeira essência de sua natureza Oni. Seus chifres majestosos começaram a emergir de sua testa, mostrando sua força sobrenatural, enquanto seus cabelos negros se transformavam em um branco opalescente, com pontas vermelhas como brasas ardentes. Seus olhos azuis assumiram uma intensidade única, transformando-se em carmesim intensos.
Seu corpo ergueu-se 2cm, exibindo uma postura mais confiante e imponente. Ela parecia uma criatura mística, uma mistura harmoniosa entre beleza e poder sobrenatural.
— Realmente, você está bastante diferente, mas acredita mesmo que eu ficaria assustado com uma mulher tão bela e poderosa como você? Seus chifres e olhos carmesins a tornam incrivelmente imponente. Como eu poderia ter medo de alguém tão magnífico? Acho que só me apaixono ainda mais por você, — falei com um sorriso gentil.
Os olhos de Seraline brilharam com gratidão e surpresa diante das minhas palavras. Ela sentia que, mesmo na sua verdadeira forma Oni, a via como a mesma mulher por quem me apaixonei.
— Você realmente quer dizer isso? Haha, Renier, é diferente, mas acho que deveria saber que seria assim com você. Fico feliz por ter sido você a quem entreguei meu coração. — respondeu, sorrindo.
Nos beijamos novamente, compartilhando toda a paixão e desejo que sentíamos um pelo outro. O beijo era intenso e significava mais do que palavras poderiam expressar.
Enquanto Dríade observava de perto, ela sorria com ternura, sabendo que ajudou a desvendar um novo capítulo em nosso relacionamento. A floresta, por sua vez, guardava os segredos dos amantes com carinho e discrição, como se fosse um confidente silencioso.
~0~
Mais tarde, o sol começou a se pôr, pintando o céu de tons quentes e dourados. Encontramos um local ideal para acampar perto do riacho, onde montamos nossa tenda. O ambiente estava tranquilo e sereno, com os sons suaves da natureza nos cercando.
Dríade ficou conosco esta noite, sentindo-se contente com a proximidade do amor que irradiamos. Ela caminhava com leveza, seus pés parecendo se fundir com o solo da floresta. Com um sorriso, ela comentou:
— É verdadeiramente belo testemunhar o amor de vocês. A energia que emana de suas almas é rara e poderosa. É como se a própria natureza estivesse vibrando em sintonia com sua união.
Seraline e eu trocamos um olhar cúmplice, agradecendo pelas palavras gentis da Dríade. Sentíamos que o encontro com essa guardiã mística tinha um propósito maior do que imaginávamos.
Enquanto a noite caía, Dríade compartilhou conosco histórias fascinantes sobre as criaturas mágicas da floresta e os segredos antigos que ela guardava. O fogo crepitante da fogueira iluminava seus traços encantadores, e sua voz melodiosa nos envolvia como um feitiço. Estou imerso em um novo mundo de mistérios e maravilhas.
Após algumas histórias, Dríade se voltou para mim, seu sorriso tornando-se mais solene. Ela mencionou uma ameaça crescente no mundo que estávamos prestes a explorar, um inimigo formidável que ameaçava a paz e a harmonia da floresta e seus habitantes. A probabilidade de ser a Sombra é grande.
— Renier, preciso da sua ajuda para enfrentar esse inimigo. Você é o escolhido para derrotá-lo e restaurar o equilíbrio neste mundo. Sinto em você uma força única e um espírito destemido que podem fazer a diferença. O destino não só da floresta, mas desse mundo está em suas mãos, e sei que deve ser uma grande responsabilidade mas sei que você não irá desapontar.
Parece que as coisas vão ficar mais intensas para o meu lado…
Continua…
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