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Tons Clandestinos

NOTA DA AUTORA

...Primeiramente, gostaria muito de dizer a vocês que esta história quase não viu a luz do dia. Enfrentei inseguranças ao escrever e um bloqueio literário avassalador, mas, finalmente, aqui está ela. Peço desculpas por eventuais erros ortográficos e, especialmente, se em algum momento eu confundir o nome de algum personagem. Ficarei imensamente grata se interagirem comigo, comentando bastante para que eu saiba que estão apreciando a leitura. ...

...Um forte abraço!...

...Atenciosamente, Julia Isaias....

Capítulo 1

[ Bree ]

"Bom dia senhorita Bree. O dia está ensolarado e faz 27° graus em Leblon.

A senhora tem uma reunião hoje às 9:00 e um jantar com o Senhor Carlos às 22:00. Tenha um ótimo dia!"

Nada era mais eficiente que a minha Alexa no início da manhã. Enquanto me maquiava para encontrar com Carlos, repasso todo o itinerário na cabeça.

Desço as escadas rapidamente e começo a preparar um Whey de baunilha e já era o suficiente para o começo do dia.

Escovo os dentes. Pego a chave do carro e minha bolsa e vou até a garagem.

Entro no carro e pego meu celular localizando o número de Carlos. Tento ligar mas ele não atende, provavelmente já estaria na empresa.

Trabalho junto a ele na empresa de publicidade Cruz, a qual fechamos muito contratos de agências famosas.

......................

Consigo estacionar o carro na garagem da empresa exatamente em cinco minutos. Pego meus pertences no carro e vou caminhando até  o elevador. Chego lá em cima e todos me recebem com um sorriso.

— Bom dia Senhorita Bree, a reunião esta prestes a começar._diz Mirela me entregando uma pauta do dia de hoje.

— Obrigada.

Vou para a sala de reunião onde todos os patrocinadores estavam sentados em seus devidos lugares.

— Bom dia a todos._me sento na cadeira da ponta da mesa e fico no aguardo de Carlos chegar para começarmos.

Passou - se alguns minutos e Carlos chegará correndo na sala. Ele fecha a porta atrás de si, e senta em seu lugar dando início a reunião.

— Bom dia. Desculpem o atraso.  Vamos começar falando do grande números de contrato fechados este mês?

— Grande? Decaiu bastante. _ diz um dos patrocinadores.

— Como assim? Claro que não. _ Carlos busca por algo que comprove isso, mas a planilha que estava no telão só mostrava um rendimento muito baixo.

— Carlos, já confiamos essa empresa a muito tempo em suas mãos. Não acha que está na hora de passar o cargo?

Carlos logo fica sério e olha para mim.

— Acho que estamos num mês um pouco imprevisível. Março não é muito bom de negócios. _ digo tentando acalmar o clima que já estava ficando intenso.

— Todo mês é bom de negócios. Carlos, Bree, temos uma proposta alta e irrecusável. O cliente quer uma campanha que promova a comunidade da Rocinha. Algo que comova._conclui Douglas.

— Como assim?_pergunto.

— Irei te mandar a proposta por e-mail. Espero que avalie com carinho.

— Mas...essas comunidades são perigosas senhor Douglas._digo tentando controlar a situação.

— Vamos dar nosso melhor!_diz Carlos.

— Então o que sugere?_pergunta.

— Sugiro que..._não consigo completar a frase e Douglas me interrompe.

— Carlos, está decidido. Escreva uma história verdadeira de superação, faça fotos, vai até lá, mas escreva sobre a Rocinha. Ache uma modelo no catálogo e faça seu trabalho._encerra ele.

Carlos apenas assente e eu me calo revoltada com aquilo tudo.

— Reunião encerrada?_diz Douglas se levantando e levando consigo todos da mesa. Ainda sentada ali Carlos vem até mim e segura minha mão.

— Linda..._diz ele.

— "Faça seu trabalho!"_digo em tom de deboche.

— Sei que você vai arrasar. E vamos fazer de tudo pra dar certo. Começaremos amanhã.

Ele deposita um beijo em minha testa e sai da sala me deixando ali sozinha.

Estava furiosa mas precisava fazer meu trabalho, então começo anotar no meu caderno algumas idéias para a produção desse marketing, seja falso, ou não.

Rapidamente a noite chega e me preparo para meu jantar com Carlos.

Pego minha jaqueta em minha sala e apago as luzes da mesma. Vou até a sala dele e ele não estava.

Chego na recepção e Carlos estava conversando com Mirela.

— Atrapalho?_chego sorrindo.

— N...não. Já estava de saída._diz ela pegando sua bolsa e se despedindo.

— Vamos amor?_digo colocando as mãos no braço de Carlos.

— Pra casa?_pergunta.

— Carlos...nosso jantar. Você prometeu que me levaria.

— S...sim amor, me desculpe. É tanta coisa na cabeça. E...eu só vou pegar a chave do carro.

Tinha certeza que ele havia esquecido, mas não ia discutir por isso. Pego o celular e mando uma mensagem pra Carol pedindo para que ela me encontrasse amanhã cedo para um café.

— Vamos?_diz ele me estendendo as mãos.

Descemos de elevador até a garagem e entrando no carro Carlos se vira pra mim indeciso.

— Amor, me desculpa, aonde combinamos de ir jantar?

Reviro os olhos irritada, mas por fim falo um restaurante qualquer, pois queria apenas comer e estava ansiosa para esse dia acabar logo.

Jantamos no Fogaça. Um restaurante bem sofisticado aqui do Leblon.

— Desculpa pela reunião de hoje._diz Carlos enquanto dirigia para me levar em casa.

— Tudo bem! Só fiquei um pouco nervosa, mas...já passou._digo sorrindo.

— Gostei de ter jantado com você.

— Eu também adorei! Se importa...se eu perguntar sobre algo?_digo.

— Desde que não seja de casamento.

— Qual foi Carlos? Vai ficar me enrolando? Já estamos a anos juntos, e você nem fala de se mudar pra minha casa ou eu pra sua.

— Querida, tudo tem seu tempo. Somos novos ainda._diz ele estacionando o carro em frente ao meu prédio.

— Você é patético!_digo isso e saio do carro batendo a porta.

Definitivamente queria que esse dia acabasse. E esperava que amanhã fosse muito melhor.

Abro a porta do apartamento e jogo minha bolsa no sofá. Acendo as luzes e vou até minha penteadeira remover a maquiagem.

Começo a me despir logo em seguida retirando minha roupa para tomar um banho relaxante. Logo após, pego o celular para confirmar com Carol sobre nosso compromisso de amanhã.

Apago as luzes e deito na cama relaxando o meu corpo. Escuto meu celular vibrar em cima da mesa de canto e viro para ver quem era. Carlos. Ignoro totalmente e volto a fechar os olhos. Acho que pelo stress que estou hoje prefiro não responder suas mensagens e nem atender as ligações. Amanhã quem sabe seria um dia melhor.

Capitulo 2

[ Julie ]

O sol começa a bater forte em meus olhos e posso escutar barulho de motos, e crianças gritando. Viro pro lado procurando pelo meu celular e ao olhar no visor percebo que já era 8:00 da manhã.

— Droga! Droga! Droga!_dou um pulo da cama e pego a primeira calça e blusa que vejo jogada no canto do quarto. Procuro pelo meus tênis na gaveta e os coloco.

Passo pelo pequeno corredor de minha casa chegando até a cozinha.

— Benção mãe._digo depositando um beijo em sua testa.

— Deus te abençoe minha filha. Atrasada de novo né senhorita?

— Prometo tentar dormir mais cedo._pego uma última maçã na fruteira e saio descendo o morro correndo até meu serviço.

Enquanto descia pelas vielas estreitas da favela, podia sentir a energia pulsante do lugar. O barulho das crianças brincando nas escadarias e indo pro colégio, o som animado dos vendedores ambulantes e ali que era meu lugar. Trabalhava na barraca de frutas do Seu João na feira da semana. Ele me deu essa oportunidade boa e de muita responsabilidade. Conseguia ganhar uma grana extra com os corre a noite e quando tinha baile, mas minha mãe não podia nem imaginar sobre isso, pois foi assim que meu pai faleceu e lhe causou um trauma horrível na vida dela. Meu irmão está presso a dois anos pela mesma situação, e até hoje mamãe não foi visitá-lo. Ele faz falta aqui dentro da comunidade, pois sempre foi muito bem respeitado e resolvia todos os problemas que surgia. Eles acham que o Junior é o dono desse morro, então na falta dele quem teria que resolver as coisas era eu, mas prefiro não me meter.

Cumprimentando todos que estavam pelo caminho, já avistando a barraca do Seu João.

— Desculpa padrinho, eu acabei perdendo a hora.

Ele me olha fechando o cenho, mas logo abre um sorriso me abraçando.

— Vai trabalhar menina!

Começo organizando as frutas e anunciando as promoções do dia com minha voz estridente.

— OLHA A MAÇÃ! VERMELHINHA! DOCINHA E QUE CABE NO SEU BOLSO. BORA MEU PARCEIRO, MINHA PARCEIRA. E LEMBRANDO QUE...MULHER BONITA NÃO PAGA!

— Se mulher bonita não paga, eu acho que não pago também, né?

— O que você quer Bárbara?_pergunto nem olhando em sua direção.

— Você sabe o que eu quero, faz de sonsa né Morena.

— Mano, não complica as coisas...

— E aquele papo de futuro? De ter nossas crias? Casar e o escambau?

— Eu estava bêbada Bárbara! Eu disse isso enquanto..._me aproximo mais dela pra falar baixo o suficiente para ninguém ao redor escutar.— Enquanto transavamos no banheiro do baile.

— E eu não significo nada pra você?_diz ela me olhando fixamente.

— Bárbara, depois conversamos. To trabalhando mano, não tá vendo? Se manca.

— Quero ver eu ter que contar pra sua mãe sobre...

Interrompo ela segurando em seu braço  e tampando sua boca. 

— Tá maluca porra? Você sabe da situação e ainda quer bancar a fofoqueira? Se enxerga Bárbara._digo empurrando ela que sai dali sem reação.

Me recomponho e continuo as vendas, pois o que vendia aqui hoje era lucro pra dentro de casa.

......................

Acabando a feira ajudo seu João a guardar a barraca e as frutas que sobrou. Ele me dá o pagamento do dia e algumas gorjetas. Sorrio o agradecendo e volto pelo mesmo caminho de que havia vindo.

Parando para atravessar a rua Bárbara estava sentada na calçada, quando a vejo reviro os olhos e ela vem até mim.

— Queria te pedir desculpas._diz ela colocando a mão em meu ombro.

— Só não faz mais isso. Não explana assim. Você sabe da situação, não foi escolha minha, é necessidade. Tu  não é burra.

— Desculpa morena. Não foi minha intenção.

Ela continua me acompanhando até na viela e quando chega na escada paro por alguns instantes e a puxo pro beco que era escuro o suficiente pra não enxergar nada. Puxo Bárbara pela cintura fazendo com que seu corpo fique bem junto ao meu. Posso sentir o olhar dela sobre o meu e a respiração próxima o suficiente para nossos lábios se tocarem com desejo.

Minha língua se entrelaça com a dela fazendo movimentos vorazes e intensos. Posso sentir o clima ficando mais quente a medida que subo minha mão até chegar em seus seios. Bárbara para nosso beijo e da um passo pra trás.

— Você me destrói por dentro!_diz ela.

— Desde de quanto você tem sentimentos?

— Desde de que te conheci._ela sorri com sarcasmo.

Saio do beco e vou andando em direção a minha casa. Bárbara ainda me acompanhando da uma olhada no celular e se se vira pra mim.

— Ei morena, tem um problema lá em cima._avisa ela.

— Como assim?

— Parece que a sei lá o que Cruz quer autorização pra fazer umas fotos daqui, prometeu que metade do lucro que fizessem iriam ser arrecadadas pras crianças.

— E desde de quando pedimos isso?

— Você sabe né! Qualquer chance de lucrar que esse povo rico tem eles não perdem a chance.

— Mas dessa vez eu não vou deixar._digo subindo mais rápido ainda as escadas chegando rapidamente na porta do barracão deixando Bárbara pra trás.

Por conta de uma mulher dessas que entrou aqui na favela "prometendo" um monte de coisas que meu irmão foi presso, e eu não estava disposta a deixar isso acontecer de novo com ninguém.

— Fala Ratinho._digo cumprimentando Marcos. Nosso entregador.

Me sento no sofá surrado no início da casa e acendo um cigarro de palha.

— Caim, Abel, Ratinho o assunto é sério. Senta aí._digo chamando os três. Caim e Abel eram dois irmãos nós quais apelidamos assim pelas constantes brigas e principalmente por conta de mulheres. Mas seus nomes verdadeiros eram Mateus e Jonas.

Os três sentam em minha frente e me aguardam a começar a falar.

— Tá rolando um papo de que a empresa Cruz vai fazer umas fotos pra uma campanha aqui dentro da favela e ainda vão doar metade do valor do lucro pras crianças._digo soltando a fumaça do cigarro no ar.

— Fecha tudo morena! Deixa ninguém entrar não minha parceira._reforça Caim.

— Se proibir toda a entrada é mais fácil pra gente entrar em cana. Você sabe como esse povo rico é! Então é só marcar em cima. Principalmente no baile de sexta a noite.

— Demorou. _ dizem em coro.

Pego minha mochila no chão e me despeço dos meninos. Vou descendo e por fim chego em casa.

— Mãe?_ela não estava. Provavelmente devia ter achado alguma faxina pra fazer.

Abro a geladeira e procuro por algo pra comer. Pego um pouco de iogurte e sento na sala mexendo no celular. Até que enfim, metade do dia já se passou. 

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