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Grávida Do Golpista

Casamento dos sonhos... Ou não!

Andressa Lourenço, 20 anos.

Enfim, o dia mais feliz da minha vida chegou. Vou me casar com o homem mais lindo do mundo, aquele que eu amo mais do que a mim mesma.

Noivamos cerca de uma semana atrás, e hoje é o grande dia. Estou sentada na cadeira, de frente para a minha penteadeira, onde uma equipe cuida da minha maquiagem e cabelo.

O meu vestido de noiva é belo, eu não sei se olho para ele ou para o espelho, pois estou encantada com todos os detalhes.

Minha mãe entra no quarto e sorri ao me ver, as meninas mandam eu me levantar para colocar o vestido.

— Você está linda, minha filha. Meus parabéns por esse dia tão especial.

— Ohhh mamãe, muito obrigada. — ela vem até mim e me abraça. Com a ajuda das meninas, coloco meu vestido, tornando-me a noiva mais bela de todos os tempos.

— Perfeita, meu amor. Vou chamar o seu pai para levar você. Te espero no sítio.

Sim, meu casamento foi celebrado aqui mesmo, cercado por essa bela natureza. Não há lugar melhor para se casar, principalmente com a bela visão das uvas.

Eu dei essa ideia para o Hugo. Meu pai chega e estende o braço para que eu coloque o meu dentro dele. Ele está tão feliz quanto eu, afinal, sou filha única e estou alçando meus voos.

Chegamos ao tapete vermelho, e lá está ele, lindo como sempre. Conheci o Hugo na faculdade; ele era bem mais velho do que eu. Na época, eu não estava interessada em ninguém, até ele chegar como um furacão e dominar todo o meu coração.

Vamos caminhando até ele, e lembranças do nosso primeiro encontro vêm à minha mente. Como ele chegou até mim depois de nos esbarrarmos no corredor, como ele ignorava as meninas só para ficar sentado comigo no refeitório.

Foram tantas coisas boas que me fizeram apaixonar por ele dia após dia, e não há nada nesse mundo que me faça mais feliz do que me tornar a sua esposa, a mulher que ele escolheu, e hoje com 20 anos, estamos nos casando.

Nunca tivemos relação sexual; ele sempre foi muito cavalheiro, dizendo que esperaria até a nossa lua de mel. Eu achei isso muito fofo, já que a maioria das minhas amigas sofreu nas mãos dos meninos, que só buscavam tirar a virgindade delas e depois as abandonavam.

O Hugo sempre mostrou ser um homem especial, em todos os sentidos, e estou me casando por amor, com o homem da minha vida.

Chegamos até ele, meu pai me dá um beijo na testa e entrega a minha mão para o Hugo. Ele pega minha mão e leva até seus lábios, conduzindo-me até o juiz de paz.

A cerimônia acontece, e eu já não tenho mais lágrimas para chorar, pois a alegria é tão grande que transborda pelos meus olhos. Me viro para o Hugo, que também está sorrindo de felicidade.

Até que chega o momento do "sim" e a troca das alianças. Não fizemos votos um para o outro; apenas falamos poucas palavras que o padre nos instruiu a dizer. Eu quase não conseguia falar, pois minha voz saía embargada pelo meu choro.

Seguimos para o outro lado, onde seria realizada a festa de casamento. Lá havia dois homens de terno, aos quais Hugo explicou que precisava assinar os papéis do casamento civil. Ele chamou meus pais, e nós quatro assinamos.

Depois fomos para a festa. Estava tudo tão lindo, com tantos detalhes em branco e dourado, uma mistura da nossa felicidade. Hugo beija a minha mão e diz que vai resolver um pequeno problema. Ele sai me deixando sozinha, minha mãe se aproxima e vem me felicitar.

— Agora você será uma boa esposa, pois ele é um homem extraordinário, minha filha.

— Sim, mãe. Ele é um sonho que eu só via em livros de contos de fada. Darei o meu melhor para que este casamento dure para sempre, assim como o seu e o do papai.

Ela beija a minha testa e me abraça, e manda eu ir atrás dele, para a nossa dança dos noivos.

Vou seguindo o caminho que o vi fazer e vejo uns homens de terno fazendo um círculo, onde há um homem no chão em meio as vieiras e o Hugo batendo nele, como se fosse um saco de pancadas.

Me aproximo quase correndo, pois o meu salto não ajuda muito.

— Hugo, para com isso! Você vai matá-lo.

— Saia daqui, Andressa. Eu não mandei você ficar na festa?

— Pare com isso, eu já disse. — vou para cima dele e o puxo com força pela gola do seu terno.

Ele pega no meu braço e aperta forte. De onde veio esse homem violento que eu não tinha visto antes?

— Esse cara me deve muito dinheiro. Pegou emprestado comigo e não quer pagar. O que você quer que eu faça, beije na boca dele?

— Você nunca foi agressivo. Não o machuque. Não estrague a nossa festa de casamento. Deixe-o ir embora, e eu vou conversar com o meu pai e pagar a dívida dele.

— Seu pai vai pagar? Com o quê?

— Somos ricos, Hugo, e você sabe disso. — ele começa a gargalhar e manda soltar o homem. Assim que ele se levanta, nossos olhos se encontram, e meu corpo arrepia com a intensidade deles. Ao passar por mim, ele diz "obrigado" bem baixinho, e eu sorrio para ele.

Hugo pega no meu braço e me leva de volta para a festa. Ele chama a atenção de todos e manda desligar o som. Ele continua apertando o meu braço e me leva até o palco, onde estavam os músicos.

— Caros convidados, venho agradecer a presença de todos que aqui estão, e vou dar-lhes uma bela notícia. Hoje, eu me tornei um dos homens mais ricos do país. Andressa, Antônio e Marisa, quero que saiam das minhas terras. Vocês têm 1 hora para pegarem seus pertences e irem embora.

— O que você está dizendo, Hugo?

— Estou dizendo que tudo isso agora é meu. Lembra do documento que vocês assinaram? Seus pais transferiram tudo para mim, e agora não quero mais ver a cara de vocês. — ele fala descendo do palco e puxando uma das mulheres para ficar com ele. Pega a garrafa de champanhe e bebe direto do gargalo. — Não vou repetir. Se vocês não forem embora em uma hora, vou chamar a polícia para tirá-los daqui...

Perdeu tudo....

Andressa

Fico em choque, e meu pai cai de joelhos no chão. Eu vou até ele para segurá-lo. Ele não consegue falar nada, e um homem que se diz médico vem nos ajudar.

— Vamos levá-lo para o hospital rápido, pois ele está tendo um infarto.

Nesse momento, sou eu que quase infarto. Minha mãe começa a chorar desesperadamente. Afinal, perdemos tudo para o lobo vestido de cordeiro.

Olho para ele com muita raiva. Sinto meu corpo fervendo, algo que nunca tinha sentido antes, um sentimento novo para mim, já que eu sempre fui uma pessoa calma.

— Não me olhe desse jeito, Dêza. Você sabe que eu sempre te amei, né? — ele fala em tom de deboche e depois beija a mulher na minha frente.

Viro o meu rosto para não olhar, e ajudo a levantar o meu pai. Saímos levando ele para o carro, mas o Hugo manda parar, afinal o carro também é dele. O médico olha para mim com piedade e leva meu pai para o carro dele.

Sem dizer nada, com a garganta cheia de ódio, entro no carro junto com minha mãe e o médico que nos leva para o hospital,e ele começa a falar:

— Sinto muito, Andressa. Ele se escondeu muito bem, enganou todos, eu sempre achei que ele era um bom homem, mas isso que ele fez, não tenho palavras.

Continuo em silêncio, como se uma pedra estivesse presa em minha garganta, me impedindo de falar qualquer palavra. Chegamos ao hospital, e ele chama os enfermeiros para colocá-lo em uma maca e levá-lo para dentro com pressa.

Minha mãe, ao meu lado, mal olha para mim. E eu não tenho coragem de dizer nada, afinal, fui eu quem o levou até lá, a culpa é toda minha.

O mundo desaba sobre mim. Sento-me em uma cadeira do hospital e começo a chorar. Na festa, ainda não tinha enfrentado a realidade, mas agora ela me atinge com força.

Como uma cachoeira, meus olhos transmitem toda a dor que estou sentindo. Fui enganada, roubada por aquele que dizia me amar.

Levanto a cabeça e vejo minha mãe do outro lado. Ela se afastou de mim e me culpa ainda mais do que eu mesma me culpo.

Duas horas passam e o médico volta. Pela expressão dele, a notícia não é boa. Levanto-me e vou até minha mãe. Ele vem falar conosco.

— Senhora Lorenço, fizemos tudo o que pudemos, mas infelizmente ele não resistiu. Teve uma parada cardíaca e faleceu.

— Nãooooooo, meu velho não— ela chora desesperada, e eu não sei como fazer para consolar, já que ela não quer nem ficar perto de mim.

Ela se ajoelha no chão e começa a gritar mais alto entre lágrimas. E eu me amaldiçoo por ter trazido tanta desgraça para minha família.

— Mãe, eu... — reúno um pouco de coragem para falar com ela, tocando seu ombro, mas ela afasta minha mão.

— Foi tudo culpa sua. Perdemos tudo por sua culpa. E agora, Andressa, o que será de nós? Para onde iremos se tudo o que temos está na fazenda e foi passado para o Hugo?

— Mãe, eu não sabia...

— Eu sei, ele enganou a todos nós, mas isso não trará meu marido de volta. Seu pai, ele matou seu pai. — ela termina a frase e volta a chorar.

As horas passam, e terminamos todos os trâmites para o velório. Como meu pai pagava o plano funerário, ao menos podemos enterrá-lo com dignidade.

A despedida é muito triste. Alguns amigos fazendeiros dele nos apoiam. Pelo menos até conseguirmos nos estabilizar. Afinal, além do café, éramos os maiores na produção e venda de vinhos do mercado. Meu pai era muito respeitado por todos, e por isso, eu me tornei a maior vilã da região.

Os dias passam, mas minha reputação na região está podre. Fomos morar com a melhor amiga da minha mãe, e eu sou deixada de lado.

Comecei a faculdade de administração, mas ainda não concluí. Não sei fazer nada além de costurar roupas, algo que aprendi com minha avó, mãe do meu pai.

Já não suportando mais o desprezo da minha mãe e as zombarias de todos, decido deixar o interior. Preciso me reerguer e mostrar a todos que serei superior.

Converso com minha mãe, mesmo contra a vontade dela, ela ouve com atenção.

— Mãe, vou para a cidade grande. Vou trabalhar e enviar dinheiro para a senhora, eu preciso fazer alguma coisa por nós.

— Na cidade grande é mais perigoso do que aqui. Seu marido veio de lá, e veja a encrenca que ele trouxe.

— Não se preocupe, vou me virar. Espero que fique bem. Vou me reerguer mãe, vou recuperar nossa fazenda. Mesmo que tenha que trabalhar 24 horas por dia, o que era nosso voltará para nossas mãos.

Vejo um brilho em seus olhos, e ela começa a chorar. Ela me abraça e pede desculpas por tudo o que me fez passar.

Nunca culpei ela pelas palavras que me disse. Eu merecia tudo isso, afinal, fui eu quem caiu na conversa daquele miserável.

Mas ele pagará caro, o mundo dá voltas, e o bem sempre vence. Arrumo minha mala com as poucas roupas que ganhei. Ele não me deixou nem voltar para pegar minhas roupas.

Ele entregou minha bolsa e a da minha mãe com os documentos, e só isso. Por sorte, consegui vender meu vestido de noiva. Será com esse dinheiro que me reerguerei.

Minha mãe me leva, junto com o capanga da fazenda, até a rodoviária. Viajarei de ônibus para economizar o pouco dinheiro que tenho.

— Cuide-se, Andressa. Tente não cair mais em conversas de "eu te amo."

— Aprendi a lição, mãe. Qualquer um que disser "eu te amo" para mim levará um chute. Aproveitarei minha estadia lá para entrar na justiça e lutar para recuperarmos tudo. É uma promessa.

Ela me abraça novamente. Ficamos abraçadas por uns dois minutos, até que a solto com um sorriso. Vou caminhando até a parada de ônibus, enxugando as lágrimas, e pedindo a Deus que me ajude nessa nova jornada da minha vida...

Começando uma nova vida.

Andressa

Finalmente cheguei na capital da Itália. Aqui é muito lindo, e espero me sair bem por aqui. Vou até uma barraca onde vejo uma mulher vendendo lanches. Peço a ela um, pois minha barriga está um buraco.

Ela prepara com todo carinho e me entrega.

— Moça, sabe onde estão precisando de gente para trabalhar?

— Você tem alguma profissão?

— Não senhora, eu vim do interior e preciso arrumar um emprego com urgência.

— Aqui nas empresas sempre há vagas de emprego, tanto para quem tem faculdade quanto para quem não tem. Mas você pode ir conversar com a Marli. Ela trabalha naquela ali. Ela vai arrumar alguma coisa para você.

Agradeço a ela e vou até a empresa que ela apontou. Chegando lá, pergunto pela Marli na recepção. A moça diz que irá chamá-la, e em poucos minutos ela aparece.

Ela me examina dos pés à cabeça, e eu a chamo para conversar. Explico brevemente a minha situação e ela me diz que irá me contratar para servir cafés aos CEOs da empresa, ou outras coisas que eles me pedirem.

Ela diz que terei que vir com roupas sociais diariamente, o que eu não tenho, já que eu morava na fazenda. Mas vou dar um jeito.

Ela fala de uma pensão com baixo custo, que é um bom lugar para mim, que acabei de chegar do interior, ficar até me estabelecer.

Sigo o caminho, encontro a pensão e, mesmo que seja barata, custa um quarto do dinheiro que trouxe. Depois de guardar minha mala no quarto, saio para comprar roupas sociais. Quase caio ao ver os preços, são muito caros. O máximo que vou conseguir comprar serão 2 peças, e vou passar o resto do mês sem comer nada.

Desisto da compra, continuo procurando e encontro uma loja de tecidos. Sorrio, pois minha avó me ensinou a fazer vários estilos de roupas. Escolho as cores do tecido, agulhas e linhas. Pelo menos a roupa de amanhã estará pronta.

Volto para a pensão, me sento na cama e, com uma revista de moda, começo a fabricação. Horas depois, a primeira peça está pronta. Se eu tivesse uma máquina de costura, seria mais rápido. Mas vou providenciar isso, pois se quero economizar, não vou poder comprar roupas na loja, vou ter que fazer eu mesma.

Estendo a roupa para não amassá-la e vou tomar um banho. Me deito, com esperança de que tudo dará certo, e acabo dormindo.

Acordo às 6:00 da manhã. Tenho que estar na empresa às 8:00. Me levanto, faço minha higiene e me arrumo. A peça ficou perfeita em meu corpo. Desço para tomar café e a senhora que me indicou o trabalho já está lá, vendendo seus lanches.

Me aproximo dela e peço um, pois além de gostosos, são baratinhos e cabem bem no meu orçamento.

— Nossa, você está linda. Conseguiu o trabalho?

— Consegui sim, e vim te agradecer por isso. Se você não tivesse me indicado, eu ainda estaria perdida. Muito obrigada mesmo, você salvou a minha vida.

— Só não se esqueça nunca de fazer o bem para o próximo. Sempre que fazemos o bem a alguém, Deus nos ajuda. Não sei sua história real, mas dá para ver que, mesmo sendo tão jovem, você já sofreu muito na vida. Não deixe o ódio tomar conta de você. Seja sempre humilde com todos.

Suas palavras são bonitas, mas confiar novamente em alguém será difícil, principalmente se for um homem.

Termino o lanche, pergunto as horas e faltam 10 minutos para eu começar a trabalhar. Me despeço dela e sigo para a empresa.

Marli chega bem na hora e manda eu segui-la. Me leva até a área do café e manda eu preparar e servir nas bandejas de sala em sala.

— Eu preciso que você sirva os chefes, depois passa no RH com seus documentos para registrarem você tudo bem?

— Não vou precisar passar por período de teste?

— Não, seu trabalho exige muito, e é melhor que você seja logo registrada.

Concordo com ela, e ela sai. Sempre fiz um café maravilhoso, mas não sei qual café eles usam aqui na empresa. O café do meu pai é natural, ele não gostava de colocar aditivos para dar peso ao pacote de café, diferente de outras empresas.

Mas assim que abro o pote, minha mente volta para a fazenda. Esse cheiro de café puro, só lá que tem. Sorrio ao ver que eles usam nosso café.

Abro a portinha de baixo e posso ver os pacotes lá dentro, e eu não estava enganada, realmente são os nossos cafés.

Preparo do jeito que minha mãe ensinou, usando o fogão elétrico que eles têm aqui, pois essas máquinas, eu não sei usar, não para preparar café.

Assim que termino, coloco tudo dentro da garrafa como Marli me ensinou, coloco na bandeja e vou de sala em sala entregando as xícaras, mas sempre sem olhar para nenhum deles

Mas percebo que as mulheres ficam de olho na minha roupa, e sei que é por ser diferente das delas, só não sei se isso é bom ou ruim, mas finjo não estar vendo nada disso.

Termino o expediente muito cansada, não fui contratada só para servir café, mas também para fazer tudo que pedir, então, quando alguém me chamava para levar pasta em outro setor, lá estava eu fazendo.

Eu fazia o serviço geral, serviçal mesmo da empresa. Com medo de ser roubada na pensão, já que a porta era frágil, assim que saí da empresa, fui até um banco e abri uma conta e guardei o pouco dinheiro que eu ainda tinha; esse seria para a minha sobrevivência até receber o meu primeiro pagamento.

Pego o cartão e volto para a pensão. Antes de tomar meu banho, pego o tecido e a linha e começo uma nova produção de roupas, e essa que eu usei hoje, coloco para lavar.

Depois de tudo feito, tomo meu banho e me deito para dormir, e pela primeira vez, sonho com o Hugo vindo me perturbar. Será que nem em sonho, esse infeliz vai me deixar em paz?

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