Três anos depois do nascimento de Zoe, Art descobriu que sua amada companheira o havia traído com seu melhor amigo. Cego de raiva, ele matou o traidor sem piedade. Desde então, Art mudou completamente a forma como tratava sua filha mais nova, Zoe. Ele passou a rejeitá-la, acreditando que ela era fruto da infidelidade de sua companheira. Como se não bastasse, sua alcatéia estava prestes a entrar em guerra com os Lupinos do sul, uma alcatéia rival de lobos. Para evitar o conflito, ele decidiu oferecer sua filha como um gesto de paz entre as duas matilhas.
Agora...
"Zoe! Vamos lá! Só dessa vez?" Kesha insistia para que Zoe se divertisse com ela naquela noite.
"Deixa pra lá, Kesha. Você sabe que meu pai é o Alfa, o que acha que ele vai fazer se descobrir que a filha do alfa foi numa dessas festinhas? Ele já têm motivos de sobra para me odiar, não preciso dar mais um". Zoe retrucou.
Ela tinha lindos cabelos ruivos, que contrastavam com seus olhos cinzentos, como a lua cheia.
"Ele não te odeia, Zoe. E nada disso é culpa sua, eu já lhe disse isso mil vezes!" Kesha tentou consolar Zoe.
"Muito bem, diga isso para ele! E veremos o quanto ele concorda", ela se levantou da cama de Kesha com um sorriso sarcástico. "Bom, preciso voltar para casa, já deu meu horário. Não quero que meu pai pense que eu estou me envolvendo com algum lobo sem futuro." Ela sorriu sarcasticamente enquanto jogou os cabelos ruivos por cima do ombro e saiu do quarto sem se despedir.
Zoe partiu minutos depois de deixar o quarto de Kesha, ela percorreu por alguns minutos a floresta, sentindo o cheiro de pinho e terra molhada. Ela chegou à sua residência, uma casa enorme, devido seu pai ser o alfa da alcatéia do norte. Sua casa era muito maior que os demais da matilha, dez quartos, oito banheiros, sem contar lugares que nem tinham a necessidade de terem em casa, como uma biblioteca, uma sala de jogos e uma piscina aquecida. Zoe foi direto para sala de jantar, onde seu pai e seus dois irmãos estavam, junto à pequena Maya, sua meia irmã. Maya era filha do segundo casamento do seu pai, depois que sua mãe morreu durante o parto.
Zoe se sentou junto aos demais na mesa, ela comia em silêncio, enquanto todos pareciam encará-la. Foi quando seu pai falou com uma voz grave e autoritária.
"Amanhã você fará dezoito anos, portanto trate de fazer suas malas hoje à noite. Amanhã você vai para alcatéia do sul". Ele não olhou o rosto de sua filha por sequer um segundo, como se ela fosse apenas uma peça em um jogo de xadrez. Ele estava decidido a abrir mão de sua filha e entregá-la ao alfa da alcatéia do sul, para selar uma aliança política entre as duas regiões.
"Como?" A voz de Zoe era um misto de raiva e incredulidade. Ela não podia acreditar no que seu pai acabara de dizer. Ela se virou e subiu as escadas até seu quarto, batendo a porta com força.
Ela foi em busca de sua jaqueta de couro preta, a única coisa que ela tinha de sua mãe. Ela a vestiu.
Ela estava prestes a abrir a janela de seu quarto, quando seu irmão Delta entrou sem bater.
"Zoe, fica calma, eu sei que nosso pai foi um pouco duro, mas tenta entender". Ele parecia preocupado, mas também impotente. Ele era o primogênito, o herdeiro do alfa, o futuro líder da matilha. Ele não podia desafiar as ordens de seu pai.
"Eu aceitei todas as rejeições, mas agora ele está me vendendo como se fosse um objeto sem valor, já chega disso Delta!". Zoe olhou para ele com fúria nos olhos. Ela sentia sua loba interna rosnar, querendo se libertar.
"Zoe, me desculpa se houver algo que eu possa fazer por você." Seu irmão mais velho disse com seus olhos verdes cheios de lágrimas. Ele sabia que Zoe tinha razão, mas ele também sabia que seu pai tinha seus motivos. Ele queria evitar uma futura guerra entre as matilhas.
"Faça minhas malas, e só nisso que você pode me ajudar". Zoe disse friamente enquanto pulava da janela de seu quarto. Ela caiu no chão e correu feroz pela floresta, indo até a casa de Kesha, sua melhor amiga.
Quando Zoe alcançou a casa, a porta da frente estava aberta. Ela entrou e viu a mãe de Kesha deitada no sofá da sala, assistindo a um programa de TV. Ela reconheceu Zoe e sorriu.
"Oi, Zoe. A Kesha está no quarto dela. Você quer alguma coisa?" Ela perguntou gentilmente.
"Não, obrigada. Eu só vim buscar a Kesha para darmos uma volta". Zoe mentiu enquanto subia as escadas até o quarto de Kesha. Ela bateu na porta e entrou sem esperar resposta.
"Muito bem! Vamos a essa tal festa que você falou". Ela falou afobada enquanto abria a porta pela corrida que havia feito no caminho. Ela viu Kesha sentada na cama, mexendo no celular. Kesha era uma loba loira, com olhos castanhos.
"Zoe? O que houve? Você parece nervosa". Kesha perguntou ao ver a expressão de Zoe.
"Eu te conto no caminho. Vamos logo, antes que eu desista". Zoe disse enquanto pegava a mão de Kesha e a puxava para fora do quarto.
"O quê? Zoe, você está louca? O que está acontecendo" Kesha perguntou assustada.
"Eu não me importo. Eu não vou voltar para aquela casa nunca mais". Zoe disse determinada. "Vamos logo"
"Okay, mas antes toma, se troca, veste esse vestido". Kesha entregou um vestido branco a ela com um lindo decote nas costas.
Elas correram pela floresta até chegarem à clareira onde a festa estava acontecendo. Era uma festa organizada por alguns jovens lobos solteiros que não queriam seguir as regras das matilhas tradicionais. Havia música alta, bebida, e todo tipo de coisa
Zoe se sentiu aliviada ao ver aquele ambiente de liberdade e diversão. Ela sorriu e puxou Kesha para o meio da multidão.
"Vamos nos divertir, Kesha. Hoje é a nossa noite". Ela disse enquanto começava a dançar perto da fogueira.
Ela bebeu alguns copos de álcool, mas pareciam não fazer tanto efeito enquanto ela dançava. Zoe viu sua amiga Kesha se agarrando aos beijos com um lobo moreno e musculoso ao qual ela dançava, quando alguém a agarrou pela cintura e começou a dançar colado nela. Era um rapaz loiro e magro, que sorria maliciosamente para ela, mas Zoe parecia não gostar daquela aproximação.
Ela tirou as mãos do rapaz e se distanciou, mas quando ele voltou a por as mãos sobre ela, Zoe rosnou mostrando seus dentes afiados, enquanto seus olhos brilhavam com um tom branco devido a sua loba interna.
"Se colocar a mão de novo, eu arranco elas fora". Zoe ameaçou o rapaz, que saiu o mais rápido de perto dela, assustado com a ameaça.
Elas se divertiram a noite toda. Até finalmente Kesha ligar para sua mãe buscá-las. A mãe de Kesha era uma mulher gentil e compreensiva, que sabia que as jovens lobas precisavam de diversão para distrair um pouco suas mentes turbulenta. Ela levou Zoe de volta para casa, depois partiu quando Natan, o irmão do meio de Zoe, a carregou nas costas até seu quarto.
"Zoe, poderia ser menos imprudente? Papai está uma fera pelo que você fez. Você ainda é nossa irmãzinha, não se meta em mais encrencas". Natan disse preocupado, enquanto colocava Zoe na cama.
"Irmão... Se você me amasse teria sido contra o que papai ordenou. Ao invés disso segue ele como seu cachorrinho fiel". Zoe disse devido estar um pouco bêbada.
"Tem razão, eu sou apenas um cachorro fiel do nosso pai, mas eu te amo e me preocupo. Trate de descansar, pois amanhã vai ser um dia longo e cheio de dores de cabeça". Natan disse cobrindo Zoe com um cobertor e dando um beijo de boa noite em sua testa. Ele saiu do quarto, deixando Zoe adormecer com os pensamentos confusos.
Na manhã seguinte, Zoe acordou com suas malas prontas, seu irmão havia realmente preparado tudo para ela. Ela se espreguiçou na cama e olhou em volta do seu quarto, que agora estava vazio de qualquer pertence pessoal. Ela sentiu um aperto no peito ao pensar que nunca mais voltaria ali. Enquanto descia as escadas, Zoe olhava os retratos na parede de seus irmãos pequenos, sorrindo e brincando. Havia somente uns dois retratos com ela, um de quando era bebê e outro de quando tinha dez anos. Não havia nenhum de sua mãe na casa, exceto o que estaria em seu quarto, guardado em uma gaveta. Ela se juntou aos outros na mesa de jantar, e tomou seu café da manhã em silêncio, sem conseguir encarar o olhar frio do seu pai.
Logo Zoe se encontrava em frente a sua residência com seus irmãos a ajudando a carregar as malas, seu pai ao menos se despediu, ele preferiu ignorar o fato que havia mandado sua única filha de sua amada companheira embora.
"Zoe, Maya senti saudades". Sua irmãzinha de cinco anos tentou falar, segurando um ursinho de pelúcia.
"Zoe também senti muita saudades sua pequena Maya." Ela abraçou forte sua irmãzinha, sentindo o cheiro doce do seu cabelo.
"Me ligue se precisar de alguma coisa, você sabe, somos seus irmão, e daríamos a vida por você." Natan abraçou Zoe no momento em que ela soltou Maya. Ele era o irmão do meio, mas parecia ser o mais velho dos irmãos e tinha sido como um pai para ela a todo momento.
"Não se preocupe Natah, eu sei me virar." Zoe forçou um falso sorriso, tentando parecer confiante.
"Escuta, lembra das dicas de luta que eu te ensinei, por favor... Não esquece da gente... Zoe Northwind, sabe você lembra muito da nossa mãe." Delta disse chorando logo em seguida quando a abraçou. Ela era o mais próximo de Zoe em personalidade.
"Papai, não vai se despedir, eu imagino, bom... Eu amo vocês, diga a ele, que sentirei saudades." Ela se manteve forte até o último momento, segurando as lágrimas que ameaçavam cair.
Zoe entrou no táxi, e partiu até o aeroporto, levou alguns minutos até chegar, e quando ela embarcou no avião e olhou pela janela, viu sua cidade se afastando enquanto o avião decolava. Ela fechou os olhos e respirou fundo, se preparando para o novo desafio que a esperava.
Finalmente em Whithbarg, uma cidade linda e enorme, Zoe saiu do aeroporto e avistou um homem segurando uma placa com seu nome. Ela caminhou em direção a ele, sentindo uma mistura de ansiedade e curiosidade.
"Senhorita Northwind? Peço perdão por não me apresentar direito, sou o motorista dos Blackwood. O jovem Black não pôde buscar a senhorita, por isso estou no lugar dele. Passaremos em um local para buscar o jovem mestre." O homem era formal e educado, ele tinha uma aparência agradável e gentil, mesmo que mais velho. Seus cabelos eram grisalhos e seus olhos transmitiam confiança
"Tudo bem, obrigada, mas como devo chamá-lo?". Zoe perguntou, tentando ser educada também.
"Meu nome é Hunter, senhorita. Por favor, deixe que eu leve suas malas". O homem parecia ser muito forte para sua idade, ele carregava as malas sem esforço algum, algo comum entre os lobos, a força esmagadora que eles têm.
Zoe entrou no carro logo que suas malas estavam todas arrumadas no porta-malas do carro. Logo o senhor Hunter deu partida no carro, seguindo um trajeto tranquilo pela cidade. Zoe admirava as paisagens urbanas, as lojas, os parques e as pessoas que passavam pelas ruas. Ela se perguntava como seria sua nova vida ali.
Depois de alguns minutos, eles pararam em frente a uma cafeteria charmosa, onde dois rapazes caminhavam para fora do estabelecimento. Primeiro saiu um rapaz de cabelos castanhos, que usava uma jaqueta de couro e jeans rasgados. Em seguida saiu um rapaz loiro de olhos azuis, seu corpo era robusto e ele tinha uma aparência incrivelmente atraente. Ele usava uma camisa branca e calça social preta. Ele olhou para Zoe por um leve momento, como se estivesse analisando ela, por fim voltou sua atenção para seu celular.
"Você deve ser a Zoe. Eu sou Matt! O beta de Alaric". O garoto moreno disse com um sorriso amigável, assim que entrou no carro. Ele se sentou ao lado de Zoe e estendeu a mão para cumprimentá-la. "Espero que possa aproveitar o percurso". Ele completou seu discurso.
Zoe retribuiu o sorriso e apertou sua mão. Ela sentiu um calor estranho percorrer seu corpo ao tocar na pele dele. Ela se perguntou se ele era um dos lobos que serviam ao alfa.
"Obrigada, Matt. É um prazer conhecê-lo". Ela disse com sinceridade.
O rapaz loiro entrou no carro logo depois e se sentou no banco de Matt. Ele não disse nada, apenas acenou com a cabeça para Zoe. Ela sentiu um arrepio na espinha ao olhar para ele. Ela se perguntou quem ele era e por que ele parecia tão sério, mas ao mesmo tempo tão atraente naquela sua pose defensiva.
O senhor Hunter ligou o carro novamente e seguiu em direção à mansão dos Blackwood. Zoe sabia que estava prestes a entrar em um mundo novo e desconhecido. Ela esperava estar preparada para o que viria pela frente, pois agora já não fazia mais parte de sua antiga alcatéia.
Chegando à imponente mansão dos Blackwood, Zoe ficou impressionada com o tamanho e a beleza do lugar. Era uma casa ainda mais bonita do que a em que ela vivia, com um estilo clássico e elegante, cercada por um jardim bem cuidado e uma piscina cristalina. Ela se sentiu pequena e deslocada ali, como se não pertencesse àquele lugar.
Hunter, o motorista dos Blackwood, abriu a porta do carro para que Matt e Alaric, descesse. Logo em seguida, ele estendeu a mão para ajudar Zoe a sair do veículo, que como forma de agradecimento à sua gentileza, sorriu para ele. Hunter retribuiu o sorriso com um olhar de simpatia e admiração. Ele sabia quem ela era e o que significava de importante do tratado dos Blackwood, mas não podia deixar de sentir simpatia por ela.
"Por favor, Hunter, deixe as coisas da senhorita Northwind no quarto dela", o rapaz loiro ordenou com uma voz firme e autoritária. Ele era Alaric, o filho mais velho e herdeiro dos Blackwood, e o novo alfa da alcatéia . Ele olhava Zoe com um misto de curiosidade e desejo, como se quisesse provar dela os seus segredos mas profundo. "Me siga", ele disse, caminhando a frente.
"Sim, jovem mestre", respondeu Hunter, fazendo uma reverência. Ele pegou as malas de Zoe e as levou para dentro da mansão.
Zoe seguiu Alaric para dentro da mansão, que era ainda maior por dentro. O salão principal era iluminado por um lustre de cristal e decorado com quadros e esculturas de valor inestimável. Uma linda escadaria de mármore levava ao segundo andar, onde ficavam os quartos. Eles caminharam até a sala de estar, onde um homem mais velho, porém formoso, se encontrava com uma linda mulher. Eles eram os pais de Alaric, os líderes da família Blackwood.
"Meu filho, vejo que trouxe a jovem Northwind", o homem disse com uma voz grave e poderosa. Ele se levantou do sofá e caminhou até Zoe, observando-a com atenção. Ele era Rodolf Blackwood, o antigo alfa da alcatéia , um homem respeitado e temido por todos. "Ela é muito bonita", ele elogiou.
"Obrigada, senhor", Zoe disse timidamente, fazendo uma leve reverência.
"Sim, pai, os Northwind cumpriram com a promessa. Eles nos enviaram a sua filha como parte do acordo de paz entre as nossas alcatéia ", Alaric explicou. "O que deve ser feito agora?", ele perguntou ao pai, aguardando as suas ordens.
"Bom, quando o tratado foi feito, eu ainda era o alfa dessa alcatéia . Mas agora você é o novo alfa dessa alcatéia , filho. Você tem o direito de escolher o seu destino e o dela", o homem respondeu com um sorriso orgulhoso. Ele colocou a mão no ombro de Alaric e olhou nos seus olhos. "Tome-a para você, meu filho. Faça dela a sua companheira e a futura alfa dessa alcatéia . Assim você irá fortalecer os nossos laços com os Northwind e garantir a nossa prosperidade".
Zoe parecia confusa e assustada. Ela não entendia do que se tratava aquela conversa, mas estava preocupada com as palavras do homem. Ele já não era mais o alfa da alcatéia ? Então Alaric era o seu novo líder? E ele queria fazê-la sua companheira? Ela não tinha escolha nisso? Ela sentiu um frio na barriga e uma vontade de fugir dali. Mas ela sabia que não podia. Ela estava presa àquele destino. Ela era a filha dos Northwind, a oferenda de paz que seu pai deu aos Blackwood. Ela era agora sua prisioneira.
A princípio, Zoe se admirou com a beleza do seu novo quarto na mansão dos Blackwood, mas logo se viu tomada pela frustração em saber que seria companheira do alfa. Ela estava enjoada em imaginar como seria sua vida ali, sentia falta dos seus irmãos e da sua casa simples, mas aconchegante. Quando ouviu uma batida vinda da porta de seu quarto, ela suspirou.
"Pode entrar, está aberta", ela gritou sem ânimo.
Foi quando uma jovem negra, de aparência sexy e olhos verdes, entrou pela porta com um sorriso largo. Ela exalava confiança e carisma, e se dirigiu à cama de Zoe enquanto falava.
"Zoe, né? Eu sou a Sasha, muito prazer, garota. Que tal, ao invés de ficar socada nesse quarto, sair desse inferno e dar uma volta? Afinal, essa é sua nova casa, então vai precisar conhecer a galera", ela disse com uma voz animada, mexendo nos seus cabelos trançados e enfeitados com miçangas coloridas.
"Acho que não custa nada, estou presa aqui mesmo", ela concordou com relutância, seguindo Sasha para fora da casa.
"Muito bem, lobinha. Vou te apresentar os arredores", Sasha tomou a frente, segurando a mão de Zoe.
Ela mostrou diversos lugares para Zoe, o que ajudou a distrair sua mente e não pensar tanto no que havia escutado na conversa de antes. Elas pararam em frente a um bar onde Sasha parecia ser muito popular. O lugar era iluminado por luzes neon e tocava uma música animada.
"Fala aí, seus trapos. Essa aqui é a minha nova amiga Zoe. Peguem leve com ela e sejam calorosos!", ela disse quase que dando uma ordem, puxando Zoe para dentro do bar.
"Você é bem agitada, teria se dado bem com minha melhor amiga", Zoe brincou, observando a energia contagiante da outra.
"Eu não sei quem é ela, mas essa é das minhas", ela dizia exalando aquela presença feminina que só ela tinha.
Sasha trouxe alguns drinks para Zoe, as duas beberam e conversaram um pouco, ela contou tudo sobre a cidade e as pessoas. Era um lugar onde lobos e humanos conviviam em harmonia, mas mantendo o segredo dos lobos, alguns humanos não sabiam da existência dos lobos. Eles se escondiam sob uma fachada de normalidade, mas na verdade tinham uma hierarquia e uma cultura própria.
Aparentemente, naquela cidade o alfa que era o responsável por manter a ordem e a paz entre as duas espécies. Enquanto Sasha contava os detalhes, Zoe viu uma abertura para enfim perguntar.
"O alfa... Como ele é?"
"Tá falando do Alaric? Bom ele é bem frio na maioria das vezes, exceto com o beta dele, e comigo sua amiga de infância", ela sorriu orgulhosa. "Mas ele nem sempre foi assim, depois que ele assumiu a liderança da alcateia que ele se tornou assim, antes ele era mais um jovem que adorava se divertir nas festas e um tremendo mulherengo, esse fato afeta ele até hoje, já que toda loba que o vê levanta as patinhas para ele", Sasha imitava as patinhas em forma de deboche, o que fez Zoe rir.
"Entendi, mas como um alfa ainda não tem uma companheira?", Zoe parecia curiosa.
"Amiga, ele só é alfa há três anos, ninguém caiu em cima dele por esse motivo, mas já tá na hora dele arranjar, os outros alfas vão começar a cobrar isso", Sasha explicava. "Eles dizem que um alfa sem companheira é um alfa incompleto, que não tem o equilíbrio necessário para governar. Mas eu acho que ele ainda não encontrou a sua alma gêmea, sabe, aquela que vai fazer o seu coração bater mais forte e o seu lobo uivar de felicidade".
"Entendo", Zoe deu um gole da sua bebida, sentindo o álcool queimar sua garganta. Ela olhou para o teto do bar, onde as luzes coloridas piscavam ao ritmo da música alta.
"Sasha, tá fazendo o que aqui? Não deveria trazer Zoe aqui", Matt disse se aproximando da mesa. Ele tinha uma expressão de preocupação no rosto e vestia uma jaqueta de couro. "Sabe que quando Alaric descobrir, ele vai ficar bem puto com você né? Ele só te pediu para dar uma volta com ela, não embebedar ela".
"Foi ele quem pediu? Por que? O princesinho achou que eu tentaria alguma besteira estando trancafiada no meu quarto?", Zoe perguntou num tom de deboche. Ela se levantou da cadeira e encarou Matt com seus olhos cinza faiscantes. "Avisa seu alfa, que fica tranquilo, enquanto estiver viva, não vou desonrar minha família pelos meus irmãos", Zoe se virou e caminhou em direção à saída do bar, empurrando as pessoas que estavam no seu caminho. Mas antes que ela pudesse atravessar a porta, ela se virou para olhar para Sasha. "Você vem?"
"Eu adorei essa garota", Sasha disse virando seu copo de bebida e seguindo Zoe para fora do bar.
Ele sorriu ao vê-la saindo, sentiu seu lobo interior se agitar. Ele sabia que Zoe era diferente das outras garotas que ele conhecia e estava ansioso para descobrir mais sobre ela. E como seria a reação do seu alfa a lidar com uma loba indomada.
"Mas que companheira Alaric foi arranjar", Ele sacudiu a cabeça bebendo o resto do drink do copo de Zoe.
Sasha levou Zoe de volta à mansão Blackwood, onde avistou Alaric saindo da residência em uma conversa animada com outros rapazes. Ao se aproximarem, os rapazes cumprimentaram as duas.
"Sasha, que prazer te ver novamente, você continua tão linda como sempre", disse o rapaz de cabelos castanhos.
"Não posso dizer o mesmo de você, James", ela respondeu friamente.
"E você deve ser a encantadora Zoe, um prazer conhecê-la. Você é tão bonita quanto ouvimos falar", ele disse com presunção.
"Cuidado, James. Zoe ainda está sob minha supervisão. Não gostaria que suas palavras imprudentes causassem problemas entre nossas famílias", Alaric o alertou.
"Peço desculpas, Alaric. Nunca foi minha intenção desrespeitar essa adorável jovem. Pelo contrário, admiro o motivo pelo qual seu pai a escolheu", ele lembrou Alaric de que foi o pai dele quem fez a escolha e que Alaric não teve direito de opinar sobre isso.
"Bom, já está na hora, senhorita Zoe. Você está convidada a se juntar a nós e ao nosso amigo Alaric na caçada ao redor da fogueira esta noite", disse o rapaz de olhos negros.
"Obrigada, vou pensar no convite", respondeu Zoe.
Os rapazes se retiraram, e Zoe percebeu que Alaric continuava a observá-la da mesma forma que antes, como fez no carro da última vez.
"Vamos entrar, estou incomodado com essas lentes. Preciso tirá-las", disse Alaric, virando-se em direção à entrada da residência.
"Lentes?", perguntou Zoe, olhando para Sasha.
"Os olhos dele têm uma tonalidade laranja-avermelhada, é raro ver um humano com essa cor. Ele prefere usar lentes de contato quando está na cidade ou óculos de sol para esconder a cor dos olhos", explicou Sasha.
"Mas os meus olhos são cinza. Não dá para dizer que tenha alguma relação com a melanina dele. Seria como os meus olhos um tipo raro?", perguntou Zoe novamente enquanto entrava na residência.
"Para esse tipo de cor? Não!", respondeu Sasha.
Quando Alaric se virou novamente para elas, segurava as lentes nas mãos e seus olhos brilhavam à luz do salão.
Hunter apareceu em seguida com uma caixa para que Alaric guardasse as lentes e trazendo um par de óculos de sol.
"Aqui estão, jovem mestre", disse Hunter, entregando os óculos para Alaric.
"Obrigado, Hunter!" Alaric colocou os óculos no rosto.
"Você já se acostumou com as caçadas na fogueira da sua antiga alcatéia?", perguntou Sasha.
"Bem, mais ou menos. Por quê?", Zoe questionou.
"Nessas caçadas, é semelhante à noite de Bruma. Quando transformados, os sentidos dos lobos ficam mais aguçados e o instinto animal domina suas mentes e corpos", explicou Alaric. "Como você não tem um companheiro e é uma loba pura, nesse caso, pode se tornar a presa dos lobos solteiros".
"O quê?", Zoe perguntou incrédula.
"Não precisa se preocupar, desde que eu a marque, nenhum lobo vai se aproximar", ele sugeriu.
"Você realmente acha que vou permitir que você me morda só para me tornar uma espécie de propriedade sua?", Zoe disse relutante.
"Olha, amiga, é isso ou ter vários lobos te perseguindo", Sasha brincou.
"De jeito nenhum! Eu me recuso a isso", Zoe bateu o pé enquanto subia as escadas até seu quarto bufando de raiva.
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